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Mercadante diz que eleições mostram satisfação do povo brasileiro

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse hoje (28), na capital paulista, que o resultado das eleições municipais, com 80% dos prefeitos tendo sido reeleitos, demonstra a “satisfação do povo” com a atual situação do país. Para Mercadante, o grande recado que veio das urnas é a “continuidade das administrações que estão em curso”.

“O resultado da eleição é que 80% dos prefeitos foram reeleitos. Isso mostra satisfação do povo com as prefeituras e com a vida, com o emprego e a renda. As prefeituras estão com mais recursos para fazer política pública, educação, saúde e melhoria urbana. O resultado da eleição foi o continuísmo”, disse Mercadante, durante a abertura da sétima edição do Fórum Brasil de Investimentos, que ocorre hoje (28), em São Paulo.

O presidente do BNDES destacou o momento político atual como importante para a estabilidade do país. “Nesta eleição municipal realizada em mais de cinco mil municípios não teve um vereador ou prefeito que questionou a urna eletrônica. E ninguém invadiu prefeitura. Nós estamos vivendo um clima totalmente tranquilo e de paz.”

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, concordou com Mercadante e ressaltou que os resultados das eleições municipais deste ano têm demonstrado uma diminuição na polarização.

“Estamos vivendo em um regime de democracia e as eleições de ontem foram muito importantes, porque elas deram um passo no distensionamento no Brasil. Estávamos vivendo uma alta polarização que foi o ponto alto das eleições de 2022 e o momento seguinte, com o 8 de janeiro. Mas as eleições de ontem ajudaram a botar água na fervura desta polarização”, disse.

“Estamos vivendo uma democracia plena no Brasil, uma economia em crescimento e também em um lugar do mundo sem problemas tão graves como vemos no Oriente Médio e entre a Rússia e a Ucrânia. O Brasil é país com muitos problemas ainda a serem resolvidos, mas também com enorme potencialidade”, acrescentou o ministro.

Entre essas dificuldades, destacou Mercadante, está a questão fiscal. “Temos um problema fiscal. O país vai ter que fazer ajustes nas contas públicas. Nós temos que colocar a meta de grau de investimento como meta fundamental – e ela está muito próxima a ser atingida”, afirmou.

Para o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, o Brasil precisa atingir esse grau de investimento para poder atrair investimentos estrangeiros.

“Os grandes fundos internacionais não investem no país se não tiver grau de investimento. Se o Brasil retomar isso, que já tivemos antes, vamos ter entrada forte [de investimentos estrangeiros]”, disse. Ele apostou que até o próximo ano o Brasil já conquistará essa meta e então, já em 2026, segundo seus cálculos, poderia alcançar US$ 1 trilhão nesse fluxo de comércio. “Estamos entrando na era ‘trilhonária”.

Greenpeace: imagens mostram novas áreas de garimpo em TIs na Amazônia

O Greenpeace Brasil identificou novos pontos de garimpo nas Terras Indígenas (TIs) Kayapó e Yanomami, que já estão no topo das mais prejudicadas pela atividade. Os locais ficam distantes de outros focos de garimpo mais antigos e já consolidados.

Em nota encaminhada com exclusividade à Agência Brasil, a organização informa que de julho a setembro deste ano o garimpo provocou o desmatamento de 505 hectares nas TIs Kayapó, Yanomami, Munduruku e Sararé.

A medição do perímetro destruído, que equivale a 707 campos de futebol, foi feita com o uso de imagens dos satélites Planet Lab e Sentinel-2.

Quando se observam as mudanças nas três primeiras TIs, constata-se um aumento de 44,48% da área desmatada no trimestre analisado em comparação com o mesmo período de 2023.

O território dos kayapó foi o que mais perdeu florestas, com aumento de 35% de área, no período de análise. No total, foram desmatados 315 novos hectares, o que equivale a aproximadamente duas vezes o tamanho do Parque Ibirapuera, em São Paulo.

De acordo com o Greenpeace, a TI Kayapó atingiu outros três recordes no trimestre: maior concentração de área de garimpo (15.982 hectares); maior quantidade de novas áreas desmatadas para a atividade garimpeira; e maior concentração de incêndios florestais em 2024.  

Em relação à TI Yanomami, a área total de garimpo é de 4.123 hectares, dos quais 50 hectares são mais recentes, registrados no trimestre avaliado. Nesse caso, o aumento foi ligeiramente menor do que o da TI Kayapó, de 32%.

“Essa informação conflita com a nota publicada pelo governo federal, no início de outubro, alegando que no mês de setembro não foi identificado nenhum novo garimpo na região”, observa o Greenpeace.

Em 4 de outubro, a Casa Civil divulgou nota em que afirma que, apenas em setembro deste ano, foram realizadas 2.048 operações na TI Yanomami, focadas no combate ao garimpo ilegal e que, “desde o início dessas ações, em março de 2024, houve uma queda expressiva de 96% na abertura de novos garimpos, em comparação aos números de 2022”.

“As imagens de satélite ainda revelam que houve expansão da nova fronteira de garimpo no sul do território Yanomami, denunciada pelo Greenpeace no início de 2024. Novas fronteiras também foram identificadas no Parque Nacional Pico da Neblina, localizado no sul da região”, complementa a entidade.

