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Dia D combate focos de mosquito da dengue em todo o país

Um saco de lixo pendurado num quintal, por pouco, não se transformou numa armadilha para a aposentada Antônia Maria dos Prazeres Araújo, 68 anos. As chuvas que caíram durante a madrugada no Distrito Federal fizeram a sacola de plástico acumular água. Caso tivesse permanecido todo o fim de semana a céu aberto, o saco teria se convertido em criadouro do mosquito da dengue.

Brasília (DF), 14/12/2024 – Antônia Maria dos Prazeres recebe instruções de como combater a dengue dentro de casa. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Problema resolvido com um furo no fundo da sacola, que permitiu escoar a água e evitar o pior. “Sempre me preocupo com a limpeza, até porque crio gatos, mas a sacola, eu tinha deixado de ontem para hoje e não tinha notado a água acumulada”, diz Antônia, ao ser alertada por uma agente da Vigilância Ambiental do Distrito Federal.

A casa da aposentada foi uma das escolhidas para ser inspecionada no Dia D de Mobilização contra a Dengue, que ocorre em todo o país neste sábado (14) e foi aberto pela ministra da Saúde, Nísia Trindade no Rio de Janeiro.

Dia D de combate à dengue. Foto: José Cruz/Agência Brasil

No Distrito Federal, o mutirão ocorreu na Ceilândia, cidade a 30 quilômetros de Brasília. A ação reuniu 47 bombeiros, 30 vigilantes ambientais, cinco vigilantes sanitários e três carros com “fumacê” (inseticida) na QNP 32. Representantes do Ministério da Saúde também deram suporte. Os agentes aplicaram larvicidas ou pastilhas de tratamento de água nos possíveis focos e orientaram os moradores a prevenir o aparecimento do mosquito Aedes aegypti.

“Hoje, existe uma vacina contra a dengue, mas ela não está disponível para todo mundo. Somente pessoas de 10 a 14 anos estão sendo vacinadas. A melhor maneira de combater a dengue é a prevenção, por meio do cuidado da população em evitar focos”, adverte a coordenadora-geral de Vigilância em Arboviroses do Ministério da Saúde, Lívia Vinhal.

Momento ideal

Segundo Lívia, o melhor momento de combater a dengue é agora, pouco antes do início do verão, para evitar repetir a superepidemia do verão passado, que matou 7 mil pessoas e foram registrou mais casos somados que nos quatro anos anteriores. “O aquecimento global contribuiu para essa mudança. Nos últimos anos, não tivemos invernos tão frios. Diversos países temperados que não tinham o mosquito passaram a registrar transmissões”, destaca.

A coordenadora do Ministério da Saúde explica que o Dia D de Mobilização contra a Dengue foi planejado por meses, em reuniões com especialistas e com as Secretarias Estaduais de Saúde, durante os meses de seca que afetaram boa parte do país. “Agora, não temos tantos criadouros nem tantos casos. É o momento ideal para tomar ações conjuntas que reduzam a infestação”, afirma.

Lívia Vinhal, coordenadora de vigilância do Ministério da Saúde. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Mutirões vão ocorrer semanalmente em cada região administrativa do DF. “Todos os sábados, mobilizaremos vários órgãos governamentais para combater o mosquito da dengue. Se a população não se engajar, todo o esforço do GDF [Governo do Distrito Federal] para combater o mosquito será em vão, e vai se repetir a situação do fim do ano passado e do início deste ano”, adverte o presidente da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) do Distrito Federal, Luiz Felipe Carvalho.

Prevenção comunitária

Na casa da aposentada Antônia Maria, os agentes da Vigilância Ambiental a aconselharam a não deixar baldes destampados, mesmo que tenham água limpa, e a cobrir com massa de cimento cavidades de tampas antigas da rede de água e esgoto onde empoça a água da chuva e de faxinas. “Podem deixar que, na próxima visita, não vai ter mais buracos nas tampas”, promete a dona de casa.

