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Governo brasileiro envia 6,3 toneladas de medicamentos ao Líbano

Uma carga de medicamentos arrecadada pelo Consulado-Geral do Líbano no Rio de Janeiro, a partir de doações de empresas farmacêuticas, estão a caminho do território libanês, no avião responsável pelos voos de repatriação de brasileiros. .

A carga de 6,3 toneladas foi enviada em duas etapas. A primeira parte foi levada no último dia 15, enquanto a mais recente, seguiu no voo de sábado (19). O Líbano vem sofrendo com invasões militares e bombardeios promovidos por Israel

Segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o governo brasileiro já enviou ao país do Oriente Médio cinco cargas de medicamentos, seringas descartáveis e envelopes para reidratação de estoques públicos do Sistema Único de Saúde (SUS) administrados pelo Ministério da Saúde. Também foram enviadas cestas básicas arrecadadas pela Embaixada do Líbano em Brasília, por meio da Associação Unidos pelo Líbano (UpL), e pelo Consulado-Geral do Líbano no Rio de Janeiro.
 
Até o momento, a Operação Raízes do Cedro repatriou 1.317 passageiros, sendo 242 crianças, 40 bebês, 138 idosos, 12 gestantes, 101 pessoas com alguma complicação de saúde e 12 pessoas com deficiência, além de 15 animais domésticos.

O voo mais recente, efetuado pela aeronave KC-30, do Esquadrão Corsário da Força Aérea Brasileira (FAB), pousou na manhã do último sábado no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, trazendo mais de 200 passageiros e um gato.

Este foi o sexto voo de repatriação e um sétimo voo segue em andamento neste momento. Cerca de 3 mil brasileiros que vivem no Líbano se registraram para pedir a repatriação.

Pelo acordo entre o MRE e o governo libanês, são prioridade das listas de embarques mulheres, crianças, idosos e brasileiros não moradores do Líbano. Desde 4 de outubro, início da operação de resgate, a FAB tem feito voos praticamemente diários entre Brasil e Líbano, com escala para reabastecimento em Lisboa, Portugal, tanto na ida quanto na volta.

Invasão

Desde o fim de setembro, as forças armadas israelenses, que combatem na Faixa de Gaza com dezenas de milhares de civis mortos, deslocaram suas ações para o Líbano, que fica na fronteira norte do país, por meio de invasões terrestres e bombardeios aéreos.

Israel alega que pretende neutralizar o movimento Hezbollah para permitir que cerca de 60 mil cidadãos israelenses de comunidades ao norte do país possam retornar para suas casas, após terem sido expulsos por disparos de foguetes em suas áreas.

Até o momento, cerca de 1,4 mil pessoas foram mortas no Líbano, a maioria civis, segundo contagem da agência de notícias AFP baseada em dados oficiais.

“Não dá para viver no Líbano”, diz homem que trouxe família ao Brasil

O libanês Ahmad Nazar tinha 6 anos quando seu pai, Hassan, foi morto em 1986 em um bombardeio israelense na cidade de Arabsalim, na região Sul do Líbano, a menos de 100 quilômetros da capital Beirute.

Hassan estava em um posto de combustível abastecendo seu carro, quando foi atingido por uma bomba. A morte foi instantânea.

Ahmad, que hoje vive no Brasil, reencontrou neste sábado (19), parte da sua família (imagem em destaque) na Base Aérea de Guarulhos, após um voo de mais de 15 horas, saído de Beirute, que trouxe sua esposa Zeinab, e seus três filhos: Lamis, de 12 anos, Sajed, de dez, e Farah, de um ano e meio – a única de suas crianças que nasceu no Líbano, os demais são brasileiros.

Eles vieram no sexto voo da Operação Raízes do Cedro, coordenada pelo governo federal e executada pela Força Aérea Brasileira (FAB), operação que está resgatando brasileiros que vivem no Líbano.

A esposa e os filhos estavam na cidade libanesa de Arabsalim, a mesma em que o pai de Ahmad foi morto, quando se intensificaram, nas últimas semanas, os ataques israelenses no território libanês.

“Não dá mais para viver no Líbano. Não tem mais nenhuma região segura. Antes era apenas a região Sul que estava perigosa, agora não”, conta Ahmad, que mora em São Paulo desde 2007.

