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Fãs, familiares e amigos se despedem de Maguila em velório na Alesp

O velório do ex-pugilista José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, foi realizado durante toda a manhã desta sexta-feira (25) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Além de familiares e amigos, muitos fãs estiveram na Alesp para se despedir do lutador, que morreu ontem na cidade de Itu, no interior paulista.

São Paulo (SP), 25/10/2024 – Família, amigos  fãs se despedem de Maguila – Foto Paulo Pinto/ Agência Brasil

Maguila sofria de encefalopatia traumática crônica (ETC), condição comum entre pungilistas, e morreu aos 66 anos de idade, em uma clínica de repouso de Itu, onde estava internado. Em entrevista coletiva concedida na Alesp na manhã de hoje, Irani Pinheiro, viúva do lutador, contou que há cerca de dois meses, Maguila também havia descoberto um nódulo no pulmão.

“Como ele já estava há algum tempo em tratamento, há uns dois meses ele ficou internado por 28 dias, com muitas dores no abdômen e foi descoberto um nódulo no pulmão. Esse nódulo foi retirado praticamente uns dois litros de água do pulmão. Não deu tempo de fazer uma biópsia porque ele já estava mais debilitado. E aí foi piorando. Se vocês olharem a foto, em junho ele estava bem, estava no instituto nosso, bem com os cuidados. Foi muito rápido”, detalhou. 

Bastante emocionada, Irani Pinheiro aproveitou a entrevista coletiva para agradecer aos fãs de Maguila. “Quero agradecer presença de todos, do povo brasileiro, que hoje estão tristes. Mas é uma honra estar falando de uma pessoa que fez parte do Brasil, não negou em nenhum momento a sua origem. Nos só temos que agradecer, primeiro a Deus, que está nos dando força até agora, e a todos vocês, jornalistas e todos as pessoas que amam ele e acreditam e sempre acreditaram nele. Não tenho muitas palavras”, concluiu.

Encefalopatia

De acordo com Irani, o lutador sofreu 18 anos com a encefalopatia traumática crônica (ETC), doença degenerativa e que foi provocada pelos repetidos golpes sofridos na cabeça. “Ele era uma pessoa tranquila, antes da doença. Para quem não sabe, a encefalopatia traumática crônica é muito parecida com o Alzheimer. Quem tem familiares [com Alzheimer] sabe que tem vários sintomas e ele tinha sintomas de agressividade, não por conta da pessoa dele, mas por causa da doença. Ele era uma pessoa tranquila. Como vocês viam na imprensa, ele era em casa. Ele era um menino”.

A cerimônia foi aberta ao público às 08h e e terminou ao meio-dia. Depois disso, o corpo seguiu em cortejo para a cidade de São Caetano do Sul, onde foi realizado um cerimonial de enterro.

Em mensagem publicada ontem em suas redes sociais, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, expressou seus sentimentos sobre a morte de Maguila. “Os brasileiros se despedem hoje do grande lutador Maguila, que nos deixou aos 66 anos. Nascido José Adilson Rodrigues dos Santos, Maguila foi um dos maiores atletas do boxe brasileiro e o nosso mais importante boxeador peso-pesado, acumulando inúmeras vitórias nos ringues e popularizando o esporte. Multicampeão, venceu a maioria das lutas que disputou e conquistou o público com seu grande carisma. Após aposentar as luvas, chegou a lançar um álbum de samba, demonstrando seu amor pela nossa cultura popular. Meus sentimentos e um abraço a toda sua família, amigos e admiradores”.

Velejadores brasileiros se despedem dos Jogos de Paris sem pódio

O Brasil vai encerrar a Olimpíada de Paris sem conquistar nenhuma medalha na vela. É a primeira vez isso acontece desde os Jogos de Barcelona, em 1992. A última esperança de pódio era com Bruno Lobo, na classe Fórmula Kite (kitesurfe), mas o velejador não conseguiu avançar à final da categoria.

Bruno participou nesta quinta-feira (8) das três regatas da semifinal da classe. No regulamento do torneio, oito competidores foram divididos em dois grupos, A e B. Em cada um deles, quem se saiu melhor na fase de classificação recebeu uma vantagem para a semifinal. No caso da chave do brasileiro, a maior vantagem foi para o italiano Riccardo Pianosi, que só precisava de uma vitória em uma das três regatas para se garantir na final. Outro que levou vantagem foi o francês Axel Mazella, que precisaria ser o vencedor em duas das três regatas para avançar. Bruno Lobo e o chinês Qibin Huang só poderiam passar de fase caso ganhassem as três regatas.

