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Tarcísio admite “peso” de discurso na elevação da violência policial

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, reconheceu que seu discurso na área da segurança pública teve impacto na elevação da violência policial no estado. Em evento na noite desta sexta-feira (7), o governador afirmou que quando o direcionamento é errado, as consequências são erradas. A fala de Tarcísio ocorre em meio a uma série crescente de denúncias de abuso de poder e homicídios cometidos por policiais no estado de São Paulo e registrados em câmeras.

“Os erros que a gente comete têm reflexo. E tem hora que a gente tem que parar para pensar, fazer uma profunda reflexão e ver onde é que nós estamos errando. Por que é que nós estamos errando? Onde é que nós erramos no discurso? E aí eu concordo com a professora Joana, o nosso discurso tem peso. E, às vezes, se a gente erra no discurso, a gente dá o direcionamento errado e a gente traz consequências erradas. E isso é fácil de ser percebido, hoje”, disse em evento no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), na capital paulista.

Tarcísio se referiu à professora Joana Monteiro, coordenadora do Centro de Ciência Aplicada à Segurança Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que havia falado antes dele. Segundo ela, a retórica das autoridades têm efeito preponderante sobre os policiais e discursos populistas sobre uso da força acabam por se voltar contra a própria tropa.

“O que os senhores falam importa muito, absurdamente. A mensagem que vocês passam para as pessoas e para a tropa tem um efeito, às vezes, muito maior do que qualquer aparelho tecnológico. O policial da ponta é talvez os que mais sofrem com isso. E discursos populistas de que pode-se usar a força unicamente, quem mais sofre com isso é o policial na ponta, porque ele vai cair e quem vai ser responsabilizado criminalmente depois é ele. É a vida dele que vai acabar se isso acontece”, disse.

O governador assumiu ainda que não tem respostas sobre como equilibrar seu discurso para que não pareça um “salvo-conduto” aos policiais e, ao mesmo tempo, garanta que as normas de segurança sejam cumpridas. “Como modular o discurso para garantir, de fato, segurança jurídica, mas também o atendimento às normas, o atendimento aos procedimentos operacionais? Como não permitir o descontrole? Como deixar claro que não existe salvo-conduto? Então, observem que eu tenho, no final das contas, uma série de dúvidas. Não tenho respostas”.

O posicionamento do governador se alterou desde o início do ano. Em março, Tarcísio havia afirmado, ao ser questionado sobre o aumento da violência policial na Baixada Santista, que não estava “nem aí” para as denúncias de que estavam ocorrendo abusos na condução da Operação Verão, deflagrada pela Polícia Militar no litoral. O número de pessoas mortas por PMs em serviço na região havia aumentado mais de cinco vezes nos dois primeiros meses do ano.

“Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU [Organização das Nações Unidas], pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí”, disse a jornalistas.

Câmeras

Tarcísio voltou a dizer que se arrepende de seu posicionamento sobre o uso de câmeras corporais pelos policiais. Desde o começo de seu mandato, em 2023, o governador se mostrava contrário ao uso do equipamento.

“A política de câmeras é uma política que eu particularmente me arrependo muito da postura reativa que eu tive lá atrás. Essa postura vem da percepção que aquilo poderia tirar a segurança jurídica do agente ou mesmo causar hesitação no momento em que ele precisava atuar”.

“E hoje eu percebo que eu estava enganado. Hoje eu percebo que ela ajuda o agente da segurança pública, eu percebo que ela é um fator de contenção e nós precisamos sim de contenção”, disse.

Pesquisas já mostravam, no primeiro ano de mandato do governador, que, depois que a Polícia Militar de São Paulo passou a adotar câmeras corporais portáteis nos uniformes de alguns agentes, a letalidade provocada por policiais em serviço caiu.

Pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgada em maio de 2023, mostrou que, após a adoção do dispositivo, a queda na letalidade policial foi de  62,7% no estado, passando de 697 mortes em 2019 para 260 em 2022.

“Difícil experiencia”, diz Marina sobre a COP29, em discurso final

A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, avaliou a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2024, em Baku, Azerbaijão, como uma “experiência difícil”. A declaração foi dada durante o discurso da autoridade brasileira, neste sábado (23), na plenária final da COP29. “É fundamental, sobretudo após a difícil experiência que estamos tendo aqui em Baku, chegar a um resultado minimamente aceitável para todos nós, diante da emergência que estamos vivendo.”

