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Museu do Amanhã abre exposição e inicia a celebração dos seus 10 anos

O misterioso universo dos sonhos sob diferentes perspectivas é o tema da mais nova exposição do Museu do Amanhã, na Praça Mauá, na região central do Rio de Janeiro. Sonhos: História, Ciência e Utopia estreia nesta quarta-feira (18) e marca o início da programação comemorativa para os 10 anos da instituição, que serão completados em 17 de dezembro de 2025.

A mostra traz a complexa teia dos sonhos, sejam lúcidos ou lúdicos, analisados por cientistas ou interpretados por esotéricos; sejam os que moveram a psicanálise de Freud, inspiram a vida e a arte; ou os que dependem do descanso para trazerem saúde e qualidade de vida; sejam eles os sonhos dos ancestrais e as utopias futuras.

Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Com curadoria do neurocientista Sidarta Ribeiro, a mostra é baseada no seu livro O Oráculo da Noite: a história e a ciência do sonho. 

“O conceito primordial dessa exposição é que sem a capacidade de sonhar e construir o que o sonho propõe, a gente não tem um futuro como espécie. A exposição parte da ideia de que o sonho foi, é e continuará sendo uma ferramenta de sobrevivência e um espaço para construir um futuro viável não só para a nossa espécie como todas as outras que a gente está neste momento colocando em risco. É uma exposição que faz uma crítica muito contundente desse presente, desse momento que a gente dorme tão mal, e que busca dialogar com a ciência não só universitária mas com as ciências indígenas, de matriz africana que lidam com o sonho de uma maneira irreverente”, explicou Sidarta.

Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A mostra se inicia com a instalação Labirinto – Somos Descendentes de Sonhadores. Simulando um labirinto, com ilustrações, texto e jogos de luz e sombra, o visitante perpassa um panorama histórico de como os sonhos têm sido usados por diferentes povos e em diversas épocas como ferramentas de decisão, criação e aprendizado. Em seguida, em Meditação – Sonhar-criar, há um espaço de meditação guiada pela voz de Sidarta aliada a sonoridades brasileiras.

Em parceria com o Museu de Imagens do Inconsciente, a exposição faz uma homenagem ao trabalho iniciado por Nise da Silveira, que entende a arte como reveladora das riquezas do inconsciente e como uma potente contribuição na luta contra os estigmas associados aos portadores de transtornos psíquicos. 

Um conjunto de 18 obras de artistas emblemáticos que passaram pela instituição, como Adelina Gomes, Carlos Pertuis, Emygio de Barros e Fernando Diniz, são exibidas para representar o que podemos acessar através dos sonhos.

Na seção interativa O Sono é a Cama do Sonho, pode-se experimentar o ciclo do sono – o que acontece conosco em cada uma de suas fases, por meio de jogos e instalações. 

Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

No último setor, Utopias, obras interativas se utilizam de recursos como inteligência artificial e produção de vídeos; e, encerrando o percurso, o visitante se depara com uma imersão na Galeria de sonhos e de grandes sonhadores, homenagem a sonhadores de nossa história como Bertha Lutz, Cacique Raoni, Chico Mendes, Darcy Ribeiro, Dona Ivone Lara, Lélia Gonzalez, Martin Luther King, Nise da Silveira, Paulo Freire, Pepe Mujica e Yoko Ono.

Para o curador do museu, Fabio Scarano, sonhos, tanto do ponto de vista científico como do ponto de vista de outras visões de mundo, inclusive da arte, é um tema que discute bem esse valor que se dá a diferentes inteligências. 

“Tem povos indígenas que fazem todo o seu planejamento com base nos sonhos, tem povos que sonham juntos, combinam de sonhar juntos determinado tema para tomar decisão no dia seguinte. Temos povos aborígenes na Austrália nos quais o sonho é o real e o real é o sonho. Há uma forma gigantesca de lidar com o sonho”, disse Scarano.

Os ingressos estão disponíveis no local e no site oficial do Museu do Amanhã, que funciona de terça-feira a domingo, das 10h às 18h, com última entrada para visitação às 17h. Às terças-feiras, a entrada é gratuita para todos os visitantes.

Dez anos

Nesta terça-feira (17), o museu comemora 9 anos de existência com mais de 6,8 milhões de visitantes. Mais de 40% do seu público não é frequentador de museus, 22% visita um museu pela primeira vez e 50% vêm da zona norte e oeste do Rio de Janeiro. Foram cerca de 50 exposições temporárias. Mais de mil atividades entre palestras, workshops, oficinas e debates receberam mais de 48 mil participantes além de 26.500 pessoas alcançadas pelos programas educativos.

Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Segundo o novo diretor executivo da instituição, Cristiano Vasconcelos, o segredo do sucesso vem do trabalho do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) na administração da casa, regido pelas diretrizes e regras da Prefeitura do Rio de Janeiro. 

