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Plataforma traz dados inéditos sobre comunidades terapêuticas no país

Plataforma lançada nesta semana pela Frente Parlamentar Mista de Promoção à Saúde Mental traz documentos inéditos que são fonte primária para o financiamento federal de comunidades terapêuticas (CTs).

Com o objetivo de pesquisar e fiscalizar as comunidades, a plataforma Raio-X das Comunidades Terapêuticas: Plataforma de Pesquisa e Fiscalização das Entidades com Financiamento Público Federal reúne 1.285 documentos públicos, com projetos terapêuticos e instrumentos de gestão, produzidos entre 2017 e 2023. A plataforma ficará disponível no site do grupo. 

Segundo a especialista em saúde mental do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), Dayana Rosa, é a primeira vez que os documentos são reunidos, sistematizados e analisados, “possibilitando que pesquisadores, jornalistas e sociedade civil em geral se atualizem sobre o tema”. O IEPS é a organização que faz a secretaria executiva da Frente Parlamentar.

A plataforma reúne documentos que vão de 2017 a 2023. “Então, o estudo é inédito, porque traz fontes primárias e tem o ineditismo da atualização de evidências científicas sobre as comunidades terapêuticas no período mencionado.” O IEPS funciona como secretaria executiva da frente parlamentar.

Comunidades terapêuticas

As comunidades terapêuticas são instituições de natureza privada, em grande parte religiosas, que se estruturam como residências coletivas temporárias para recuperação de pessoas que fazem uso de álcool e  drogas. Um requisito para que elas recebam financiamento do governo federal é a elaboração de um projeto terapêutico.

O instrumento deve trazer um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas com o objetivo principal de aprofundar as possibilidades de intervenção sobre os casos acolhidos. O financiamento de vagas em CTs é realizado com recursos públicos municipais, estaduais e federais.

De acordo com o estudo efetuado pela Conectas Direitos Humanos e o Cebrap, entre 2017 e 2020, o investimento federal nessas comunidades totalizou R$ 300 milhões. O montante sobe para R$ 560 milhões quando considerados os valores repassados por governos estaduais e prefeituras de capitais.

A plataforma informa que, além disso, as CTs passaram a receber imunidade tributária a partir da Lei Complementar nº 187/2021, que regula a Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (Cebas) atuantes nas áreas da educação, saúde e assistência social.

Fiscalização

Dayana Rosa informou que o exercício da fiscalização das CTs ainda está em debate no Legislativo. “Existem várias tentativas de regulamentação sobre esse assunto, mas isso vai variar a partir de conselhos municipais, estaduais e federal. A Frente Parlamentar está também cumprindo uma ação de fiscalização que é responsabilidade do Poder Legislativo”. Existe uma preocupação grande no que se refere à fiscalização das CTs, porque muitas não são regulamentadas.

“Elas são entidades privadas. Então, se existe um financiamento público para entidades privadas, existe ainda mais necessidade de fiscalização desse tipo de instituição”. Dayana afirmou que, por esse motivo, a plataforma disponibiliza, além dos contratos, termos de fomento e de convênio, os projetos terapêuticos.

“Porque é nesses projetos terapêuticos que a instituição vai poder dizer, de fato, como se faz o tratamento de álcool e drogas para quem a procura”. Esta é também a primeira vez que os dados de projetos terapêuticos são disponibilizados.

“Aí conseguimos ver como cada comunidade terapêutica organiza seu corpo de profissionais e quais são as atividades que o interno vai fazer, como é o acesso, como é a saída. Essas informações são muito novas”.

Fiscalização sanitária

Os serviços de saúde e de interesse à saúde são fiscalizados pelas vigilâncias sanitárias locais, com base em normas sanitárias federais e locais sobre o tema. Assim, toda comunidade terapêutica deve ter alvará sanitário. A fiscalização sanitária avalia aspectos de infraestrutura, documentação, recursos humanos e processos de trabalho.

Em caso de irregularidades, diversas sanções podem ser aplicadas, dependendo da gravidade ou da reincidência da infração sanitária. As sanções variam desde uma advertência, multa, apreensão e inutilização de produtos, até a interdição do estabelecimento.

A Frente Parlamentar destaca, entretanto, que as CTs não integram o Sistema Único de Saúde (SUS) nem o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), mas são equipamentos da rede suplementar de atenção, recuperação e reinserção social de dependentes de substâncias psicoativas. Essas entidades integram o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD), por força do Decreto 9.761/2019 e da Lei nº 13.840/2019.