O principal foco potencial de mosquito da dengue, no entanto, não estava na casa de Dona Antônia, mas na calha do vizinho, que dá para o quintal dela e está entupida e com terra e folhas acumuladas. “Vou falar com ele de novo para limpar a calha”, diz a aposentada enquanto um agente pendurado numa escada aplica larvicida na calha. “O combate à dengue, acima de tudo, é comunitário. Cada morador responde não apenas por si, mas por quem está perto dele”, adverte o presidente do SLU.

DF promove dia de combate à dengue para eliminar focos do Aedes aegypt

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) convocou, neste sábado (23) a população a participar do Dia de Combate à Dengue e realizar ações de combate ao mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti.

O objetivo é eliminar água parada, onde o inseto pode depositar ovos. Entre os criadouros estão potes, vasos de plantas, pneus, garrafas PET, calhas das residências e até mesmo recipientes pequenos, como tampinhas de garrafas.

Por isso, a pasta pede à comunidade que mantenha caixas-d’água, tonéis e barris bem tampados, coloque areia nos pratos de vasos de planta, amarre bem os sacos de lixo e não acumulem entulhos e sucatas como forma de evitar a reprodução do Aedes aegypti.

Em publicação em rede social, o subsecretário de Vigilância à Saúde da SES-DF, Fabiano dos Anjos, reforça a importância da participação de cada um no combate ao vetor. “Participe desta campanha de mobilização nacional fazendo a sua parte. Limpe o seu quintal e elimine qualquer criadouro do mosquito no seu ambiente. A prevenção é um esforço conjunto”.

Vacina

O subsecretário lembra, ainda, que a vacina contra a dengue está disponível para a imunização de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), antes conhecidas como centros de saúde ou postos de saúde.

A lista dos locais de vacinação abertos e horário de funcionamento neste sábado, no Distrito Federal, está disponível no site da Secretaria de Saúde do Distrito Federal.

Em 2024, o Ministério da Saúde tem a campanha de esclarecimentos “Tem 10 minutinhos? A hora de prevenir é agora”, que incentiva a população a dedicar pouco tempo por semana para eliminar possíveis criadouros do mosquito e a receber os agentes comunitários de saúde para prevenir os focos do mosquito.

Os principais sintomas da dengue são febre alta, dores musculares e articulares, manchas vermelhas na pele, dor de cabeça ou atrás dos olhos.

Focos de incêndios no Brasil já são 76% maior que em 2023

Com mais de 2,3 mil focos de incêndio detectados nas últimas 48 horas, o Brasil já acumula este ano até o domingo (13), 226,6 mil registros detectados pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número representa aumento de 76% na comparação com o mesmo período de 2023.

De acordo com os dados do Inpe, do total de focos detectados, 49,4% ocorreram na Amazônia. O Cerrado é o segundo bioma mais afetado em números absolutos com 32,1%. O Pantanal, embora tenha registrado 6% do total de focos do país, foi o bioma que observou o maior crescimento de incêndios na comparação com 2023: um crescimento de 1.240%.

Fachada do instituto nacional de meteorologia (INMET), em Brasília. – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Áreas do Pantanal e da Amazônia estão com alerta de chuvas intensas, conforme boletim do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), divulgado nesta segunda-feira (14). No entanto, até dezembro, o Inmet prevê predomínio de chuva abaixo da média histórica em grande parte da Região Norte, com baixos níveis de umidade no solo em grande parte da região no mês de outubro. Na Amazônia, o estado do Pará registrou 466 focos de calor nas últimas 48 horas. Já o Mato Grosso contabilizou 189 focos.

O Matopiba (região que reúne os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde predomina o bioma Cerrado, apresentou 826 focos nas últimas 48 horas. A região está hoje com alerta de baixa umidade, com risco aumentado de incêndios florestais em uma faixa que se estende do Sul do Maranhão, passando por grande parte do Piauí e alcançando o centro-norte baiano.

De acordo com o governo federal, há 3.732 profissionais em campo atuando no enfrentamento aos incêndios florestais na Amazônia, Pantanal e Cerrado. Também foram disponibilizadas 28 aeronaves.

Na última sexta-feira (11), o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, declarou que o governo federal está totalmente mobilizado para atender todos os estados afetados. “Estamos constantemente monitorando e avaliando os mais variados casos. Não por acaso, mantemos uma Sala de Situação para discutir ações emergenciais diante das mudanças climáticas, que se tornam cada vez mais frequentes e severas”, acrescentou.

