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Em dia de calor forte, pelo menos 41 blocos desfilam pelas ruas do Rio

Com previsão de temperatura máxima de 38 graus Celsius (ºC), o Rio de Janeiro teve mais um dia de ruas lotadas de blocos de carnaval. Mesmo com o forte calor, uma multidão tirou a fantasia do armário e aproveitou a folia. Se forem considerados apenas os blocos oficiais, regularizados pela prefeitura, 41 vão desfilar ao longo de toda essa segunda-feira (12) na cidade, segundo a Riotur.

Um dos destaques do dia foi o Sargento Pimenta, que se apresentou no Aterro do Flamengo, altura da Glória, na zona sul. O grupo, que tem como foco as músicas dos Beatles, dessa vez intercalou clássicos do conjunto britânico com os sucessos da cantora Rita Lee, a homenageada desse ano.

All You Need Is Love no ritmo do maracatu; Hey Jude em ciranda; Can’t Buy me Love no coco, e I Want to Hold You Hand no samba, foram algumas das canções tocadas pelos 100 instrumentistas do bloco. Rita Lee foi celebrada com: Pagu, Lança Perfume, Erva Venenosa, e outros sucessos.

“Trabalhamos o ano inteiro para fazer esse carnaval. A oficina de músicos começou em maio passado. Então, estamos há muito tempo nos preparando para esse trabalho bonito, que mescla as músicas dos Beatles com os ritmos brasileiros. E esse ano viemos homenagear a Rita Lee, que era grande fã dos Beatles”, disse Fernando Reznik, fundador, diretor musical e mestre de bateria.

Vestido de Obelix, personagem do quadrinho francês Asterix, o engenheiro Silvio Seroa foi ver pela primeira vez o Sargento Pimenta.

“Escolhi o Sargento Pimenta porque é um bloco que está crescendo, virando tradição e eu queria conhecer. E gosto da Rita Lee, um ícone do rock brasileiro. Vale a pena prestigiá-la”, disse Sivio.

Blocos de rua do Rio- Luciolla Villela/Riotur

Desfile florido

Também pela manhã, o desfile do Vem Cá, Minha Flor tomou conta do Centro do Rio. O bloco tem quase 10 anos de existência e costuma ser conhecido como democrático. Não tem corda em volta da bateria e reúne pessoas de diferentes lugares, idades e estilos.

A multidão cantou sem parar os sucessos de carnavais antigos e atuais. Os componentes do bloco trouxeram flores nas mãos, nos cabelos e nas fantasias.

“Estar aqui também é sinônimo de resistência. Uma mulher, principalmente uma mulher preta à frente de uma bateria é uma construção diária para conquistar o respeito das pessoas. É muito gratificante!”, disse Raquel Carvalho, maestrina e diretora musical.

A portuguesa Maria Abelardo passa pela primeira vez o carnaval no Rio e ficou encantada com o que viu. “Em Portugal, nós temos blocos de rua, mas nada comparado ao que estou vendo aqui. É mágico!”.

Capoeiristas farão censo para mapear grupos na capital paulista

O Fórum da Capoeira do Município de São Paulo e o Instituto Caifazes Ação Social vão fazer uma pesquisa censitária na capital paulista para mapear os grupos de capoeira na cidade. A iniciativa conta com o apoio da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer e da Casa da Capoeira de São Paulo.

A previsão é de que os dados sejam coletados durante três meses, aproximadamente. A etapa seguinte, de gestão e organização, deve durar outros seis meses, conforme o planejamento inicial. O resultado será apresentado no dia 17 deste mês. A ideia é visitar os espaços e entrevistar as pessoas responsáveis, além de produzir um banco de dados que fique disponível para entidades de capoeira e pesquisadores.

Em entrevista à Agência Brasil, o contramestre Renato Manoel de Souza, mais conhecido nas rodas como Palito, falou sobre o cuidado para envolver no projeto apenas pessoas comprometidas com a capoeira que, historicamente, é alvo de ataques originados do racismo.

“Sobre a discriminação, as pessoas sabem que a capoeira foi perseguida porque é uma manifestação cultural de africanos escravizados. Hoje, ela é direcionada a mestres negros, aqueles que são assassinados pelas costas por intolerantes políticos. São mestres que, apesar da grande carreira na área, dos prêmios e reconhecimento da sociedade, ainda morrem pobres, esquecidos, como foi o caso de Bimba e Pastinha. A discriminação é direcionada à pessoa negra e não à atividade em si.”