A organização também se deparou com uma alta de 34,7% na área devastada pelo garimpo em solo munduruku. O total foi de 32,51 hectares abertos no último trimestre. O território também teve 3% da área afetada por queimadas e pela estiagem, que agravaram as crises alimentar e hídrica.

Na TI Sararé, o desmatamento promovido pelos garimpeiros compreendeu uma área de 106,98 hectares em agosto e setembro deste ano. A área total de garimpo é de 1.863,78 hectares, de acordo com o Greenpeace, que salienta a escalada de violência no território.

“Informações obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) utilizadas no estudo revelam que 13 operações conjuntas da Polícia Judiciária, Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] e Funai [Fundação Nacional dos Povos Indígenas] já ocorreram nestas TIs, mas ainda não é o bastante”, assinala o Greenpeace.

A reportagem procurou os ministérios da Justiça e Segurança Pública, dos Povos Indígenas, a Casa Civil, e a Funai e aguarda retorno.

CCBB apresenta 16 filmes que mostram a trajetória da atriz Léa Garcia

Um grande programa para aproveitar o fim de semana do Dia das Crianças é visitar, no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro do Rio de Janeiro, a primeira retrospectiva dedicada ao trabalho da atriz carioca Léa Garcia (1933-2023), uma das figuras mais importantes do cinema brasileiro.

Léa Garcia – 90 anos apresenta 15 longas e um curta-metragem, protagonizados por Léa, com entrada franca. A programação faz parte das comemorações pelos 35 anos do CCBB Rio. Os curadores Ewerton Belico e Leonardo Amaral selecionaram títulos marcantes da carreira de Léa, que destacam seu pioneirismo como protagonista negra no cinema brasileiro. Eles serão exibidos, na maior parte, em cópias em 35 milímetros (mm), oferecendo ao público uma oportunidade rara de assistir aos filmes em seu formato original.

A mostra inédita é uma homenagem a atriz, falecida ano passado, durante o Festival de Cinema de Gramado, no Rio Grande do Sul, onde ela receberia o Prêmio Oscarito, a maior honraria do Festival. Foi em Gramado também que Léa ganhou outros dois prêmios importantes de sua carreira – o Kikito de Melhor Atriz e o Prêmio do Júri Popular, em 2004, por Filhas do Vento, de Joel Zito Araújo, que será exibido na mostra.

O filme de estreia de Léa no cinema, Orfeu Negro, Marcel Camus, outro destaque da mostra, lhe rendeu a indicação ao prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes, de 1959. Orfeu Negro ganhou a Palma de Ouro no Festival e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, pela França.

Mostra em homenagem a uma das mais importantes atrizes brasileiras apresenta 16 filmes protagonizados por Léa Garcia CCBB/Divulgação – CCBB/Divulgação

Léa Garcia é uma das principais atrizes negras do país, com uma atuação importantíssima no teatro e também na televisão, onde participou de diversas novelas. Ela fez parte do Teatro Experimental do Negro, iniciativa pioneira e uma das mais relevantes já realizadas no teatro afro-brasileiro – , no cinema e na televisão e de notório engajamento político a partir das personagens às quais deu corpo e voz”, comentam os curadores Ewerton Belico e Leonardo Amaral. A mostra promove uma série de sessões comentadas ao longo das suas quatro semanas.

Neste sábado, (12), o professor e cineasta Juliano Gomes conversa com o público após a exibição de O Pai da Rita, às 14h30. Na quarta-feira, 30 de outubro, será a vez da cineasta e pesquisadora Milena Manfredini comentar a sessão do filme A Deusa Negra, às 18h. E, o pesquisador e programador Hernani Heffner estará presente na sessão de Ganga Zumba, no dia 2 de novembro (sábado), às 16h, para bater um papo com o público. Léa Garcia – 90 anos tem o patrocínio do Banco do Brasil e banco BV, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

A mostra logo depois do Rio de Janeiro, seguirá para o CCBB Brasília, onde permanecerá de 5 de novembro a 1º de dezembro.

Mostra de cinema “Léa Garcia – 90 Anos” celebra obra da artista Foto: Divulgação/CCBB-SP – Divulgação/CCBB-SP

Ex-presidentes latinos mostram preocupação com ameaças à democracia

As principais pautas eram as oportunidades de negócios e de investimentos na América Latina. Mas os temas que dominaram as conversas entre cinco ex-presidentes da região foram os avanços de movimentos autoritários e os novos riscos à democracia. Em um evento promovido por empresários sauditas no Rio de Janeiro, Felipe Calderón (México), Laura Chinchilla (Costa Rica), Alberto Fernández (Argentina), Jorge Quiroga (Bolívia) e Juan Manuel Santos (Colômbia) chamaram a atenção para novos movimentos políticos e sociais.

Para o ex-presidente Fernández, a percepção crescente sobre as desigualdades de renda e de acesso aos benefícios sociais estimulou parte da população latina a tomar caminhos contrários às instituições democráticas. No que pareceu uma referência implícita ao mandato do atual presidente argentino Javier Milei, de extrema-direita.

“O que estamos vendo agora é uma crise política e dos valores democráticos. Eu tenho uma explicação. Durante a pandemia, durante a produção de vacinas, ficou claro que a maior parte ia para o Norte Global. No Sul, muita gente começou a perder a fé no sistema e perceber que poucas pessoas possuem a maior parte da riqueza global. Com a diferença na proporção de mortes entre as regiões, há essa noção maior de injustiça na destruição de renda no mundo. Há uma crise de credibilidade social na democracia. E esses momentos inesperados da política expressam a vontade de destruir a democracia”, disse Fernández.