Bruno Lobo começou bem, e foi o vencedor da regata de número 1 da série semifinal. Mas, na segunda, acabou em terceiro lugar, pondo fim às chances de avançar à final da Fórmula Kite. O italiano Pianosi foi o vencedor desta regata, e garantiu a vaga na briga pela medalha.

A final da Fórmula Kite terá 6 corridas. A primeira delas já ocorreu hoje, com vitória do austríaco Valetin Bontus. As demais 5 corridas estão previstas para sexta-feira (9).

Outros resultados 

Nesta quinta (8) foram definidos os medalhistas em outras duas categorias com participação de velejadores brasileiros, já sem chances de alcançar o pódio. Na classe NACRA 17, a dupla formada por João Siemsen e Marina Arndt terminou a medal race (regata final) na terceira colocação. No resultado geral eles terminaram em nono lugar. Os campeões olímpicos foram os italianos Ruggero Tita e Marianna Banti. Já os argentinos Mateo Majdalani e Eugenia Bosco, asseguraram a prata, e o bronze ficou com os neozelandeses Micah Wilkinson e Erica Dawson.

Na classe 470, o barco de Henrique Haddad e Isabel Swan foi o 10º colocado na medal race, mesma colocação que obtiveram ao final do torneio. O ouro foi para a Áustria, com Lara Vadlau e Lukas Maher. A prata ficou com Keiju Okada e Miho Yoshioka, do Japão. E a Suécia levou o bronze, com Anton Dahlberg e Lovisa Karlsson.

Escolas de samba se despedem da carnavalesca Rosa Magalhães

Escolas de samba e personalidades prestam homenagens para a carnavalesca Rosa Magalhães, dona de sete títulos do carnaval carioca. 

Ela morreu na noite dessa quinta-feira (25), aos 77 anos. A confirmação foi feita pela escola de samba Império Serrano, pela qual Rosa foi campeã em 1982. 

“Com tristeza, a Império Serrano recebeu a notícia do falecimento da carnavalesca Rosa Magalhães, aos 77 anos, nesta noite”, informou a escola. 

“Fica aqui a nossa gratidão por tudo que você, Rosa, fez pelo carnaval, pela contribuição à nossa história e à arte”, completa a agremiação. 

(Matéria em atualização)

 

Amigos e admiradores se despedem do jornalista Sérgio Cabral

Morto no domingo (14), aos 87 anos, em decorrência de complicações de um enfisema pulmonar, após vários meses internado na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro, o jornalista Sérgio Cabral Santos, ou simplesmente Sérgio Cabral, como era conhecido, teve o corpo cremado nesta segunda-feira (15), no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária da capital fluminense. Ele era pai do ex-governador do Rio Sérgio Cabral.

O cantor e compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz, um dos idealizadores da Feiras das Yabás, que desde 2008 é realizada nas imediações da Praça Paulo da Portela, unindo samba e gastronomia, disse que Sérgio Cabral pai foi um dos intelectuais mais importantes do país. “Ele foi o cara que fez o caminho do Túnel Rebouças [que liga a zona sul à zona norte do Rio]. Foi quem trouxe toda essa cultura de samba, de morro, de subúrbio para que as pessoas de classe média tivessem conhecimento disso. E não só isso, mas divulgou aquelas pessoas como nunca .“

Uma coisa que muito emocionou Marquinhos de Oswaldo Cruz como portelense, uma das escolas de coração de Cabral pai, foi quando o compositor Chico Santana, morador deste subúrbio carioca, morreu. “Ele escreveu no jornal O Dia uma coisa bonita sobre Chico Santana. Os textos que Sérgio Cabral fazia. Pegava aquelas pessoas, que para a grande mídia seriam insignificantes, embora tivessem importância muito grande naquela região, e conseguia dar o devido valor a essas pessoas para a cidade, o estado e o país. Ele dedicou a vida ao samba. Todas essas pessoas passaram pela mão do Sérgio Cabral. Era um cara que tinha prazer em contar histórias de fulano, de beltrano. É um criador de mitos até. Um barato isso”, disse Marquinhos à Agência Brasil.