Desta forma, além da vigilância sanitária, outros órgãos ou entidades também podem fazer fiscalizações eventuais, motivadas por denúncias de situações que estejam dentro do âmbito das competências de cada uma delas. Conselhos profissionais podem fiscalizar questões ligadas ao exercício profissional e o Ministério Público do Trabalho pode realizar fiscalizações relativas a questões trabalhistas, por exemplo.

Para aprimorar os canais de fiscalização e denúncia, a frente parlamentar apresentou, em 2023, o Projeto de Lei nº. 6227, que altera a atual Lei de Drogas, para que o Disque Denúncia de Violação de Direitos Humanos (Disque 100) passe a receber notificações também relacionadas às CTs.

Pesquisa

Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revela que, em 2017, havia cerca de 2 mil comunidades terapêuticas operando em todo o Brasil, sendo a maioria da Região Sudeste (46%) e em zonas rurais (74,3%). As CTs foram introduzidas no país no final dos anos 1960, mas 79% delas foram fundadas entre 1996 e 2015. Ainda de acordo com a sondagem do IPEA, cerca de 82% das instituições pesquisadas declararam ter orientação religiosa.

Dessas, quase metade (47%) são evangélicas ou protestantes e 27% católicas. Mesmo as CTs sem orientação religiosa também declararam desenvolver trabalhos espirituais, o que representa 95% do total delas, de acordo com dados de 2017 e 2018. Já a plataforma da frente parlamentar abrange apenas 603 CTs que recebem financiamento público.

Um fator complicador, segundo o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde, é a existência de muitas instituições que se intitulam como CTs, mas que não são regulamentadas e, por isso, passam ao largo de qualquer possibilidade de identificação e fiscalização.

Plataforma colaborativa

Dayana Rosa afirmou que a plataforma é colaborativa e aberta a pesquisadores que queiram compartilhar os seus trabalhos científicos. Isso é possível com o preenchimento de um formulário disponível no endereço da FPSM na internet.

“A pessoa disponibiliza com o intuito de a gente, mais uma vez, potencializar e fomentar a pesquisa no Brasil sobre esse tema de fiscalização que ainda é recente”, destacou Dayana Rosa.

As contribuições serão avaliadas pela secretaria-executiva da Frente Parlamentar e organizações do Conselho Consultivo, segundo critérios científicos e metodológicos. Estando aptas, as contribuições serão incluídas no repositório de pesquisas. “A ideia é deixar a plataforma sempre aberta a contribuições”, concluiu.

Massa de ar frio provoca queda de temperatura e geada no Sul do país

A região Sul do país está recebendo nova massa de ar polar com a queda nas temperaturas e geada no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Neste sábado (29), a temperatura mínima da madrugada, foi registrada em São José dos Ausentes (RS), com -0,7º Celsius (ºC) e em Tramandaí (RS), os termômetros registraram na madrugada 8,5ºC.

De acordo com o Inmet, a passagem de uma frente fria entre ontem (28) e hoje (29) na região Sul trará temperaturas mais baixas e registro de geada forte. A frente fria chega acompanhada de uma forte e ampla massa de ar de origem polar, aliada ao ar frio e seco. Os estados mais afetados são o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além do sul do Paraná.

O Inmet distribuiu um aviso de alerta de geada para Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Há também risco de perda de plantações devido à temperatura mínima atingir entre 3ºC e 0ºC.

Em Porto Alegre (RS), a temperatura da madrugada de hoje ficou em 8ºC e a máxima durante o dia não deve passar dos 13ºC. A umidade relativa do ar máxima deve ficar em 85% e a mínima, em 60%. Os ventos sopram na direção Noroeste, de fraco a moderado.

Já para este domingo (30), a Meteorologia prevê a temperatura mínima da madrugada em 2ºC e a máxima, podendo atingir os 13ºC. A umidade relativa do ar pode chegar aos 100%. Há possibilidade de geada na parte da manhã. Nos dois dias, não há previsão de chuva, com o sol aparecendo entre nuvens.

Festival de Inverno de Campos do Jordão começa neste sábado

Começa neste sábado (29), em São Paulo, a 54ª edição do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Reconhecido como o maior evento de música clássica da América Latina, o festival será realizado em três espaços em Campos do Jordão e dois na capital, com apresentações na Sala São Paulo e no Instituto Mackenzie. 