 O capoeirista milita em diversas frentes no movimento negro, como na Oluko ilé Ékó Escola do Saber e na Biblioteca Comunitária Assata Shakur, na Vila Formosa.

“Se, porventura, durante uma perseguição, algum espaço hoje não mapeado deixar de existir, a gente nem vai saber”, pondera Palito.

Renato lembrou que o censo é um desdobramento de outras ações, iniciadas entre 2018 e 2019. A deputada estadual Leci Brandão (PCdoB) organizou uma audiência pública, no final de 2019, com os capoeiristas, como forma de agilizar o levantamento nos municípios, a partir da criação dos fóruns de capoeira.

“Em meio à pandemia e ao período eleitoral, lançamos o Mapa São Paulo da Capoeira, junto com a Candidatura Coletiva Ubuntu Capoeira e representantes de todas as macrorregiões da cidade. Foram mapeados cerca de 450 grupos. O Fórum da Capoeira do Município de São Paulo foi criado em dezembro de 2020 e se tornou o espaço onde passamos a discutir as demandas da capoeira na cidade que acabavam sendo suplantadas por outros atravessamentos”, disse. 

“A maior vulnerabilidade dentro da capoeira é esse apagão de informações que existe, que acaba mantendo no imaginário das pessoas aquela visão da capoeira folclórica, a capoeira do senso comum”, afirmou Palito, que é formado em pedagogia, com pós-graduado em relações étnico-raciais e dá aulas em oito locais diferentes.

Segundo o contramestre, a aproximação com autoridades governamentais resultou, em 2023, no lançamento do Edital de Fomento para a Capoeira, com um orçamento de R$ 2,5 milhões. “A prefeitura empenhou cerca de R$ 5 milhões para a capoeira no último ano, fruto da organização da categoria”, acrescentou.

Para o capoeirista, a pesquisa censitária ajudará a qualificar ainda mais as ações do movimento dos capoeiristas junto ao poder público e deve impulsionar uma descentralização de recursos e políticas públicas, fazendo com que diversos grupos sejam beneficiados. “E mostrará o quanto essa cultura afrodescendente, preta, diaspórica é importante para o desenvolvimento da maior cidade deste país”, destaca Palito. 

Veja programação de desfiles das divisões de acesso do carnaval do Rio

Enquanto a Marquês de Sapucaí recebe as escolas do grupo de elite do carnaval Carioca, as demais divisões apresentam seus sambas na Intendente Magalhães, estrada que fica na Zona Norte da cidade. São cinco dias de desfile, que incluem a Série Prata, Bronze e o Grupo de Avaliação. O domingo já teve apresentações e hoje (12) é a vez das escolas da Série Bronze.

A responsável por organizar o evento é a Superliga. No total, são 71 agremiações. Os desfiles estão programados para as seguintes datas, começando sempre às 20h:

11/02 – Grupo de Avaliação

12/02 – 1ª noite da Série Bronze

13/02 – 1ª noite da Série Prata

16/02 – 2ª noite da Série Prata

17/02 – 2ª noite de Série Bronze

A Série Prata, que começa amanhã (13) terá transmissão da TV Brasil a partir das 19h.

Série Bronze: ordem dos desfiles

Segunda-feira, 12/02

Raça Rubro-Negra, União de Villa Rica, Imp. de Brás de Pina, Bangay, Imp. Ricardense, Imp. Nova Iguaçu, Difícil é o nome, Alegria do Vilar, Rosa de Ouro, Unidos Cosmos, Cidade de Deus e Gato de Bonsucesso.

Sábado, 17/02

Curicica, Acadêmicos Jardim Bangu, Siri de Ramos, Imp. Rubro Negros, Chatuba de Mesquita, Unidos São Cristóvão, TPM, Vicente de Carvalho, Acadêmicos do Peixe, Boi da Ilha, Guerreiros Tricolores e Unidos Cabuçu.

Série Prata: ordem dos desfiles

Terça-feira, 13/02

Feitiço Carioca, Praça da Bandeira, Santa Marta, Botafogo Samba C, Santa Cruz, Unidos de Lucas, Arrastão de Cascadura, Vizinha Da Madeira, Império da Uva, Barra da Tijuca, União de JPA, Acadêmicos de JPA, Caprichosos, Fla Manguaça, Acadêmicos da Rocinha, e Arame de Ricardo.