“Temos um modelo de gestão sustentável e inovador, cujas receitas vêm de múltiplas fontes. A principal delas é a captação feita via Lei Rouanet, mas também dependemos de bilheteria, locação dos nossos espaços para eventos, patrocínios, além da concessão de espaços como o restaurante e a loja de souvenirs. Assim, conseguimos nossa total autonomia financeira”, informou Vasconcelos.

No início do segundo trimestre de 2025, o museu apresenta um novo conceito para um dos pontos cruciais da sua exposição de longa duração: Antropoceno. Ao longo do ano, outros momentos da exposição também serão renovados.

Em 2025, a instituição abrirá 1.200 metros quadrados destinados à arte contemporânea. O intuito do novo espaço é que a arte seja um meio de democratizar o acesso ao conhecimento científico.

Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O museu foi criado tendo a sustentabilidade como um dos pilares fundamentais e recebeu a certificação Leadership in Energy and Environmental Design, que reconhece e incentiva práticas de construção sustentável desde a concepção do projeto até sua manutenção.

“O museu nasceu num momento muito especial do Brasil em que a gente vivia as Olimpíadas e a Copa do Mundo e permanece. Um dos grandes legados dessa época de ouro é o Museu do Amanhã e o Museu de Arte do Rio, que foram equipamentos que ficaram. Esse museu tem um caráter social importantíssimo e permite que o museu que é algo normalmente elitista, distante, que as pessoas entrem, toquem, por ser um museu muito interativo”, disse o diretor. 

“Esse museu foi criado para discutir as questões climáticas e a sustentabilidade e estamos fortalecendo essa pauta”.

Exposição em Porto Alegre rememora imprensa negra na ditadura

Termina na próxima quarta-feira (18) a exposição Grupo Tição e a Imprensa Negra no RS – 132 Anos de História, no saguão da Escola de Comunicação, Artes e Design da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre.

Tição foi uma publicação em formato de revista e de jornal que circulou entre março de 1978 e outubro de 1980, período de abertura política e de distensão da ditadura cívico-militar (1964-1985).

A revista/jornal teve apenas três edições, mas até hoje a publicação é estudada em razão do pioneirismo de tratar questões do interesse da população negra em um estado de população hegemonicamente branca, sob contexto histórico delicado como foi o da ditadura.

“O objetivo da Tição foi exatamente dar visibilidade para pautas importantes para a população negra, garantindo um mínimo de visibilidade aos negros em um estado que é visto, inclusive nos nossos dias, como um lugar onde teria ocorrido apenas colonização europeia”, explica à Agência Brasil o curador da exposição Deivison Campos, pesquisador e coordenador do curso de jornalismo da PUCRS.

Para Deivison Campos, Tição estabeleceu “diálogos” com outras publicações contemporâneas do movimento negro da época em outras cidades como o jornal Sinba, da Sociedade de Intercâmbio Brasil-África, que circulava no Rio de Janeiro, e como o Jornegro, produzido pela Federação das Entidades Afro-Brasileiras do Estado de São Paulo.

O contato com a imprensa negra em outras cidades confirma a importância do movimento negro de Porto Alegre para o país. O pesquisador assinala que “não por acaso foi aqui que surgiu a ideia do 20 de novembro, como Dia da Consciência Negra”, como propôs o Grupo Palmares, fundado no início dos anos 1970 na cidade.

Deivison Campos destaca que a publicação Tição tratava em suas pautas da identidade negra, das “peculiaridades culturais” e “demandas de cidadania”, desafiando um regime ditatorial que pregava a ideia de que o Brasil era “uma democracia racial, onde todos são iguais”.

Censura prévia

Para o publicitário Juarez Ribeiro, editor do jornal Nação Z, a existência da publicação era contestatória, mesmo sem assumir uma linha editorial explicitamente de embate e conflito.

“Era um projeto voltado para a divulgação da cultura negra. Eu entendo muito mais como uma mensagem culturalista do que uma mensagem política, de engajamento pregando a transformação da sociedade ou enfrentamento do regime imposto. Mas não era uma ação explicitamente que pregava a transformação”, defende o publicitário em entrevista à Agência Brasil.

Com um discurso e presença que desagradavam ao autoritarismo vigente, Tição foi acompanhada de perto pelas forças de repressão e sofreu censura prévia. “Tínhamos que fazer boneco da publicação e levar para a Polícia Federal”, conta a atriz gaúcha Vera Lopes, envolvida no movimento negro de Porto Alegre e que trabalhou na publicação.

“No segundo número, acho que a gente foi duas ou três vezes à Polícia Federal. Ouvíamos: ‘tira isso’, ‘muda esse título’, ‘essa matéria não pode’, ‘essa foto aqui está ruim’. Falavam como se fossem editores”, rememora Vera Lopes.