A programação artística será realizada até 28 de julho, com a apresentação de mais de 60 concertos, todos com entrada gratuita, com destaque para espetáculos do Uruguai, Chile, Colômbia, Inglaterra e Suíça, além de grupos brasileiros.

“É um imenso prazer realizar mais uma edição do tradicional evento de música clássica da América Latina. Uma questão muito relevante é a formação de jovens músicos promissores, que conseguem uma visibilidade que faz a diferença. Com este evento, o governo de São Paulo segue com seu compromisso de promover a cultura e toda a sua transversalidade”, afirmou a secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.Marília Marton.

Bolsas de estudo

O módulo pedagógico oferece 137 bolsas de estudo integrais a jovens músicos, sendo 119 para instrumentistas, seis para regentes, seis para piano e seis para violão. Durante um mês, os 65 professores desenvolvem duas semanas de prática orquestral e duas de música de câmara, música antiga e camerata, totalizando 1.200 horas de aula com os maestros. Entre eles, estão o brasileiro Luis Otávio Santos, com a Orquestra Bach do Festival; o italiano Lorenzo Tazzieri, que vai regir a Camerata no programa Gala Puccini; e o chileno Maximiano Valdés e brasileiro Marcelo Lehninger, ambos à frente da Orquestra do Festival.

Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. Foto: Divulgação/festival 

“Os bolsistas apresentarão o balé O Pássaro de Fogo, de Stravinsky, em 20 de julho. Também vão atuar em La Mer, uma das obras-primas de Claude Debussy, em 27 de julho. O alunos de regência apresentam concerto no Parque Capivari com a GRU Sinfônica, em 27 de julho. Três performances da filarmônica na Sala São Paulo, na capital do estado, terão transmissão ao vivo no YouTube do festival, nos dias 7, 21 e 28 de julho’, informou a organização.

Ao final do curso, os alunos receberão prêmios, sendo o maior deles o Eleazar de Carvalho, que homenageia o criador do evento. Neste ano, o festival oferece ao músico que mais se destacar uma bolsa de estudos no valor de US$ 1400 mensais (cerca de R$ 7,5 mil). Com o traslado entre o Brasil e o exterior sendo pago pela organização, o escolhido poderá estudar por até nove meses em uma instituição estrangeira de sua escolha.

>> Para consultar a programação do evento, basta acessar aqui

O Festival de Campos do Jordão é uma realização da Fundação Osesp e do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas.

Amazonas planeja construir um novo Bumbódromo em Parintins

O governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou nesta sexta-feira (28) a intenção de construir um novo Bumbódromo, palco das apresentações do Festival de Parintins. O plano, segundo ele, é licitar a obra no ano que vem e iniciá-la em janeiro de 2026. A estimativa é de que a construção leve dois anos.

O atual Bumbódromo, inaugurado em 1988, tem capacidade 16,5 mil pessoas. Um vídeo institucional divulgado para anunciar o projeto indica que a nova estrutura poderá receber 26 mil pessoas e terá uma área de fun fest no entorno. Também deverá ter uma moderna estrutura para iluminação.

De acordo com o vídeo, haverá uma nova identidade visual. “Inspirada na técnica milenar dos trançados da cestaria indígena, a arena terá um formato de um grande cesto”, diz o locutor. O novo Bumbódromo deverá ser erguido no mesmo local do atual, sem prejudicar o festival enquanto as obras estiverem ocorrendo.

Boi Garantido e o Boi Caprichoso

O anúncio ocorreu antes do início da 57ª edição do Festival de Parintins. As apresentações dos dois protagonistas – o Boi Garantido e o Boi Caprichoso – começaram na noite desta sexta-feira (28). Elas se repetem neste sábado (29) e no domingo (30). Considerado patrimônio cultural do país pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o evento está ligado à tradição cultural do Boi-Bumbá, que cresceu pela Amazônia e contou com influências do Bumba Meu Boi, do Maranhão.

A manifestação popular narra uma lenda: grávida, Catirina revela ao seu marido Francisco o desejo de comer língua de boi. Para atendê-la, ele sacrifica um animal do seu patrão. O boi, no entanto, é ressuscitado com a ajuda de curandeiros. Ganhando características particulares ao longo do tempo, o Festival de Parintins se converteu em uma manifestação multiartística, que engloba música, dança e artes cênicas no coração da Floresta Amazônica.