As negociações sobre a contribuição dos países ricos às nações em desenvolvimento para enfrentar a crise do clima se estenderam além do prazo inicialmente estabelecido, que era a tarde desta sexta-feira (22).

Em entrevista coletiva à imprensa, após o discurso, Marina Silva explicou que a experiência dolorosa ocorre porque, ao fim do dia de debates na Conferência, ainda há assuntos que são altamente importantes para serem resolvidos e que o principal deles é o financiamento climático por países ricos até 2035 demandado pelos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil.

“Nós, que somos mães, se ficássemos apenas olhando para o processo das dores de parto, talvez a gente não olhasse com tanta ternura para criança. Então, aqui [em Baku], ainda estamos esperando a criança nascer. E se nascer, temos a oportunidade de olhar o processo difícil, como algo que valeu a pena. Estamos no processo”, avalia Marina.

Estados Unidos

Ao ser questionada por uma jornalista sobre possíveis desafios relacionados às questões ambientais do planeta, a partir da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em janeiro de 2025, a ministra destacou que o convite para que os Estados Unidos se comprometam com a redução da emissão de gases de efeito estufa do planeta está feito.

“Não paramos quando os Estados Unidos não entraram no protocolo de Kyoto e no Acordo de Paris mas também não deixamos de reconhecer que é um prejuízo muito grande, não só para os países em desenvolvimento, os desenvolvidos que estão nessa agenda, mas um prejuízo para toda a humanidade, inclusive um prejuízo político porque o povo americano está sofrendo as consequências dos eventos climáticos extremos que estão ficando cada vez mais frequentes e intensos.” 

COP das COPs

A ministra Marina ainda comentou sobre a próxima conferência das mudanças climáticas, em novembro de 2025, no bioma amazônico. E chamou a COP30, em Belém (PA), de COP das COPs.

“Fazer da COP30, no território tão simbólico da Amazônia, o momento da vida para restaurar tudo aquilo que parece que estamos perdendo, a cada situação extrema que estamos enfrentando, é um dos maiores desafios que temos pela frente”, prevê.

Financiamento climático

A ministra criticou a proposta inicial das nações mais ricas para o financiamento climático de US$ 280 bilhões até 2035, que avançou para US$ 300 bilhões anuais para custear os compromissos internacionais com a justiça climática. A proposta inicial rejeitada pelas nações desenvolvidas era de US$ 1 trilhão.

Marina Silva reforçou o alinhamento com o Acordo de Paris, firmado na COP21, por 195 países, entre eles, o Brasil. “Os países em desenvolvimento não estão buscando esses recursos para benefício próprio, mas em benefício de todos. Então os países desenvolvidos têm obrigações, conforme o Acordo de Paris, de fazer esses aportes que ajudem a alavancar recursos privados. Mas, é preciso garantir aquilo que é essencial e que assegure, também, uma base para países mais vulneráveis fazerem já suas transições e suas adaptações”.

Mais vulneráveis

Sobre a saída das delegações de pequenos Estados insulares e de países em desenvolvimento da sala de negociações da COP29, no Azerbaijão, neste sábado, contra redação atual do documento que não consideraria as necessidades de países mais vulneráveis, Marina Silva disse que o esforço é que todos voltem ao diálogo.  “Assumimos não deixar ninguém para trás. Todos estamos imbuídos que voltemos todos ao processo da negociação para que possamos contemplar aqueles objetivos estratégicos que são colocados por cada grupo, principalmente quando se trata de países e segmentos tão vulneráveis diante do problema da mudança do clima”.

Contribuição Nacionalmente Determinada

Em sua declaração, a ministra do Meio Ambiente destacou o compromisso brasileiro com o cumprimento das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), que são os compromissos de cada país com a redução dos gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. “Até a COP30, nosso objetivo central passa a ser alinhar NDCs suficientemente ambiciosas para alcançar a missão 1,5 grau Celsius (ºC).” Marina ressaltou que para ter a meta de redução de gases de efeito estufa alinhadas é preciso viabilizar, ainda na COP 29, os meios necessários para implementar esses compromissos.”