Sexta-feira, 16/02

Tubarão de Mesquita, Ind. de Olaria, Acadêmicos da Abolição, Vila Santa Tereza, Renascer de JPA, Força Jovem, Tradição, Lins Imperial, Engenho da Rainha, Acadêmicos do Cubango, Alegria da Zona Sul, Flor da Mina, Leão de Nova Iguaçu, Concentra Imperial, Jacarezinho e Acadêmicos do Dendê.

Carnaval é melhor do que celular, dizem crianças em bloquinho no DF

 

Brasília-DF 12/02/2024 Rudah, de 8 anos, no bloquinho infantil de carnaval Carnapati. Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil.

Na cabeça, as fitas vermelhas do capacete do caboclo de lança emolduram os olhos e o sorriso encantados do menino Rudah, de 8 anos. O garoto brasiliense, desde tão cedo, aprecia o maracatu de baque solto, da zona da mata pernambucana. “Eu sou muito fã”. O menino diz que aprendeu na escola e com os pais, artistas, sobre cultura brasileira. Dançou, sacudiu as fitas e o figurino todo colorido, e procurava pelos amigos enquanto se divertia no Bloco Carnapati, nesta segunda-feira (12), na região central da capital. “Muito melhor o carnaval do que ficar no celular”.

O pai, o músico Randal Andrade, de 51 anos, tocava o tambor. Foi ele que desenhou e confeccionou o capacete. “Ele adora brincar. Não quer nem saber de TV ou joguinhos de celular. Estimulamos que ele viva a arte”. A mãe, Verônica Alves, de 32, tocava o ganzá e se orgulhava do colorido da roupa que ela produziu para o menino com o desenho do carcará, pássaro que a família acha mais bonito. “Carnaval é tempo da gente se divertir em família. Ir para a rua. A gente espera muito por esse momento”. 

Brasília-DF 12/02/2024 Tereza Padilha, idealizadora do Bloquinho infantil de carnaval Carnapati – Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil.

A família e outras dezenas de pessoas, participavam também da ciranda, ao som de música pernambucana no Eixo Cultural Ibero-americano (antiga Funarte). Adultos e crianças se divertiam com a brincadeira do caminho do peixe Nonô, o boneco criado pela Companhia Teatral Mapati, que organiza a festa há 27 anos. Idealizadora do teatro e dessa festa carnavalesca, a dramaturga Tereza Padilha enfatiza que é fundamental garantir espaço para que crianças curtam a época. 

“Nós somos pioneiros (na década de 1990, junto com o Bloco A Baratinha) nos carnavais infantis. É muito saudável que as pessoas responsáveis tirem as crianças de frente das telas para poder viver o carnaval, essa festa democrática e de tanta alegria”, afirma a artista. 

Cultura

Com fantasia de pomerano, o menino Heitor, de 9 anos, acompanhado do pai, Antonio Santos, e da mãe, Andrelesse Arruda, ambos de 41, estava empolgado com a ciranda, o que fez com que esquecesse os joguinhos de celular. “Bem mais legal”. Os pais concordam que o carnaval, a música e o sol tornaram a segunda de carnaval mais atraente para o menino do que as telas. “Temos a preocupação de apresentar para ele a cultura do nosso país”, afirmou o pai. “Ele está vendo que é muito mais saudável”, disse a mãe. 

Entre ritmos nordestinos, uma família matava saudades da terra natal, com a camiseta com as cores e símbolos da bandeira pernambucana. Radicado em Brasília, o casal Tiago Meireles, de 39, e Isabela, de 40, levou o pequeno Artur, de 2 anos, para a festa, e assim ensinarem as músicas desde pequeno. “É uma saudade boa da nossa terra. Os bloquinhos nos ajudam”. 

Com o sol que persistiu em Brasília, a criançada brincava de mãos dadas com os adultos ao som da música de Lia de Itamaracá. Aprenderam rápido a cantar… “Minha ciranda não é minha só/Ela é de todos nós/ ela é de todos nós”.

Brasília-DF 12/02/2024 Bloquinho infantil de carnaval Carnapati. Família Pernanbucana  – Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil.