Movimentação

A expectativa do governo amazonense é de que sejam movimentados R$ 150 milhões. A prefeitura de Parintins espera ao todo 120 mil visitantes. Isso significa que, nesses dias, o número de pessoas na cidade mais que dobra. Segundo o Censo Demográfico 2022, Parintins tem 96,3 mil habitantes o que faz dela o quarto município mais populoso do Amazonas.

A cidade, que também é conhecida como Ilha Tupinambarana ou Ilha da Magia, fica no extremo leste do estado, na divisa com o Pará. Distante 369 quilômetros em linha reta de Manaus, o acesso só é possível por barco ou avião.

O evento, no entanto, contagia todo o estado. No Largo de São Sebastião, no centro histórico de Manaus, um telão foi instalado para transmitir as apresentações. Na noite deste sexta (28), centenas de pessoas se reuniram para acompanhar o primeiro dia. Boa parte delas vestidas de azul ou vermelho para manifestar a sua torcida.

História

A história do festival remonta ao início do século passado, quando foram criados o Boi Garantido e o Boi Caprichoso e duelos informais passaram ocorrer nas ruas todos os anos. Foi somente em 1965 que um grupo ligado à Igreja Católica organizou um evento, com o objetivo de arrecadar fundos para a construção da Catedral Nossa Senhora do Carmo, padroeira do município. Com o sucesso, a festa se firmou no calendário anual da cidade.

O Boi Garantido, que se destaca pela cor vermelha, é o maior vencedor e possui 32 títulos. Já o Boi Caprichoso, marcado pelo cor azul, venceu 24 vezes e busca o tricampeonato, uma vez que foi o campeão de 2022 e de 2023. Houve ainda em empate, no ano de 2000.

A ordem das apresentações, que podem durar até 2 horas e 30 minutos, é definida por sorteio. Nos dois primeiros dias, o Boi Caprichoso entra no Bumbódromo antes do rival. No domingo, será a vez do Boi Garantido abrir as apresentações. O festival se inicia sempre às 20h no horário local (21h de Brasília) e termina por volta de 2h30 da madrugada.

Os três dias de apresentações são avaliados por 10 jurados, que precisam observar 21 quesitos. A apuração ocorrerá na segunda-feira (1°). A festa pode ser acompanha pela internet, através da transmissão pelo canal do jornal A Crítica na plataforma Youtube.

* Equipe viajou a convite da Petrobras, uma das patrocinadoras do Festival de Parintins

Mapa mostra lugares representativos para a população LGBTQIA+

Rua Santa Luzia, 782, quarto número 1, Centro, Rio de Janeiro. Este era o endereço do sobrado onde vivia João Francisco dos Santos, conhecido como Madame Satã, ícone LGBTQIA+ de resistência, artista, transformista que marcou a noite da Lapa. Nesse endereço, em 18 de fevereiro de 1942, uma Quarta-Feira de Cinzas, Satã foi presa por conta de uma denúncia de vizinho incomodado com seu comportamento. Mesmo arbitrária a ordem, foi condenada a um ano de prisão. 

Praça Sete de Setembro, Centro, Belo Horizonte. Em março de 1961, uma ronda da Delegacia Especializada de Repressão à Vadiagem prendeu um grupo de 27 desordeiros, entre “malandros, vadios, maconheiros, ladrões e anormais”. Os ditos anormais incorporados ao grupo eram três travestis: Heddy Lamar, Rosângela e Stefana.

Rio de Janeiro – Orgulho LGBT –  Foto: Augusto Malta/Museu Bajubá/Divulgação

Avenida Augusto Maynard, São José, Aracaju. Neste endereço, está a sede do Cotinguiba Esporte Clube, o palco do Baile das Atrizes, criado pelo cronista e comunicador social João de Barros, popularmente conhecido como Barrinhos, uma personalidade bastante relevante para a cultura sergipana. Esse baile era destaque pelas fantasias extravagantes usadas por foliões homossexuais e também pelas travestis.

Os três endereços fazem parte, junto com outras dezenas de locações já mapeadas no país, do Mapa Interativo do Patrimônio Cultural LGBTI+, uma iniciativa do Museu Bajubá, que é um museu virtual de história da população de lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans, intersexuais, queer, assexuais e outras.

O Mapa buscar dar visibilidade aos territórios de resistência e espaços de memória da população LGBTQIA+. “Através dessa visualização da localização geográfica, a gente clica no ponto, no alfinete, e aí se abre a história para a gente conhecer. A gente tem bastante orgulho desse trabalho”, diz a historiadora Rita Colaço, ativista LGBTQIA+ e diretora-presidente do Museu Bajubá.