A ex-presidente da Costa Rica entende que, apesar de ser facilmente identificado na América Latina, o problema com a democracia hoje é global. Há uma perda geral de fé nas lideranças e instituições.

“Deveríamos pensar na democracia não só como um conjunto de regras que devemos seguir, mas também como um sistema que precisa ser capaz de entregar e de responder às demandas dos cidadãos. Nós não fazemos o nosso máximo para satisfazer as necessidades de alguns. Precisamos abrir espaço para participação maior das pessoas. Pelos resultados eleitorais na América Latina, dá para dizer que as pessoas amam votar, mas estão protestando cada vez mais. Elas perceberam que é preciso seguir além do tipo de democracia que temos hoje, para algo mais participativo. Devemos encorajar a juventude a ter maior protagonismo nesse processo”, disse Laura Chinchilla.

Felipe Calderón, ex-presidente do México, reforçou que populações e líderes devem estar mais atentos aos valores humanos e sociais da região, em vez de focarem excessivamente na riqueza natural e na exploração econômica.

“A América Latina, no geral, gosta de sonhar com os recursos naturais e matérias-primas. Em uma época, falávamos sobre petróleo, agora sobre lítio. Não acredito que o futuro do nosso desenvolvimento dependa de recursos naturais. Nosso futuro e o progresso das nações dependem do Estado Democrático de Direito. Precisamos aprender essa lição em todos os lugares. Entender que o desenvolvimento só pode vir dessa forma”, disse Calderón.

O ex-presidente boliviano Jorge Quiroga tratou do tema ao ser questionado sobre as mudanças climáticas e os novos desafios geopolíticos do planeta. Para ele, nenhum tipo de avanço será possível com posicionamentos autoritários e isolados dos países.

“O avanço das mudanças climáticas traz uma perspectiva muito perigosa de mundo. Há problemas existenciais, risco de guerra atômica, pandemias, inteligência artificial. Para lidar com isso, é necessária a cooperação entre os países. Mandela costumava dizer que a arma mais poderosa é sentar e conversar. Líderes do mundo que podem mudar o que está acontecendo não conversam entre si. O tempo é agora. Urgente que países do G20 comecem a agir, financeiramente e politicamente”, disse Quiroga.

Juan Manuel Santos foi ex-presidente da Colômbia e vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2016, por negociar acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Ele preferiu focar a análise no papel que as autoridades em cada país devem desempenhar para que haja paz e democracia.

“Tive experiência singular sendo líder em momentos diferentes de guerra e de paz. Fazer guerra é algo vertical, poder dar ordens, reunir forças e, se ganhar, está tudo bem. Na paz, a liderança e diferente, precisa de persuasão, convencimento, empatia com as pessoas. Isso é muito mais difícil do que fazer guerra. É necessário ter visão de longo prazo. Do que o mundo precisa? De líderes preocupados com um futuro maior e não só com as eleições”, disse Santos.

Aliança de Modi deve vencer eleições na Índia, mostram pesquisas

A aliança liderada pelo Partido Bharatiya Janata (BJP), do primeiro-ministro indiano Narendra Modi, deverá obter a maioria nas eleições gerais que terminaram neste sábado, mostram pesquisas de boca de urna do canal de notícias NDTV.

O sumário de duas pesquisas de boca de urna projetavam que a Aliança Democrática Nacional (NDA), no poder, deve conquistar mais de 350 assentos na câmara baixa do Parlamento, com 543 membros, onde são necessários 272 para maioria simples.

A NDA conquistou 353 assentos nas eleições de 2019.

Para a aliança de oposição Índia, liderada pelo partido Congresso de Rahul Gandhi, a projeção era de mais de 120 assentos.

As pesquisas têm registro irregular na Índia, uma vez que muitas vezes apresentam resultados eleitorais errados, com analistas afirmando que é um desafio acertá-los num país grande e diversificado.

A oposição rejeitou as apurações e, antes da sua publicação, chamou-as de “prefixadas”.

Vários outros canais de TV devem projetar seus números a partir de pesquisas de boca de urna ainda hoje.

Quase 1 bilhão de pessoas puderam votar nas eleições de sete fases que começaram em 19 de abril. A Comissão Eleitoral contará os votos no dia 4 de junho e os resultados são esperados no mesmo dia.

Uma vitória de Modi, de 73 anos, fará dele o segundo primeiro-ministro, depois do líder da independência, Jawaharlal Nehru, a vencer para três mandatos consecutivos.

Modi começou sua campanha de reeleição concentrando-se nas conquistas dos últimos dez anos, mas rapidamente passou a visar sobretudo ao Congresso, acusando-o de favorecer a minoria muçulmana da Índia, o que o partido da oposição nega.

A oposição tem feito campanha, em grande parte, com base em programas de ação afirmativa e em salvar a Constituição do que chamam de regime ditatorial de Modi, uma alegação que o BJP nega.

O desemprego e a inflação são as principais preocupações dos eleitores no país de maioria hindu, com 1,4 bilhão de habitantes, segundo pesquisas.