MIS

O musicólogo e historiador Ricardo Cravo Albin afirmou à Agência Brasil que o desaparecimento de Sérgio Cabral “deixa um vácuo enorme na historiografia, crítica e na música popular, sobretudo suas fontes, suas origens e entre as figuras mais antigas que, em geral, são esquecidas pela vertigem do novo e dos lançamentos mais recentes”.

Para o historiador, Sérgio Cabral representou a elegância de confirmar valores que sempre valeram a pena, porque são permanentes. “Esse tipo de dedicação às coisas permanentes era uma das características que mais encantavam as pessoas que conviviam com Sergio Cabral”. Foi o caso do próprio Ricardo Cavo Albin, que conviveu com o jornalista Sergio Cabral pai desde o começo do Museu da Imagem e do Som (MIS). Cabral foi um dos pioneiros ao entrevistar os grandes vultos da música popular brasileira no museu, o que viria a ser a característica principal do MIS, que é consagrado universalmente por isso.

“Portanto, Sergio Cabral também foi um pioneiro nesse campo”. Quando Cravo Albin lembrou a Sergio Cabral essa originalidade, ele prometeu abrir a biografia para inserir mais um capítulo que era ter inaugurado, como entrevistador, o MIS. “A memória de Sergio Cabral me é muito querida e muito valiosa.”

Sassaricando

O produtor cultural e coordenador de Promoção Cultural do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Malta, conviveu com Sergio Cabral durante dez anos, período em que ficou em cartaz a peça Sassaricando, escrita pelo jornalista e por Rosa Maria Araújo, atual presidente da instituição. “A convivência que a gente teve no Sassaricando foi maravilhosa, um musical do qual ele era autor e no qual eu tive a sorte de trabalhar como cantor e ator. E a convivência com Sergio foi um privilégio, um presente que eu ganhei para minha vida”, disse Malta à Agência Brasil.

Ele já conhecia, e adorava, a figura de Sergio Cabral. “Apaixonado por samba que eu era, tinha os livros dele, curtia seu trabalho e passei curtir mais ainda o Sergio nessa convivência que tive de poder sair das sessões e ir para um bar, um restaurante, e conversar mais sobre personagens importantes da música popular brasileira, dos quais ele era fonte primária. O Sergio conheceu Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Donga, Cartola, João da Baiana, essas pessoas que importam e já não estão aí há muito tempo. E o Sergio agora não está mais aí fisicamente, mas a obra dele está.”

Para Pedro Paulo Malta, Sergio Cabral foi o melhor contador das histórias de figuras ligadas ao samba. “Além de ter sido jornalista e repórter de jornais importantes, como o Jornal do Brasil, Diário Carioca, O Pasquim, ele deixou uma obra escrita fundamental”, lembrou. Da obra literária de Cabral, o livro preferido de Malta é As Escolas de Samba do Rio de Janeiro. “Para mim, é a bíblia do carnaval carioca, da história do carnaval carioca, dos desfiles, e ele conta não só como começaram os desfiles, mas a história de cada uma das escolas. Enfim, um cara fundamental”, definiu o produtor cultural.

Redes sociais

Em mensagem no X (antigo Twitter), a Escola de Samba Império Serrano destacou nesta segunda-feira (15)  a despedida do Rio de Janeiro do jornalista Sérgio Cabral. “Um grande nome na cobertura das escolas de samba e da música popular brasileira, ele foi uma voz que sempre exaltou a nossa cultura e a beleza do carnaval”. Embora se autoproclamasse torcedor da Portela, Cabral tinha também amor por outras agremiações, entre as quais a Império Serrano.

Na noite do próprio domingo (14), em seu Instagram, a direção da Portela lamentou a perda de Sergio Cabral: “A Portela lamenta profundamente o falecimento do jornalista Sérgio Cabral, aos 87 anos. Portelense e apaixonado pelo samba, Sergio ficou popularmente conhecido no carnaval por ser um grande pesquisador sobre o assunto, se tornando referência em 1996, com o lançamento da obra As Escolas de Samba do Rio de Janeiro, que se tornou um marco na carreira do jornalista, sendo reverenciada até hoje para vários pesquisadores e sambistas.

Tendo cerca de 20 obras de sua autoria, o jornalista começou a carreira no final da década de 50 no Jornal Associados, onde escrevia para o Diário da Noite. Carioca, suburbano, nascido em Cascadura e criado no bairro de Cavalcanti, Sérgio Cabral deixa esposa, três filhos e um grande legado sobre a cultura popular brasileira.