Seca

A Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação de escassez hídrica nos rios Madeira e Purus, no Amazonas; Tapajós e Xingú, no Pará; e em toda a região hidrográfica do Paraguai, no Pantanal. Com a baixa das águas dos rios, comunidades ficaram isoladas na Amazônia e vários rios atingiram os menores níveis observados nas séries históricas.

Nesse domingo (13), o Rio Paraguai registrou a mínima histórica superando o recorde registrado em 1964, na estação do município de Ladário, em Maro Grosso do Sul.

Dino determina que estados da Amazônia expliquem focos de queimadas

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira (19) que seis estados da Amazônia expliquem as razões para concentração de 85% dos focos de queimadas em apenas 20 municípios da região. A manifestação deverá ser enviada no prazo de 30 dias. 

A decisão do ministro foi tomada após a realização da segunda audiência de conciliação entre representantes dos estados, do governo federal e o Judiciário no processo que trata de medidas de enfrentamento às queimadas na Amazônia e no Pantanal.

Os estados deverão enviar ao ministro um diagnóstico sobre os municípios envolvidos. O número de focos de calor foi apurado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU) durante a primeira audiência, realizada na semana passada.

Conforme os dados, as queimadas estão concentradas no munícipios de Apuí (AM), Lábrea (AM), Novo Aripuanã (AM), Manicoré (AM), Humaitá (AM), Boca do Acre (AM), São Félix do Xingu (PA), Novo Progresso (PA), Altamira (PA), Itaituba (PA), Jacareacanga (PA), Ourilândia do Norte (PA), Porto Velho (RO), Candeias do Jamari (RO), Nova Mamoré (RO), Colniza (MT), Nova Maringá (MT), Aripuanã (MT), Feijó (AC), Caracaraí (RR), além da Ilha do Bananal (TO).

Flávio Dino também determinou que os estados e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) devem realizar a fiscalização conjunta dos focos de incêndios e enviar à Corte um relatório de atividades também no prazo de 30 dias.

O ministro também determinou na decisão outras medidas, como apresentação de informações sobre multas aplicadas nos últimos 20 dias e a manifestação da AGU sobre a acusação feita pelo governo do Amazonas de que 70% dos focos de incêndio no estado ocorrem em áreas federais.

No domingo (15), em outra decisão tomada no processo, Dino autorizou a União a emitir créditos extraordinários fora dos limites fiscais para o combate às queimadas em todo o pais.

Cinco cidades do estado de São Paulo têm focos de incêndio ativos

O estado de São Paulo tem cinco municípios com incêndios em andamento, informou, nesta segunda-feira (16), a Defesa Civil do estado. Dez aeronaves estão auxiliando o trabalho de contenção das chamas feito pela Defesa Civil e Corpo de Bombeiros. Os aviões estão divididos entre os municípios de Bananal, Mococa, Tapiratiba, Itirapuã e Castilho. De acordo com a Defesa Civil, até o momento, nos cinco municípios com ocorrências de incêndio em andamento, estão sendo usadas seis aeronaves de asa fixa e quatro de asa rotativa para o combate ao fogo.

Segundo o boletim diário da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), as condições meteorológicas para as próximas 24 horas na região metropolitana de Campinas, norte e centro-oeste do estado são favoráveis à dispersão de poluentes, e a qualidade do ar está entre boa e moderada.

Na região metropolitana de São Paulo, as condições são as mesmas, porém, a qualidade do ar é boa. “A atuação de uma área de instabilidade associada a uma frente fria entre os litorais de São Paulo e do Rio de Janeiro ocasionará nebulosidade variável e boa ventilação, com possibilidade de chuvas esparsas, principalmente na faixa leste do estado”, diz a Cetesb.

Tempo na capital

A capital paulista amanheceu hoje com céu encoberto e chuva fraca a moderada. As estações meteorológicas automáticas do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da prefeitura marcaram 13°C na Capela do Socorro, na zona sul, e 17°C no Itaim Paulista, na zona leste. A umidade relativa do ar nesses locais é de 100%. A média pluviométrica da cidade entre a meia-noite e as 7h da manhã foi de 3,5mm milímetros), o que corresponde a 5,1mm da média do mês, que é de 68,5mm.