Créditos de carbono

Até a noite deste sábado (no Brasil), os países participantes da COP29 aceitaram um acordo sobre as regras para um mercado global de compra e venda de créditos de carbono, que é a moeda que representa a não emissão de uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, contribuindo para a redução do efeito estufa e das mudanças climáticas. Entre os meios, estão, por exemplo, a substituição de combustíveis não renováveis por fontes limpas e o plantio de árvores.

Confira a íntegra do discurso de Lula na abertura do G20

Como anfitrião da Cúpula de líderes do G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro a discursar na manhã desta segunda-feira (18), no lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. A iniciativa do Brasil já conta com 81 membros, segundo balanço apresentado nesta manhã.

Em sua fala, proferida no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, o presidente conclamou os líderes globais a terem a coragem de agir e ressaltou que a fome não é um fenômeno natural, mas um produto de decisões políticas que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade.

Confira a íntegra do discurso:

Minhas amigas e meus amigos,

Primeiro, eu quero agradecer a generosidade da presença de vocês, transformando o Rio de Janeiro na capital do mundo, neste dia 18 de novembro, dia 19 de novembro.

É muito importante o que vamos discutir aqui e eu tenho certeza que, se nós assumirmos a responsabilidade com esses assuntos, da fome e da pobreza, nós poderemos ter sucesso em pouco tempo.

Por isso, eu queria dizer a todos vocês: sejam bem-vindos ao Rio de Janeiro. Aproveitem esta cidade que é conhecida como a Cidade Maravilhosa.

Esta cidade é a síntese dos contrastes que caracterizam o Brasil, a América Latina e o mundo.

De um lado, a beleza exuberante da natureza sob os braços abertos do Cristo Redentor.

Um povo diverso, vibrante, criativo e acolhedor.

De outro, injustiças sociais profundas.

O retrato vivo de desigualdades históricas persistentes.

Estive na primeira reunião de líderes do G20, convocada em Washington no contexto da crise financeira de 2008.

Dezesseis anos depois, constato com tristeza que o mundo está pior.

Temos o maior número de conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial e a maior quantidade de deslocamentos forçados já registrada.

Os fenômenos climáticos extremos mostram seus efeitos devastadores em todos os cantos do planeta.

As desigualdades sociais, raciais e de gênero se aprofundam, na esteira de uma pandemia que ceifou mais de 15 milhões de vidas.

O símbolo máximo na nossa tragédia coletiva é a fome e a pobreza.

Segundo a FAO, em 2024, convivemos com um contingente de 733 milhões de pessoas ainda subnutridas.

É como se as populações do Brasil, México, Alemanha, Reino Unido, África do Sul e Canadá, somadas, estivessem passando fome.

São mulheres, homens e crianças, cujo direito à vida e à educação, ao desenvolvimento e à alimentação são diariamente violados.

Em um mundo que produz quase 6 bilhões de toneladas de alimentos por ano, isso é inadmissível.

Em um mundo cujos gastos militares chegam a 2,4 trilhões de dólares, isso é inaceitável.

A fome e a pobreza não são resultado da escassez ou de fenômenos naturais.

A fome, como dizia o cientista e geógrafo brasileiro Josué de Castro, “a fome é a expressão biológica dos males sociais”.

É produto de decisões políticas, que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade.

O G20 representa 85% dos 110 trilhões de dólares do PIB mundial.

Também responde por 75% dos 32 trilhões de dólares do comércio de bens e serviços e dois terços dos 8 bilhões de habitantes do planeta.

Compete aos que estão aqui em volta desta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade.

Por isso, colocamos como objetivo central da presidência brasileira no G20 o lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

Este será o nosso maior legado.

Não se trata apenas de fazer justiça.

Essa é uma condição imprescindível para construir sociedades mais prósperas e um mundo de paz.

Não por acaso, esses são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 1 e 2 da Agenda 2030.

Com a Aliança, vamos articular recomendações internacionais, políticas públicas eficazes e fontes de financiamento.

O Brasil sabe que é possível.