“O presidente da Portela, Fábio Pavão, o vice-presidente, Junior Escafura, e toda a família portelense se solidarizam com os familiares e amigos de Sergio Cabral nesse momento. Descanse em paz, Sérgio Cabral”, conclui a postagem da Portela.

Outra agremiação que lamentou a morte de Cabral pai foi a Mocidade Independente de Padre Miguel: “Domingo começando de luto… Hoje, perdemos o grande jornalista Sergio Cabral. Um dos grandes personagens cariocas e apaixonado por carnaval, Cabral foi fundamental dentro da comunicação em nosso tempo. Descanse em paz. A Estrela está de luto”.

Da mesma forma, a Estação Primeira de Mangueira reverenciou o jornalista: ”A Estação Primeira de Mangueira, em nome da presidenta Guanayra Firmino, lamenta o falecimento de Sérgio Cabral. Ilustre mangueirense, jornalista, escritor e compositor, Cabral foi criado no subúrbio carioca e foi um dos principais difusores do samba.

Em suas obras, o livro Mangueira – Nação Verde e Rosa de (1998) e o samba Os Meninos da Mangueira certamente marcaram a história da verde e rosa. Nossos sentimentos aos amigos e familiares. Sua contribuição ao samba e à cidade do Rio de Janeiro é ímpar. Siga em paz!.”

Políticos

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) ressaltou na rede social X que a cultura brasileira, e principalmente a do Rio de Janeiro, sempre tiveram no jornalista, escritor, pesquisador e compositor Sergio Cabral um dos maiores entusiastas e divulgadores. “Fundador do Pasquim, entusiasta do samba, do carnaval, do futebol (era vascaíno inveterado) e dos subúrbios, também foi vereador por três vezes. Sua contribuição à música e ao esporte do Rio são indeléveis. Meus sentimentos aos familiares e admiradores de sua obra, tão popular quanto representativa do espírito carioca.”

O também deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) lamentou a morte do jornalista e escritor: “Confidente nas sessões modorrentas da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, entusiasta da nossa MPB [música popular brasileira] e do carnaval, biógrafo de grandes, concluiu sua vida biológica. Deixa biografia linda. Certa vez me disse que emoção maior era ver o Vasco entrando em campo. Serjão deixa o campo aplaudido”, afirmou o deputado.

Amigos e admiradores se despedem do jornalista Sérgio Cabral

Morto no domingo (14), aos 87 anos, em decorrência de complicações de um enfisema pulmonar, após vários meses internado na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro, o jornalista Sérgio Cabral Santos, ou simplesmente Sérgio Cabral, como era conhecido, teve o corpo cremado nesta segunda-feira (15), no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária da capital fluminense. Ele era pai do ex-governador do Rio Sérgio Cabral.

O cantor e compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz, um dos idealizadores da Feiras das Yabás, que desde 2008 é realizada nas imediações da Praça Paulo da Portela, unindo samba e gastronomia, disse que Sérgio Cabral pai foi um dos intelectuais mais importantes do país. “Ele foi o cara que fez o caminho do Túnel Rebouças [que liga a zona sul à zona norte do Rio]. Foi quem trouxe toda essa cultura de samba, de morro, de subúrbio para que as pessoas de classe média tivessem conhecimento disso. E não só isso, mas divulgou aquelas pessoas como nunca .“

Uma coisa que muito emocionou Marquinhos de Oswaldo Cruz como portelense, uma das escolas de coração de Cabral pai, foi quando o compositor Chico Santana, morador deste subúrbio carioca, morreu. “Ele escreveu no jornal O Dia uma coisa bonita sobre Chico Santana. Os textos que Sérgio Cabral fazia. Pegava aquelas pessoas, que para a grande mídia seriam insignificantes, embora tivessem importância muito grande naquela região, e conseguia dar o devido valor a essas pessoas para a cidade, o estado e o país. Ele dedicou a vida ao samba. Todas essas pessoas passaram pela mão do Sérgio Cabral. Era um cara que tinha prazer em contar histórias de fulano, de beltrano. É um criador de mitos até. Um barato isso”, disse Marquinhos à Agência Brasil.

MIS

O musicólogo e historiador Ricardo Cravo Albin afirmou à Agência Brasil que o desaparecimento de Sérgio Cabral “deixa um vácuo enorme na historiografia, crítica e na música popular, sobretudo suas fontes, suas origens e entre as figuras mais antigas que, em geral, são esquecidas pela vertigem do novo e dos lançamentos mais recentes”.

