Skip to content

Operação na Maré, no Rio, combate lavagem de dinheiro do tráfico

Policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) estão no conjunto de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (13), para uma nova ação contra a lavagem de dinheiro do tráfico na região. A Polícia Militar e a Secretaria Municipal de Ordem Pública também participam da operação.

É a terceira fase da operação com o objetivo de dar continuidade às demolições de imóveis construídos pela organização criminosa, especialmente na comunidade do Parque União.

Empreendimentos

Conforme as investigações, há anos os criminosos usam a localidade para a construção e abertura de empreendimentos e, dessa forma, conseguem lavar o capital obtido com a venda de drogas. “Os agentes apuraram ainda a participação de funcionários de órgãos representativos da comunidade no esquema”, informou a Polícia Civil, em nota.

Na operação de hoje, os policiais recuperaram na Maré uma carga que havia sido roubada. Na terça-feira passada (13), durante a fase anterior da ação, a polícia localizou um apartamento de luxo usado por traficantes. O imóvel foi demolido.

 

 

 

 

Força-tarefa inicia demolição de condomínio na Favela da Maré, no Rio 

A Secretaria de Ordem Pública, órgão da prefeitura do Rio de Janeiro, iniciou nesta terça-feira (13) a demolição de um condomínio, com mais de 40 construções irregulares no Parque União, uma das 16 comunidades, que compõem o Complexo da Maré, zona norte da cidade. A operação foi feita com apoio das Polícias Civil e Militar, além do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual. 

Cerca de 90% dos imóveis ainda estão em fase de alvenaria e desocupados. Eles foram erguidos sem autorização da prefeitura e não têm responsável técnico pelas obras. Engenheiros da prefeitura estimam prejuízo de R$ 30 milhões aos responsáveis pelas construções.

De acordo com investigações da Polícia Civil, as construções irregulares são o resultado de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas local. No início de julho, agentes da Secretaria de Ordem Pública estiveram no local e notificaram todas as estruturas.

Duas coberturas foram avaliadas em R$ 5 milhões. Uma delas possui dois andares, acabamento em mármore e porcelanato e uma área de lazer com churrasqueira e uma piscina de 40 mil litros de água. Já a outra construção tem quatro andares, acabamento de luxo, jacuzzi e closet, além de uma piscina com cascata e churrasqueira. 

As investigações apontam que o Parque União é utilizado há anos na construção e abertura de empreendimentos para lavar o dinheiro oriundo do comércio de drogas. Segundo os agentes da Polícia Civil, foi constatada a participação de funcionários de órgãos representativos da comunidade no esquema.

Impactos

A Secretaria Municipal de Educação do Rio informou que, na região do Complexo da Maré, 22 unidades escolares foram impactadas pelas operações policiais para demolição das construções irregulares no Parque União.

A Secretaria Municipal de Saúde informou, em nota, que a Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva acionou o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, suspendeu o funcionamento na manhã de hoje. A Clínica da Família Diniz Batista dos Santos manteve o atendimento à população. Apenas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, foram suspensas.

Já a Secretaria de Estado de Saúde informa que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Complexo da Maré funciona normalmente, sem interrupção no atendimento à população.

Morre outro PM ferido em operação no Complexo da Maré, no Rio

O sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar do Estado do Rio, Rafael Wolfgramm Dias, morreu nesta segunda-feira (17). Ele estava internado no Hospital Federal de Bonsucesso desde terça-feira (11) quando foi ferido em uma operação policial no Complexo da Maré, na zona oeste da cidade.

Além dele, outro policial morreu em decorrência de confrontos na operação da Maré: o sargento do Bope Jorge Galdino Cruz. Um terceiro policial ficou ferido.

Segundo a PM, os policiais foram atacados por homens armados quando faziam patrulhamento em busca do esconderijo de lideranças do grupo criminoso que mantém o controle armado ilegal de comunidades da Maré.

O sargento Wolfgram tinha 37 anos e estava na Polícia Militar desde 2008. Ele deixou esposa e um filho.

 

PM do Rio faz operação na Maré pelo segundo dia; não houve prisão

A Polícia Militar fez, pelo segundo dia, operação nesta quarta-feira (12) nas comunidades da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro. Na ação de hoje, não houve prisão. Os policiais apreenderam um fuzil, drogas e três carros, que haviam sido roubados. A ação é para prender suspeitos de roubo de veículos em vias expressas da cidade.

Uma clínica da família, localizada na Vila dos Pinheiros, teve as paredes alvejadas por tiros durante a madrugada de hoje (12). Segundo a Polícia Militar, os tiros resultaram de “de forte resistência armada por parte dos criminosos que atuam na região”.