Com a participação ativa da sociedade civil, concebemos e implementamos programas de inclusão social, de fomento da agricultura familiar e da segurança alimentar e nutricional, como o nosso Bolsa Família e o Programa Nacional de Alimentação Escolar.

Conseguimos sair do Mapa da Fome da FAO em 2014, para o qual voltamos em 2022, em um contexto de desarticulação do Estado de bem-estar social.

Foi com tristeza que, ao voltar ao governo, encontrei um país com 33 milhões de pessoas famintas.

Em um ano e onze meses, o retorno desses programas já retirou mais de 24, 5 milhões de pessoas da extrema pobreza.

Até 2026, novamente sairemos do Mapa da Fome.

E com a Aliança, faremos muito mais.

Aqueles que sempre foram invisíveis estarão ao centro da agenda internacional.

Já contamos com a adesão de 81 países, 26 organizações internacionais, 9 instituições financeiras e 31 fundações filantrópicas e organizações não-governamentais.

Meus agradecimentos a todos os envolvidos na concepção e no funcionamento desta iniciativa, que já anunciaram contribuições financeiras.

Foi um ano de trabalho intenso, mas este é apenas o começo.

A Aliança nasce no G20, mas seu destino é global.

Que esta cúpula seja marcada pela coragem de agir.

Por isso quero declarar oficialmente lançada a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

Muito obrigado.

Bem, meus amigos, daremos agora o início à discussão entre os membros do G20, começando pelos países da troika. Por isso, eu quero passar a palavra para o primeiro-ministro Narendra Modi, da Índia, última presidência do G20.

ONU: comitê pede que Reino Unido reduza discurso de ódio após tumultos

Um comitê da Organização das Nações Unidas pediu nesta sexta-feira (23) que o Reino Unido aprove medidas para coibir discurso de ódio e retórica xenofóbica que, segundo o órgão, tiveram influência direta em alimentar os tumultos recentes no país.

Os distúrbios racistas envolvendo grupos de extrema direita eclodiram em protestos contra a imigração em todo o Reino Unido em agosto, após informações falsas circularem na internet dizendo que o suspeito de um ataque mortal contra meninas era um imigrante islâmico.

“[O Comitê] está preocupado com a persistência e, em alguns casos, com o aumento acentuado de crimes de ódio, discurso de ódio e incidentes xenofóbicos”, disse o Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial em um comunicado à imprensa após uma análise do histórico do Reino Unido.

Isso incluiu discursos racistas e xenófobos por parte de políticos e figuras públicas na mídia impressa, de radiodifusão e online, afirmou.

O órgão da ONU não citou os nomes dos políticos ou dos veículos de mídia envolvidos, mas Gün Kut, membro do Comitê, disse aos jornalistas haver uma ligação direta entre discursos xenofóbicos e violência racial.

“Há uma preocupação óbvia com o discurso de ódio por parte de figuras proeminentes do público”, disse, em uma coletiva de imprensa em Genebra.

O comitê da ONU, que revisa os registros de todos os países a cada poucos anos, também mencionou preocupações com o racismo institucional nos sistemas policial e de Justiça britânicos e pediu que o país criasse um mecanismo para investigar as reclamações.

Não houve nenhum comentário do governo britânico em um primeiro momento.

O antigo governo, liderado pelo Partido Conservador, afirmou em documentos enviados à ONU estar comprometido com a construção de “um Reino Unido mais justo” e com o enfrentamento de “disparidades negativas”. Ele disse que tomou medidas desde sua última revisão para tratar das disparidades, como o lançamento da estratégia Reino Unido Inclusivo, em 2022.

*Reportagem adicional de William James, em Londres

É proibida a reprodução deste conteúdo

“Garanto uma alternância pacífica”: Edmundo González, candidato da oposição venezuelana em seu primeiro discurso público

Edmundo González Urrutia

19 de maio de 2024

 

O candidato da oposição unitária, Edmundo González Urrutia, apareceu pela primeira vez em um comício de campanha em La Victoria, estado de Aragua, centro-norte da Venezuela, no qual afirmou que “alguns tiraram os direitos de todos nós” inicie seu discurso .

Até este sábado, sua figura estava reservada para reuniões com partidos políticos e sociedade civil.