Em sua opinião, a redação de Tição foi audaciosa. “Imagina nos anos [19]70, em pleno período terrível de ditadura, jovens negros editando uma revista. Era algo extremamente corajoso para aquela época.”

Além de Vera Lopes, trabalharam na Tição o poeta e ativista Oliveira Silveira, jovens jornalistas negros como Vera Daisy Barcellos, Jorge Roberto Freitas,  Walter Carneiro, Edilson Nabarro, Emílio Chagas, e Jeanice Dias Ramos.

Jeanice, que hoje atua no Núcleo de Jornalistas Afro-Brasileiros do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, lembra que naquela época “o negro só aparecia na página policial dos jornais. E nós queríamos muito mais que isso.”

A jornalista informa que a publicação será retomada no próximo ano, em formato de revista em três edições. A primeira será dedicada à mulher negra. A segunda falará sobre juventude e a terceira, sobre racismo estrutural e segurança pública.

Serviço

Exposição Grupo Tição e a Imprensa Negra no RS – 132 Anos de História
Termina no 18 de dezembro (próxima quarta-feira)
Aberta de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 22h, no Saguão da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos – Prédio 7 (Campus da PUCRS – Avenida Ipiranga, 6.681)

Menino Jesus de Aleijadinho é destaque em exposição de presépios em SP

A representação do Menino Jesus com feições orientais, queixo bipartido e cabelos revoltos feita por Aleijadinho é um dos principais destaques da exposição Natividade – iconografias, tradições e presépios, com abertura neste domingo (8), na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, no bairro do Morumbi, em São Paulo. A exposição, além da obra do escultor mineiro, vai mostrar o Menino Jesus em pinturas e esculturas desde o nascimento até sua infância.

“É uma mostra que ocorre em uma época oportuna de confraternização e gratidão pelo ano que termina e esperança ao novo ciclo que se inicia, com o Menino Jesus representando a humildade e a renovação que se espera resgatar nos sentimentos das pessoas”, disse o artista Rafael Schunk, curador da mostra.

A exposição traz o Menino Jesus representado em diferentes períodos da história, desde os movimentos da arte colonial até a contemporâneo, passando pelo barroco e neoclássico. As obras mostram a adoração de Jesus ao nascer, na manjedoura com os reis magos e pastores, a concepção de Maria, iconografias da fuga e retorno do Egito, entre outras fases.

Outra obra de interesse é a remontagem de um presépio napolitano do século 18, o Presépio de Corte Palaciano, com seus personagens típicos italianos, dos camponeses aos membros da burguesia, tendo ainda os representantes da nobreza e outros tipos da sociedade da época.

“A representação da Natividade como símbolo de germinação e renascença é um fenômeno que transpõe fronteiras, enriquecida por signos iconográficos, materiais singulares, derivados dos textos sagrados, da tradição oral, nutridas pela fé, sincretismos e ampliadas pela criatividade dos artistas regionais”, explicou o curador da mostra.

A exposição abre neste domingo, a partir das 11h30. As obras estão na sala de exposições temporárias da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, na Avenida Morumbi, 4.077. O espaço funciona de terça-feira a domingo, com entrada gratuita, e as reservas podem ser feitas pelo telefone (11) 37420077.

Futebol de Várzea de SP ganha exposição no Museu do Futebol

O futebol amador paulista é protagonista, a partir desta sexta-feira (29), da exposição Vozes da Várzea no Museu do Futebol, em São Paulo. Com curadoria de  Alberto Luiz dos Santos e Diego Viñas, a prática esportiva – iniciada nas várzeas de rios que cortam a cidade de São Paulo, como o Tamanduateí – é apresentada por meio de imagens, textos, mapas, instalações audiovisuais e objetos.

A exposição é dividida em cinco sessões temáticas: Campos e Resistências; Lembrar é Resistir; Economia da Várzea; Chega pra Somar; e Culturas em Campo. Entre os destaques da mostra estão mais de 500 registros relacionados ao futebol de várzea em São Paulo. São fotos, vídeos, camisas, medalhas, incluindo churrasqueiras, muito utilizadas após o fim das partidas.

Uma instalação especial reúne dezenas de camisas dos times, de acervos dos curadores e de personalidades da várzea. Também é possível ouvir na exposição as músicas que animam os churrascos após os jogos. Há uma lista indicada por “DJs da várzea” que pode ser ouvida em uma caixa de som tipicamente usada no churrasquinho.

O Museu do Futebol de São Paulo funciona no estádio do Pacaembu, de terça-feira a domingo, das 9h às 18h. A entrada é gratuita às terças-feiras.

