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Dia da Música e Viola Caipira é comemorado em museu do DF

Este sábado (13) é dia de Luar do Sertão, Tristeza do Jeca, Rios de Lágrimas, Moreninha Linda, Encontro de Bandeira e de muitas outras músicas do cancioneiro brasileiro. Hoje comemora-se o Dia Nacional da Música e Viola Caipira, conforme instituído por lei (Lei nº 14.472/2022), em homenagem ao jornalista, escritor e folclorista Cornélio Pires, nascido nessa data em 1884.

 Musicista e professora Bete Silva, uma das atrações do projeto Café com Viola – Arquivo pessoal/Divulgação

Cornélio é apontado como responsável por transpor, na década de 1920, a música caipira original do interior para a metrópole, da roça para a indústria fonográfica. “No início, quando ela foi levada pra cidade, participava de saraus”, conta à Agência Brasil a musicista e professora Bete Silva, que participa Clube do Violeiro Caipira em Brasília.

Bete é uma das atrações do projeto Café com Viola, no Museu Vivo da Memória Candanga, que neste sábado, a partir das 9h, comemora o Dia Nacional da Música e Viola Caipira. Ela vai tocar acompanhada de quatro músicos da Orquestra de Viola de Brasília e do Coral Habeas Cantus.

Folias e missa sertaneja

Para a musicista e professora, o dedilhado da viola caipira é pleno de afetos: “Eu sou violeira porque, desde a minha infância, eu fui criada no interior de Minas. E eu acompanhava as folias de reis, né? Tinha as festas de reis lá, todo janeiro, e eu ia nessas folias e eu via aquele som daquele instrumento de dez cordas, eu achava aquilo o fim do mundo. Eu sempre gostei.”

Foi o som das folias na cidade de Formosa (GO), no Entorno do DF, que também levou o compositor, arranjador e produtor musical Claudinho da Viola ao instrumento quando criança e às apresentações em público mais tarde.

Compositor, arranjador e produtor musical Claudinho da Viola se apresentará no projeto Café com Viola – Luiz Fernandes/Divulgação

“Aqui acontece todo ano a folia grande, a folia da roça, que o povo fala. Aí teve uma missa sertaneja e um amigo do meu pai foi sorteado para ser o guia dessa folia, o mestre guia dessa folia. E ele foi lá em casa me chamar pra tocar junto”, rememora.

Depois de participar de missas e folias, Claudinho virou atração na emissora de rádio local e hoje tem seu primeiro disco instrumental disponível em serviços de streaming.

Assim como Bete Silva, Claudinho vai tocar no Café com Viola. As apresentações poderão ser vistas no YouTube. Além deles, haverá outras atrações e muita conversa regada a café coado, pão de queijo, bolo e iguarias do café da manhã da roça.

“Depois das apresentações, a gente vai ter um momento de roda de prosa sobre cultura, quando a gente pretende dar voz às pessoas da comunidade, do Núcleo Bandeirante, da Candangolândia, além do pessoal do Museu Vivo da Memória Candanga”, informa Luiz Fernandes Rodrigues da Silva, presidente do Clube do Violeiro Caipira.

Serviço:

Café com Viola – Dia Nacional da Música e Viola Caipira

Museu Vivo da Memória Candanga – Lote D, Setor Juscelino Kubistchek, Núcleo Bandeirante

Horário: Das 9h ao meio-dia

Aniversário de Luiz Gama é comemorado com websérie e caminhada em SP

O 194º aniversário de nascimento do advogado, abolicionista, jornalista e poeta negro Luiz Gama foi comemorado nesta sexta-feira (21) na região central da capital paulista com uma caminhada e com o lançamento de uma websérie. A caminhada teve início no local em que está seu busto, no Largo do Arouche, e foi até o Sindicato dos Jornalistas, na rua Rego Freitas, onde ocorreu o lançamento da série documental.

Idealizada pelo Instituto Tebas, “Liberdade ou Morte – Histórias que a História Não Conta” foca, em seu primeiro episódio, em Gama, escravizado que se tornou intelectual e que, com seus conhecimentos jurídicos, libertou mais de 500 pessoas da escravidão.

“Estamos construindo uma narrativa, uma websérie, que conta a história da agenda antirracista em São Paulo”, destaca o pesquisador, escritor, coordenador do Instituto Tebas, e autor da crônica da websérie, Abílio Ferreira.

“Luiz Gama é a única pessoa escravizada que teve a experiência de ser escravizada e que se transforma em um intelectual reconhecido e de impacto na história do país. O funeral dele foi um acontecimento cívico que reuniu cerca de 10% da população paulistana na época”, acrescenta.

Com direção, roteiro, edição e finalização de Alexandre Kishimoto, o primeiro episódio da websérie tem como título “Caminhada Luiz Gama Imortal”, evento que rememora o cortejo fúnebre feito a pé do bairro do Brás, local em que Luiz Gama morava, ao cemitério da Consolação, em 24 de agosto de 1882, onde foi enterrado.

“Luiz Gama é uma pessoa que tinha diversas dimensões. Poeta, jornalista, advogado, e republicano, que participa da fundação do Partido Republicano Paulista. Mas que rompe com o partido quando percebe que é um partido que está trabalhando por perpetuar a escravidão até onde fosse possível e que, quando acontecesse a abolição, que ela fosse feita a partir de indenização para os proprietários de pessoas escravizadas”, ressalta Ferreira.

Luiz Gama foi vendido pelo próprio pai aos 10 anos de idade, em 1840, e transportado de navio de Salvador, onde nasceu, até Santos, passando pelo Rio de Janeiro. Ele é obrigado a subir, a pé e descalço, a Serra do Mar até São Paulo. Gama se alfabetizou aos 17 anos com a ajuda de um estudante da Faculdade de Direito, que se hospedou na casa de seu escravizador.

“A partir da alfabetização, ele descobre que tinha sido escravizado ilegalmente, consegue provas disso. Doze anos depois, ele já está publicando livro, começa a atuar na imprensa, e é um autodidata na ciência jurídica, utiliza todo esse conhecimento, essa habilidade para libertar pessoas, mais de 500 pessoas, com base na lei de 1831, que proibia o tráfico, a escravização de pessoas ingressadas no país a partir daquela data”, conta o pesquisador.

A websérie pode ser assistida gratuitamente no Youtube.