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G20: ministros da Saúde aprovam declarações e coalizão por inovação

Os ministros da Saúde dos países que integram o G20 aprovaram duas declarações ao final do encontro realizado no Rio de Janeiro nos últimos três dias. O primeiro trata das prioridades elencadas em consenso pelo conjunto de países e o segundo aborda temas ligados às mudanças climáticas e à abordagem Uma Só Saúde.

“O ponto alto do encontro foi a aprovação dessas duas declarações. Normalmente, esses encontros terminam com uma única declaração final”, disse a ministra da Saúde, Nísia Trindade, na noite dessa quinta-feira (31), ao fim das atividades.

No último dia, a Reunião de Ministros de Saúde do G20 deu destaque às discussões sobre finanças e saúde. De acordo com Nísia Trindade, uma das principais questões colocadas em pauta foi a diretriz para que os débitos dos países possam ser revertidos em programas de saúde. “Não há uma regra geral. Isso será avaliado a cada caso. Mas é uma orientação importante, que se insere dentro de uma visão que considera a saúde como investimento”.

O documento que trata prioridades destacadas pelo conjunto dos países foi nomeado Declaração do Rio de Janeiro dos Ministros de Saúde do G20. Ele estabelece o compromisso de buscar melhorias para que os sistemas de saúde em todo o mundo alcancem, nos próximos dois anos, níveis melhores aos que eram registrados no período anterior à pandemia de covid-19.

A ministra destacou que o tema da equidade no acesso à saúde norteia todo o documento. Citou como destaque a construção de uma coalizão para a produção local e regional de tecnologias em saúde. “Também nessa declaração são reiterados temas do cuidado com os trabalhadores da saúde, com  respeito às necessidades dos países. Muitas vezes, há um processo de captação de recursos humanos que não respeita a diversidade. Isso foi bastante discutindo e faz parte também da declaração. E também a transição digital, que é uma pauta que já vinha de presidências anteriores”, acrescentou.

Por sua vez, o segundo documento aprovado foi intitulado Declaração dos Ministros de Saúde do G20 sobre Mudanças Climáticas, Saúde e Equidade e Abordagem Uma Só Saúde. Nele, são citadas preocupações com os riscos para a saúde humana decorrentes de eventos como ondas de calor, inundações, secas, incêndios florestais, entre outros.

“Foi colocado, de maneira muito clara a importância de planos de adaptação e mitigação frente aos impactos das mudanças climáticas que considerem a saúde como tema central”, destacou a ministra. Segundo Nísia, houve também uma preocupação particular com a questão da resistência antimicrobiana.

A abordagem Uma Só Saúde foi o centro de discussões ao longo do segundo dia do evento, ocorrido nesta quarta-feira. Por meio dela, se reconhece a interconexão entre a saúde humana, animal, vegetal e ambiental. Sua implementação envolve ações integradas e desde medidas de prevenção de doenças zoonóticas até a promoção de segurança alimentar e proteção do meio ambiente.

Como base nessa abordagem, a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) formaram uma aliança quadripartite e desenvolveram o Plano de Ação Conjunto para Uma Só Saúde (2022–2026). As entidades lembram que 60% dos patógenos que causam doenças em humanos tiveram origem em animais.

A reunião ministerial integra a programação da presidência brasileira do G20, que reúne as 19 maiores economias do mundo, bem como a União Europeia e mais recentemente a União Africana. O grupo se consolidou como foro global de diálogo e coordenação sobre temas econômicos, sociais, de desenvolvimento e de cooperação internacional. Em dezembro do ano passado, o Brasil sucedeu a Índia na presidência. É a primeira vez que o país assumiu essa posição no atual formato do G20, estabelecido em 2008. No fim do ano, a presidência será transferida para a África do Sul.

