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Fundador da primeira milícia do Rio é preso por grilagem de terras

O ex-policial civil e ex-deputado estadual do Rio de Janeiro Natalino José Guimarães, o Natalino, foi preso nesta quarta-feira (10), junto com mais seis pessoas, acusado de grilagem na cidade de Armação de Búzios, na Região dos Lagos. Todos estão com a prisão preventiva decretada pela Justiça.

Os mandados foram expedidos pelo juízo da Vara Especializada em Organização Criminosa da Capital e cumpridos em diversos endereços nos municípios de Búzios, Cabo Frio, Rio das Ostras, além da capital fluminense. No total, 12 pessoas foram denunciadas por crimes ambientais, parcelamento irregular de solo urbano e outros ilícitos, na Operação Nova Grilagem.

As investigações tiveram início com notícia crime comunicando invasões de terras por grupos armados em diversos terrenos, na região da Estrada da Fazendinha, em Búzios. Segundo denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o grupo estava em atividade desde 2020, usando práticas violentas e fraudulentas para ocupar e comercializar terrenos na região. As investigações revelaram que a organização mantinha seguranças armados para intimidar moradores e proprietários, desmatava áreas protegidas e promovia queimadas.

De acordo com o Ministério Público, o grupo se valia de ações judiciais sem decisões favoráveis como argumento para justificar a invasão e comercialização dos terrenos. Segundo a ação penal, os líderes promoviam a invasão violenta das terras e colocavam seguranças 24 horas nas áreas invadidas. Em seguida, loteavam a área e passavam a vender os terrenos.

Conforme a denúncia, o grupo criminoso aliou-se a uma empresa com sede em Campo Grande, na zona oeste da capital, para promover o loteamento da área invadida e a venda dos terrenos. Além disso, lotes eram doados a pessoas envolvidas com a milícia em troca da prestação de serviço de segurança dos terrenos invadidos.

Milícia

 Junto com o irmão, Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, também ex-policial civil e vereador no Rio, Natalino ficou preso entre 2007 e 2018. Ambos são apontados como fundadores da primeira milícia do Rio de Janeiro, a Liga da Justiça, criada na zona oeste da capital.

O símbolo da milícia é um morcego, e as casas que tinham a figura na frente do imóvel recebiam proteção do grupo paramilitar.

De acordo com a Polícia Civil, o grupo é acusado de homicídios, extorsões e comércio irregular na venda de água e botijões de gás. Jerominho foi morto a tiros em agosto de 2022, vítima de emboscada em Campo Grande, quando descia do carro que dirigia. Ele morreu na hora.

A Liga da Justiça foi a maior e mais conhecida facção de milicianos do Rio de Janeiro. O nome é uma referência a um grupo de super-heróis de revistas em quadrinhos. O símbolo do grupo é o escudo de outro personagem dos quadrinhos, Batman.

De acordo com a polícia, além dos irmãos Jerominho e Natalino, o genro do ex-vereador, conhecido pelo apelido de Batman, participou da criação da Liga da Justiça. Batman está preso há vários anos em presídio federal fora do Rio, por envolvimento com a milícia.

Apóstolo Rina, fundador da Bola de Neve, será velado na sede da igreja

O fundador da igreja Bola de Neve, Rinaldo Luiz de Seixas Pereira, conhecido como apóstolo Rina, morreu neste domingo (17), após sofrer um acidente de moto no Km 129, na Rodovia Dom Pedro I, na região de Campinas, no interior de São Paulo. O religioso chegou a ser atendido no hospital da Universidade de Campinas (Unicamp), mas não resistiu aos ferimentos.

Rina retornava de um culto em São João da Boa Vista (SP) com o grupo Pregadores do Asfalto, o motoclube da Bola de Neve. O religioso perdeu o controle da moto e caiu. Não houve envolvimento de nenhum outro veículo no acidente. Na queda, sofreu fratura na clavícula, chegando a receber massagens de reanimação por quase uma hora.

Igreja

A igreja Bola de Neve é um conglomerado religioso com 560 unidades espalhadas em 34 países. Seu corpo será velado na sede da igreja, na Rua Clélia, na Lapa, e o sepultamento será no Cemitério da Paz, no Morumbi.

O apóstolo Rina estava afastada das funções na igreja Bola de Neve desde junho, acusado de violência contra a esposa, a também pastora e cantora gospel Denise Seixas. A Igreja, em nota, lamentou o falecimento de seu fundador: “Neste momento de grande tristeza, nos colocamos em oração por sua família, amigos e toda a igreja que foi tão abençoada por seu ministério, deixando um legado que jamais será esquecido”.