Horas antes, González Urrutia conversou com sua esposa à Voz da América e confirmou que lhe ofereceram segurança de Estado, o que ele aceitou.

González foi apresentado às massas pela líder María Corina Machado, vencedora das primárias de 22 de outubro e impedida de concorrer às eleições devido a uma desqualificação política de 15 anos.

“Continuámos a superar todos os obstáculos e cada vez que nos colocam uma barreira, crescemos mais”, disse Machado perante os seguidores reunidos.

“Eles não nos tiraram e nunca tirarão a nossa esperança.”
Aos 74 anos, o diplomata foi escolhido há dois meses como porta-estandarte unitário da plataforma dos partidos da oposição para enfrentar Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho.

“Garanto uma alternância pacífica na qual todas as forças políticas poderão exercer os seus direitos no âmbito da Constituição”, prometeu González Urrutia aos que ainda atuam no chavismo.

“Pedimos à comunidade internacional que nos acompanhe de perto neste processo, porque será decisivo para reduzir a migração e fazer da Venezuela um parceiro confiável”, afirmou no seu discurso que durou cerca de 12 minutos.

O candidato também dirigiu palavras às Forças Armadas Nacionais: “Serei o garante da sua institucionalidade”, garantiu.

“Chega de cortes de energia, chega de cortes de água, chega de linhas de gás”, dizia um dos muitos cartazes que acompanharam o evento da campanha. Aragua, assim como outros estados do país, apresenta falhas constantes nos serviços públicos. Nas últimas semanas, a população de La Victoria sofreu apagões que duraram dias.

“Estou aqui porque quero mudanças para a Venezuela, quero poder trabalhar para ganhar um bom salário”, disse à VOA Moisés Martínez, 21 anos, que participou da manifestação. “O salário não chega para mim, tenho um filho (…) metade da minha família está fora do país, mas sou daqueles que não quis sair.”

A poucos quilómetros do mesmo local, o chavismo também liderou uma mobilização para apoiar o presidente Maduro, que aspira a um terceiro mandato de seis anos.

Fonte
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Conforme os termos de uso “todo o material de texto, áudio e vídeo produzido exclusivamente pela Voz da América é de domínio público”.Todo o material produzido exclusivamente pela Voz da América está em domínio público. A licença não se aplica a materiais de terceiros divulgados pela VOA.

MPF e DPU acionam Google por disseminação de discurso de ódio

O Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) movem ação civil pública contra o Google e responsáveis por canais do YouTube em que foram registrados discursos de ódio e incitação à violência. O objetivo é excluir postagens e regular conteúdo veiculado por policiais em programas de podcast e videocast na plataforma, para prevenir abusos no direito à liberdade de expressão.

A ação também quer garantir que o Estado adote as medidas disciplinares cabíveis, regulando o uso de redes sociais por policiais militares e fiscalize o uso indevido das plataformas por agentes públicos, já que vem sendo  disseminadas postagens de policiais com teor violento e discriminatório, incitando a violência e estigmatizando comunidades pobres, negras e periféricas.

O caso começou a ser investigado pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do MPF no Rio de Janeiro, por meio de inquérito civil, após reportagens do Ponte Jornalismo – site de jornalismo independente – destacarem o conteúdo violento veiculado por policiais em diversos canais do YouTube, em programas de podcast e videocast. A DPU também iniciou procedimento similar.

“A falta de investigação sobre os eventos relatados nos vídeos e a ausência de medidas disciplinares em relação à conduta nos podcasts e videocasts são questões extremamente preocupantes. Essa omissão permite que práticas prejudiciais persistam sem consequências, minando a confiança na instituição policial e expondo comunidades a potenciais danos”, destacaram Julio Araujo, procurador regional dos Direitos do Cidadão adjunto no Rio de Janeiro, e Thales Arcoverde, defensor regional de Direitos Humanos.

O MPF e a DPU pediram à Justiça Federal a exclusão imediata dos trechos mencionados na ação e a adoção de medidas pelo Google para casos futuros. Também foi solicitada a fiscalização e moderação, pelo Google, do conteúdo postado em canais específicos, como Copcast, Fala Glauber, Café com a Polícia e Danilsosnider. O objetivo do MPF e da DPU é que a empresa implemente um planejamento que permita a análise contínua do conteúdo e a rápida exclusão de material discriminatório.