Para o historiador, Sérgio Cabral representou a elegância de confirmar valores que sempre valeram a pena, porque são permanentes. “Esse tipo de dedicação às coisas permanentes era uma das características que mais encantavam as pessoas que conviviam com Sergio Cabral”. Foi o caso do próprio Ricardo Cavo Albin, que conviveu com o jornalista Sergio Cabral pai desde o começo do Museu da Imagem e do Som (MIS). Cabral foi um dos pioneiros ao entrevistar os grandes vultos da música popular brasileira no museu, o que viria a ser a característica principal do MIS, que é consagrado universalmente por isso.

“Portanto, Sergio Cabral também foi um pioneiro nesse campo”. Quando Cravo Albin lembrou a Sergio Cabral essa originalidade, ele prometeu abrir a biografia para inserir mais um capítulo que era ter inaugurado, como entrevistador, o MIS. “A memória de Sergio Cabral me é muito querida e muito valiosa.”

Sassaricando

O produtor cultural e coordenador de Promoção Cultural do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Malta, conviveu com Sergio Cabral durante dez anos, período em que ficou em cartaz a peça Sassaricando, escrita pelo jornalista e por Rosa Maria Araújo, atual presidente da instituição. “A convivência que a gente teve no Sassaricando foi maravilhosa, um musical do qual ele era autor e no qual eu tive a sorte de trabalhar como cantor e ator. E a convivência com Sergio foi um privilégio, um presente que eu ganhei para minha vida”, disse Malta à Agência Brasil.

Ele já conhecia, e adorava, a figura de Sergio Cabral. “Apaixonado por samba que eu era, tinha os livros dele, curtia seu trabalho e passei curtir mais ainda o Sergio nessa convivência que tive de poder sair das sessões e ir para um bar, um restaurante, e conversar mais sobre personagens importantes da música popular brasileira, dos quais ele era fonte primária. O Sergio conheceu Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Donga, Cartola, João da Baiana, essas pessoas que importam e já não estão aí há muito tempo. E o Sergio agora não está mais aí fisicamente, mas a obra dele está.”

Para Pedro Paulo Malta, Sergio Cabral foi o melhor contador das histórias de figuras ligadas ao samba. “Além de ter sido jornalista e repórter de jornais importantes, como o Jornal do Brasil, Diário Carioca, O Pasquim, ele deixou uma obra escrita fundamental”, lembrou. Da obra literária de Cabral, o livro preferido de Malta é As Escolas de Samba do Rio de Janeiro. “Para mim, é a bíblia do carnaval carioca, da história do carnaval carioca, dos desfiles, e ele conta não só como começaram os desfiles, mas a história de cada uma das escolas. Enfim, um cara fundamental”, definiu o produtor cultural.

Redes sociais

Em mensagem no X (antigo Twitter), a Escola de Samba Império Serrano destacou nesta segunda-feira (15)  a despedida do Rio de Janeiro do jornalista Sérgio Cabral. “Um grande nome na cobertura das escolas de samba e da música popular brasileira, ele foi uma voz que sempre exaltou a nossa cultura e a beleza do carnaval”. Embora se autoproclamasse torcedor da Portela, Cabral tinha também amor por outras agremiações, entre as quais a Império Serrano.

Na noite do próprio domingo (14), em seu Instagram, a direção da Portela lamentou a perda de Sergio Cabral: “A Portela lamenta profundamente o falecimento do jornalista Sérgio Cabral, aos 87 anos. Portelense e apaixonado pelo samba, Sergio ficou popularmente conhecido no carnaval por ser um grande pesquisador sobre o assunto, se tornando referência em 1996, com o lançamento da obra As Escolas de Samba do Rio de Janeiro, que se tornou um marco na carreira do jornalista, sendo reverenciada até hoje para vários pesquisadores e sambistas.

Tendo cerca de 20 obras de sua autoria, o jornalista começou a carreira no final da década de 50 no Jornal Associados, onde escrevia para o Diário da Noite. Carioca, suburbano, nascido em Cascadura e criado no bairro de Cavalcanti, Sérgio Cabral deixa esposa, três filhos e um grande legado sobre a cultura popular brasileira.

“O presidente da Portela, Fábio Pavão, o vice-presidente, Junior Escafura, e toda a família portelense se solidarizam com os familiares e amigos de Sergio Cabral nesse momento. Descanse em paz, Sérgio Cabral”, conclui a postagem da Portela.