*(Reportagem adicional de Shivam Patel, Tanvi Mehta, Sakshi Dayal e Chris Thomas)

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

SP: curtas mostram tensões entre meio ambiente, corpo e ancestralidade

Um total de 60 curtas-metragens de 33 países, vai ser apresentado no Cinefestival Internacional de Ecoperfomance, que acontece entre os dias 30 de maio e 2 de junho no Cine Satyros Bijou, no centro da capital paulista. A entrada é franca.

Do Brasil foram selecionados dez curtas, entre eles, Nhãndê Kuery Mã Hi’ãn Rivê Hê’Yn, de Dino Menezes, e Pássaro Memória, de Leonardo Martinelli. Mas há filmes também do Cazaquistão, Irã, Peru, Estônia, Alemanha e Ucrânia, entre outros. Os filmes abordam temas como a escassez, poluição, destruição de recursos naturais e a extinção de territórios, populações e modos de vida.

Idealizado pela coreógrafa brasileira Maura Baiocchi e pelo diretor alemão Wolfgang Pannek, o festival destaca curtas-metragens que dialogam com o presente tendo como mediador a ecologia no antropoceno, unindo cinema, artes cênicas e ecologia. O festival, que entra em sua quarta edição, é conhecido por promover filmes de artistas que investigam as tensões entre o meio ambiente, o corpo e a ancestralidade em paisagens naturais, urbanas e virtuais.

A curadoria do evento é de Maura Baiocchi, diretora artística do festival, e de Monica Cristina Bernardes, produtora-executiva. “Esta afirmação de formas de vida atrai espíritos livres e populações minoritárias. Consequentemente, o festival ressoa com criadores audiovisuais e públicos abertos a encontros com diferentes geografias, etnias, culturas, línguas, corpos, idades e gêneros. Investimos na pluralidade natural e cultural essencial às condições de vida e, portanto, a todos os seres vivos do nosso planeta”, disse Maura Baiocchi, por meio de nota.

Além de São Paulo, o festival acontece também em outras cidades ao redor do mundo: Brisbane (Austrália), Providence (EUA), Pinamar, Córdoba e Buenos Aires (Argentina), Bucareste (Romênia) e Schwerte (Alemanha).

Mais informações sobre o Cinefestival Internacional de Ecoperfomance podem ser obtidas no site.

Intervenções urbanas mostram Brasília além da oficial

“Vai se amar. Vai se amar. Vai se amar”. “Meu útero é sagrado. Mas é laico”. “A água toma a forma do corpo”. “Obedeça às paredes”. “Paulo, te amo”. “Rebeca, saudades”. “Lembra do meu beijo?”. “Democracia já”. “Não deixe o futuro repetir o passado”. Os passos apressados fazem os olhares misturarem as palavras, as formas e os pensamentos no andar de baixo do Eixo Rodoviário de Brasília, a principal avenida que interliga as asas do Plano Piloto. 

Além das histórias oficiais, que remetem a uma paisagem arquitetônica diferenciada, outro olhar pode ser explorado a partir de um cenário de intervenções urbanas. Brasília, a jovem que completa 64 anos neste domingo (21), também pode ser encontrada na multiplicidade de expressões que buscam definir belezas e desigualdades sob o mesmo céu.

O andar de baixo

Sob o mesmo céu, ou sob o mesmo teto. As passagens por baixo do Eixão são verdadeiras galerias artísticas de grafites, pichações e recados, de amor ou de dor. “Mas, moça, se dores fossem flores, quão florido seria teu coração?”, questiona um verso sem assinatura na passagem próxima à quadra 207, na Asa Norte. A babá Carolina Sales, de 33 anos, olhou para os versos e teve a certeza de que o coração estaria repleto de margaridas, rosas e azaleias. Ela é moradora da cidade de Santo Antônio do Descoberto (GO), no Entorno do Distrito Federal, a duas horas de ônibus de onde trabalha.

Na rotina dela, o caminhar apressado pelas passagens subterrâneas é apenas uma parte do percurso. Precisa correr para pegar o ônibus. No caminho, pensa nos quatro filhos que deixou em casa para poder trabalhar e cuidar de outras duas crianças na casa de uma família que não é a sua. “Fico com o coração apertado sim.  Faço esse mesmo caminho há cinco anos e sempre passo por aqui. Não consigo ler ou ver tudo. Mas acho bom. Além disso, não vou me arriscar a atravessar aqui por cima, pelo Eixão”

Ela tem razão de ter o receio. Segundo o Detran-DF, de 2020 a 2023, oito pedestres e um ciclista morreram ao tentar atravessar a avenida, que tem velocidade máxima de 80 quilômetros por hora. Porém, de acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal, mais de 45% dos entrevistados que moram nas redondezas da avenida, têm medo de insegurança. “Por isso que sempre ando rápido”, diz a babá, que sonha ter uma clínica de massagista. Ela acha triste, à noite, haver pessoas em situação de rua que escolhem as passagens como teto e dormitório. 

Na mesma caminhada por essa passarela de intervenções urbanas, a auxiliar de limpeza Jane Silva, de 54 anos, diz que faz o mesmo caminho desde 2019. Ficou pensativa diante do grafite de um animal do cerrado. “Eu já tentei decifrar. Ainda não consegui entender que bicho é esse. Mas, como é na ponta da escada, conforme vou chegando perto do desenho significa que estou perto do meu ponto de ônibus”. Ela mora na região administrativa de Samambaia, a uma hora do trabalho.

