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Venezuelanos em Brasília manifestam desejo de mudança com eleições

O jornalista Manuel Quilarque viajou de São Paulo para Brasília para votar nas eleições que vão escolher o próximo presidente da Venezuela, que governará o país sul-americano entre 2025 e 2031. Ele e outros eleitores que estiveram na seção eleitoral na Embaixada da Venezuela, na capital do Brasil, neste domingo (28), manifestaram o desejo de mudança e que o resultado das urnas seja respeitado pelas autoridades.

“Estamos muito esperançosos para poder recuperar a liberdade no nosso país, que a gente consiga finalmente ter um processo de reinstitucionalização. E também que as pessoas que estão fora da Venezuela, em situação de vulnerabilidade, que estão passando por muita dificuldade, consigam, enfim, voltar para o país em condições favoráveis”, disse.

Brasília (DF) 28/07/2024 – Manuel Quilarque na entrada da embaixada da Venezuela durante votação para presidente – Valter Campanato/Agência Brasil

O atual presidente, Nicolás Maduro, está no poder desde 2013 e enfrenta nove concorrentes no pleito de hoje. Esta é a primeira eleição, desde 2015, em que toda a oposição aceitou participar. Desde 2017, os principais partidos de oposição vinham boicotando as eleições nacionais.

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Segundo o jornalista, que vive no Brasil há 15 anos, dos cerca de 500 mil venezuelanos que moram no país, apenas 1.059 conseguiram registro para votar. Com o registro ativo há muitos anos, ele conta que não teve dificuldades para votar. O irmão dele, por outro lado, que vive na Espanha, não conseguiu se registrar para participar do pleito.

Quilarque diz que o sistema eleitoral é confiável, mas que outras questões afetam o pleito como um todo. 

“Essa fraude não vem no sistema eleitoral, não vem na urna eletrônica, não vem na contagem, ela vem antes. Ela vem quando não te deixam inscrever, quando não te deixam votar por algum motivo, quando os funcionários públicos estão obrigados a tirar foto e mandar, quando tem um voto assistido”, disse o jornalista que aposta em uma provável vitória do principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia. 

As pesquisas eleitorais da Venezuela divergem sobre o resultado do pleito presidencial. Enquanto algumas enquetes dão a vitória com ampla margem a Edmundo González Urrutia, outros levantamentos apontam para uma vitória do atual presidente Nicolás Maduro, também com uma margem confortável.

Dificuldades

Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro rompeu relações com o governo venezuelano e todos os consulados no Brasil foram fechados, restando seção eleitoral apenas na embaixada em Brasília. Além dos entraves burocráticos, questões logísticas e financeiras dificultam a participação no pleito.

“Devem ter votado, no máximo, umas 30 pessoas”, estima Quilarque. “Porque se você morar, por exemplo, em Manaus, em Boa Vista, são lugares muito distantes, são pessoas que já estão numa condição de vulnerabilidade e pegar um avião para vir para cá tem um custo”, disse o jornalista.

A reportagem da Agência Brasil não conseguiu contato com as autoridades da embaixada venezuelana em Brasília. O responsável pela portaria do local informou apenas que a votação estava ocorrendo dentro da normalidade. O painel fixado no lado de fora, contabilizava os 1.059 eleitores aptos a votar no país.

Em todo o mundo, venezuelanos relataram dificuldades para votar no exterior. Dos quase 8 milhões de emigrantes do país, metade têm idade para votar, mas poucos superaram os entraves burocráticos.

A advogada Paula Marcondes foi uma das venezuelanas que não conseguiu fazer o registro para votação, mas foi à embaixada manifestar seu apoio à oposição do governo de Nicolás Maduro. “A minha expectativa é que finalmente, depois de 24 anos, a gente consiga mudar alguma coisa para melhor”, disse ela, que tem duas filhas e apenas uma pode votar nas eleições.  “O que a gente espera é um resultado massivo que seja impossível de esconder”, acrescenta.

Brasília (DF) 28/07/2024 – Paula Marcondes na entrada da embaixada da Venezuela durante votação para presidente – Valter Campanato/Agência Brasil

A analista de sistemas Sônia Mejia também viajou de São Paulo para Brasília para votar. Ela está há 17 anos no Brasil  onde trabalha com confeitaria. Ela espera que “a vontade de todos os venezuelanos” seja respeitada e que o país possa “sair de toda essa situação que está”.

