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Shows e celebrações marcam Dia do Evangélico em várias cidades do país

Este 30 de novembro é Dia do Evangélico em todo o país, mas, como a Lei 12.328/2010 que instituiu a data não decretou feriado nacional, o dia livre ocorre apenas em algumas cidades. Com ou sem folga, atividades em algumas localidades lembraram a data e refletiram sobre o papel que a fé e a religiosidade ocupam na vida de grande parte da população brasileira.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os evangélicos eram, em 2010, 42,2 milhões, dos quais cerca de 23 milhões são pessoas negras. Para o coordenador do Movimento Negro Evangélico, Jackson Augusto, há muitas denominações evangélicas no país e cada uma delas segue uma agenda de acordo com a forma de ver a teologia e de praticar o próprio culto. “A data vem de um esforço de uma bancada evangélica muito específica. Então, não existe um grande reconhecimento na igreja evangélica como um todo desse dia, do Dia do Evangélico. Acho que é um dia, inclusive, que é pouco comemorado, ou é pouco falado, ou é pouco comemorado ainda nas igrejas”, afirma.

Segundo o líder do movimento, além da heterogeneidade das denominações, também sempre houve uma divisão entre dois grupos de alinhamento entre as igrejas, um que reunia as denominações alinhadas ao Estado e outro que tem o entendimento de que Estado e religião precisam caminhar separados. “Então, acho que por isso que existe essa tensão. Mas hoje, já instaurado o dia, eu acho que serve para a gente fazer algumas reflexões para fora da Igreja. Porque para dentro não faz muito sentido para a gente, sendo um grupo muito heterogêneo, fazer uma grande comemoração, porque não existe uma motivação para tal”, destaca.

Augusto lembra que o próprio dia 30 de novembro não é um marco para a religião e avalia que a data acabou esvaziando um ponto que poderia servir de convergência. “Então, talvez, o debate para fora, pensando o que é ser evangélico, e aí debatendo isso junto à sociedade civil, ao Estado, junto ao governo, junto ao Ministério Público, junto à sociedade brasileira, junto à cultura, ao cenário cultural, talvez faça mais sentido disputar esse dia e também conversar sobre esse dia a partir desse olhar”, reforça.

Essa convergência é um trabalho que o Movimento Negro Evangélico já faz em torno na questão racial, atuando nos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro, Minas Gerais, do Espírito Santo, Paraná, de Pernambuco, da Bahia, do Rio Grande do Norte, de Sergipe e da Paraíba tanto no campo eclesiástico, com a participação em fóruns, coletivos e no suporte formativo de lideranças negras, quanto junto às instituições públicas e organizações sociais no enfrentamento à violência racial e combate ao racismo religioso.

Da mesma forma, há uma atuação das igrejas evangélicas em ações sociais muito forte em todo o país. De acordo com uma pesquisa do Instituto Datafolha (2020), as igrejas evangélicas têm forte presença em áreas periféricas e são responsáveis por 70% das ações sociais de grupos religiosos no país.

Celebrações

Pelo Brasil, enquanto cidades não pautaram atividades para celebrar a data, outras celebram com ampla programação. 

Em Brasília, onde a data é feriado desde a criação da Lei Distrital nº 963, de 4 de dezembro de 1995, houve uma programação extensa desde a quinta-feira (28) com atividades culturais e educativas cristãs, na área externa do Museu da República.

As cantoras Layla Cardoso e Josely Ramos abriram a programação na quinta-feira (28), seguidas da palavra do Pastor Elizeu Rodrigues, e o louvor de Valesca Mayssa fechou a noite. Na sexta-feira (29), a noite começou com muita oração e o show de Bruna Sanolli, seguida de Robinson Monteiro. O louvor de Jeferson&Suellen e a mensagem com ensinamentos do Pastor Claudio Duarte encerraram a programação. Neste sábado, a programação em Brasília termina com o show de Sarah Beatris.

Em Macapá, a celebração da data também teve início com antecedência, na sexta-feira, quando houve a apresentação do cantor de música gospel Thalles Roberto, no Sambódromo. Neste sábado, um culto na Assembleia de Deus dará continuidade à programação que terá a participação dos cantores Zery Magdiel e Paulo André. Também haverá show do cantor Juliano Son, na Praça Jacy Barata Jucá.

Estão previstas ainda atividades nos municípios amapaenses de Santana, Cutias, Mazagão, Pedra Branca do Amapari e Itaubal do Piririm.

Algumas capitais, como Porto Velho e Cuiabá, possuem decretos municipais ou estaduais com celebrações do Dia do Evangélico em datas diferentes da nacional.

Pastor evangélico é indiciado por ofender religião de matriz africana

O pastor evangélico Felippe Valadão, da Igreja Lagoinha, em Niterói, região metropolitana do Rio, foi indiciado nesta terça-feira (16) pelo crime de intolerância religiosa durante um evento oficial da prefeitura de Itaboraí, ocorrido em maio de 2022. Na ocasião, ao falar no evento, diante do público, Valadão ameaçou acabar com terreiros de umbanda do município e que converteria os dirigentes dos centros espíritas da região.

Ao microfone, Valadão disse que “de ontem para hoje tinha quatro despachos aqui na frente do palco. Avisa aí, para esses endemoniados de Itaboraí, que o tempo da bagunça espiritual acabou. A igreja está na rua. A igreja está de pé. E ainda digo mais, prepara para ver muito centro de umbanda sendo fechado na cidade”.

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) apurou que. durante as investigações, ao ouvir o vídeo anexado ao inquérito, concluiu que não houve alteração no conteúdo.

No relatório encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), a polícia informou que ficou comprovada a prática de intolerância religiosa. Na época, ao se defender, Valadão disse que proferiu palavras em defesa da própria fé, acreditando que pessoas de outras religiões de matriz africana poderiam se converter a fé cristã”.

Ele explicou ainda que muitos centros de umbanda seriam fechados, porque seriam convertidas e que, dessa forma, os templos seriam fechados. Valadão disse ainda que nunca incitou a violência contra centros espíritas ou pessoas devotas de religiões de matriz africana.

A prefeitura de Itaboraí informou à época, após a apresentação do pastor evangélico Felippe Valadão, durante às comemorações dos 189 anos da cidade de Itaboraí. “que as declarações dos convidados e artistas para as apresentações são de inteira responsabilidade deles. O governo é para todos e não apoia nenhum tipo de intolerância religiosa”.

A Agência Brasil não conseguiu contato com a defesa do pastor.