PM do Rio prende 235 pessoas nos primeiros dias de carnaval

A Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que realizou 276 conduções às delegacias de Polícia Civil de todo o estado desde a última sexta-feira (9). A corporação prendeu 235 pessoas e apreendeu 36 adolescentes. Destas prisões, 30 foram realizadas por mandados de prisão em aberto contra os acusados.

A PM retirou 23 armas de fogo das mãos de criminosos, sendo cinco fuzis. Também foram apreendidos 12 simulacros, 2.207 frascos de cheirinho de loló, 4.439 cápsulas de cocaína entre outras drogas.

A corporação também apreendeu mais de 180 objetos perfurocortantes, como facas, estiletes, tesouras, entre outros.

Dois criminosos foram presos através do sistema de reconhecimento facial, um por policiais do 5° BPM (Praça da Harmonia) e o outro por agentes do Segurança Presente.

Na zona sul, policiais militares do 23° BPM (Leblon) prenderam um homem acusado de praticar diversos furtos na região.

No interior do estado, o 25º BPM realizou a prisão de 35 criminosos nos sete municípios que compõem a área de policiamento do batalhão.

Este saldo revela o resultado do esquema de segurança montado pelo comando da corporação com mais de 12.100 militares mobilizados extraordinariamente nas estradas, nas regiões dos Lagos e Serrana, em diversos pontos da capital, além do interior do estado.

Morre a fundadora do Magazine Luiza aos 97 anos

A fundadora do Magazine Luiza, Luiza Trajano Donato, morreu na madrugada desta segunda-feira (12), em Franca, no interior paulista, aos 97 anos. Ela era tia da empresária Luiza Helena Trajano, atual presidente do Conselho de Administração da empresa.

Aos 31 anos, investiu as economias dos anos de trabalho no varejo para comprar seu próprio negócio, a loja de presentes Cristaleira, localizada no centro de Franca, que depois foi rebatizada de Magazine Luiza.

No início da década de 90, ela escolheu a sobrinha Luiza Helena Trajano como sucessora à frente dos negócios. Na época, a empresa era uma rede de varejo de eletroeletrônicos e móveis familiar, com lojas localizadas, principalmente, em cidades de São Paulo e Minas Gerais. Sob o comando de Luiza Helena, o Magazine Luiza tornou-se uma varejista nacional e de capital aberto.

“Muitos dos valores que hoje regem os mais de 30 mil colaboradores do Magalu são reflexo do jeito de pensar e de agir de sua fundadora. Tia Luiza tinha uma energia quase inesgotável para o trabalho. Não importava se a tarefa a ser feita era empacotar um produto ou descarregar um caminhão de mercadorias. Era uma vendedora apaixonada, que conhecia as necessidades, os gostos e as possibilidades de seus clientes. Cada um deles era e deveria ser tratado como alguém especial, como a razão de ser do negócio”, diz nota da Magazine Luiza.

 

Celular Seguro: 20 mil aparelhos são bloqueados após envio de alertas

O Programa Celular Seguro já recebeu 20.055 mil alertas de bloqueios de usuários que já instalaram o aplicativo em seus telefones móveis. Lançado em dezembro do ano passado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), o programa possui mais de 1,4 milhão de usuários cadastrados, com mais de 1,1 milhão celulares.

A plataforma funciona como uma espécie de botão de emergência que deve ser utilizado somente em casos de perda, furto ou roubo do celular. A ação garante o bloqueio ágil do aparelho, da linha telefônica e de aplicativos bancários em poucos cliques.

O acesso ao Celular Seguro é feito por meio do cadastro no Gov.br, a plataforma de serviços do governo federal. Os aparelhos podem ser registrados via site – ou aplicativo, disponíveis na Play Store (Android) e na App Store (iOS). As empresas que já aderiram à iniciativa estão descritas nos termos de uso.

Não há limite para o cadastro de números, mas eles precisam estar vinculados ao CPF do titular da linha para que o bloqueio seja efetivado. Quem estiver cadastrado no Celular Seguro pode indicar pessoas da sua confiança, que estarão autorizadas a efetuar os bloqueios, caso o titular tenha o celular roubado, furtado ou extraviado.

Também é possível que a própria vítima bloqueie o aparelho acessando o site por meio um computador. Após o envio do alerta, as instituições financeiras e empresas de telefonia que aderiram ao projeto farão o bloqueio. O procedimento e o tempo de bloqueio de cada empresa também estão disponíveis nos termos de uso do site e do aplicativo.