A morte do religioso aconteceu no mesmo dia do aniversário da irmã, Priscila Seixas, que na manhã desta segunda-feira (18) compartilhou nas redes sociais um vídeo do irmão com a mãe deles, Lídia Colomietz, mostrando também o nascimento de Rina e outros momentos do apóstolo quando criança.

“15 de abril de 1972. Um dia muito, mas muito feliz, que nós tivemos um presente do Senhor. Naquele tempo era mais difícil. Ninguém queria cesárea: tinha que ser parto normal. E ele (Rina) era muito grande de ombros, larguinho. Eu fiquei sabendo por causa da ficha, porque ele não ficou com uma marquinha, com nada, nada, nada”, disse a mãe no vídeo.

Fundador da 1ª emissora de rádio do Brasil faria hoje 140 anos

Fundador da primeira emissora radiofônica no Brasil –  a Sociedade do Rio de Janeiro –, precursora da atual Rádio MEC, Edgard Roquette-Pinto nascia há 140 anos, no Rio de Janeiro. Médico legista, professor, antropólogo, etnólogo e ensaísta, ele morreu em 18 de outubro de 1954, aos 69 anos, após uma parada cardíaca.

Em 1922, ano em que foi comemorado o 1º Centenário da Independência do Brasil, ocorreu no Rio de Janeiro, então capital federal, uma grande feira internacional sobre radiodifusão.

Na ocasião, Roquette-Pinto comemorou a tecnologia afirmando que aquela era “uma máquina importante para educar o povo”.

Apresentadora das Rádios EBC, Mara Régia – Arquivo/EBC

Para a jornalista e radialista da EBC Mara Régia, Roquette foi um sonhador que nos idos de 1923 idealizou o rádio como a escola dos que não tinham acesso a ela.

“Seu desejo e sua persistência em permitir o acesso de toda a população brasileira a uma forma de educação acessível se traduzem hoje na missão das rádios públicas desse nosso país, unidas cada vez mais por uma comunicação democrática e plural como é o caso das emissoras de rádio da nossa Empresa Brasil de Comunicação (EBC)”, destaca Mara, apresentadora dos programas Viva Maria e Natureza Viva.

>> Ouça aqui: Dia Nacional do Rádio – Viva Maria celebra cantoras que marcaram época

Projetos

Em 20 de abril de 1923, Roquette fundou a primeira emissora oficial do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Os equipamentos foram comprados pela Academia Brasileira de CIências. O projeto era levar informação educativa, cultural e científica à população.

Em 1952, com a finalidade de ampliar o número de emissoras na capital federal – as TVs Tupi de São Paulo e do Rio já estavam em funcionamento -, Getúlio Vargas concedeu a Roquette-Pinto um canal de televisão.

Porém, a TV Educativa de Roquette-Pinto nunca saiu do papel. Edgard Roquette-Pinto morreria amargurado dois meses após o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954.

Legado

Três anos depois de fundar a Rádio Sociedade, Roquette-Pinto lançou a revista Eléctron, dedicada à recém-surgida tecnologia do rádio com diagramas de receptores da época. Foi a primeira revista desse segmento no Brasil. Em 1936, ele doou a emissora ao governo brasileiro, especificamente ao Ministério da Educação, transformada então na Rádio MEC.

Roquette-Pinto também foi radioamador e participou de várias associações da categoria, como a Liga dos Amadores Brasileiros de Rádio Emissão (Labre).

Na Academia Brasileira de Letras (ABL), Roquette-Pinto foi o terceiro ocupante da Cadeira 17, eleito em 20 de outubro de 1927, na sucessão de Osório Duque-Estrada.

Ele também é homenageado pela Academia Brasileira de Médicos Escritores como patrono da Cadeira 33, cujo fundador é o médico paulista Helio Begliomini.

Pesquisadores apontam o envolvimento de Roquette com o movimento eugenista, mas ponderam que ele defendia a inclusão negros e mestiços do processo de “aperfeiçoamento” da nação brasileira.

Censura

Em 1936, os aparelhos de rádio já podiam ser comprados em lojas  do ramo. Nesse mesmo ano, a Sociedade Rádio do Rio de Janeiro foi doada ao Ministério da Educação e Saúde, que tinha como titular Gustavo Capanema.

Exposição Rádio Sociedade: 100 anos de rádio no Brasil, na Casa da Ciência da UFRJ. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo

Ele comunicou a Roquette-Pinto que a rádio seria incorporada ao Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (mais tarde, em 1939, desse departamento surgiria o DIP), órgão responsável pela censura durante parte do governo de Getúlio Vargas.