Por medida de segurança, 44 escolas municipais e estaduais permaneceram fechadas, assim como unidades de saúde.

O primeiro dia da operação, nessa terça-feira (11), foi marcado por confrontos armados entre policiais e criminosos. Um policial militar foi morto e outro ferido, que está internado. Dois suspeitos morreram. Até a noite de ontem, 24 pessoas tinham sido presas e 11 fuzis apreendidos, além de outras armas e recuperação de veículos roubados. Os criminosos chegaram a fechar a Avenida Brasil, obrigando motoristas a fazer desvios na pista.

O corpo do sargento Jorge Henrique Galdino Cruz, 32 anos, foi enterrado na tarde de hoje no Cemitério Parque Jardim da Saudade, em Sulacap, zona oeste do Rio. Mais de 100 pessoas, entre militares, parentes e amigos, estiveram presentes. Jorge ingressou na corporação em 2011 e estava na tropa de elite da PM desde 2019.

Esclarecimentos

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, pediu nesta quarta-feira (12) esclarecimento ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, sobre a operação no Complexo da Maré.

De acordo com o Maré de Notícias, portal de informações da comunidade, os policiais “não estavam usando câmeras corporais, não havia ambulâncias no território para socorrer possíveis feridos — um policial foi socorrido por carro blindado —, além de diversos relatos de invasão de domicílio, dano ao patrimônio e pessoas feitas reféns”. 

STF pede esclarecimento ao governador do estado sobre operação na Maré

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, pediu esclarecimento ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, sobre operação ocorrida na Maré, nesta terça-feira, na zona norte da capital fluminense. “Intime-se mediante ofício, com urgência, a ser remetido pelo meio mais célere possível, o Excelentíssimo Governador do Estado do Rio de Janeiro, para que tome ciência da petição (eDOC 1008) protocolada neste Tribunal às 19h40, nesta data, e informe de pronto, nos autos, as providências tomadas”, escreveu Fachin.

Fachin atendeu pedido do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro que determina a necessidade de ambulâncias na incursão policial onde possam ocorrer mortes, e que a operação ou incursão seja necessariamente realizada por policiais portando câmeras corporais para gravação dos seus atos, de modo ininterrupto.

Confrontos armados entre policiais e criminosos no Complexo da Maré, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, deixaram um policial militar morto e outro ferido. Os tiroteios ocorreram no início da manhã dessa terça-feira, devido a uma operação da Polícia Militar (PM) na área para prender suspeitos de roubo de veículos em vias expressas da cidade. Até o período da noite, 24 pessoas foram presas e 11 fuzis foram apreendidos, além de outras armas e recuperação de veículos roubados, conforme balanço divulgado pela Polícia Militar. 

A reportagem entrou em contato com o governo estadual para obter posicionamento, mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição.

STF pede esclarecimento ao governador do Rio sobre operação na Maré

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, pediu esclarecimento ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, sobre operação ocorrida na Maré, nesta terça-feira, na zona norte da capital fluminense. “Intime-se mediante ofício, com urgência, a ser remetido pelo meio mais célere possível, o Excelentíssimo Governador do Estado do Rio de Janeiro, para que tome ciência da petição (eDOC 1008) protocolada neste Tribunal às 19h40, nesta data, e informe de pronto, nos autos, as providências tomadas”, escreveu Fachin.

Fachin atendeu pedido do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro que determina a necessidade de ambulâncias na incursão policial onde possam ocorrer mortes, e que a operação ou incursão seja necessariamente realizada por policiais portando câmeras corporais para gravação dos seus atos, de modo ininterrupto.

Confrontos armados entre policiais e criminosos no Complexo da Maré, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, deixaram um policial militar morto e outro ferido. Os tiroteios ocorreram no início da manhã dessa terça-feira, devido a uma operação da Polícia Militar (PM) na área para prender suspeitos de roubo de veículos em vias expressas da cidade. Até o período da noite, 24 pessoas foram presas e 11 fuzis foram apreendidos, além de outras armas e recuperação de veículos roubados, conforme balanço divulgado pela Polícia Militar. 

A reportagem entrou em contato com o governo estadual para obter posicionamento, mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição.

Policial morre e outro fica ferido em confronto no Complexo da Maré

Confrontos armados entre policiais e criminosos no Complexo da Maré, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, deixaram um policial militar morto e outro ferido. Os tiroteios ocorrem desde o início da manhã desta terça-feira (11), devido a uma operação da Polícia Militar (PM) na área para prender suspeitos de roubo de veículos em vias expressas da cidade.