Como o próprio nome diz, o projeto consiste em um mapa onde estão marcados os locais. Quando se clica em qualquer um desses locais, é possível saber a história daquele território e porque ele é importante para a população LGBTQIA+. Segundo Colaço, foram mapeados cerca de 70 locais em estados e municípios brasileiros como Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe, Brasília e Belo Horizonte. O mapa mostra também espaços em Berlim e no México, por conta de parcerias com pesquisadores desses locais.

Os lugares mapeados são classificados, entre outros, como endereços memoráveis, espaços de sociabilidade, protestos e marchas, memória de organização, memória traumática e censura.

“A gente precisa se apropriar do nosso passado, do nosso patrimônio, dos nossos registros, dos nossos vestígios, dos nossos acervos, reverenciá-los, se orgulhar deles e lutar para que eles sejam salvaguardados, para que sejam restaurados, para que sejam preservados”, defende Colaço.

Qualquer pessoa pode fazer sugestões de inclusão de localidades no Mapa. Basta clicar no símbolo + existente no topo do mapa, à direita, e compartilhar informações sobre lugares que podem ser lugar de encontro, monumentos, estabelecimentos ou qualquer outro local que tenha marcado a história e a cultura LGBTQIA+. É preciso fornecer informações detalhadas e precisas, mencionando fontes.

O Mapa, que já pode ser consultado online, na página do Museu Bajubá será oficialmente lançado no dia 6 de julho, às 15h, em um debate virtual no canal do Youtube da organização.

Trajetória do xilógrafo J.Borges está em exposição no Museu do Pontal

A retrospectiva da obra do mestre da xilogravura brasileira J.Borges está disponível ao público na exposição O Sol do Sertão, que vai até o dia 25 de março de 2025, no Museu do Pontal, no Rio de Janeiro. A mostra inicia neste sábado (29), às 14h30, e é inteiramente gratuita para o público. 

Segundo o curador e diretor-executivo da exposição, Lucas Van de Beuque, o museu fez uma longa pesquisa em cima dos acervos e coleções do artista, de 88 anos, espalhados no Brasil. “A gente vai expor ao público essa trajetória, desde os primeiros estudos de cordéis que ele fez até as últimas obras, como a Sagrada Família, que foi dada ao Papa Francisco no ano passado pelo presidente Lula, representando a arte popular do Brasil, e a obra O coração na mão, que ele fez recentemente e é um grande sucesso”, disse Van de Beuque à Agência Brasil. 

Para fazer a pesquisa, os curadores foram à casa e ao ateliê de J.Borges, na cidade de Bezerros (PE), onde o artista nasceu no dia 20 de dezembro de 1935 e permanece até hoje. Também foram usados livros e biografias que foram escritos sobre o artista. 

O curador destacou que J.Borges pode ser incluído entre os maiores artistas vivos brasileiros hoje. “Ele tem obras expostas desde o Museu Louvre, de Paris, na França, espalhadas em museus no Brasil e coleções privadas. Já fez algumas exposições nos Estados Unidos, na França, na Alemanha, Suíça, Itália, Venezuela e Cuba, com uma trajetória muito ampla”.

Suas xilogravuras ganharam admiradores de peso, como o escritor Ariano Suassuna. O artista tem vários prêmios, como a comenda da Ordem do Mérito Cultural, o prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na categoria Ação Educativa/Cultural e o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. Ilustrou também a capa de livros de escritores como Eduardo Galeano e José Saramago, inspirou documentários e o desfile da escola de samba Acadêmicos da Rocinha, em 2018.

Rio de Janeiro (RJ) 25/06/2024 – Exposição do mestre da xilogravura brasileira J.Borges no Museu do Pontal. Foto: Museu do Pontal/Divulgação

Para Lucas Van de Beuque, J.Borges é uma pessoa do seu tempo, atenta ao que acontece no mundo e ao que as pessoas se interessam. Ao mesmo tempo, é alguém muito ligado ao seu caminho e ao que está querendo propor. “Não é algo circunstancial. Ele tem compromisso com o Nordeste, com o cordel, com esses valores nordestinos de um jeito de viver que é muito relevante para ele. É muito forte essa forma de viver”.

Até hoje não tinha sido feita uma exposição sobre J.Borges que falasse sobre toda a sua trajetória, englobando acervos privados e públicos. O curador destaca, em especial, a primeira xilogravura que o artista fez em 1964, iniciando sua produção para a capa do segundo cordel que escreveu. “Ali nasce também o nome J.Borges. Porque o nome completo dele (José Francisco Borges) não cabe na xilo. Esse testemunho está também na exposição”.