Exposição Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira chega ao Rio

Encruzilhada é o cruzamento de ruas, estradas e caminhos. Para as religiões de matriz africana, é nas encruzilhadas que os caminhos materiais e não materiais são abertos ou fechados. Onde se estabelece a comunicação entre o visível e o invisível. Usando a força desta palavra, a exposição Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira é um convite a conhecer percursos da produção de artistas negros no Brasil, mostrando que “A arte contemporânea é negra”- como afirma a obra de Elian Almeida, que está entre os artistas da mostra.  

A exposição será inaugurada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Rio de Janeiro no sábado (16) e poderá ser conferida até 17 de fevereiro de 2025. A entrada é gratuita. A exposição é composta por mais de 140 obras de 62 artistas brasileiros. Doze deles nasceram ou vivem no Rio de Janeiro.

Obras da exposição Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – Fernando Frazão/Agência Brasil

Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira já passou pelos Centros Culturais do Banco do Brasil em São Paulo e Belo Horizonte e foi vista por mais de 300 mil pessoas.

A mostra chega ao Rio durante a realização dos encontros do G20 Social e pretende proporcionar ao público nacional e internacional o contato com a arte brasileira.

“A gente teve, durante muito tempo, essa imagem da pessoa negra sendo retratada, sendo pintada, fotografada, registrada, pelo olhar, pela ótica da pessoa branca, inclusive do artista branco”, diz o curador da exposição, Deri Andrade.

A exposição vem mostrar a contribuição negra para a arte, destacando que ela vem desde a época do Império e segue até a contemporaneidade.

Andrade explica que a exposição é um desdobramento do Projeto Afro, em desenvolvimento desde 2016 e lançado em 2020, que hoje reúne cerca de 400 artistas catalogados na plataforma. São nomes que abarcam um vasto período da produção artística no Brasil, do século 19 até os contemporâneos, nascidos nos anos 2000. 

Além de reunir obras tanto já conhecidas quanto raras de grandes nomes da arte, a exposição traz também obras encomendadas exclusivamente para a mostra. “A exposição, além de trazer um contexto e uma abrangência nacional dessa arte produzida por artistas negros de todas as regiões do Brasil, traz também um contexto temporal. A gente consegue perceber que esses artistas estão produzindo há muito tempo, sempre estiveram presentes. Aqui na exposição, isso fica muito marcado, nessas maneiras, nesses caminhos, nessas encruzilhadas”, diz o curador. 

Obras da exposição Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). – Fernando Frazão/Agência Brasil

O público terá acesso ainda a obras interativas, como a de Elidayana Alexandrino. “Ela desenvolve uma pesquisa que recolhe várias imagens de próprias referências de história da arte e aí ela propõe que o público crie suas próprias curadorias, digamos assim. Estas imagens ficam todas espalhadas pela mesa e ela convida o público a interagir a criar aproximações entre essas imagens, a criar colagens”, diz Andrade.

A abertura, no dia 16, contará com uma programação especial. Às 16h o Terreiro de Crioulo se apresenta, gratuitamente, no térreo do Centro Cultural. A entrada é livre, mas haverá emissão de ingressos, disponibilizados na bilheteria digital e no site do CCBB. Às 14h, o público poderá conferir a performance Do Que São Feitos os Muros, de Davi Cavalcante. O artista construirá um muro, com tijolos que trazem diversas palavras.

“Esse trabalho se inicia em 2020, em um momento pandêmico, pensando nesses muros dentro de casa”, conta Cavalcanti. “A gente passou para o São Paulo por Belo Horizonte e agora estamos no Rio e eu acho muito simbólico, nesse momento em que muitas nações estão se encontrando aqui no Rio para pensar, falar sobre diversidade, sobre política, sobre como é que a gente pode pensar o mundo, pensar o nosso futuro. Erguer um muro aqui para falar um pouco, refletir sobre esse lugar de separação e tensionar o diálogo sobre como a gente pode se aproximar e derrubar esses muros depois”.

No dia 16, a exposição estará aberta ao público já a partir das 9h e as galerias permanecerão abertas durante todo o dia. Nos demais dias de mostra, as visitas seguem o horário de funcionamento do CCBB, de quarta a segunda, de 9h às 20h.

Planetário de Brasília recebe exposição de astrofísicos negros

A partir desta quarta-feira (13), está aberta ao público a Exposição Astrofísica dos Corpos Negros, no Planetário de Brasília. A entrada é gratuita.

A exposição trata de forma lúdica sobre estrelas luminosas, raios cósmicos, nebulosas planetárias e outros temas da astrofísica. O nome do projeto foi pensando também para mostrar o trabalho dos astrofísicos negros e fomentar a reflexão sobre a pouca representatividade das pessoas negras no mundo científico.