O volume pluviométrico acumulado desde o início de setembro é de apenas 3,9mm de chuva, o que corresponde a 5,7% dos 68,5mm esperados para o mês.

Segundo os meteorologistas do CGE, a formação de uma área de baixa pressão gerou instabilidades que se deslocaram do Paraná para o estado de São Paulo, fazendo o dia começar com chuva fraca a moderada e melhorando a qualidade do ar. De acordo com o CGE, a tendência é que a chuva continuasse de forma intermitente no período da manhã e perdesse intensidade à tarde. “Por conta do tempo fechado e úmido, a temperatura não sobe muito. A máxima não deve passar de 18°C, e a mínima de 14°C deverá ser observada durante a noite.”

Nos próximos dias, o tempo deve continuar instável e com umidade elevada na cidade de São Paulo.

A terça-feira (17) deve começar com tempo fechado e garoa ocasional. No decorrer do dia, o céu encoberto predomina, com leve sensação de frio e temperatura mínima de 14°C e máxima de 18°C. Na quarta-feira (18), muitas nuvens e poucas aberturas de sol, com propagação de áreas de instabilidade provocando chuva em forma de pancadas isoladas e rápidas. Os termômetros deverão oscilar entre 14°C na madrugada e 22°C no início da tarde.

Estado de São Paulo amanhece com 11 focos de incêndio

O estado de São Paulo amanheceu com 11 municípios com focos de incêndio florestal. No momento, cinco focos já foram controlados, segundo balanço da Defesa Civil do estado. O trabalho de contenção das chamas conta com o Corpo de Bombeiros e o auxílio de 15 aeronaves.

Os pontos ativos e que contam com a ajuda dos aviões estão em Bananal (Vale do Paraíba), Caconde, Espírito Santo do Pinhal, Mococa, todas na região de Campinas, Itirapuã (região de Franca) e Castilho (região de Araçatuba).

Na região metropolitana de São Paulo, havia um foco na cidade de Franco da Rocha, que já foi contido, de acordo com informações do governo estadual.

Clima nas áreas de incêndio

De acordo com a Defesa Civil a temperatura nas cidades onde os incêndios persistem varia de 23Cº a 28ºC. As rajadas de vento estão entre 10 quilômetros por hora (km/h) e 15km/h e a umidade relativa do ar varia de 35% a 60%. Há variação de nebulosidade e as chuvas estão previstas para segunda-feira (16).

Região Metropolitana de São Paulo

De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da prefeitura de São Paulo, a frente fria prevista para chegar neste domingo (15) fez com que o dia começasse com muita nebulosidade e termômetros oscilando em torno dos 17,2°C durante a madrugada. Até o momento, ocorreram chuviscos somente em alguns pontos da zona sul. No decorrer do dia ocorrem períodos de melhoria e o sol pode aparecer entre muitas nuvens, mas sem elevação de temperatura.

“Os ventos úmidos que sopram do oceano também ajudaram a aliviar o tempo seco dos últimos dias. Dessa forma, as máximas não devem superar os 22°C e os índices de umidade permanecem acima dos 60%. Ainda há condições para chuviscos entre a tarde e o período da noite, principalmente nas regiões mais próximas da Serra do Mar, no sul da região metropolitana de São Paulo”, diz o CGE.

A segunda-feira (16) deve ter chuvas fracas e garoa, alternadas com períodos de melhoria no decorrer do dia. O céu permanece com muita nebulosidade, o que impede a elevação mais significativa das temperaturas. As mínimas oscilam em torno dos 15°C, enquanto as máximas não devem superar os 20°C.

Na terça-feira (17) o sol retorna entre nuvens e favorece a gradativa elevação das temperaturas no decorrer do dia. Os termômetros devem variar entre mínimas de 14°C e máximas de 22°C, com índices de umidade permanecendo acima dos 55%.

Qualidade do ar

Segundo balanço da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a qualidade do ar neste domingo (15) é moderada na região metropolitana de São Paulo, com possibilidades de causar sintomas como tosse seca e cansaço em pessoas com doenças respiratórias. A recomendação é a de que pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares procurem reduzir esforço pesado ao ar livre.