Olhares para cima

Sob a luz do céu de Brasília, parte do centro comercial pode ser admirado, como os dormentes do viaduto da Galeria dos Estados que são como molduras de telas. Grafites de diferentes autores e temáticas emolduram também o sonho da desempregada Cristina Carvalho, de 41 anos de idade. 

Com uma placa que ergue com uma das mãos, pede qualquer ajuda. Com a outra mão, segura a vasilha para que alguém compre um docinho. Ela deseja conseguir algum dia adquirir um carrinho para vender açaí. Atualmente, mora de favor com dois filhos na casa de um parente em uma quitinete na Asa Sul. O viaduto da Galeria dos Estados foi pintado por mais de 100 artistas em 2021, durante evento de grafite. As pinturas deslumbram quem passa pelo local. 

Cristina é mãe solo e pensa que precisa sozinha construir sua própria paisagem. “Fico aqui em pé por três horas. Essas obras me fazem companhia. Me fazem refletir sobre a minha vida”. Imagens de animais do cerrado, grafites, versos de amor… “Eu também queria escrever um livro. Já sonhei ser pedagoga. Hoje, queria ter um trabalho fixo como doméstica. Mesmo assim, eu amo Brasília. É a minha cidade. Mesmo quando estou com problemas, esses desenhos me fazem bem”. 

Envolvimento

Uma das artistas grafiteiras que trabalha com cenários de paisagem é Brixx Furtado. Ela começou a pintar com 13 anos de idade. “Eu sempre fui muito tímida. Eu vi no grafite uma possibilidade de poder me aproximar de outras pessoas”. Diz que, ao pintar na rua, se envolver com as pessoas é inevitável. Ela começou com a prática em 2010. “Passei a conhecer outros artistas. O grafite acabou abrindo portas para que eu pudesse estar em outros espaços. Fui convidada para participar de exposições e entrei no cenário da arte de outra forma”, afirma. 

Brixx entende que a cidade pode ser uma grande tela, já que as galerias de artes plásticas nem sempre são acessíveis. “A arte urbana é muito democrática. Como sempre fui uma mulher periférica, a rua é onde me reconheço”. Um dos lugares para reconhecer o trabalho da artista é a W3 Sul, uma avenida que, antes dos shopping centers da cidade,  funcionava como um dos mais importantes pontos comerciais da capital. “Era um lugar muito fácil para eu poder estar. E a W3 tem muita porta de comércio. Hoje, quase todas as portas são grafitadas. Mas era um espaço muito tranquilo para pintar”.

Ela recorda que a avenida era ponto onde muitos grafiteiros gostavam de ir pintar em dia de domingo de manhã. “Um lugar com baixo policiamento. Então, a W3 ficava bem deserta”. Mas aponta que, nos últimos anos, os grafiteiros passaram a ser mais hostilizados pela polícia. “Eu já tive situações onde chegaram apontando a arma. E fui levada no camburão. Apesar de o grafite ter se popularizado e passado a ser visto como menos marginal, apesar de ser completamente ilegal, existem muitas pessoas com o pensamento reacionário”.

Multiplicidade

Foi um pensamento da grafiteira que deu título à pesquisa de doutorado da professora, historiadora e museóloga Renata Almendra: “A cidade toda é minha”. “Eu chamo de grafite todo tipo de intervenção visual, escrita, desenhada, rabiscada, colada, na cidade. Então entra aí realmente essa arte urbana, mas também entra a pichação, os cartazes colados, nesse intuito artístico”, afirmou a professora. 

A pesquisadora entende que Brasília é uma cidade muito diferente das demais, que têm configuração urbana mais tradicional, como São Paulo e o Rio de Janeiro. “Essas cidades têm ruas, esquinas, praças, e, portanto, mais paredes e muros para grafitar”.

Renata entende que é impossível demarcar perfis específicos para as artes e os artistas. “São vários tipos e estilos convivendo ao mesmo tempo. É uma loucura, é um barato. A gente vê a W3 Sul, que é considerada a grande avenida de Brasília. A dinâmica da W3 em relação a essas intervenções urbanas é muito interessante”. Ela lembra que há proprietários de casas e de comércios que pedem a grafiteiros para pintar, a fim de coibir pichações.

A “galeria” W3

Viajar pela avenida W3 seria, então, uma experiência diferente, já que, em alguns trechos da via, tornou-se um corredor artístico nas paredes. “Há uma multiplicidade de estilos também, tanto do lado das casas quanto do lado das lojas”, disse a pesquisadora que, para o trabalho, entrevistou 23 grafiteiros. Ela conta que os artistas dizem que preferem ir para o Plano Piloto, a fim de apresentar seus trabalhos porque têm mais visibilidade, como ocorre na W3.

É na avenida que árvores são cobertas por crochês e, na altura da quadra 707, da Asa Sul, uma série de obras figurativas nos muros, de colorido que ajudam a iluminar a noite, deixa os moradores curiosos. 

No ponto de ônibus, a estudante Rilei Silva, de 18 anos, espera o transporte para Samambaia e admira as obras. Ela lamenta que está desempregada, mas queria arrumar logo uma chance para alcançar o desejo de cursar fisioterapia. “Às vezes, espero o ônibus por 50 minutos. Vejo esses desenhos de [Roberto] Burle Marx (1909 – 1954), ou o [Oscar] Niemeyer (1907 – 1912). Queria saber mais sobre eles”. 