O policial ferido está internado no Hospital Federal de Bonsucesso. De acordo com a PM, a ação ocorre nas comunidades da Vila dos Pinheiros, Timbau e Baixa do Sapateiro.

Segundo a polícia, durante a operação, “um grupo de criminosos” incendiou um ônibus na Avenida Brasil, no entorno do conjunto de favelas. As pistas das Linhas Amarela e Vermelha, que dão acesso ao Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Galeão/Tom Jobim) foram bloqueadas na manhã desta terça, mas, de acordo com a PM, já foram liberadas.

A Secretaria Municipal de Educação informou que 40 escolas municipais tiveram as atividades afetadas pelo tiroteio. Segundo a Secretaria Estadual de Educação, duas escolas foram fechadas.

Postos de saúde também tiveram o atendimento interrompido na manhã de hoje. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o Centro Municipal de Saúde Vila do João e as Clínicas da Família  (CF) Augusto Boal e Adib Jatene suspenderam o funcionamento. A CF Jeremias Moares da Silva manteve o atendimento à população, mas suspendeu as visitas domiciliares.

Crianças do Complexo da Maré relatam violência policial

“Um dia deu correria durante uma festa, minha amiga caiu no chão, eu levantei ela pelo cabelo. Depois a gente riu e depois a gente chorou”. O trecho é do livro Eu devia estar na Escola. A correria é por conta de uma operação policial realizada no Complexo da Maré, complexo de favelas localizado na zona norte do Rio de Janeiro, e quem conta é uma criança.

O livro é uma parceria entre a ONG Redes da Maré e a editora Caixote, reúne depoimentos de crianças e adolescentes da Maré, de situações de violência que viveram no próprio território. “Toda criança pode sentir medo, vai sentir medo e faz parte da vida da criança sentir medo. Mas é diferente sentir medo do monstro debaixo da cama ou de abrir o guarda-roupa à noite e sair de lá uma bruxa, e sentir medo de perder a vida, né? Esse medo de perder a vida elas não deveriam sentir”, diz uma das escribas do livro, Ananda Luz. 

Ananda Luz, uma das escribas do livro por Editora Caixote/Divulgação

Ananda se identifica como escriba porque ela, junto com Isabel Malzoni, organizou os depoimentos e desenhos das crianças e adolescentes. Tanto que quando o livro ficou pronto e elas o apresentaram para as crianças que participaram de todo o processo, logo essas crianças identificaram aquela publicação como sendo também delas.

“Uma delas chegou para mim e falou assim, tia, esse é o nosso livro? Eu parei, sabe aquela coisa de parar dois segundos e falar, era isso. Eu queria que essas crianças falassem, esse é o nosso livro. Eu falei, sim, é o nosso livro. E aí quando eu abro e mostro para ela, ao mesmo tempo que ela lida, e é um assunto difícil, ela fica feliz de ver como ela foi representada, com esse cuidado, com esse carinho, que é expresso desde o processo das falas delas aos desenhos dessas crianças ali”, disse Ananda.

O livro foi elaborado em parceria com a ONG Redes da Maré. A história do livro começa muitos anos antes do lançamento, em 2019, quando a ONG entrega ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro as cartas e os desenhos com depoimentos de crianças sobre a violência que experienciaram. Isabel tem contato com o projeto e imediatamente vê o potencial para se tornar também um livro.

De acordo com dados organizados pela ONG Fogo Cruzado no portal Futuro Exterminado, 642 crianças e adolescentes com idades entre 0 e 17 anos foram baleadas no Grande Rio desde julho de 2016. Isso quer dizer que, em média, a cada quatro dias uma criança ou adolescente é baleado. Dessas, 289 morreram.

Do total, quase metade das crianças ou adolescentes atingidos, o equivalente a 47,6%, foi ferida durante operações policiais. Os dados mostram ainda que um a cada três das crianças e adolescentes alvejados foi vítima de bala perdida. Eles estavam a caminho da escola ou da padaria, brincando no quintal ou correndo com amigos.

Rio de Janeiro (RJ) 12/04/2024 – Livro reúne depoimentos de crianças da Maré sobre violência policial . Foto: Editora Caixote/Divulgação – Editora Caixote/Divulgação

As cartas foram escritas pelas crianças após o assassinato de Marcus Vinicius da Silva, de 14 anos, em 2018. Ele foi morto durante uma operação militar no Complexo da Maré quando estava a caminho da escola.