Outra agremiação que lamentou a morte de Cabral pai foi a Mocidade Independente de Padre Miguel: “Domingo começando de luto… Hoje, perdemos o grande jornalista Sergio Cabral. Um dos grandes personagens cariocas e apaixonado por carnaval, Cabral foi fundamental dentro da comunicação em nosso tempo. Descanse em paz. A Estrela está de luto”.

Da mesma forma, a Estação Primeira de Mangueira reverenciou o jornalista: ”A Estação Primeira de Mangueira, em nome da presidenta Guanayra Firmino, lamenta o falecimento de Sérgio Cabral. Ilustre mangueirense, jornalista, escritor e compositor, Cabral foi criado no subúrbio carioca e foi um dos principais difusores do samba.

Em suas obras, o livro Mangueira – Nação Verde e Rosa de (1998) e o samba Os Meninos da Mangueira certamente marcaram a história da verde e rosa. Nossos sentimentos aos amigos e familiares. Sua contribuição ao samba e à cidade do Rio de Janeiro é ímpar. Siga em paz!.”

Políticos

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) ressaltou na rede social X que a cultura brasileira, e principalmente a do Rio de Janeiro, sempre tiveram no jornalista, escritor, pesquisador e compositor Sergio Cabral um dos maiores entusiastas e divulgadores. “Fundador do Pasquim, entusiasta do samba, do carnaval, do futebol (era vascaíno inveterado) e dos subúrbios, também foi vereador por três vezes. Sua contribuição à música e ao esporte do Rio são indeléveis. Meus sentimentos aos familiares e admiradores de sua obra, tão popular quanto representativa do espírito carioca.”

O também deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) lamentou a morte do jornalista e escritor: “Confidente nas sessões modorrentas da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, entusiasta da nossa MPB [música popular brasileira] e do carnaval, biógrafo de grandes, concluiu sua vida biológica. Deixa biografia linda. Certa vez me disse que emoção maior era ver o Vasco entrando em campo. Serjão deixa o campo aplaudido”, afirmou o deputado.

Amigos se despedem de Ziraldo e lembram seus traços contra a ditadura

Antes de ser conhecido como o pai do Menino Maluquinho e ícone da literatura infanto-juvenil, o cartunista Ziraldo, falecido no sábado (6), aos 91 anos, teve atuação marcante como jornalista em defesa de democracia. Durante a ditadura militar, usou seus traços para combater o regime autoritário e defender a liberdade de expressão.

O corpo do desenhista foi velado neste domingo, 7 de abril, data que marca o Dia do Jornalista. O velório foi no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, cidade onde o mineiro de Caratinga morreu de causas naturais.

A Agência Brasil conversou com amigos, ex-colegas de profissão e familiares, que ressaltaram a atuação de Ziraldo nos anos de repressão e censura.

O Pasquim

A maior representação de Ziraldo nesse ofício está no jornal O Pasquim, que teve o desenhista entre seus fundadores e principais colaboradores. Ao seu lado, nomes como Jaguar, Sérgio Cabral e Tarso de Castro.

O veículo de imprensa circulou nas décadas de 70 e 80 e era uma das resistências à ditadura, tendo enfrentado censura, perseguição e rendido aos seus responsáveis prisões durante o regime de exceção.

“Era o deboche, a piada, a gozação para afetar o regime ditatorial na base do deboche”, lembra o jornalista Marcelo Auler, hoje conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e que compartilhou a redação de O Pasquim com Ziraldo a partir de 1974.

Um capricho do destino fez com que Ziraldo fosse sepultado no Dia do Jornalista. Foto – Tânia Rêgo/Agência Brasil

“É um outro tipo de jornalismo, muito crítico e sempre de oposição”, classifica. Ele conta que, apesar de repórteres fazerem entrevistas que duravam várias horas, os textos mais longos não eram a característica principal da publicação.

“O Pasquim era um jornal de piada, de cartum, desenhos. O [cartunista] Henfil, com o seu [personagem] Fradim, atingia muito mais que muito texto de jornalismo. O Ziraldo, com suas charges, atingia muito mais que muito texto de vários jornalistas”.

Contra a censura

O ex-deputado federal e ex-ministro das Comunicações Miro Teixeira acrescentou que, por meio do tabloide, Ziraldo e a equipe conseguiram fazer chegar à população as violações que estavam sendo acobertadas pela censura de Estado.