Exposição 

A exposição ocupa grande parte da galeria principal do Museu do Pontal, as duas galerias do mezanino, o saguão e um painel de 24 metros quadrados. São 200 obras, um mini documentário sobre a vida e obra do artista e uma linha do tempo, além de um conjunto de 50 matrizes mostrando como foram feitas as xilogravuras. 

A mostra será inaugurada durante o Festival Junino do museu, que acontece no sábado (29) e domingo (30). O público poderá adquirir, a preços populares, uma obra do xilogravurista na lojinha que será montada durante a festa, semelhante à que existe em Bezerros.  

Mega-Sena sorteia neste sábado prêmio acumulado em R$ 110 milhões

As seis dezenas do concurso 2.743 da Mega-Sena serão sorteadas, a partir das 20h (horário de Brasília), no Espaço da Sorte, localizado na Avenida Paulista, nº 750, em São Paulo.

O sorteio terá transmissão ao vivo pelo canal da Caixa no YouTube e no Facebook das Loterias Caixa. O prêmio está acumulado em R$ 110 milhões.

As apostas podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília), nas Casas lotéricas credenciadas pela Caixa, em todo o país ou pela internet.

O jogo simples, com seis números marcados, custa R$ 5.

Prédio irregular é demolido no Rio de Janeiro

A prefeitura do Rio demoliu nesta sexta-feira (28) um edifício de dois andares em fase de construção irregular no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste da cidade. O prédio não tinha licença e nem atendia aos parâmetros de construção da região. 

A construção estava em fase avançada de obras. O andar térreo estava escorado em madeira e pilotis, e o segundo pavimento tinha nove apartamentos em fase de alvenaria e emboço. Já a fachada estava em fase de acabamento, o que muitas vezes é usado como forma de tentar burlar a fiscalização e fazer parecer que o imóvel estava pronto. Engenheiros da prefeitura avaliaram que o prejuízo pela obra seja de R$ 5 milhões. 

Desde 2021, a prefeitura já realizou mais de 4 mil demolições de construções irregulares, sendo 70% delas em áreas sob influência do crime organizado, principalmente da milícia. As ações causaram um prejuízo de R$ 1 bilhão aos responsáveis.

O secretário de Ordem Pública (Seop), delegado Brenno Carnevale, ressaltou que a área do Recreio dos Bandeirantes está sob influência do crime organizado e que a construção irregular colocava em risco a vida da população. “Seguimos focados em preservar vidas, asfixiar financeiramente o crime organizado e ordenar a cidade”, disse o secretário.

 

 

 

 

Caprichoso e Garantido apresentam segredos e triunfos da Amazônia

A partir de hoje (28) até o dia 30 de junho, será realizada a 57ª edição do Festival de Parintins, no Amazonas. A cada dia, o público no Bumbódromo terá a oportunidade de ver uma apresentação diferente dos bois Garantido e Caprichoso.

“Pode-se dizer que vai ser uma briga de titãs. A gente vê a concentração do Bumbódromo e as alegorias estão belíssimas. Todo mundo muito entusiasmado, muito motivado. Certamente, o que vem para a arena vai encher os olhos de quem assistir ao vivo, pelas emissoras de televisão ou telões. Vai ser um festival que vai ficar marcado na história”, disse o secretário de de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, Marcos Apolo Muniz, à Agência Brasil.

Garantido

Em 2024, o tema do Garantido é “Segredos do Coração”, com o qual vai falar de origem e ancestralidade. O presidente Fred Góes destacou que o boi remete sobretudo ao “que guardamos nessa caixa de emoções chamada de coração”.

Segundo Fred Góes, o boi vermelho quer mostrar o que a Amazônia é e como surgiu, contada a partir do mito do povo indígena Sateré-Mawé.

Boi Garantido do Festival de Parintins. Crédito: Secom AM/Divulgação

“Esse mito nos remete à Amazônia intacta, sendo ainda a floresta, os animais e os habitantes chegando. É essa Amazônia que queremos mostrar que está aí sendo degradada. Por que a gente quer mostrar essa origem? Ela está no mito Sateré-Mawé e também está na história geológica da Amazônia. É um mito simples, mas os Sateré-Mawé dizem que aqueles que estão nos nossos olhos, temos que ter cuidado. É um segredo que deixamos de olhar com mais carinho. É esse carinho que estamos pedindo para que a gente tenha um olhar com essa Amazônia”, contou.