Bombeiros do Rio combatem 460 focos de incêndio em um dia

O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro combateu 460 focos de incêndio apenas nesta quinta-feira (12). Considerando o período de um único dia, este é o recorde do ano. Desde o início de 2024, já foram mais de 16 mil ocorrências atendidas.

Há cerca de duas semanas, dados divulgado pela corporação já apontavam para um alarmante aumento dos casos. Desde o início do ano, foi registrado um volume de ocorrências 85% superior ao do mesmo período de 2023. Os municípios do Rio de Janeiro (4.513), São Gonçalo (569) e Duque de Caxias (561) estavam no topo do ranking dos mais afetados, seguidos por Maricá, Nova Iguaçu, Niterói, Araruama, Nova Friburgo, Campos dos Goytacazes e Volta Redonda.

Em alguns casos, os incêndios ocorrem próximos a comunidades. Bombeiros estão combatendo chamas, por exemplo, no Parque Estadual da Pedra Branca, na encosta voltada para Realengo, na zona oeste da capital. O fogo também se alastrou na mata do Morro das Andorinhas, em Niterói, gerando preocupação dos moradores.

No Parque Nacional da Serra dos Órgãos, na região serrana do estado, o combate a focos de incêndios também tem demandado esforços. A unidade de conservação, que abrange áreas dos municípios de Guapimirim, Magé, Petrópolis e Teresópolis, tem a maior rede de trilhas do Brasil. É também um dos locais mais buscados para a prática de esportes de montanha, como escalada, caminhada e rapel. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICBMBio), que administra o parque, já precisou mobilizar seus brigadistas em diferentes ocasiões desde o mês passado.

“Na noite de 10 de setembro, um incêndio florestal de causas criminosas foi deflagrado na região do Caxambu atingindo a Travessia Cobiçado x Ventania. A brigada de combate a incêndios do Parque Nacional da Serra dos Órgãos está em atividade, porém o clima seco, o relevo da região e os fortes ventos tornam o controle mais difícil. Pedimos que evitem acessar a área do Morro do Cobiçado e Ventania. Essas regiões se tornam muito perigosas na presença do fogo e precisam ser isoladas para que o combate seja realizado de forma segura e eficaz”, registra o informe mais recente divulgado pela administração da unidade por meio  de suas redes sociais.

Dados do monitoramento por satélite realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) endossam as preocupações no estado. Desde o início do ano, foram detectados 840 focos de queimadas. É o maior número de ocorrências já registrado em um único ano desde 2017, quando houve 959 registros. É uma marca que ainda pode ser superada, já que setembro e outubro são meses com uma grande média histórica de incêndios florestais.

Somente em agosto, 240 focos de queimadas foram detectados no Rio de Janeiro. É o maior número registrado para o mês desde 2010, quando houve 355 ocorrências. Em setembro, o Inpe já identificou até o momento 135 incêndios florestais dentro do estado.

O excesso de queimadas no Brasil vem resultando em uma queda na qualidade do ar em diversas regiões, gerando preocupações com a saúde das populações. Nas últimas semanas, viralizaram nas redes sociais imagens que mostram paisagens encobertas por fumaças em algumas capitais, como Brasília, São Paulo e Belo Horizonte. Em algumas cidades do interior do estado do Rio de Janeiro, a fumaça também impressionou os moradores. Isso ocorreu, por exemplo, na região serrana, onde estão municípios como Petrópolis e Teresópolis.

Especialistas têm apontado que os ecossistemas ficam mais vulneráveis a incêndios em momentos de seca, como a que o país está enfrentando. Esse cenário pode estar sendo influenciado por diferentes fatores, como o aquecimento global impulsionado pela ação humana e pelos efeitos do fenômeno climático El Niño, seguido da La Niña.

Mas, apesar do clima seco deixar áreas de mata mais suscetíveis a queimadas, a origem delas está na maioria das vezes relacionada com o comportamento humano. Segundo os Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, em 95% dos casos, as chamas começam pela ação do homem, seja de forma acidental ou mesmo voluntária. Já há investigações abertas em diversos locais do país que apuram indícios de incêndios criminosos. Prisões já foram realizadas nos últimos dias, por exemplo, nos estados de São Paulo e de Goiás.