Para o ministro da Saúde da África do Sul, Aaron Motsoaledi, a liderança brasileira deixou um legado positivo. “Iremos trilhar pelo mesmo caminho em 2025. Nós aprendemos muito com a experiência do Brasil, com as metas ambiciosas definidas. A presidência da África do Sul será guiadas pelos princípios de solidariedade, qualidade e sustentabilidade para reduzir a pobreza e impulsionar o crescimento inclusivo. O trabalho na área da saúde será levado com base no princípio da cobertura universal de saúde. Levaremos adiante algumas das pautas que ganharam destaque durante a presidência brasileira como prevenção de pandemia, preparação de respostas e mudança climática”, afirmou.

Coalizão

A coalizão para a produção local e regional de tecnologias em saúde, de acordo com a ministra Nísia, buscará reduzir as desigualdades em diálogo com a Aliança contra a Fome e a Pobreza, uma das prioridades da presidência brasileira do G20, que será lançada na Cúpula dos Líderes, prevista para ocorrer nos dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro. A proposta conta com o apoio de organismos internacionais e envolverá iniciativas voluntárias. Deverão ser elaboradas chamadas e linhas prioritárias para selecionar projetos que receberão financiamento.

“É importante dizer que participaram de toda a discussão várias iniciativas internacionais que já colocam recursos para inovação. Então, existe o mais importante que é uma arquitetura global de apoio à inovação. A ideia é não ter foco em uma doença específica, mas nas populações em situação de vulnerabilidade. O foco maior é fortalecer as capacidades locais. O mais importante dessa proposta é como fazer uma gestão organizada disso para que o mundo não viva aquilo que vimos durante a pandemia de covid-19, quando 10% dos países eram os únicos que tinham conseguido iniciar a vacinação em junho de 2021”, explicou Nísia.

A ministra citou a dengue como uma das doenças que devem ser observadas com atenção. “Ela hoje é vista como ameaça global, mas não há exclusividade. A proposta é de que haverá um conselho para a governança, formado pelos países do G20. E haverá uma secretaria executiva que será realizada pelo Ministério da Saúde do Brasil para dar continuidade a essas ações, para dar uma organização. É uma arquitetura para ficar, não é uma coisa para este momento”.

G20: Brasil quer criar coalizão para produção regional de vacinas

Ministros da saúde dos países que integram o G20 se reúnem nesta semana no Rio de Janeiro. O encontro deve fechar um consenso entre as nações a ser apresentado na cúpula de líderes, que será realizada nos dias 18 e 19 de novembro, na capital fluminense.

Em entrevista à imprensa, nesta terça-feira (29), a ministra brasileira, Nísia Trindade, disse que a grande contribuição que o G20 pode dar para a saúde global será apoiar a criação de uma coalizão para a produção local e regional de vacinas e medicamentos em países e regiões que têm dificuldade de acesso a esses imunizantes.

“Isso será um fato inédito. Temos trabalhado para reduzir a desigualdade entre os países e aumentar esse acesso. Essa é a principal medida que esperamos ser aprovada. Não é possível continuarmos com a dependência que se verificou durante a pandemia de covid-19, quando muitos países demoraram muito tempo para aplicar a primeira dose da vacina”, afirmou Nísia.

A ministra da Saúde disse ainda que o Brasil também defenderá a expansão da estratégia de saúde digital, medidas de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e a criação de um instrumento para enfrentamento de novas pandemias. 

O país também quer compartilhar a experiência da plataforma Ciência com Saúde, que visa combater a desinformação em temas relativos à saúde.

Coalizão de indústrias alerta para prejuízos de “práticas predatórias”

A Coalizão Indústria, uma associação de 14 entidades empresariais, alertou que importações vindas de países com “práticas predatórias” de comércio ameaçam investimentos para as empresas nacionais de, aproximadamente, R$ 826 bilhões até 2027. Já a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), uma das integrantes do grupo, prevê um déficit de US$ 135 bilhões no saldo da balança comercial brasileira em 2024. Os números foram apresentados ontem (25), em São Paulo, em evento promovido pela Coalização Indústria. 