Ahmad e Zeinab haviam planejado que os filhos iriam ser educados no Líbano e o pai, que trabalha em São Paulo, iria visitá-los frequentemente. A guerra fez os planos mudarem. A decisão então foi trazer esposa e filhos de volta ao Brasil.

A aeronave KC-30, do Esquadrão Corsário da Força Aérea, pousou às 07h28 em uma das pistas do Aeroporto Internacional de Guarulhos trazendo, além da família Nazar, e mais 208 passageiros e um gato.

“Minha mãe está lá e somos sete irmãos. Eles estão vivendo lá. Mas está muito perigoso. A casa vizinha da minha família foi destruída em um bombardeio. Um só míssil é capaz de destruir um prédio. Eles saíram da cidade e foram para locais mais seguros. Oito dias depois, a casa da minha família foi destruída”, conta Ahmad mostrando em seu celular fotos e vídeos dos escombros do local onde viviam seus familiares.

A Operação Raízes do Cedro repatriou até agora, no total, 1.317 passageiros, sendo 242 crianças, 40 bebês, 138 idosos, 12 gestantes, 101 pessoas com alguma complicação de saúde e 12 pessoas com deficiência, além de 15 animais domésticos.

Leila Hadi, que também veio no mesmo voo da FAB, lamentava o fato de não ter conseguido trazer, junto com ela, ao menos uma de suas duas irmãs que moram no Líbano. Ela estava, há dois anos, vivendo na região do Vale do Bekaa. “

Eu precisava ter trazido ao menos uma irmã comigo. Está muito assustador lá”.

Leila Hadi desembarcou hoje do avião KC-30 da FAB, na Base Aérea de São Paulo – Paulo Pinto/Agência Brasil

Leila conta que qualquer ruído mais forte a faz lembrar dos bombardeios israelenses. “Agora mesmo, com o barulho do avião aqui na pista eu me assustei. Agora é assim, a gente leva susto dia e noite lembrando dos bombardeios”.

Outro repatriado, Mohamed Elgandur, tem família no Brasil e no Líbano e alterna sua moradia entre os dois países. Ele estava no Líbano e decidiu retornar ao Brasil, mas está preocupado com os familiares que ficaram.

“Eu moro lá e moro aqui. Tenho filhos aqui e netos aqui. A esposa não pode vir devido à saúde. A gente estava no [Vale do] Bekaa, na fronteira onde estavam ocorrendo os bombardeiros, ouvia avião e bombardeio direto. Dizer que não dava medo é mentira. A maior preocupação é com a família”.

Sexto voo de repatriação do Líbano chega com 212 passageiros

O sexto voo do Operação Raízes do Cedro, com 212 passageiros resgatados do Líbano, pousou hoje (19) às 7h15 na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos (SP). Já são mais de 1.300 pessoas, entre brasileiros e libaneses parentes de brasileiros, trazidos pela Força Aérea Brasileira (FAB), que fugiram do conflito entre Israel e o grupo Hezbollah. No desembarque deste sábado estavam 14 crianças e um gato.

Cerca de três mil pessoas pediram para vir ao Brasil desde que a guerra entre Israel e o Hamas se estendeu para o território libanês, no início do mês.

A Operação Raízes do Cedro repatriou até agora, no total, 1.317 passageiros, sendo 242 crianças, 40 bebês, 138 idosos, 12 gestantes, 101 pessoas com alguma complicação de saúde e 12 pessoas com deficiência, além de 15 animais domésticos.

Pelo acordo entre o Itamaraty e o governo libanês, são prioridade das listas de embarques mulheres, crianças, idosos e brasileiros não moradores do Líbano. Desde 4 de outubro, início da operação de resgate, a FAB tem feito voos diários entre Brasil e Líbano, com escala para reabastecimento em Lisboa, Portugal.

Brasil condena ataques de Israel contra bases da ONU no Líbano

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil condenou nesta segunda-feira (14) os ataques de Israel contra a missão de paz das Nações Unidas (ONU) no Líbano, a Unifil. Ainda segundo o governo brasileiro, os ataques de Israel contra a ONU violam o direito internacional.