Desbloqueio

A ferramenta Celular Seguro não oferece a possibilidade de fazer o desbloqueio. Caso o usuário emita um alerta de perda, furto ou roubo, mas recupere o telefone em seguida, terá que solicitar os acessos entrando em contato com a operadora e os bancos. Cada empresa segue um rito diferente para a recuperação dos aparelhos e das contas em aplicativos.

A plataforma foi desenhada pelo MJSP em parceria com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O objetivo é reduzir a “atratividade” da prática de roubos e furtos e desestimular a receptação de aparelhos roubados.

 

 

Combate às milícias precisa ter investigação de policiais e políticos

Nos últimos meses, notícias envolvendo confrontos armados entre milícias e assassinatos cometidos por integrantes desses grupos criminosos ganharam o noticiário nacional. Em um dos casos, em outubro de 2023, três médicos foram assassinados em um quiosque na Praia da Barra da Tijuca. Segundo a polícia, um deles possivelmente foi confundido com uma liderança de um grupo rival.

Em janeiro deste ano, um atentado em outro quiosque da região vitimou um suspeito de participar de uma milícia da zona oeste da cidade. 

O conflito pelo controle da principal milícia da zona oeste da cidade do Rio Janeiro começou depois da morte de Wellington da Silva Braga, conhecido como Ecko, em 2021, e se acentuou depois da prisão de Luís Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho, irmão e sucessor de Ecko, em dezembro de 2023.

A disputa por territórios tem gerado confrontos armados em comunidades controladas por milicianos, o que provoca não apenas mortes de rivais como também ameaça a segurança de moradores dessas áreas.

Para especialistas ouvidos pela Agência Brasil, um efetivo combate às milícias demanda a desarticulação dos esquemas de proteção que contam com a participação de agentes do Estado e políticos. 

A prisão e morte de lideranças operacionais desses grupos criminosos, como Ecko e Zinho, não resolve a situação e apenas cria vácuos de poder que fomentam conflitos armados pela disputa do controle territorial, avaliam os especialistas.

“As milícias são indissociáveis de alguns grupos policiais, que oferecem proteção para a atuação das milícias. As milícias possuem uma relação com o Estado muito mais próxima do que o tráfico. Então, uma ação de repressão estratégica às milícias precisa justamente atacar essas conexões com o poder público”, defende a pesquisadora Carolina Grillo, do Grupo de Estudos de Novas Ilegalidades (Geni), da Universidade Federal Fluminense (UFF).

O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Michel Misse diz que não adianta apenas “combater o varejo da atividade criminosa”. 

“Diferente do tráfico, as milícias sempre tiveram capital político. Sempre tiveram vereadores e deputados vinculados à milícia, alguns inclusive que se tornaram notáveis na República. Esse tipo de ligação com a política é uma forma de proteção. É preciso atacar as estruturas superiores que permitem a manutenção desse sistema. Não adianta ficar no varejo. O varejo é substituível rapidamente. Você tem milhares de operadores doidos para entrar nesse negócio”, explica.

Segundo o pesquisador da Universidade Federal Rural Fluminense (UFRRJ) José Cláudio Souza Alves, sem haver uma mudança na forma de operar das estruturas de segurança pública e no jogo político em que elas estão inseridas, a eliminação de um líder significa a abertura de um “edital” para que outra pessoa ou várias assumam o posto.

“Vão permanecer nessa estrutura aqueles que oferecem mais para essa estrutura. Ela está montada. Ela quer grana e quer voto que, no fundo, acabam se somando nos períodos eleitorais. Grana e voto são o que decidem essa continuidade de estrutura de poder aqui no Rio de Janeiro. Então, quando você opera em cima de morte de pessoa de liderança, principalmente você tá abrindo um edital para ver quem é que continua”, afirma Alves. 

Origem

A relação das milícias com a polícia e os políticos é histórica, segundo o professor da UFRRJ José Cláudio. Segundo ele, as milícias surgem como uma evolução dos grupos de extermínio policiais, que aparecem na década de 60 na Baixada Fluminense.