O boi pretende propor ainda que é possível conter a degradação da floresta. “É a esperança de que a gente possa realmente transformar essa Amazônia em uma terra sem males como os povos originários sempre quiseram. Quem cuidou da Amazônia até aqui e nos entregou foram os povos originários”, completou.

Neste ano, Garantido completou 111 anos e comemorou conforme as tradições.

“Aqui exatamente, onde é esse palco, era a casa do mestre Lindolfo, uma casa simples de um pescador, de uma pessoa humilde, de descendência negra-indígena. Aqui foi um quilombo de transfiguração afro-indígena, onde Lindolfo criou seu boi. Então, nós estamos registrando um novo momento da projeção da família Monteverde como história do nosso boi. Nós não podemos desassociar a importância dessa história do nosso boi Garantido que hoje vai para o planeta, mas tem uma origem de uma pessoa simples, humilde, do povo que fez da sua sabedoria popular esse brinquedo que se transformou no maior espetáculo da nossa região”, informa comunicado do site Garantido.

Caprichoso

Em busca do tricampeonato, o boi preto vai para a Arena com o tema Cultura-O Triunfo do Povo.

“No princípio, as deusas e deuses criaram Parintins, território sagrado de encantarias e mistérios. Suas gentes, expressão divina da criação, passaram a ser dotadas de saberes e fazeres específicos, um talento cuja vocação se faz presente em cada gesto e em cada canto, em cada palavra e sorriso, um brado de luta e emancipação”, diz o site do Caprichoso.

“O tema é muito baseado na narrativa do triunfo da vitória da cultura popular”, destacou o presidente do Caprichoso, Rossy Amoedo.

Boi Caprichoso do Festival de Parintins. Crédito:Secom AM/Divulgação

Amoedo adiantou que o boi irá “brigar muito forte por esse título”. “Ele é muito importante para todos nós e nos dedicamos muito para que pudéssemos corrigir alguns erros passados, amadurecer esse processo e poder fazer uma doação na sua totalidade na construção desse povo que lutou durante meses para fazer este grande espetáculo”, disse.

No mesmo ano de 1913, nos terreiros úmidos do Reduto do Esconde, no Umbuzal, nasceu o Caprichoso criado por Seu Roque Cid. Com o irmão Antônio, saíram do Crato no Ceará e seguiram para Manaus. Aportaram em Parintins, onde resolveram ficar. Os outros irmãos Beatriz e Pedro também foram para a cidade e em outubro participaram da criação do Caprichoso.

Torcidas

Em volta do Bumbódromo, a movimentação das torcidas é grande desde o início da semana, para assegurar um bom lugar na Arena e assistir de perto o boi favorito. De um lado, os fãs do Caprichoso e do outro, do Garantido. É a rivalidade histórica presente no público.

Na cidade, as duas cores se espalham pelas casas e ruas. O comércio aproveita para expor produtos relacionados aos bois para atrair os torcedores.

No Caprichoso, a cor principal é o azul, mas a torcida também veste como tons claros de azul, verde escuro, verde mar, violeta, roxo e lilás. No Curral Zeca Xibelão, casa do boi, não são permitidas as cores do concorrente.

O vermelho é a cor principal do Garantido, mas nas cores complementares também utiliza tons avermelhados claros, laranja, rosa claro e escuro, rosé e terracota. No Curral Lindolfo Monteverde, não são permitidas as cores do rival.

Quem não escolheu um boi o melhor é usar cores neutras, como preto, branco, cinza e amarelo.

A rivalidade é tão evidente que até grandes marcas costumam homenagear os dois. Um exemplo são os refrigerantes e cervejas. Mesmo que o produto tenha uma cor predominante coincidente a de um dos bois, as empresas produzem unidades com a cor do outro.

Isso também ocorre com as companhias aéreas, que neste período aumentam o número de voos para região por causa do festival.

Parintins para todo o Brasil

As apresentações dos bois são ricas em beleza, criatividade e tecnologia.

Para trazer algo novo nas apresentações e ao público, os bois investem há anos para tornar os movimentos das alegorias, um dos quesitos analisados pelos jurados, cada vez mais realista.

Kennedy Prata, um dos artistas responsáveis pelas alegorias do Caprichoso, conta que, ao longo dos anos, foram desenvolvidos diversos experimentos até chegar na robótica, para dar cada vez mais movimento às alegorias.