“Nós temos a intenção de incentivar crianças a sonharem com a possibilidade de descobrir o céu também, principalmente as crianças negras, as crianças da periferia, da escola pública, que não se enxergam como cientistas, porque não têm muitos modelos de cientistas negros”, destaca Eliade Ferreira Lima, professora, astrofísica e coordenadora da exposição.

A exposição tem também uma versão em site, que apresenta conteúdos em vídeos imersivos em 360º e com animações.

O projeto foi ilustrado pelo artista Camilo Martins e em a participação dos pesquisadores Oscar dos Santos Borba e Liandra Ramos, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), em parceria com os pesquisadores Alan Alves Brito, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Rita de Cassia dos Anjos, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A exposição tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). 

Serviço:

Exposição Astrofísica dos Corpos Negros

Data: de 13 de novembro a 28 de dezembro

Local: Planetário de Brasília 

Horário: Terça a domingo, das 7h às 19h30

Entrada gratuita

* Estagiária sob supervisão de Marcelo Brandão 

Exposição Foto de Quebrada mostra trabalhos de 30 artistas em Brasília

Começa neste sábado (9), à 14h, a terceira edição da exposição Foto de Quebrada, mostra que reúne trabalhos de 30 artistas de todo o país na Galeria Risofloras, localizada na Praça do Cidadão, em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal.

Haverá, durante a abertura da exposição, atrações como a apresentação do DJ Kayaman; um aulão de funk com a Cia Versão Brasileira; e, às 17h, o Leilão Espetáculo de Venda de Arte Periférica. A iniciativa conecta mais de 200 artistas brasileiros de várias regiões, promovendo um novo circuito de compra e venda de arte.

“As quebradas brasileiras são territórios vivos e dinâmicos. Nesta exposição, revelamos algumas de suas múltiplas vivências compartilhadas por todo o país. Cada imagem é, simultaneamente, um espelho e uma janela. Olhares únicos que captam detalhes que, muitas vezes, passam despercebidos, revelando as camadas afetivas, os sonhos, as celebrações e até as pequenas tragédias cotidianas”, diz a curadoria da exposição.

A exposição pode ser visitada até 24 de janeiro, das 14h às 18h, de terça a sábado. Mais informações podem ser obtidas neste site.

BC comunica exposição de dados de 644 chaves Pix da Caixa

Um total de 644 chaves Pix de clientes da Caixa Econômica Federal tiveram dados expostos, informou nesta sexta-feira (8) o Banco Central (BC). Esse foi o 16º incidente com dados do Pix desde o lançamento do sistema instantâneo de pagamentos, em novembro de 2020.

Segundo o BC, a exposição ocorreu em 24 e 25 de setembro e abrangeu as seguintes informações: nome do usuário, CPF, instituição de relacionamento, agência, número e tipo e da conta, data de abertura da conta, data de criação da chave Pix, data a partir da qual o usuário tem a posse da chave Pix.

A exposição ocorreu por causa de falhas pontuais em sistemas da instituição de pagamento e ocorreu em dados cadastrais, que não afetam a movimentação de dinheiro. Dados protegidos pelo sigilo bancário, como saldos, senhas e extratos, não foram expostos.

Embora o caso não precisasse ser comunicado por causa do baixo impacto potencial para os clientes, a autarquia esclareceu que decidiu divulgar o incidente em nome do “compromisso com a transparência”.

Todas as pessoas que tiveram informações expostas serão avisadas por meio do aplicativo ou do internet banking da instituição. O Banco Central ressaltou que esses serão os únicos meios de aviso para a exposição das chaves Pix e pediu para os clientes desconsiderarem comunicações como chamadas telefônicas, SMS e avisos por aplicativos de mensagens e por e-mail.

A exposição de dados não significa necessariamente que todas as informações tenham vazado, mas que ficaram visíveis para terceiros durante algum tempo e podem ter sido capturadas. O BC informou que o caso será investigado e que sanções poderão ser aplicadas. A legislação prevê multa, suspensão ou até exclusão do sistema do Pix, dependendo da gravidade do caso.

Em todos os 16 incidentes com chaves Pix registrados até agora, foram expostas informações cadastrais, sem a exposição de senhas e de saldos bancários. Por determinação da Lei Geral de Proteção de Dados, a autoridade monetária mantém uma página em que os cidadãos podem acompanhar incidentes relacionados com a chave Pix ou demais dados pessoais em poder do BC.

A Agência Brasil aguarda manifestação da Caixa Econômica Federal.

Exposição no Museu do Ipiranga reflete sobre emergência climática

Nova exposição no Museu do Ipiranga, localizado na capital paulista, aborda emergência climática e dá visibilidade ao processo de degradação ambiental e social ao longo do desenvolvimento do Brasil. A mostra Onde há fumaça: arte e emergência climática, que será aberta nesta terça-feira (5), propõe diálogo entre peças do acervo e obras contemporâneas, questionando o modelo de progresso do país.