“Há dimensões em comum entre os grupos de extermínio e as milícias. A base do surgimento de ambos grupos são servidores públicos de segurança. Esses grupos são especialistas em provocar dano e sofrimento à vida alheia, porque são treinados dentro da estrutura de segurança pública. Outro ponto que conecta os dois grupos é o fato de eles elegerem os seus representantes. Então eles têm trajetórias políticas bem sucedidas”, disse Alves, ressaltando que a milícia passa a explorar uma gama muito maior de atividades criminosas do que seus predecessores.

Essa parceria com agentes do Estado e a política permite a rápida expansão das milícias, de acordo com Carolina Grillo, principalmente na década de 90, mas que se manteve em anos mais recentes. Um estudo publicado em 2021 pelo Geni/UFF mostrou que esses grupos criminosos já dominavam 58,6% de todos os territórios controlados por facções criminosas na cidade do Rio.

O mesmo estudo mostrou que as operações policiais em áreas de milícia representavam apenas 6,5% do total, enquanto as outras 93,5% ações ocorreram em comunidades dominadas por facções especializadas no tráfico de drogas ou em regiões em disputa.

“Você vai ter uma percepção por parte do poder público que é um pouco leniente. Teve uma série de autoridades que chegaram a se manifestar publicamente considerando que elas [milícias] fossem um mal menor em relação ao tráfico. As milícias se expandem principalmente porque elas contam com a condescendência do Estado, inclusive com a participação de agentes públicos, elas não foram sujeitas à repressão no seu período inicial”, diz Carolina.

Ela explica que hoje ainda há mais leniência com a milícia do que com o tráfico de drogas, mas já é possível perceber algumas ações mais contundentes contra esses grupos criminosos, inclusive com a participação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

Por meio de nota, a Polícia Civil fluminense informou que tem atuação constante de combate às milícias e que prendeu ou matou, em confronto, várias lideranças criminosas, entre eles Ecko e Zinho.

“Os agentes também fecharam diversos estabelecimentos ilegais, como centrais clandestinas de internet e TV a cabo; depósitos de gás; farmácias; fábricas de bebidas, entre outros. Centenas de armas e milhares de munições também foram apreendidas com os milicianos. A Polícia Civil ressalta que as ações causaram prejuízo de mais de R$ 2,5 bilhões para as organizações criminosas”, informa a Polícia Civil em nota.

Bloco homenageia banda os Paralamas do Sucesso

Arte/Agência Brasil

Nesta segunda-feira (12), às 13h, os Dinossauros Nacionais fazem, no Largo São Francisco de Paula, no centro do Rio de Janeiro, sua já tradicional apresentação de carnaval. O tema, este ano, é Cuide Bem do Seu Amor, Seja Quem For, uma homenagem à banda Paralamas do Sucesso, com um desfile voltado para a inclusão das pessoas com deficiência. Músicas consagradas por Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone ganharão novas roupagens com muito samba, funk, maracatu, xote entre outros ritmos.

A acessibilidade, durante a apresentação dos Dinos, será garantida pela presença de rampas em espaços que garantam a participação de pessoas deficientes ou com mobilidade reduzida; abafadores de ruído para pessoas com sensibilidade auditiva e intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais), em parceria com o Instituto Percepções. 

A intenção do bloco, segundo a  diretora e ritmista do bloco, Isabela Dantas, é conscientizar os foliões que a praça é de todos “e que estamos juntos, inclusive, fora do espaço reservado”. 

“O convite é para nos cuidarmos bem e cada vez melhor, no nosso RocKarnaval e no resto do ano!”, destacam os Dinos.

Ciência na Sapucaí: Mocidade desfila com clones de cajueiros 

 

Por ser fruta nativa brasileira, o caju foi escolhido como enredo da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel para o carnaval deste ano, no Rio de Janeiro.

“Fruta brasileira não é banana, não é maçã. É caju!”, disse à Agência Brasil o chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical, Gustavo Saavedra. Não só a história e a tradição dessa fruta estarão no desfile, como também inovações da ciência brasileira. Clones de mudas de cajueiros, algo que parece ficção científica, vão cruzar a avenida com os foliões. 

A escola desfila no Sambódromo nesta segunda-feira (12). O enredo diz Pede caju que dou… Pé de caju que dá e é assinado pelo ator e humorista Marcelo Adnet e por Paulinho Mocidade, entre outros compositores. Em julho, a Embrapa, que tem em Fortaleza (CE) o centro que desenvolve toda a pesquisa com o caju, entrou em contato com a escola de samba para falar não só sobre as características da fruta, como sobre toda a tecnologia que sua produção envolve.