Elaboração do livro

Ananda diz que seria difícil entrar em contato com as crianças que escreveram as cartas, pois a intenção era proteger a identidade delas. As escribas, com o apoio da Redes da Maré passaram, então, a se reunir com crianças e adolescentes e a coletar novos depoimentos. Ao todo, foram ouvidas mais de 200 que fazem parte de projetos do Redes da Maré. As escribas queriam saber como elas viam as situações de violência que ocorriam na favela.

“A gente nunca escuta as crianças de fato, né, a gente sempre acha que a gente consegue resolver aquelas crianças como adulto e, aí, o livro mostra que elas sabem que elas têm consciência do que atravessam elas e do que pode ser diferente né, então acho que também é um diálogo que é importante a gente trazer”, diz Ananda.

A partir das primeiras escutas, foi formado um grupo menor que passou a ser acompanhado diariamente. Foi desse grupo que saiu o livro. Eu devia estar na Escola reúne desenhos e depoimentos de crianças e adolescentes moradores do Complexo da Maré sobre as violências que ocorrem sobretudo durante as operações policiais.

 Isabel Malzoni  Editora Caixote/Divulgação

“É um livro que traz as vozes delas para falar sobre violência, porque as crianças têm a capacidade de falar sobre o que afeta elas, seja de forma negativa ou seja de forma positiva. Então, também, eu acho que é um convocar que a gente precisa escutar mais as crianças. A gente precisa olhar com horizontalidade para o que ela diz e para que a gente possa também garantir que elas tenham essa cidadania plena garantida”, afirma Ananda.

A capa do livro é envolta por uma segunda capa, na qual estão trechos dos depoimentos das crianças que falam sobre medo. Nela está também um veículo policial blindado, conhecido como caveirão, apontado para as crianças. Quando essa capa é retirada, o cenário muda. As crianças estão felizes jogando bola e brincando.

“O livro tem esse esperançar, porque a gente via isso na criança que estava conversando com a gente, nos adolescentes, via que existia e existe possibilidade de mudança, eles mesmos apontavam. A Maré é um lugar legal pra se viver, eles apontavam isso pra gente. Aqui tem o melhor açaí do mundo, eu ouvi isso de uma criança. A outra falou, eu amo jogar futebol na rua. E elas iam contando as coisas boas que tinham na Maré”, diz.

O livro está à venda pela editora Caixote

‘A maré está virando’ contra a Junta de Mianmar, afirma o relator especial da ONU

Professores protestam contra golpe militar (9 de fevereiro de 2021, Hpa-An, estado de Kayin, Mianmar)

21 de março de 2024

 

A junta governante de Myanmar “está perdendo” a guerra contra uma coligação de forças internas, mas continua a ser altamente perigosa, de acordo com um relator especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos naquele país.

“A maré está a mudar em Mianmar devido à oposição generalizada dos cidadãos à junta e às crescentes vitórias das forças de resistência no campo de batalha”, disse Tom Andrews, que apresentou o seu último relatório ao Conselho de Direitos Humanos da ONU na terça-feira.

Num briefing aos repórteres na quarta-feira, Andrews disse que a junta está a perder território, bases e tropas, e a perder a sua capacidade “de promover a ficção de que é de alguma forma legítima” ou de que pode unificar o país pela força.

“A junta controla agora menos de metade de Mianmar e perdeu dezenas de milhares de soldados devido a baixas, rendições ou deserções desde que lançou o seu golpe militar há mais de três anos”, disse ele.

Andrews acrescentou que os militares de Mianmar, “embora desesperados”, continuam extremamente perigosos e intensificaram o seu ataque punitivo à população civil.

“Nos últimos cinco meses assistimos a um aumento de cinco vezes nos ataques aéreos contra alvos civis”, disse ele, observando que o número de mortos ou feridos por minas terrestres “mais do que duplicou no ano passado”.

Desde que a junta derrubou o governo democraticamente eleito do país, em 1 de Fevereiro de 2021, milhares de pessoas foram mortas, dezenas de milhares foram presas e detidas arbitrariamente e milhões foram deslocadas.

Em resposta, os apoiantes do governo deposto democraticamente eleito liderado por Aung San Suu Kyi uniram forças com um conjunto de milícias de base étnica para lutar contra a liderança brutalizadora e repressiva, com sucesso crescente.

O relator especial apela aos Estados para que parem de exportar as armas sofisticadas e poderosas que Mianmar utiliza para matar civis, alertando que a violência e o caos em Mianmar podem repercutir na região e no resto do mundo.

“Milhares de pessoas desesperadas continuam a fugir para os países vizinhos. Os caças da Junta violaram o espaço aéreo dos vizinhos de Mianmar, bombas caíram nas fronteiras”, disse ele.