Segundo o curador Vítor Lagoeiro, a exposição se propõe a olhar para o acervo do museu e entender como aquelas imagens já dão alguns indícios de como o país chegou ao cenário atual. “Muito do que a gente tem ali no museu são imagens que celebram uma forma de ocupação do território que foi muito pautada pelo latifúndio, trabalho escravo e pela monocultura. Estes são três pilares que contribuem para inaugurar a degradação ambiental que acontece no Brasil há tantos séculos”, disse à Agência Brasil.

Obras do acervo do Museu do Ipiranga revelam caminho que levou à devastação no país – Paulo Pinto/Agência Brasil

Lagoeiro ressalta que o nome da exposição foi uma coincidência em relação às queimadas que atingiram o país neste ano. Na verdade, a origem do título remonta às situações retratadas nas antigas obras que já apontavam para um desfecho negativo. “O carro de boi puxando os troncos derrubados da floresta [na obra de Pedro Américo] já é um indício de uma devastação. Este é um exemplo muito bom do que foi o nosso exercício curatorial”, afirmou.

“São imagens muito romantizadas e, a princípio, inofensivas, mas, quando a gente começa a adentrar as imagens deste acervo, identifica troncos derrubados, fumaça, latifúndios. A gente começa a entender um pouco as estruturas e os gestos de destruição que estão ali representados”, afirmou.

No início do século 20, quando as imagens do museu foram produzidas, havia entusiasmo com aquele modelo de progresso, destacou a chefe da Divisão de Acervo e Curadoria do Museu do Ipiranga, Aline Montenegro Magalhães. “As imagens romantizam muito tal tipo de produção como uma etapa inescapável desse progresso. E as obras contemporâneas vêm dar uma resposta: olha onde a gente chegou com essas escolhas de desenvolvimento.”

Pinturas e fotografias de artistas que estão no acervo, como Benedito Calixto e Henrique Manzo, dialogam com trabalhos de Alice Lara, André Vargas, Bruno Novelli, Davi de Jesus do Nascimento, Anderson Kary Bayá, Jaime Lauriano, Luana Vitra, Mabe Bethônico, Roberta Carvalho, (Se)cura Humana, Uýra Sodoma e Xadalu Tupã Jekupé. A curadoria é do Micrópolis, grupo formado pelos arquitetos e pesquisadores Felipe Carnevalli e Marcela Rosenburg, além de Vítor Lagoeiro, junto à equipe do museu.

Independência e Morte

Uma releitura de Independência ou Morte (1888), de Pedro Américo, obra mais popular do Museu do Ipiranga e presente em livros didáticos, abre a exposição, já apresentando os temas que guiaram a curadoria. Intitulada Independência e Morte (2022), a obra de Jaime Lauriano substitui os símbolos e gestos de heroísmo patriótico por efeitos das tragédias ambientais decorrentes do rompimento recente de barragens de mineração no país, além de usar frases que remetem aos problemas ambientais.

“A lama intoxicada do rompimento das barragens que varre aquela paisagem tem algumas menções que foram muito difundidas no campo político recente na história do Brasil, como ‘passa boi, passa boiada’. E também traz alguns elementos que mostram tensionamentos de luta, de movimentos sociais. É como se fosse aquela paisagem alguns anos depois, no que aquele projeto de país resultou”, detalhou Vítor Lagoeiro.

De acordo com o curador, a exposição é bastante diversa em termos de linguagem, com pinturas, fotografias, obras em vídeo, instalações, esculturas, além de arquivos e documentos. “Há também alguns grupos de pesquisadores, ativistas e coletivos [na exposição] que atuam de outra forma, não através da arte. Tem alguns objetos que representam um pouco dessas práticas, como os meliponários dos Guarani aqui em São Paulo, que são estratégias de recuperar a presença das abelhas no território”, acrescentou.

Ampliação do debate

Para Lagoeiro, essa característica propicia a ampliação do debate sobre os assuntos tratados na mostra. O público terá acesso a trabalhos dos pesquisadores Ed Hawkins, cientista britânico do clima, criador das espirais climáticas e riscas de aquecimento, e Eduardo Góes Neves, arqueólogo brasileiro atuante na Amazônia; e dos ativistas, projetos e movimentos sociais Assentamento Terra Vista, Márcio Verá Mirim, Redes da Maré e Hãmhi Terra Viva.

Aline Magalhães ressalta que a narrativa do museu é celebrativa e remete aos primeiros anos de funcionamento da unidade, com uma versão hegemônica dos acontecimentos. “Os contrapontos colocados nessa exposição trazem outras vozes e outras histórias, de comunidades quilombolas e indígenas, outras formas de entender e de ocupar o território. Quando se gente coloca o acervo histórico do museu com obras contemporâneas, a gente fortalece a linguagem do contraponto, ampliando as formas de contar a história e também o olhar crítico sobre essa história.”