“O Brasil condena veementemente a invasão ontem, 13/10, de base da missão de paz da ONU no Líbano (Unifil) pelas forças armadas de Israel. Dois tanques destruíram o portão principal e invadiram uma base da Unifil, onde ficaram 45 minutos, e disparos a tiros foram realizados nas proximidades”, afirmou o Itamaraty por meio de nota.

O governo brasileiro lembrou que este foi o terceiro dia de ataques israelenses contra integrantes ou instalações da Unifil desde a semana passada, ferindo cinco membros da missão de paz da ONU. “O Brasil repudia as violações sistemáticas verificadas nos últimos dias”, diz o comunicado, lembrando que militares brasileiros lideraram a força marítima da Unifil entre 2011 e 2021.

“Ataques deliberados contra integrantes de missões de manutenção da paz e instalações da ONU são absolutamente inaceitáveis e constituem grave violação do Direito Internacional, do Direito Internacional Humanitário e das resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, completou o Itamaraty.

A nota do MRE também criticou a manifestação do governo de Israel pedindo a retirada da Unifil do sul do Líbano e o fim das hostilidades.

“A missão de paz foi estabelecida em 1978 pelo Conselho de Segurança e atua desde então na manutenção da paz e da segurança no sul do Líbano. A missão apoia o governo do Líbano na restauração de sua autoridade na área; facilita o retorno de civis deslocados; presta assistência humanitária; e busca garantir que a área não seja usada por grupos armados”, finalizou o Itamaraty.

Em mensagem publicada neste domingo (13) em uma rede social, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que retire as tropas da ONU do sul do Líbano.

Nesta segunda-feira (14), Netanyahu voltou a pedir a saída da Unifil da região. “A melhor maneira de garantir a segurança do pessoal da Unifil é que a Unifil atenda ao pedido de Israel e saia temporariamente do caminho do perigo”, afirmou.

UNIFIL – get out of harm’s way! pic.twitter.com/vCnw7XLWCo

— Benjamin Netanyahu – בנימין נתניהו (@netanyahu) October 14, 2024

Em resposta, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a segurança do pessoal da ONU deve ser garantida. “A inviolabilidade das instalações da ONU deve ser respeitada em todos os momentos. Ataques contra forças de paz violam o direito internacional e podem constituir um crime de guerra”, destacou o chefe da ONU.

Líbano

Israel tem promovido, nas últimas semanas, uma série de bombardeios em massa e ataques contra o território do Líbano. Estima-se que a nova ofensiva forçou o deslocamento de mais de 1,2 milhão de pessoas na região. 

O governo israelense justifica que busca destruir o grupo Hezbollah, que controla o sul do Líbano e que, desde o dia 8 de outubro de 2023, tem realizado ataques contra instalações militares israelenses em solidariedade aos palestinos da Faixa de Gaza.

As batalhas entre os militares israelenses e os grupos da resistência libanesa após o 7 de outubro forçou o deslocamento de dezenas de milhares de israelenses do norte do país e preocupa Tel-Aviv com a possiblidade do conflito inviabilizar o Porto de Haifa, no Mar Mediterrâneo. 

Quinto voo da FAB com 220 repatriados do Líbano chega a SP

O quinto voo da Força Aérea Brasileira (FAB) que resgatou brasileiros do Líbano pousou às 6h06 da manhã desta segunda-feira (14) na Base Aérea de São Paulo (BASP), em Guarulhos. Estavam a bordo 220 repatriados e dois animais de estimação, no voo que integra a Operação “Raízes do Cedro”, coordenada pelo governo federal.

Iniciada em 2 de outubro, a operação já repatriou um total de 1.105 brasileiros e 14 animais de estimação do Líbano. Segundo a FAB, também foram transportadas 43 toneladas de donativos, como insumos hospitalares e cestas básicas, para ajudar vítimas no Líbano.

A logística de repatriação envolve o uso de aeronave e de servidores da Força Aérea Brasileira e um intenso trabalho de articulação do Itamaraty. Segundo o governo federal, a comunidade brasileira no Líbano tem cerca de 20 mil pessoas, dos quais cerca de 3 mil manifestaram desejo de retornar ao Brasil.

As ações de repatriação foram determinadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde o agravamento do conflito no país, com bombardeios aéreos massivos de Israel contra cidades libanesas. Os bombardeios são desdobramento da campanha militar israelense na Faixa de Gaza, território palestino ocupado por Tel Aviv. 