Investimentos estaduais

Em meio a esse cenário, o governo do Rio de Janeiro trocou o comando Secretaria Estadual de Defesa Civil. Tarciso Salles assumiu no lugar de Leandro Monteiro, e foi anunciada a criação de um gabinete de crise para o combate às chamas. Demitido no início do mês, o antigo secretário lamentou o corte milionário de recursos voltados para o enfrentamento dos incêndios florestais.

“Foram destinados R$ 90 milhões para a corporação investir em viaturas e equipamentos de combate a incêndios florestais. Infelizmente, nos últimos dez dias, fui informado que esse apoio foi cancelado”, afirmou Monteiro em seu discurso durante a cerimônia que selou a transferência do cargo para Tarciso Salles, nesta quinta-feira (12), evento que que contou com a presença do governador Cláudio Castro.

A verba teria sido liberada pela Secretaria de Estado de Ambiente e Sustentabilidade, durante o período em que o titular da gestão da pasta era o vice-governador Thiago Pampolha. Ele ocupou o cargo até março deste ano, quando foi exonerado e substituído por Bernardo Chim Rossi.

Questionado ao fim da cerimônia, Cláudio Castro considerou que o Corpo do Bombeiros tem recursos suficientes e minimizou o corte. “Foi algo administrativo, tem que entender o que foi. Mas não falta nada para os bombeiros. Mais de R$ 1 bilhão foi investido na minha gestão.”

Qualidade do ar

Em meio ao grande volume de focos de incêndio, boletim do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) divulgado às 17h desta quinta-feira (12) registra impactos para a qualidade do ar. A situação é pior do que há três dias. Das 57 estações espalhadas pelos municípios fluminenses, apenas 16 registraram qualidade do ar boa. No boletim de segunda-feira (9), 28 estações detectavam boas condições.

Os locais onde a qualidade do ar foi considerada moderada subiram de 26 para 31. Já aqueles onde a condição é ruim aumentaram de três para nove. Assim como no boletim de segunda-feira, o novo levantamento indica que não há estações que detectaram cenário muito ruim ou péssimo.

A queda na qualidade do ar pode deixar a população sujeita a apresentar um conjunto de sintomas como tosse seca, cansaço e ardor nos olhos, nariz e garganta. Crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias ou cardiológicas podem ser mais afetadas.

Em cenários de clima seco e de incidência de fumaça na atmosfera, as recomendações do Ministério da Saúde são para o aumento da ingestão de água e líquidos, para um maior tempo de permanência em casa se possível com ar-condicionado ou purificadores de ar e para a suspensão das atividades físicas ao ar livre sobretudo entre 12h e 16h, quando as concentrações de ozônio são mais intensas.

O uso de máscaras do tipo cirúrgica, pano, lenços ou bandanas para diminuir a exposição às partículas grossas também é indicado, especialmente para populações que residem próximas às áreas de focos de queimadas.

Bolívia ultrapassa o Brasil em focos de incêndio, aponta Inpe

A Bolívia amanheceu esta quarta-feira (11) com mais de 3,7 mil focos de incêndios em seu território, enquanto Brasil reduziu de 5,1 mil para pouco mais de 2,9 mil os registros nas últimas 24 horas, no Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Desde o início do mês, o governo brasileiro enviou missão humanitária ao país vizinho para atuação na área de fronteira, comum entre os dois países. A equipe é formada por 37 bombeiros militares da Força Nacional de Segurança Pública e 25 brigadistas do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal e atua em cooperação com as forças bolivianas.

A Bolívia faz fronteira com os estados do Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, nos dois biomas que têm sido fortemente afetados pelos incêndios no Brasil, Amazônia, que registrou nas últimas 24 horas 1,2 mil focos e Pantanal com 204 focos.

Nessa terça-feira (10), o ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, determinou que o governo federal reforce as ações de combate aos incêndios nos dois biomas, por meio da convocação de mais bombeiros militares.