Ela lembra que Independência e Morte, de Lauriano, é um quadro produzido no âmbito das comemorações do Bicentenário da Independência, justamente quando o quadro de Pedro Américo estava em mais evidência. “A releitura nos traz um olhar bastante preocupante e preocupado com este país que completa 200 anos de independência em uma situação de morte. Ele troca ‘ou’ por ‘e’ para criticar as escolhas que, em 200 anos, estão mais contribuindo para uma situação de morte e devastação do que para uma independência.”

Estrutura da mostra

Na mostra, peças do acervo do museu fazem contraponto a obras contemporâneas – Paulo Pinto/Agência Brasil

A exposição está dividida em cinco núcleos: Monocultura, que mostra como a prática moldou o território brasileiro e a relação direta com a escravidão; Pavimentação, que aborda a urbanização do território paulista até a persistência das vidas que resistem nesse contexto; Transbordamentos faz referência a tentativas históricas de controle dos cursos d’água e suas consequências; Domesticação evidencia a extinção de espécies como um sintoma da emergência climática e Força geológica trata do impacto humano na transformação geológica da terra, em que as obras registram atividades como mineração e desmatamento e os desastres ambientais gerados por elas.

O núcleo Força geológica apresenta também práticas de incentivo à biodiversidade e ao manejo sustentável do solo.

Com entrada gratuita, a exposição temporária Onde há fumaça: arte e emergência climática fica em cartaz até 28 de fevereiro do próximo ano. O Museu do Ipiranga está localizado na Rua dos Patriotas, 100.

Histórias de vida em formato de cordel são tema de exposição em SP

O verso da canção Chico Preto, dos compositores João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro, já dizia: “a tua história um dia vai virar cordel”. E a partir deste sábado (2), qualquer pessoa que passar pelo Museu da Língua Portuguesa, na região da Luz, na capital paulista, poderá se deparar com uma exposição que conta a história de 21 pessoas por meio da literatura de cordel.

Chamada de Vidas em Cordel, a exposição celebra a tradição oral, a poesia popular e a ancestralidade e é uma realização do Museu da Língua Portuguesa com o Museu da Pessoa, espaço virtual e colaborativo que se dedica, há 30 anos, a registrar, preservar e disseminar histórias de vida. A curadoria é do poeta e cordelista Jonas Samaúma, do cordelista e pesquisador do folclore brasileiro Marco Haurélio, e da xilogravadora Lucélia Borges.

Entre as personalidades que tiveram suas histórias cordelizadas e que estão retratadas na mostra estão o jornalista Gilberto Dimenstein e o líder indígena e imortal da Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak. Mas há também nomes menos conhecidos, de pessoas comuns, que também tiveram trabalhos relevantes ao país.

A mostra chega a São Paulo depois de passar por Pernambuco, Bahia e Minas Gerais. Em São Paulo, ela ganhou três histórias inéditas, de personalidades que desenvolveram trabalhos de impacto na região da Luz, onde o Museu da Língua Portuguesa está inserido.

Histórias

São Paulo 02/11/2024 História de Idibal Matto Pivetta é uma das presentes na exposição. – Foto Guilherme Sai.

Uma dessas três personalidades é César Vieira, pseudônimo de Idibal Matto Pivetta (1931-2023), que, como advogado, teve uma atuação importante na defesa de presos políticos durante a ditadura militar no Brasil. Ele também foi um dos fundadores do grupo Teatro Popular União e Olho Vivo, pioneiro na utilização de processos de criação coletiva. Perseguido pela censura do regime militar, passou a assinar suas peças como César Vieira.

“Para mim, ele sempre vai ser um ser humano incrível: uma pessoa de um coração muito grande. Por uma necessidade do país, ele viu que era necessário se juntar a outras pessoas para trocar experiências, aprender e poder também construir um país mais justo. Ele se formou em direito e jornalismo e também era dramaturgo. Ele foi fundador do Teatro Popular União e Olho Vivo, que é um grupo que há 75 anos faz essa troca de experiência nos bairros populares da capital”, explicou seu filho, Lucas Cesar Pizzetta.

Cesinha, como ele é mais conhecido por herdar o pseudônimo do pai, contou que foi convidado pelo Museu da Pessoa e do Museu da Língua Portuguesa para contar essa história. “Acho que é fundamental esse tipo de iniciativa que contribui para contar a história da cultura popular brasileira. Principalmente hoje, quando vivemos em um momento de dominação tão grande da cultura estrangeira. Precisamos contar essas histórias de uma forma agregada, relacionando esses temas para entender o contexto do país”, disse ele, em entrevista à Agência Brasil.