“A cajucultura hoje demanda tecnologia, demanda sistemas produtivos avançados. Então, a gente tem que unir as características da fruta com a tecnologia que o agro brasileiro demanda”, explicou Saavedra. A partir daí, a Embrapa Agroindústrria Tropical passou a trabalhar junto com a Mocidade, dando informações técnicas, “até para eles construir o samba, o enredo, os carros alegóricos. Foram muitas conversas”.

Na reta final, foi plantado um cajueiro na Cidade do Samba, em área reservada para a Mocidade pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa). Para o carro alegórico da escola, que fala do caju e da tecnologia de produção, a Embrapa doou 500 mudas de cajueiros anões, também chamadas clones. “A tecnologia Embrapa estará na Marquês de Sapucaí. Os clones são as variedades”.

Cada clone demora, em média, 30 anos para se desenvolver completamente. “Porque a gente tem que buscar, na natureza, as variedades mais adaptadas, fazer cruzamentos e, a partir disso testar as características não só  de produção, mas industriais e sensoriais do produto. Por isso é que demora muito”.

Uma vez feito isso, o processo de multiplicação do caju é por clonagem. A partir do conjunto de plantas base, são feitas cópias. “Cada cultivar de caju é cópia de um conjunto de plantas que está lá na nossa estação experimental. Todas têm a mesma característica de produção”, observou o chefe-geral.

As mudas foram doadas à Mocidade Independente de Padre Miguel em troca de uma ação social. Após o carnaval, a escola se comprometeu a realizar um trabalho também de doação para a comunidade, para as pessoas plantarem os cajueiros nos seus próprios quintais ou em parques.

Cajueiro gigante

O cajueiro anão não é o tipo mais característico da fruta no Brasil, mas sim o cajueiro gigante. Saavedra informou, porém, que o cajueiro gigante não permite a estruturação de um sistema de produção.

O processo envolve o modelo tradicional de produção, que é o extrativismo. Por serem árvores muito grandes, alcançando até 12 metros a 15 metros, em áreas espaçadas, a produtividade do cajueiro gigante gira em torno de 150 a 200 quilos de castanha por hectare, e com baixíssima possibilidade de aproveitamento do pedúnculo, que é a parte da polpa, ou a fruta em si mesma.

“Quando você muda para o cajueiro anão, árvore manejada, seguindo todos os procedimentos que a Embrapa recomenda, você vai ter uma árvore de 2,5 metros. O caju pode ser colhido à mão. O outro você recolhe do chão, aí o caju machuca e apodrece muito rápido”.

O agrônomo explicou que a primeira vantagem do cajueiro anão é que a pessoa passa a aproveitar o pedúnculo em grande quantidade e, por conta de todo o pacote tecnológico ali envolvido, pode-se produzir mais de mil quilos de castanha por hectare.

“Você sai de 200 quilos e passa para mais de mil quilos de castanha, porque planta mais árvores por hectare; você consegue fazer manejo, consegue alimentar a árvore, fazer um pacote nutricional, controlar pragas e doenças. São seres vivos, mais bem formados e produtivos.”

Os estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte são os maiores produtores de castanha de caju do Brasil.

Os pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical lamentaram que as fantasias tivessem se esgotado há quase dois meses, o que impediu sua participação no desfile da Mocidade. Gustavo Saavedra informou que o samba da escola tem sido um dos mais tocados no ‘Spotify’ (serviço de música digital que dá acesso a milhões de músicas) este ano.

“As pessoas estão cantando o samba do caju. Ele tem uma leveza e se torna muito fácil. Virou um ‘hit’. Isso está sendo uma boa repercussão para a cadeia cajueira, porque mostra que o caju é nosso; o caju é brasileiro”, destacou.

Cajucultura

A cultura do cajueiro é explorada por cerca de 170 mil produtores, em mais de 53 mil propriedades, dos quais 70% são pequenos agricultores com áreas inferiores a 20 hectares. Estima-se que a atividade gere em torno de 250 mil empregos diretos e indiretos. Na Região Nordeste, sua importância é ainda maior, pois a demanda por mão de obra para a colheita coincide com o período de entressafra das culturas anuais de subsistência, ou seja, o segundo semestre do ano.