“Que seja um resultado para progresso da Venezuela, uma Venezuela livre, próspera, abundante e que desabroche”, disse. “Eu queria fazer meu voto e fazer alguma coisa para mudar, porque eu acredito que, se a gente quer uma mudança no mundo, no país, em qualquer coisa, você tem que fazer algo. Então, eu queria exercer meu direito e votar, e aqui estou, já votei, estou feliz. E esperamos que tudo seja para o bem da Venezuela”, completou.

Brasília (DF) 28/07/2024 – Sônia Mejía na entrada da embaixada da Venezuela durante votação para presidente – Valter Campanato/Agência Brasil

Economia

O país sul-americano enfrenta um bloqueio financeiro e comercial pelo menos desde 2017, quando potências como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e União Europeia passaram a não reconhecer a legitimidade do governo Maduro. O país vizinho também passou por grave crise econômica no período, com hiperinflação e perda de cerca de 75% do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos no país), o que resultou na migração de mais de 7 milhões de pessoas.

Desde meados de 2021, o país vem mostrando alguma recuperação econômica. A hiperinflação foi controlada, e a economia voltou a crescer em 2022 e 2023, porém, os salários continuam baixos e os serviços públicos deteriorados.

Desde 2022, o embargo econômico vem sendo parcialmente flexibilizado e um acordo entre oposição e governo foi firmado para as eleições deste ano. Porém, denúncias de prisões de opositores nos últimos dias e recusas a assinar acordo para respeitar o resultado eleitoral por alguns candidatos da oposição, entre eles, o favorito Edmundo González, jogam dúvidas sobre o dia após a votação.

Após morte de Joca, tutores se manifestam no aeroporto de Brasília

Tutores de cães da raça golden retriever fizeram uma manifestação neste domingo (28) para defender a regulamentação do transporte aéreo de cachorros de grande porte.

A iniciativa foi motivada pela morte do cão Joca, um golden de quatro anos que morreu durante um voo operado pela Gol, no último dia 22.

Promovido pelo Clube Golden de Brasília, o protesto reuniu tutores no aeroporto de Brasília em defesa do tratamento digno durante o translado dos animais.

Para a representante do clube Fernanda Machado, a iniciativa foi motivada pelo descaso das companhias aéreas no transporte de animais domésticos de grande porte. Ela citou que são comuns casos de descuidos, como fuga dos cães durante o embarque e mortes durante o translado.

Tutores da cães, principalmente da raça golden retriever cobraram justiça pela morte de Joca durante uma viagem aérea – Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Tutora da Nala, uma fêmea de suporte emocional, Fernanda defendeu a regulamentação do transporte. “Eles tratam nossos cães como bagagem, objeto, e eles não são. Não é barato para colocar um cão em um transporte desse. O nosso grito é de socorro, de basta. A gente não quer mais isso. Precisa mudar. O transporte precisa ser regulamentado”, defendeu.

Raniela Resende levou seu golden chamado Oliver para a manifestação e disse que prefere viajar de carro porque não confia no serviço de transporte de pets oferecido pelas aéreas. Para Raniela, o transporte dos animais deveria ser feito em um espaço reservado dentro da cabine da aeronave.

“Eles são vida como qualquer outra. O ideal seria levar na cabine, eles são calmos. Os pequenos podem ir na caixinha”, sugeriu.

Atualmente, cães de grande porte são colocados em uma caixa de transporte e levados em um compartimento localizado no porão da aeronave. Segundo as companhias, o local é pressurizado e não oferece risco aos animais, que não viajam junto com malas e cargas. Somente animais com até 10 quilos (kg) podem ser levados junto aos passageiros.

Joca

Na segunda-feira (22), o golden retriever Joca foi despachado pelo tutor em São Paulo com destino a Sinop (MT). No entanto, a caixa de transporte foi colocada em um voo para Fortaleza. Em seguida, o cão foi mandado de volta para São Paulo. No trajeto de volta, Joca não suportou o total de oito horas de viagem e morreu.

Após o episódio, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Polícia Civil de São Paulo passaram a investigar o caso.

Em nota divulgada após o episódio, a GOL se solidarizou e lamentou a perda do animal. A empresa também anunciou a suspensão, por 30 dias, do transporte aéreo de animais.