Também foi requerido à Justiça que determine que o Estado regulamente o discurso de ódio ou perigoso por membros da Polícia Militar, incluindo-o na Instrução Normativa nº 0234/2023, adotando as medidas disciplinares em relação aos casos já mencionados e descritos na ação judicial.

O MPF e a DPU solicitaram ainda a condenação do Google ao pagamento de indenização de R$ 1 milhão e, dos policiais militares, de R$ 200 mil por danos morais coletivos.

A Agência Brasil procurou o Google e aguarda posicionamento.

Indígena usa colagens para mudar discurso sobre povos originários

Shirley Espejo nasceu e cresceu na Vila Maria, bairro da capital paulista com intensa imigração de portugueses e que atualmente tem como característica o grande número de pequenos comerciantes e transportadoras. Com o tempo, o bairro foi substituindo os europeus por famílias das regiões Norte e Nordeste e da Bolívia, que mudaram a cara da região.

Foi nesse bairro que Shirley, filha de bolivianos aymara que chegaram à capital em 1996, começou a folhear, ainda na adolescência, revistas antigas que a família acumulava, para selecionar imagens que iria usar em suas colagens manuais. Seu pai tem somente o ensino fundamental completo, é campesino e foi criado na fronteira do Peru com a Bolívia. Sua mãe concluiu o ensino médio e está ligada à capital administrativa do país, La Paz.

Muito mais difícil do que a colagem digital, que já tem uma infinidade de fotografias e desenhos disponíveis com poucos cliques, a técnica de colagem manual exige paciência. E, no caso da jovem aymara, muito mais calma, além de pertinácia.

A colagista aymara esteve sempre em busca de imagens de indígenas, mas não queria qualquer uma. Deslocar indígenas de cenas de sofrimento para outras, nas quais sublimam tal condição, por exemplo, tornou-se seu propósito.

Nas revistas femininas, Shirley foi constatando, no decorrer dos anos, que não havia fotografias de mulheres indígenas. Também virou costume revirar de cabo a rabo edições da revista National Geographic.

Shirley diz que revistas femininas não traziam imagens de mulheres indígenas – Shirley Espejo/Arquivo Pessoal

“Os meus pais sempre consumiram muita revista, principalmente as de sebos. Eu tenho na memória uma revista chamada Raça, se não me engano. Uma revista de nicho, para o público negro do Brasil. Criaram essa revista justamente porque revistas de variedades não contemplavam pessoas negras vivendo, fazendo qualquer coisa. Ao invés de inserir essas pessoas nos espaços publicitários das revistas, nas matérias, preferiram criar uma revista de nicho. Isso não é exclusivo do Brasil. Nos Estados Unidos, tem revistas como a Ebony”, observa. 

“Em material em português, com indígenas, eu consigo enxergar agora, em um tom jornalístico, principalmente por causa do último governo [o de Bolsonaro], no caso dos yanomami, sobre desmatamento, que trouxeram mais corpos indígenas às revistas. Sempre em um caráter de denúncia jornalística. Com uma roupagem contemporânea, tentam não falar que estão descobrindo os lugares, mas, de certa forma, seguem com a mesma postura. E tem a National Geographic, que é de geógrafos, abraçou fotógrafos e documentaristas e tinha esse orgulho de denunciar, chegar aonde ninguém chegou ainda, essa coisa de desbravador.”

Já entre os guias turísticos que chegavam até suas mãos, por ser formada em gestão de turismo pelo Instituto Federal de São Paulo (IFSP) o que a incomodava desde que iniciou as colagens era o modo “exotizante”, neocolonizador, com que tratavam a população que vivia nos locais que serviam de vitrine para as agências e profissionais do ramo. Quando adolescente, desenvolvia as criações com menos material e menos disciplina, o que mudou com a entrada na universidade. O auge da pandemia de covid-19 foi outro empurrão relevante para Shirley criar mais. Ela é a primeira de sua família a fazer um curso superior, abrindo um caminho de possibilidades para uma prima vinda de seu país de origem.