Assim como as milícias do Iêmen e do Iraque têm lançado ataques contra Israel ou aliados de Tel Aviv em represália aos bombardeios em Gaza, a chamada resistência libanesa – coalizão de sete grupos político-militares liderados pelo Hezbollah – tem promovido ataques contra Israel desde o dia 7 de outubro, também em solidariedade a Gaza.

Raízes do Cedro: quinto voo decola do Líbano com 220 repatriados

Mais um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) deixou Beirute, capital do Líbano, neste domingo (13), trazendo para o Brasil 220 repatriados. O avião KC-30 da Operação Raízes do Cedro decolou às 12h (horário de Brasília). A aeronave fará escala para reabastecimento em Lisboa, Portugal, e tem previsão de chegar à Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos (SP), na manhã de segunda-feira (14).

Entre os resgatados estão dez crianças de colo. Dois animais de estimação também estão embarcados. Este é o quinto voo de resgate de brasileiros, elevando para 1.105 o número de repatriados, além de 13 pets.

A Operação Raízes do Cedro começou depois que Israel lançou ataques aéreos e uma ofensiva terrestre contra o país árabe, base do Hezbollah, grupo político muçulmano com forte braço armado. Cedro é uma referência à árvore que estampa a bandeira nacional libanesa.

Segundo o governo brasileiro, cerca de 20 mil brasileiros moram no país localizado no Oriente Médio. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) estima que 3 mil tenham interesse em deixar o país nos voos da FAB.

Os primeiros 229 brasileiros repatriados chegaram na manhã do último domingo (6) à Base Aérea de São Paulo e foram recepcionados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O voo que partiu neste domingo de Beirute saiu do Brasil no sábado (12) com a quarta carga de donativos para a população libanesa. A aeronave transportou 1,4 mil cestas básicas e 6,9 mil embalagens de medicamentos arrecadados pelo fundo humanitário Associação Unidos pelo Líbano (()), uma iniciativa da comunidade libanesa no Brasil.

O Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Beirute, está em contato com brasileiros e familiares próximos para prestar assistência consular e verificar a necessidade de promover novo voo de repatriação, a depender das condições de segurança na região.

Os números de plantão consular são +55 (61) 98260-0610 e +55 61 98313-0146, ambos com WhatsApp.

FAB envia quinto voo para resgatar brasileiros no Líbano

A Força Aérea Brasileira (FAB) enviou neste sábado (12) mais um avião da Operação Raízes do Cedro para resgatar brasileiros que querem deixar o Líbano em meio aos bombardeios de Israel.

O quinto voo da aeronave KC-30 para Beirute, capital libanesa, decolou às 11h da Base Aérea de São Paulo. O voo de repatriação fará uma escala em Portugal antes de chegar ao destino.

Na manhã deste sábado, mais 211 brasileiros desembarcaram no país. Ao todo, após quatro voos de repatriação, 885 pessoas e 11 pets retornaram ao Brasil.

Números

Segundo o governo brasileiro, cerca de 20 mil brasileiros moram no Líbano. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) estima que três mil querem deixar o país nos voos da FAB.

Os primeiros 229 brasileiros repatriados chegaram na manhã de domingo (6) na Base Aérea de São Paulo e foram recepcionados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Quarto voo da FAB com 211 repatriados do Líbano chega a São Paulo

O quarto voo da Força Aérea Brasileira (FAB) que resgatou brasileiros do Líbano pousou às 07h11 deste sábado (12) na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos. O voo, que saiu de Lisboa, em Portugal, às 21h05 de ontem, transportou 211 passageiros, entre eles, 12 crianças de colo. Desde o início da Operação Raízes de Cedro, 885 pessoas já foram repatriadas pelo governo brasileiro.

A ação foi determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a partir do acirramento do confronto entre Israel e o grupo Hezbollah, que atua no Líbano. A logística de repatriação envolve o uso de aeronaves e de servidores da Força Aérea Brasileira e um intenso trabalho de articulação do Itamaraty. Segundo o governo federal, a comunidade brasileira no Líbano tem cerca de 20 mil pessoas, dos quais cerca de três mil manifestaram desejo de retornar ao Brasil.