Aula na rua

Entre os artistas mais conhecidos no grafite da capital, Daniel Moraes, o Daniel Toys, de 33 anos, expõe suas obras há mais de 20 anos. Graças ao seu trabalho, já foi convidado para estar em mais de 11 países. 

“A arte mudou a minha vida. Eu pintei nas ruas aos 13 anos de idade. Eu gosto de levar meu trabalho para lugares que sejam carentes de arte, particularmente nas periferias. Quero espelhar sonhos”. O artista gosta de ressignificar lugares e proporcionar motivações, até em espaços de lixo. “As ruas são minha principal escola”, diz o artista.

Ainda na W3, a desempregada Ana Marques, de 35 anos, concorda com o artista, e diz que a arte a estimula a continuar na luta por um emprego. Ela reclama que os grafites deveriam ter mais espaço e que poderia haver mais fiscalização para não haver pixação. “Agora de noite, poderia ter mais luz para a gente saber mais”, disse.

Tensões

Para a professora de arquitetura Maria Fernanda Derntl, da Universidade de Brasília (UnB), as intervenções urbanas expressam o modo como diversos grupos sociais expressam os fatos do Brasil. “Essa cidade preservada, tal como ela foi pensada, também tem problemas. As grandes distâncias entre o Plano Piloto e as outras regiões são parte deles”.

Ela considera que as manifestações do grafite e de outras artes são eloquentes ao traduzir tensões na cidade. “Uma das questões é a gente ver o quanto está disposto a entender que o espaço público é lugar problemático e de conflitos. E podem ser expressão da diversidade”, afirmou. 

Mãos dadas

Um desses conflitos ocorreu na Vila do IAPI, em 1971, onde residiam trabalhadores da construção civil da capital. Eles foram removidos para aquela área que se tornou a maior região do  Distrito Federal, a Ceilândia. Inspirado nessa história, um artista da região, Gustavo Santos, o Gu da Cei, de 27 anos, tem, entre suas obras, uma escultura no local intitulada “Sonho de Morar”, que está no meio do mato, já crescido. A forma é de uma mãe de mãos dadas com o filho. “A missão  da arte é incomodar e propor reflexões. As intervenções servem para isso mesmo”, afirma. 

Segundo a vendedora Geiciane dos Santos, de 29 anos, que é mãe solo de duas crianças e mora com familiares na região do IAPI, a escultura faz com que reflita sobre a própria vida. Ela recebe um salário mínimo e tem esperança de um dia ter a própria casa. Com um dos seus meninos no colo, olhou para a imagem e se reconheceu. “Essa sou eu, né?”.

 

Ondas de calor mostram que não podemos perder tempo, diz embaixador

 Seguidas ondas de calor, como a que fez moradores de Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, enfrentarem sensação térmica de 62,3°C no último domingo (17), um recorde na cidade, são um alerta de que a comunidade internacional não pode mais perder tempo no combate ao aquecimento global. A afirmação é do embaixador André Aranha Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores. Ele entende que “sentir na pele” os efeitos é um gatilho para o senso de urgência.

“Nós estamos experimentando fisicamente esses desafios. É óbvio que são péssimas notícias, mas, por outro lado, eu acho que elas têm um efeito psicológico muito importante para que todos nós comecemos a nos envolver mais em combater a mudança do clima”, afirmou o negociador-chefe do Brasil para mudança do clima em fóruns internacionais.

O embaixador concedeu entrevista à Agência Brasil nesta terça-feira (19), no Rio de Janeiro, onde participou de aula inaugural no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A Coppe é o maior centro de pós-graduação em engenharia da América Latina.

Ao longo deste e dos próximos anos, Corrêa do Lago conduzirá negociações em ambientes como o G20 (Grupo dos 20, que reúne as principais economias do mundo), Brics+ (agrupamento de países emergentes liderados por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e Cop (Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima).

Ponte entre países

O negociador-chefe acredita que uma das potencialidades do Brasil é ser um país que, por seu perfil socioeconômico, tem facilidade para figurar como uma ponte entre nações ricas e pobres.

“O Brasil entende todo mundo. O Brasil pode conversar com um país rico, ele entende os desafios da riqueza, e falando com um país pobre, ele entende os desafios da pobreza. O Brasil tem muito a aportar pelas suas experiências positivas, mas também tem muito a aprender por causa das várias coisas que ainda estão por melhorar no Brasil”.

Entre os pontos a serem melhorados, o embaixador reconhece que o país tem como um calcanhar de Aquiles a questão do desmatamento. Mas considera que o Brasil caminha para resolver o problema e se assemelhar aos demais países quando o assunto são fontes de emissão de gases poluentes.

“O desmatamento é uma característica que dá um perfil totalmente único ao Brasil, porque entre os países do G20, nenhum tem um perfil como brasileiro, ou seja, até o começo desse governo, o desmatamento era 50% das nossas emissões [de gases do efeito estufa]. Na medida em que vamos diminuir, como estamos diminuindo as emissões de desmatamento, vamos cada vez mais nos aproximar de um perfil de país normal, ou seja, no qual as principais emissões são, em geral, energia, agricultura e indústria”.

Biocombustíveis

Um elemento que posiciona o Brasil na vanguarda dos esforços internacionais para conter mudanças climáticas e conduzir a transição energética é o desenvolvimento, produção e uso de biocombustíveis. Os biocombustíveis são fontes de energia provenientes de matérias orgânicas renováveis e menos poluentes que combustíveis puramente fósseis, como o petróleo, carvão mineral e gás natural. Um grande exemplo de biocombustíveis de ampla escala nacional é o etanol, feito da cana de açúcar.