Ainda criança, Kennedy começou na escolinha de arte do boi e se dedicou à parte de desenho. Passou pelas áreas de pintura e esculturas, sendo chamado para trabalhar em escolas de samba do Rio e atualmente está na Beija-Flor de Nilópolis, escola do Grupo Especial do carnaval carioca.

“A gente é remunerado por isso, mas ali existe mesmo a paixão pela nossa cidade e nossa cultura. Ela é mais distante do Brasil todo. Aqui é muito difícil chegar o material, que precisa ser trazido por embarcações. É tudo muito longe, mas é um orgulho ser parintinense e levar a nossa cultura para fora”, completou.

As toadas também são um item de destaque dos bois. Ronaldo Barbosa, um dos autores do Caprichoso, explica que o boi traçou uma estratégia um ano antes do festival para dividir nas genéricas, que são as destinadas a animar as galeras, as de trabalho, que são as técnicas orientadas de acordo com o projeto do ano.

Fazendo uma relação com as escolas de samba, Adriano Aguiar, disse que seria como ter um samba-enredo para cada ala. Uma música da comissão de frente, da primeira ala, das baianas, abre alas e do último carro.

No caso do boi, para explicar a temática toda é como se fossem pequenos sambas-enredos.

“Tem também as que não são presas a nenhuma temática, que são as que chamamos de toadas de galera. É mais para a torcida, cantar, pular, extravasar. As toadas de lendas do item Amazônia, de ritual e a tema são totalmente com direcionamento. Por noite vai contar a história de determinada etnia, de conto amazônico e ritual indígena”, disse, acrescentando que as toadas direcionadas são obrigatoriamente diferentes em cada dia.

Cada boi tem que levar para a Arena 21 itens coletivos e individuais, que são avaliados por nove jurados, que observam se o tema foi bem explicado.

A divulgação das notas e o resultado oficial é no próprio Bumbódromo. O resultado da competição é conhecido no primeiro dia seguinte ao encerramento das apresentações.

Investimento

O investimento para a realização do festival é alto. Segundo o secretário de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, Marcos Apolo Muniz, o governo do estado destinou R$ 3 milhões para cada boi. Já a prefeitura reservou R$ 5 milhões para cada um. Além disso, os bois recebem investimentos com base na Lei Rouanet que alcançam R$ 20 milhões. Os recursos são empregados na realização dos temas defendidos pelos bois.

Governo inaugura primeiro viaduto com nome de mulher em Juiz de Fora

O governo federal inaugurou nesta sexta-feira (28), em Juiz de Fora, Minas Gerais, o viaduto sobre a linha férrea denominado Roza Cabinda, com 360 metros de extensão, que vai ligar a região leste e o centro da cidade. O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos ministros Camilo Santana, da Educação, Renan Filho, dos Transportes, e Alexandre Silveira, de Minas e Energia.  

O viaduto começou a ser construído em maio de 2023, por meio de convênio entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a prefeitura de Juiz de Fora. A obra custou cerca de R$ 20 milhões, e o governo federal foi responsável por 80% dos investimentos.

Segundo a prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão, o viaduto vai unir a cidade, que é dividida pela linha férrea. “Estamos melhorando a mobilidade e salvando vidas, porque muitas pessoas já morreram nessa travessia”, disse a prefeita, lembrando que este é o primeiro viaduto da cidade com nome de mulher. 

Também foram assinadas hoje duas ordens de serviço para o início da revitalização de trechos da BR-267/MG e da BR-499/MG. As obras terão investimento de cerca de R$ 88 milhões, e o prazo estimado para conclusão é de até 24 meses.

Juiz de Fora foi o último compromisso do presidente Lula em Minas Gerais nos últimos dias, após eventos em Contagem e em Belo Horizonte. Lula anunciou que nos próximos dias visitará as cidades de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Salvador e Feira de Santana, na Bahia, do Recife e de Goiânia. “Quem quiser nos pegar, corra atrás de nós porque nós vamos viajar este país e melhorar a vida deste povo.”

Roza Cabinda 

O nome do viaduto é uma homenagem a uma mulher negra escravizada de Juiz de Fora que teve que conquistar sua liberdade na Justiça. Em 1873, Roza Cabinda quis comprar sua alforria, mas, ao oferecer o valor pelo qual havia sido avaliada, o comendador Henrique Halfeld negou-se a libertá-la. Roza ajuizou ação na Justiça e conseguiu ser libertada.