Em resposta, Roquette-Pinto insistiu que emissora fosse incorporada ao Ministério da Educação e Saúde, a fim de preservar a função educativa e ganhou a disputa. A Rádio Sociedade passou a se chamar Rádio Ministério da Educação ou, como é hoje conhecida, Rádio MEC, mantendo, até hoje, o ideário educativo.

A Rádio MEC é reconhecida pelo público por sua programação dedicada à música clássica e programas culturais. A emissora dedica 80% de sua programação à música de concerto e leva ao ar compositores brasileiros e internacionais de todos os tempos. Desde 2007, ela é gerida pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Em 5 de julho de 2022, ela foi declarada Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do Rio de Janeiro.

“Toda essa história é marcada por grandes coberturas, valorização da cultura e da educação e programação musical que privilegia a cena brasileira”, destaca o gerente executivo das Rádios EBC, Thiago Regotto.

Análise

O professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) Fernando Oliveira Paulino, que também é presidente da Associação Latino-americana de Pesquisadores da Comunicação Pública (Alaic), disse que ainda hoje, passados mais de 100 anos, o rádio que teve Roquette-Pinto como pioneiro continua sendo grande mecanismo de comunicação, de acesso à tecnologia, de formação do conhecimento.

Professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, Fernando Paulino. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

“Ao contrário do que muitos pensam, o rádio continua bastante vivo e seguirá certamente usando outras plataformas. Começou com AM, depois FM, depois surgiu o rádio digital. Hoje em dia, a internet, alcançando grande público, setores diferenciados, atuando em situações de necessidade, como o que ocorreu recentemente no Rio Grande do Sul, e agora com a seca e as queimadas, demonstra a importância do rádio como mecanismo do processo de informação”, afirmou.

Paulino citou também algumas especificidades na programação de cada emissora. No caso da Rádio MEC, segundo ele, há um ativo bastante significativo em relação ao acesso à cultura, à programação musical. Ele lembrou também a força da Nacional do Rio de Janeiro, emissora, fundada em setembro de 1936, que deixou um legado em relação aos noticiosos, à música popular brasileira e a tantas pessoas que passaram pela maior emissora da América Latina.

O pesquisador destacou os programadores e intérpretes, nas ondas da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que compõem ainda a comunicação pública e fazem parte desse patrimônio nacional. “Acho que é essencial valorizar as pessoas que já passaram, que passam e que passarão pelos corredores históricos dessas emissoras que alcançam não só o Rio de Janeiro, mas especialmente pela internet o mundo inteiro”.

Advogados de Assange, fundador do WikiLeaks, fazem última tentativa de impedir extradição

20 de fevereiro de 2024

 

Os advogados de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, fizeram na terça-feira um último esforço para impedir a sua extradição para os Estados Unidos.

Dirigindo-se ao Tribunal de Justiça em Londres, a equipe jurídica de Assange solicitou uma nova audiência de recurso, enquanto centenas de apoiadores se reuniam no exterior com cartazes “Libertem Julian Assange”.

Seus advogados afirmam que suas ações revelaram má conduta criminal significativa por parte das autoridades dos EUA e que seu cliente corre o risco de “negação flagrante de justiça” se for forçado a ir aos EUA.

“Ele está sendo processado por se envolver em práticas jornalísticas comuns de obtenção e publicação de informações confidenciais, informações que são verdadeiras e de interesse público óbvio e importante”, disse Edward Fitzgerald, principal advogado de Assange, ao tribunal.

Assange enfrenta 17 acusações de espionagem, devido à publicação de documentos confidenciais dos EUA.

Se o tribunal britânico decidir contra Assange, os seus advogados prometeram contestar a sua extradição no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos em Estrasburgo, França. Os apoiadores, no entanto, temem que ele possa ser enviado para os EUA antes que isso aconteça.

O governo britânico já assinou uma ordem de extradição, apesar de ter rejeitado anteriormente o pedido de extradição dos EUA em 2021, alegando que Assange provavelmente se mataria se fosse mantido no sistema prisional estadunidense.

Apesar de ter recebido permissão para assistir ao julgamento na terça-feira na prisão de Belmarsh, nos arredores de Londres, onde está detido há cinco anos, Assange esteve ausente, optando por não comparecer.

O seu representante legal destacou a sua ausência, citando o seu atual estado de “mal-estar” e reconhecendo um declínio na sua saúde durante o seu prolongado encarceramento.