Durante uma visita ao estado do Amazonas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto para a criação Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Federal (Ciman Federal) e do Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo. O objetivo é que a nova instituição monitore e articule entre as diferentes esferas de governo, as ações de combate aos incêndios florestais.

Brasil registrou 2,7 mil focos de incêndios nas últimas 24 horas

Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 2.758 focos de incêndios, de acordo com o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Todos os biomas apresentam focos, que podem representar uma ou várias frentes de fogo ativas.

A Amazônia concentra o maior número de focos, com 1.558, seguida do Cerrado, com 811; Caatinga, com 188; Mata Atlântica, 168; Pantanal com 28 e Pampa com cinco focos identificados. O estado do Mato Grosso é o que mantém o maior número de focos, com 933, seguido do estado do Pará, onde há 415 focos ativos.

Ao lembrar do Dia da Amazônia, celebrado neste 5 de setembro, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, declarou que o governo federal está unido em esforços para combater as principais ameaças que atingem a região neste momento: a seca e os incêndios. “Mas esse esforço não pode ser só de um ente da federação ou de governos. Precisamos colaborar juntos, com estados, municípios, academia, iniciativa privada e toda a sociedade”, reforçou.

De acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), mais de 7 milhões de hectares da Amazônia já foram consumidos pelo fogo. No Pantanal, os incêndios já atingiram 2,6 milhões de hectares, o que corresponde a 17,76% do bioma, e o Cerrado teve mais de 142 mil hectares alcançados, correspondentes a 15,8% do bioma.

Na terça-feira (3), a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República anunciou o frete de mais cinco helicópteros para o combate aos incêndios. As aeronaves já atuam no Pantanal equipadas com um dispositivo capaz de lançar cerca de 2,5 mil litros de água.

Segundo o governo, atuam ainda no Pantanal 907 profissionais do governo federal, com outros quatro helicópteros e oito aviões, além de 44 embarcações. Na Amazônia, atuam 1.468 brigadistas.

Brasil já registou mais de 154 mil focos de calor este ano

O Brasil iniciou o mês de setembro com mais 154 mil focos de calor registrados este ano, segundo o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O maior número de frentes de fogo está na Amazônia, que concentra 42,7% dos focos registrados no domingo (1º) e nesta segunda-feira (2).

De acordo com o Inpe, como esses dados são gerados por imagens de satélite, que variam em captação de áreas entre 375 metros quadrados (m²) e 4 quilômetros quadrados (km²), cada foco pode representar uma ou várias frentes de fogo ativas. Da mesma forma, uma frente de fogo muito grande pode ser captada por mais de um satélite e representar mais de um foco de calor.

Na comparação com os dados divulgados no último boletim do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), no sábado (31), os focos de calor continuam avançando pelos biomas brasileiros, em relação ao registrado até o dia 27 de agosto, até quando já haviam sido captados pouco mais de 112 mil focos de calor no país. Embora a Amazônia seja o bioma mais atingido, por causa da extensão de seu território, o município mais afetado foi Corumbá, em Mato Grosso do Sul, onde o bioma predominante é o Pantanal e foram detectados 4.245 focos. Já o segundo município mais atingido foi Apuí, no Amazonas, onde houve 3.401 focos até o dia 27 de agosto.

De acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), a área da Amazônia que já foi consumida pelo fogo em 2024 ultrapassou 5,5 milhões de hectares e o Pantanal já perdeu 2,5 milhões de hectares até esse domingo.

Combate

O MMA informou que atualmente atuam na Amazônia 1.468 brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Já no Pantanal, esses órgãos atuam com 391 profissionais, que se somam a outros 343 das Forças Armadas, 79 da Força Nacional de Segurança Pública e dez da Polícia Federal. Também estão sendo empregadas 18 aeronaves e 52 embarcações do governo federal.

Na última terça-feira (27), o Supremo Tribunal Federal determinou o prazo de 15 dias para que o governo federal reforce o número de pessoas e de equipamentos no combate ao fogo no Pantanal e na Amazônia. No dia 10 de setembro, o cumprimento da medida deverá ser avaliado em audiência de conciliação que tratará de três ações de descumprimento de preceito fundamental (ADPFs) que tratam do tema.