“O turismo sempre me deu muita curiosidade, por conta da forma como se vendem destinos, países e culturas para o capitalismo. Uma visão capitalista e fetichista de cultura, etnias e povos originários. Isso me motivou também a estudar, e acredito que foi o start para a construção da minha linguagem na colagem analógica”, enfatiza.

Ela diz questionar muito esses materiais, que tendem a não mudar. “Pode-se dizer que já existe um turismo que respeita, o tal turismo de base comunitária, que é uma experiência, um produto turístico que contempla a economia local de uma região. Mas as imagens conversam e trazem muito além do que está lá, do discurso, e eu não tenho muita esperança [quanto a mudanças], principalmente com o Peru, que é um destino muito procurado por conta disso”, acrescenta.

A artista visual destaca que o IFSP fica no bairro do Canindé, perto da feira de rua Kantuta, do povo boliviano, que organiza a comercialização de produtos e apresentações artísticas. Mesmo com a intersecção de espaços, a maioria dos compatriotas de Shirley não frequenta a instituição de ensino. “É uma comunidade que não acessa o instituto, mas que utiliza, às vezes, esse espaço das calçadas, da rua para manifestações culturais, usa bastante o território”, diz.

Atualmente Shirley Espejo trabalha no Museu do Futebol, na capital paulista, e entende que um dos principais meios para avançar com sua mensagem de provocação são as oficinas que organiza e ministra em espaços culturais. Desde 2017, ela exerce o papel de arte-educadora e mediadora cultural, mas é uma presença singular nesses endereços, já que a companhia de outros indígenas é praticamente inexistente.

“De certa forma, minha vida percorreu vários lugares onde existiam essas paredes de separação, mas que, por alguma ação pontual, acabam se tornando portas possíveis. E minha arte também acaba sendo uma consequência disso.”

Shirley diz que, desde muito cedo, em seu trabalho artístico, teve necessidade de honrar o que aprendeu ao longo do tempo, com sua família. E menciona a relevância de seu pai se reafirmar como indígena. “Acho importante explicar que não sou uma pessoa religiosa, não compartilho disso. Mas sei que, como eu convivo muito com a comunidade, vendo as pessoas pela rua, porque cresci vendo, na escola, crianças que também eram indígenas também imigrantes, de certa forma, você acaba aprendendo isso com elas.”

Entre colagem digital e manual, não há preferência, por parte de Shirley, mas uma crítica que faz é a apropriação de pessoas brancas pelos materiais gráficos, com o intuito de evidenciar o mesmo que ela. “Lucram com nosso sofrimento duas vezes. A primeira vez é quando a gente foi fotografada e exposta na revista. A segunda é quando está usando isso para validar nosso discurso. Porque eu não preciso validar meu discurso todo dia, com a minha arte. Só o fato de eu existir, seja no contexto urbano, seja no Brasil, seja como pessoa que se identifica como mulher, basta. Não preciso ficar pedindo validação a outras pessoas. Minha existência já é sobre isso”, sintetiza.

Papa refere-se às tensões entre Venezuela e Guiana em discurso

Papa Francisco em 2016

9 de janeiro de 2024

 

O Papa Francisco apelou esta segunda-feira à comunidade internacional para manter um “maior compromisso” com a implementação do direito humanitário no meio do “número crescente” de conflitos no mundo e referiu-se também às tensões entre a Venezuela e a Guiana.

“Embora não existam guerras abertas nas Américas, existem fortes tensões entre alguns países, por exemplo, entre a Venezuela e a Guiana , enquanto, noutros, como o Peru, observamos fenômenos de polarização que minam a harmonia social e enfraquecem as instituições democráticas”, disse ele em um discurso junto à Santa Sé.

Durante o seu discurso anual aos diplomatas, ele também se referiu aos conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia, e disse que “atacar indiscriminadamente” civis é um crime de guerra porque viola o direito humanitário internacional.

Francisco, de 87 anos, fez os comentários num discurso de 45 minutos aos enviados credenciados no Vaticano, que às vezes é considerado uma visão do “estado do mundo”.