“O mundo está se dirigindo para a substituição do petróleo em várias áreas. A experiência que o Brasil acumulou nessa área de bioenergia e biocombustíveis nos dá uma posição muito especial”.

No entanto, Corrêa do Lago ressalta que o grande sucesso do Brasil na área resulta também em uma reação adversa de outros países, às vezes até barreira para a massificação do uso.

“Somos um pouco vítimas do nosso êxito, no sentido de que avançamos tanto nessa área que vários países ficam um pouco perplexos”, revelou. “Nós temos tantas vantagens na produção de biocombustíveis sustentáveis que é visto quase como um ameaça e, na realidade, os biocombustíveis não são uma solução única, são uma de várias soluções para descarbonização. A gente tem que mostrar que os biocombustíveis não são, de maneira nenhuma, ameaça para outras tecnologias”, disse o embaixador que promete levar a discussão para o G20.

Negociações

Corrêa do Lago já foi embaixador no Japão (2013-2018), na Índia (2018-2023) e, cumulativamente, no Butão (2019-2023). Como diplomata, já atuou em missões junto à União Europeia em Bruxelas (2005-2008), em Buenos Aires (1999-2001), Washington (1996-1999), Praga (1988-1991) e Madri (1986-1988). Na Rio+20, em 2012, foi negociador-chefe do Brasil para mudança do clima.

O embaixador destaca que os biocombustíveis têm condições de se desenvolverem melhor em países de clima tropical, mais notadamente no hemisfério sul, o que potencializa o chamado Sul Global (grupo de países emergentes). Ele pondera que posições de interesse do Sul Global não devem ser tratadas como adversas aos países desenvolvidos, como europeus e os Estados Unidos, e sim como uma concertação.

“Isso é uma coisa que o Brasil quer muito. É nesse sentido que o Brasil vai atuar no G20”, conclui.

Um ponto central nas discussões internacionais, segundo o embaixador brasileiro, é como financiar, ajudar países médios. Ele pontua que há financiamento para os países pobres, no entanto, não são os mais pobres responsáveis pela mudança do clima. Os mais relevantes em emissões de poluentes são os ricos e os médios, como Brasil, Índia e Indonésia.

Corrêa do Lago expõe que os ricos têm como se financiar, o que não é uma realidade para os países de média renda. “Há uma conjunção perversa que não favorece os países médios”.

Papel da ciência

A Coppe/UFRJ é dirigida por Suzana Kahn. Ela faz parte do grupo de cientistas que formam o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), vencedor do prêmio Nobel da Paz em 2007. Criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente), o IPCC funciona como uma representação do conhecimento científico nos debates sobre meio ambiente.

Kahn defende a interconexão entre conhecimentos como forma de a academia e a ciência serem ferramentas eficazes na busca de soluções para problemas como o aquecimento global.

“A gente tem a obrigação, como instituto de pós-graduação, de formar nossos alunos já com essa nova visão de mundo que vai muito além das fronteiras tradicionais da engenharia. Atualmente, para solucionar os problemas que surgem, os desafios atuais e das próximas décadas, o olhar tem que ser muito mais abrangente, mais interdisciplinar, outros saberes que são importantes”, observa a diretora.

Eleições presidenciais no Azerbaijão mostram que velhos hábitos são difíceis de morrer

9 de fevereiro de 2024

 

As eleições presidenciais antecipadas de 7 de Fevereiro no Azerbaijão foram uma oportunidade para o Presidente Ilham Aliyev e o seu governo permitirem, pela primeira vez, eleições livres e justas. Em vez disso, tudo continuou como sempre, com manipulação e violações, incluindo votação em carrossel, preenchimento de votos e comportamento agressivo para com observadores independentes e jornalistas ao longo do dia.

Os resultados não foram surpreendentes, nem as comemorações na capital Baku. O titular obteve mais de 92 por cento dos votos gerais no momento em que esta história foi escrita.

In an interview with Voice of America, Azerbaijan Service, independent observer Nilufar Afandiyeva said once the voting started, she and other independent observers who were at the polling station were not allowed to move freely within the polling station and accused of interrupting the process. “When we tried to examine the ballots closer, we were threatened that we would be removed by the police. And this happened throughout the day. I was pushed aside by one of the state-appointed observers even though I was not blocking their view.”

Rza Abbaszadə, another independent observer, also complained of pressure: “I am an independent observer trying to ensure that the process is transparent. Once I noticed the irregularity, I was not even allowed to film the violation. If there are no problems [as commission representatives claim], then we should be able to film,” Abbaszade told Voice of America, Azerbaijan service in an interview.

When Sara Rahimova, an independent observer, spotted violations and started questioning the incident, she was yelled at by the members of the election committee

Houve sete candidatos presidenciais, incluindo o titular – todos os seis expressaram abertamente apoio ao Presidente Aliyev.

Aliyev está no poder há 20 anos. A última vez que o país realizou eleições presidenciais foi em 2018, nas quais Aliyev foi reeleito para um mandato de sete anos (cortesia de um polémico referendo realizado em 2016, que prolongou o mandato presidencial de cinco para sete anos). Todos os principais partidos da oposição boicotaram as eleições em 2018, enquanto os observadores eleitorais locais e internacionais concluíram que as eleições não foram livres nem justas. Em 2009, como resultado de um referendo constitucional, o Azerbaijão eliminou os limites de mandato para o número de vezes que um funcionário em exercício pode servir.