Uma das pessoas a desembarcar hoje do KC-30, um avião com cerca de 240 lugares e que tem sido utilizado nos voos humanitários de resgate de brasileiros nas zonas de conflito, foi Ola Sleiman, 19 anos. A jovem partiu para o Líbano há cerca de nove anos para estudar, mas os conflitos na região a fizeram ter de retornar ao Brasil com os pais e irmãos. “Na nossa região (Bekaa) estava um pouco tranquilo. Mas estávamos com medo”, disse ela, que agora vai retornar a Foz do Iguaçu (Paraná).

“Viver lá [no Líbano] era bem tranquilo, mas tudo mudou. Fomos para aprendermos um pouco mais de árabe e aconteceu o que aconteceu e voltamos. Graças a Deus temos o Brasil para voltar”, acrescentou ela, que aproveitou a entrevista para agradecer ao governo brasileiro pelo retorno seguro ao país.

“É difícil. Deixamos nossos parentes lá, que a gente ama. Deixamos amigos. É difícil explicar a guerra. É algo muito grande para a gente”, lamenta Ola.

Acompanhado da esposa e de duas filhas que tinham bandeiras do Brasil amarradas ao corpo, Hassal Ahmad, 46 anos, desembarcou no Brasil na manhã de hoje após viver dez anos no Líbano.

“As bombas estavam bem perto de nós. Você vive com muito estresse, não sabíamos a que horas uma bomba podia cair sobre nós. Caíram muitas casas, explodiram muitas casas. Por isso voltamos ao Brasil. As meninas são brasileiras”, conta ele. “Damos graças a Deus e ao governo brasileiro [por poder retornar]”.

Ahmad conta que foi preciso abandonar tudo no Líbano para poder voltar ao Brasil. “Agora vou precisar começar de novo aqui no Brasil”, disse ele.

Nazha Ibrambm, 65 anos, voltou ao Brasil com sua filha. Emocionada, ela relatou à Agência Brasil ter escutado os barulhos de bombas caindo sobre a região, tendo que se proteger na casa de vizinhos. “Estava morando lá há 10 anos, mas todos os dias eu falava: ‘um dia eu volto [para o Brasil]’. E agora eu voltei. Eu espero que Deus me ajude para continuar vivendo aqui e morrer aqui”.

Já a jovem Amal Khatib, 20 anos, retornou ao Brasil com o padrasto e a mãe. “No começo estava muito perigoso ficar lá. Tinha muitas bombas perto da minha casa. Eu não conseguia dormir. Depois de um tempo deu uma acalmada, mas sempre voltava. Aí fomos para uma outra cidade, que não era segura, mas era mais segura do que onde eu estava. E então decidimos voltar ao Brasil, longe de tudo isso, graças a Deus”, relata.

“Era horrível. Parecia que a qualquer hora eu poderia morrer. Era uma sensação horrível. Ninguém merece passar por isso. Estou muito feliz de ter voltado e de me sentir, principalmente, mais segura. Eu já não estava mais aguentando [viver lá]”.

Voo

Segundo o major-aviador Rafael Oliveira Bertholdo, comandante da aeronave, o voo de volta ao Brasil foi tranquilo. “Na parte técnica, foi um voo bem tranquilo, com pouca nebulosidade e poucas nuvens. Quanto aos passageiros, alguns tinham um sentimento de gratidão e estavam felizes de terem saído da região de conflito. Outros estavam um pouco nervosos pela situação que estavam passando. Mas de maneira geral, foi um voo muito sossegado e muito calmo”.

Para o major, voos como esse são importantes porque mostram o papel do Brasil internacionalmente. “Acho importante a questão da empatia e da ajuda ao próximo que o governo brasileiro, por meio da Força Aérea, está prestando a todo cidadão. Isso é o que importa”, reforçou. “Me sinto feliz, honrado e grato [por participar dessa operação], com o sentimento de ser útil para a nação e de ser um orgulho para a minha família”.

Um quinto voo de repatriação saiu de São Paulo ainda hoje com destino a Portugal. “São mais nove horas e meia de voo até chegarmos a Portugal novamente, para então ter a troca de tripulação e um novo voo para o Líbano”, explicou o major.