O papa expressou preocupação com a possibilidade de que a guerra entre Israel e o grupo armado Hamas na Faixa de Gaza possa se espalhar por todo o Oriente Médio e apelou a um “cessar-fogo em todas as frentes, incluindo o Líbano”.

Não há conflito que não acabe de alguma forma “atingindo indiscriminadamente” a população civil, afirmou. “Os acontecimentos na Ucrânia e em Gaza são uma prova clara disso. Não devemos esquecer que as violações graves do direito humanitário internacional são crimes de guerra e que não basta apontá-las, mas também é necessário evitá-las.”

“É necessário um esforço maior por parte da comunidade internacional para defender e aplicar o direito humanitário, que parece ser a única forma de garantir a defesa da dignidade humana em situações de guerra”, afirmou.

A campanha militar de Israel na densamente povoada Gaza matou 22.835 palestinos até o momento, segundo as autoridades de saúde palestinas. Israel afirma que 1.200 pessoas foram mortas no ataque do Hamas em 7 de outubro e cerca de 240 foram feitas reféns.

 

Eleições: Biden ataca supremacia branca em discurso na Carolina do Sul


Joe Biden

Nikki Haley

9 de janeiro de 2024

 

Num esforço para conquistar o apoio dos eleitores afro-americanos no seu caminho para a reeleição, o presidente Joe Biden denunciou o “veneno” da supremacia branca nos Estados Unidos, palavras que foram criticadas pela colega candidata à Casa Branca, por parte do Partido Republicano, Nikki Haley.

Do púlpito da Igreja Madre Emanuel em Charleston, Carolina do Sul, onde nove paroquianos negros perderam a vida num tiroteio em 2015, Biden declarou que tal ideologia não tem lugar nos Estados Unidos, “nem hoje, nem amanhã, nem nunca”.

Seus comentários seguiram-se a críticas diretas ao ex-presidente Donald Trump por “glorificar”, segundo ele, a violência política na véspera do aniversário do ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

Na igreja, Biden afirmou que “a palavra de Deus foi perfurada por balas de ódio e raiva, alimentadas não apenas pela pólvora, mas por um veneno que atormentou esta nação por muito tempo”.

Biden recordou a sua vitória nas primárias presidenciais democratas de 2020, endossadas pelo deputado democrata Jim Clyburn. Além disso, aproveitou a oportunidade para abordar a situação em Gaza, sendo interrompido por pessoas críticas ao seu apoio a Israel. Apesar dos inúmeros civis mortos, os EUA não apoiam um cessar-fogo em Gaza.

A ex-governadora Nikki Haley, possível candidata presidencial republicana, respondeu a Biden chamando de “ofensivo” ele ter feito um “discurso político” na igreja onde ocorreu o ataque de 2015. Ela criticou Biden por seu relacionamento com segregacionistas na década de 1970 e por comentários considerados racistas.

 

Biden fará discurso sobre o Estado da União no dia 7 de março

7 de janeiro de 2024

 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fará seu discurso anual sobre o Estado da União em 7 de março.

Em carta enviada à Casa Branca no sábado, o presidente da Câmara, Mike Johnson, estendeu o convite formal para Biden falar antes de uma sessão conjunta do Congresso. Johnson disse que estava convidando Biden “neste momento de grande desafio para o nosso país”.

Na plataforma de mídia social X (antes Twitter), Biden concordou. “Estou ansioso por isso, senhor presidente”, disse Biden.

Este será o primeiro Estado da União para Johnson como presidente da Câmara, que tradicionalmente se senta atrás do presidente e à sua esquerda durante discursos ao Congresso. O discurso deste ano oferecerá uma oportunidade para Biden detalhar a sua visão política e as suas prioridades enquanto faz campanha para a reeleição em novembro.

É importante ressaltar que o discurso de Biden está agendado após alguns momentos críticos para evitar uma paralisação do governo.

O financiamento para agências federais que supervisionam programas de veteranos, transporte, habitação, agricultura e energia expirará em 19 de janeiro. O financiamento para o resto do governo federal, incluindo o Pentágono, o Departamento de Estado e a Segurança Interna, terminará em 2 de fevereiro.

O discurso anual do presidente ao Congresso geralmente está agendado para o final de janeiro ou fevereiro.