Com a vitória em 7 de fevereiro, Aliyev cumprirá outro mandato de sete anos até 2031.

 

Brasil é país com mais casos de dengue no mundo, mostram dados da OMS

O Brasil lidera o número de casos de dengue no mundo, com 2,9 milhões registrados em 2023, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os casos são mais da metade dos 5 milhões registrados mundialmente. A organização chamou atenção, nesta sexta-feira (22), para a doença que tem se espalhado para países onde historicamente a doença não circulava.  

Entre as razões para o aumento está a crise climática, que têm elevado a temperatura mundial e permitido que o mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti sobreviva em ambiente onde antes isso não ocorria. O fenômeno El Niño de 2023 também acentuou os efeitos do aquecimento global das temperaturas e das alterações climáticas.  

Em todo o mundo a OMS relatou mais de 5 milhões de infecções por dengue e 5 mil mortes pela doença. A maior parte, 80% desses casos, o equivalente a 4,1 milhões, foram notificados nas Américas, seguidas pelo Sudeste Asiático e Pacífico Ocidental. Nas Américas, o Brasil concentra o maior número de casos, seguido por Peru e México.  Os dados são referentes ao período de 1º de janeiro e 11 de dezembro. 

Brasil

Do total de casos constatados no Brasil, 1.474, ou 0,05% do total são casos de dengue grave, também chamada de dengue hemorrágica. O país é o segundo na região com o maior número de casos mais graves, atrás apenas da Colômbia, com 1.504 casos.  

Países anteriormente livres de dengue, como França, Itália e Espanha, reportaram casos de infecções originadas no país – a chamada transmissão autóctone – e não no estrangeiro. O mosquito Aedes aegypti é amplamente distribuído na Europa, onde é mais conhecido como mosquito tigre. 

Mudanças climáticas 

No Brasil, levantamento feito pela plataforma AdaptaBrasil, mostrou que as mudanças climáticas no Brasil podem levar à proliferação de vetores, como o mosquito Aedes aegypti e, em consequência, ao agravamento de arboviroses, como dengue, zika e chikungunya. A plataforma é vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 

As projeções indicam também expansão da malária, leishmaniose tegumentar americana e leishmaniose visceral. O trabalho levou em conta as temperaturas máxima e mínima, a umidade relativa do ar e a precipitação acumulada para associar a ocorrência do vetor, que são os mosquitos transmissores das diferentes doenças em análise. A AdaptaBrasil avalia também a vulnerabilidade e a exposição da população a esses vetores.

A dengue é a infecção viral mais comum transmitida a humanos picados por mosquitos infectados. É encontrado principalmente em áreas urbanas em climas tropicais e subtropicais. 

Os principais sintomas da dengue são febre alta, dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. 

Para evitar a infestação de mosquitos, o Ministério da Saúde orienta que é necessário eliminar os criadouros, mantendo os reservatórios e qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos com telas, capas ou tampas. Medidas de proteção contra picadas também podem ajudar especialmente nas áreas de transmissão. O Aedes aegypti ataca principalmente durante o dia.  

Vacina  

Nesta quinta-feira (21), o Ministério da Saúde incorporou a vacina contra dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. 

Conhecida como Qdenga, a vacina não será disponibilizada em larga escala em um primeiro momento, mas será focada em público e regiões prioritárias. A incorporação do imunizante foi analisada e aprovada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec). 

O Ministério da Saúde informou que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) trabalhará junto à Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) para definir a melhor estratégia de utilização do quantitativo disponível, como público-alvo e regiões com maior incidência da doença para aplicação das doses. A definição dessas estratégias deve ocorrer nas primeiras semanas de janeiro.   

Em entrevista à Radioagência Nacional, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, enfatiza a importância da vacina para controlar a dengue no país. “A vacina, sem dúvida, junto com outras medidas, será importante instrumento para controle dessa doença”, disse.

Ele acrescenta que  “a dengue é uma doença que impacta diretamente praticamente todo o território nacional, vem se expandindo em regiões onde a gente não tinha dengue e o controle do vetor do mosquito transmissor da doença têm sido insuficientes para que nos consigamos diminuir as taxas de infecção que só se alastram”. 

Ministério da Saúde  

Em nota, o ministério diz que está alerta e monitora constantemente o cenário da dengue no Brasil. Para apoiar estados e municípios nas ações de controle da dengue, a pasta repassou R$ 256 milhões para todo o país para reforçar o enfretamento da doença.

A pasta informa que instalou uma Sala Nacional de Arboviroses, espaço permanente para o monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência de dengue, chikungunya e Zika para preparar o Brasil em uma eventual alta de casos nos próximos meses. Com a medida, será possível direcionar melhor as ações de vigilância.

“O momento é de intensificar os esforços e as medidas de prevenção por parte de todos para reduzir a transmissão da doença. Para evitar o agravamento dos casos, a população deve buscar o serviço de saúde mais próximo ao apresentar os primeiros sintomas”, diz o texto, que ressalta ainda que cerca de 11,7 mil profissionais de saúde foram capacitados em 2023 para manejo clínico, vigilância e controle da dengue.