Líbano é a nova Faixa de Gaza, diz Confederação Líbano-Brasileira

O território libanês atacado por Israel é a nova Faixa de Gaza, na avaliação do presidente da Confederação Nacional das Entidades Líbano-Brasileiras (Confelibra), Rogério Hanna Bassil. O sul do Líbano vem sofrendo há semanas ataques de Israel ao grupo terrorista Hezbollah.

“É verdade que o Líbano se tornou a Faixa de Gaza nesses últimos dez dias. A Faixa de Gaza está destruída. Em Beirute, a mesma coisa. Toneladas de bomba caem no sul do Líbano”, afirmou, nesta sexta-feira (11), em entrevista na sede da Liga Libanesa do Brasil.

Segundo a Confelibra, desde o início da guerra, mais de 2 mil pessoas foram mortas no Líbano, mais de 10 mil ficaram feridas e 1,5 milhão saíram do sul do país que faz fronteira com Israel para se refugiar no norte. A infraestrutura do país foi severamente danificada, com hospitais lutando para atender a crescente demanda e escolas e locais religiosos se transformaram em abrigos.

“Condenamos a invasão de Israel ao Líbano. Acho que Israel exagerou demais esse genocídio que está cometendo contra o povo libanês, um povo tranquilo. Atacam lugares para ferir onde eventualmente podem existir soldados do Hezbollah. Para matar um ou alguns membros do Hezbollah, acabam com um quarteirão. Faço um apelo que assinem um cessar-fogo”, disse Bassil.

Ele ressalta que as grandes potências mundiais estão caladas. “O pior é que não há um país no mundo que tenha se sensibilizou com essa situação militar. A não ser o nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva que é mais generoso, nos dá apoio moral, mandou os aviões de resgate, colocou todo o Estado brasileiro à disposição. Mas não é suficiente. Um país só não pode.”

Bassil lembrou que a situação econômica do Líbano é muito precária, com os bancos falidos. “Se não fossem os imigrantes libaneses no mundo todo, o Líbano estaria em uma catástrofe humanitária sem precedentes. Os imigrantes mandam muito dinheiro para os parentes”.

A confederação informou que no Brasil existem 15 milhões de libaneses e descendentes. A população no Líbano não chega a 3,5 milhões. Há mais 21 mil libaneses descendentes de brasileiros no Líbano e 3 mil pediram para retornar ao Brasil. “Nem todos da família vêm por medo de saques e invasões a residências”, disse Bassil.

Segundo a Confelibra, foram arrecadadas mais de 10 toneladas de medicamentos doados por laboratórios brasileiros que estão sendo enviados ao Líbano.

Terceiro voo da FAB traz mais 217 pessoas do Líbano

Mais 217 passageiros e cinco animais de estimação vindos do Líbano desembarcaram nesta quinta-feira (10) de manhã na Base Aérea em Guarulhos, no terceiro voo da Operação Raízes do Cedro. Até agora, 672 brasileiros que viviam no Líbano, ou parentes deles, foram repatriados desde a intensificação do conflito no país pelas forças israelenses, que passaram a atacar alvos do grupo Hezbollah em território libanês.

A estimativa da Força Aérea Brasileira (FAB) é trazer cerca de 3 mil dos 21 mil brasileiros que estão no Líbano. Conforme a FAB, devem ser transportados aproximadamente 500 passageiros por semana, que na ida e na volta precisam fazer escala em Lisboa, Portugal, para reabastecimento.

A aeronave utilizada pela FAB é um KC-30, com capacidade para 230 pessoas. Neste terceiro voo, um passageiro de 41 anos precisou ficar em Lisboa por suspeita de trombose. Ele está sendo tratado e acompanhado pelo consulado brasileiro na cidade portuguesa.

Do total de passageiros dos três voos, cerca de 80 deles são estrangeiros parentes de brasileiros. Há também estrangeiros que utilizaram a aeronave brasileira, em comum acordo entre os governos do Brasil e do Líbano. Alguns são naturais de Uruguai, da Argentina e Venezuela.

A organização dos próximos voos, conforme o Ministério das Relações Exteriores, está sendo feito por meio de contato entre a embaixada brasileira em Beirute e os cidadãos brasileiros e seus familiares.