A história do pai de Cesinha foi cordelizada pela poeta Maria Celma. O cordel, que pode ser retirado gratuitamente na exposição ou ser visualizado por meio do site, inicia essa história pelos seguintes versos: “Falar de Idibal Pivetta. Requer bom senso e coragem. Homem de muitas facetas. E de uma imensa bagagem. Marcou a história das gentes. Como autor e personagem”.

À reportagem, Maria Celma contou que, para iniciar o cordel sobre Idibal, ela começou a consultar sua biografia, assistindo entrevistas e lendo muitos trabalhos publicados sobre ele. “E aí eu me apaixonei pelos feitos, pela pessoa, pelo humano, pelo social dele. Além de prazeroso, foi uma experiência enriquecedora escrever sobre ele. Isso me enriqueceu como pessoa, como cidadã, como brasileira”, disse ela.

Além da história de Pivetta, as outras histórias inéditas cordelizadas para a mostra foram a de Cleone Santos, uma mineira de Juiz de Fora que criou o Coletivo Mulheres da Luz, que oferece apoio e dá visibilidade às mulheres em situação de prostituição; e do rapper MC Kawex, que viveu por 20 anos na chamada Cracolândia, sendo uma voz ativa na região.

“Trazer a exposição para São Paulo abriu uma porta grande para que a gente pudesse também trazer a história de pessoas que estão aqui, digamos, na nossa vizinhança, no nosso território”, falou Camila Aderaldo, coordenadora do Centro de Referência do Museu da Língua Portuguesa. “Conseguimos reunir três nomes para compor essa mostra. Organizar e colocar a história dessas pessoas em literatura é quase uma maneira de fazê-las ainda presentes. E isso é muito poderoso”, acrescentou.

Para Karen Worcman, fundadora e curadora do Museu da Pessoa, a exposição é uma grande celebração da língua portuguesa. Além disso, ela expande o nosso conceito de construção de memória do país. “A ideia básica do Museu da Pessoa é fazer com que a história de cada pessoa se torne um objeto de museu. O museu tem como objetivo promover uma mudança, uma democratização da memória social, ampliar o jeito que a gente conta a nossa história na sociedade”.

Todas as histórias que estão sendo apresentadas nesta exposição em São Paulo foram incluídas no acervo do Museu da Pessoa. Inclusive as que serão contadas pelo próprio público.

Cabine

Essa exposição não é feita só de histórias apresentadas em painéis e em cordéis que podem ser retirados de forma gratuita no museu. Há também uma cabine interativa, onde os visitantes poderão gravar seus próprios depoimentos.

“O Museu da Pessoa, que é sempre colaborativo, traz sempre uma cabine de histórias de vida. Toda vida dá um cordel. Toda vida é parte de um museu. Então a pessoa que vem tem a possibilidade de gravar a sua história e integrar o acervo do museu – e de forma gratuita”, contou Karen Worcman.

Todos esses depoimentos do público vão depois integrar o acervo digital do Museu da Pessoa .

São Paulo 02/11/2024 Exposição de cordel no Museu da Língua Portuguesa. – Foto Guilherme Sai.

 

Cordel

O cordel surgiu em um tempo onde não havia rádio, internet ou TV e poucos sabiam ler. Para saber as histórias, as pessoas saíam às ruas para ouvir os artistas populares que narravam, em forma de versos, os acontecimentos da região. Até que surgiram as técnicas baratas de impressão e essas histórias começaram a ser reproduzidas em pequenos livros que se propagaram pela Europa. 

Quando chegou ao Brasil, isso ganhou uma linguagem própria, com humor, críticas e capas ilustradas com xilogravuras, técnica que consiste em entalhar em pedaços de madeira imagens de alto e baixo relevo que depois receberão camadas de tinta e serão reproduzidas em papel, como uma espécie de carimbo.

“A literatura de cordel, enquanto gênero, enquanto cultura, enquanto história, tem uma força enorme para todos os brasileiros. Esse projeto de exposição, além de bonito, é importantíssimo do ponto de vista sócio-cultural. Esse projeto é realmente uma ação de salvaguarda da literatura de cordel”, disse a cordelista Maria Celma.

Desde 2018, a literatura de cordel e seus bens associados, como a xilogravura, são reconhecidos como patrimônio cultural e imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Mostra

A exposição está sendo apresentada no Saguão B do museu e tem entrada gratuita. Ela ficará em cartaz até fevereiro do próximo ano. 

As histórias que estão em exposição poderão ser acessadas também de forma virtual, por meio do site Nesse conteúdo online também está disponível o livreto Vidas em Cordel para Educadores, um material educativo e gratuito voltado para professores e que pode ser utilizado em atividades educativas.