Sublinhando os perigos de apaziguar e apoiar a junta, Andrews observou que as redes criminosas “encontraram um porto seguro em Mianmar”.

“Mianmar é hoje o maior produtor de ópio do mundo e um centro global para operações de fraudes cibernéticas que escravizam dezenas de milhares de pessoas e vitimam um número incontável de pessoas em todo o mundo”, disse ele.

A repressão militar da junta e o tratamento abusivo que dispensa à população civil cobraram um preço terrível.

A organização birmanesa de direitos humanos, The Assistance Association for Political Prisoners, estima que mais de 4.500 pessoas foram mortas e mais de 26.000 presas, a maioria das quais permanece detida.

O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários, OCHA, informa que 2,7 milhões de pessoas foram deslocadas e 18,6 milhões de pessoas em Myanmar, incluindo 6 milhões de crianças, necessitam de assistência humanitária.

“Quando comecei meu serviço como relator especial, antes do golpe, esse número era de 1 milhão”, disse Andrews.

Para piorar a situação, disse que a junta iniciou um programa de recrutamento militar forçado, “por vezes raptando jovens na rua”. Outros estão se escondendo ou fugindo do país.

“Particularmente atingidos são os membros sitiados da comunidade Rohingya, que estão agora sujeitos a bombardeamentos contínuos pelas forças da junta. Mas, ao contrário da maioria em Mianmar, os Rohingya estão proibidos de se deslocar para locais seguros”, disse ele.

“Agora, a junta está a tentar forçar os jovens Rohingya a fazer o incompreensível – juntar-se aos mesmos militares que estão a cometer estes ataques implacáveis ​​e que cometeram genocídio contra a sua comunidade, forçando centenas de milhares de pessoas a cruzar a fronteira para o Bangladesh.”

Em Agosto de 2017, quase 1 milhão de muçulmanos Rohingya fugiram para Cox’s Bazaar, no Bangladesh, para escapar à perseguição, à violência e a graves violações dos direitos humanos no estado de Rakhine, em Myanmar.

Vivem naquele que é conhecido como “o maior campo de refugiados do mundo”, em condições de sobrelotação, com pouco acesso à educação e sem capacidade de obter rendimentos, o que os deixa vulneráveis ​​à exploração e a sérios riscos de protecção.

As Nações Unidas descrevem os Rohingya como “a minoria mais perseguida do mundo”.

A junta militar de Myanmar negou a cidadania aos Rohingya e vê-os como intrusos estrangeiros.

Andrews apelou à comunidade internacional para não fechar os olhos aos horrores que ocorrem em Mianmar. Ele disse que é necessária uma ação internacional forte e concertada para impedir a matança de civis inocentes e derrubar os líderes ilegítimos.

Ele disse que a impunidade para crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Mianmar deve acabar. Para que isso aconteça, disse ele, “aqueles que são responsáveis ​​por crimes de atrocidades em Mianmar devem saber que serão responsabilizados”.

Mianmar não conseguiu responder ao relatório do relator especial no Conselho de Direitos Humanos da ONU porque as Nações Unidas não reconhecem os governantes militares de facto como um governo legítimo.

Notícias Relacionadas
Militares de Mianmar visam profissionais enquanto as manifestações continuam
Mianmar: Vários jornalistas detidos pelos militares ao reprimir a imprensa
Dezenas de milhares protestam em Mianmar contra golpe militarFonte
 

PM que matou jovem no Complexo da Maré é denunciado à Justiça

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou, ao 3º Tribunal do Júri da Capital, o policial militar acusado de matar Jefferson de Araújo Costa, de 22 anos, durante um protesto no Complexo da Maré, no Rio. Segundo o MPRJ, Carlos Eduardo Gomes dos Reis assumiu o risco de matar o jovem, ao golpeá-lo com um fuzil calibre 7.62 com o dedo no gatilho.

Durante a agressão a Jefferson, o fuzil acabou disparando e matando o jovem. O crime foi cometido na manhã de 8 de fevereiro, na Avenida Brasil, próximo à passarela 9, no Complexo da Maré.

De acordo com o MPRJ, o crime foi praticado por motivo fútil, apenas para desmobilizar uma pequena manifestação de moradores que ocorria no local. Também houve, segundo o MPRJ, tiro à queima-roupa, com arma de uso restrito e sem possibilidade de defesa da vítima.

Além de instauração de ação penal contra o policial militar, que está preso preventivamente, o MPRJ pede o pagamento de indenização aos familiares da vítima.