“O Pasquim era censurado também, mas conseguia atravessar com a arte algumas brechas deixadas pela ditadura. Foi útil para levar ao povo o conhecimento do que se passava nos cárceres, porque as pessoas não tinham conhecimento, a classe média não tinha conhecimento. Foi graças a pessoas como o Ziraldo que isso chegou ao conhecimento da população”, conta Miro, que também é jornalista.

O cartunista Ricardo Aroeira aponta legado de Ziraldo em toda a imprensa brasileira. “Como jornalista, ele abriu três, quatro, seis projetos diferentes que, na verdade, mudaram a linguagem jornalística. Nenhum jornal brasileiro é o mesmo depois de O Pasquim. O texto do jornal é diferente, a abordagem da reportagem, um certo senso de humor e leveza, isso tudo é Ziraldo”, diz.

Família

Irmão mais novo do cartunista, o designer gráfico Gê Pinto lembrou de um momento difícil da trajetória de Ziraldo, a prisão durante a ditadura. Um dos prováveis motivos foi a participação em O Pasquim. “Eu estava na casa dele no dia em que ele foi preso. Ainda menino, levei um susto danado”, rememora.

Familiares, amigos e fãs se despediram do cartunista Ziraldo em velório, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro(MAM). Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

“O Ziraldo sempre teve esse compromisso com a liberdade e com a democracia. A gente sentia em cada gesto dele, em cada atitude e nas charges. Foi um orgulho ver como ele foi resistência”, afirma.

Para a cineasta Fabrizia Pinto, filha de Ziraldo, o pai salvou o Brasil do regime militar e enfatizou que Ziraldo não deixou o país no período mais difícil para a imprensa e a sociedade. “Ele ficou no Brasil para lutar contra a ditadura. Ele lutou com a pena, um papel, ideias pequenas e pérolas. Uma pessoa como essa nunca vai se esvair, não vai embora”.

A diretora do Instituto Ziraldo, Adriana Lins, que também é sobrinha do desenhista, enumera fatores que, na visão dela, forjaram Ziraldo como jornalista.

“Ele é um crítico de costumes, um crítico político, um observador curioso desde o dia em que nasceu. Na hora em que você tem todos esses dons, essa sagacidade, essa curiosidade, essa inteligência, acaba virando jornalista”, afirma.

“Ele fez todo mundo saber de tudo de uma maneira tão sagaz, minimalista, em épocas que não podia se falar tudo às claras”, ressalta a sobrinha. O Instituto Ziraldo é uma instituição que preserva o trabalho intelectual do artista.

Jornais e revistas

Ziraldo frequentava redações antes do começo da ditadura militar, iniciada por um golpe que completou 60 anos em 2024. Em 1954, começou uma página de humor no jornal A Folha de Minas. Passou também pelo semanário O Cruzeiro – que tinha enorme circulação nacional – e pelo Jornal do Brasil. O mineiro também trabalhou na revista Pif-Paf, dirigida por Millôr Fernandes.

Após a redemocratização, Ziraldo acreditou em mais projetos editorais, como as revistas Palavra e Bundas, as duas em 1999. A segunda ridicularizava o culto a celebridades. Em 2002 lançou O Pasquim 21. Era uma tentativa de reviver os tempos áureos do tabloide de oposição. Mas a iniciativa durou apenas até 2004.

Estátua

O compositor Antônio Pinto, um dos filhos do desenhista, adiantou que existe o objetivo de criar no Rio de Janeiro um centro cultural em homenagem a Ziraldo.

“Meu pai é uma figura enorme, um cara que criou por mais de 70 anos para o Brasil. A gente tem na nossa casa, onde era o estúdio dele, um material vastíssimo, mais de mil desenhos. A gente quer, de alguma maneira, colocar isso para as pessoas verem”.

Outra forma de legado é um desejo antigo da filha Fabrizia Pinto e que mudaria a paisagem do Rio de Janeiro. Uma estátua na orla da praia de Copacabana, onde já há uma homenagem a outro mineiro, o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).

“Eu gostaria muito que ele ficasse sentadinho do lado dele, Drummond e meu pai, porque eles se amavam muito, eles eram muito amigos”, pediu emocionada.

“Nós é que pedimos. Então vamos fazer todas as homenagens que ele merece e não são poucas”, respondeu o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.