Em nota, o agrupamento das entidades, responsável por 43% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial com empresas dos setores de construção civil, transformação e comércio exterior, aponta que “as transformações geopolíticas no pós-pandemia e a necessidade de escoar gigantesco excesso de capacidade instalada de produção acentuaram fluxos de produtos vindos desses países, agravando o ataque aos mercados internos”.

Na avaliação da coalização, a indústria brasileira está “sob ataque”. O dirigente Marco Polo de Mello Lopes, coordenador da Coalização, exemplificou com o caso da China. “Em função do que estamos chamando de invasão chinesa, que são importações predatórias provenientes da China, vivenciamos uma política de estado que tem como objetivo escoar o gigantesco excesso de capacidade ociosa da produção que existe naquele país. E para esse objetivo, todas as condições são buscadas, como redução de preços, exportações com margens negativas, trazendo todo este estrago que nós estamos vivenciando aqui. De novo, a indústria está sob ataque”.

Para Mello Lopes, o governo deve tomar medidas estratégicas dentro das regras de comércio exterior para enfrentar o “ataque”, como fizeram outros países. Ele ressaltou que os investimentos sob risco de suspensão são imprescindíveis para o crescimento do país de forma “sustentada e sustentável no longo prazo”, não sendo “passíveis de reposição por outros segmentos econômicos, setor público ou outros países exportadores”.

A Coalização Indústria foi criada em 2018, apresenta-se como apartidária e representante de 13 setores da indústria. São áreas da economia do país que respondem por 57% das exportações de manufaturados, gerando 37 milhões de empregos diretos e indiretos e respondem pelo pagamento anual de R$ 264 bilhões em tributos.

Coalizão de entidades lança campanha por mais negros nos parlamentos

A Coalizão Negra por Direitos, que reúne mais de 200 entidades, dará início à campanha “Quilombo nos Parlamentos Eleições 2024”. O lançamento acontece na noite desta terça-feira (16) em Brasília. A iniciativa busca influenciar na disputa eleitoral municipal que acontecerá neste ano, contribuindo para ampliar o número de prefeitos e vereadores negros comprometidos com o combate às desigualdades e ao racismo e com a construção de um projeto democrático para o país.

Fundada no final de 2019 durante um encontro realizado em São Paulo, a Coalizão Negra por Direitos conta com o envolvimento de diferentes associações, organizações não governamentais, coletivos, grupos e instituições. Desde sua origem, denuncia a desigualdade e a violência contra as pessoas negras, realizando manifestações por todo o país.

“O lançamento da campanha Quilombo nos Parlamentos Eleições 2024 pela Coalizão Negra por Direitos representa um marco significativo na luta por justiça racial no Brasil. Ao apresentar um manifesto com diretrizes, a Coalizão reafirma seu compromisso em ampliar a presença de lideranças negras nos parlamentos municipais, buscando eleger candidatos dedicados ao combate às desigualdades raciais e promoção da democracia”, ressalta Ingrid Farias, da coordenação da Coalizão Negra por Direitos .

“Este movimento não apenas promove a participação política de pessoas negras, mas também fortalece agendas como justiça racial, de gênero, climática e econômica, essenciais para a transformação social e o avanço democrático do país.”

Mapeamento

Durante o lançamento da campanha “Quilombo nos Parlamentos Eleições 2024″, será realizado um debate público sobre o sistema político brasileiro e apresentado um manifesto com os principais focos da Coalizão Negra por Direitos no processo eleitoral.

Serão mapeadas e apoiadas candidaturas de pessoas negras que tenham interlocução com agendas variadas tais como justiça racial, reparações, justiça de gênero, justiça climática e justiça econômica. “A iniciativa focará na vida e no dia a dia das pessoas negras nas cidades e no campo”, afirma, em nota, a Coalizão Negra por Direitos.

Em 2022, em uma campanha similar, 144 candidaturas foram apoiadas. Dentre elas, 29 foram eleitas, correspondendo a 20% do total. Foram 11 eleitos para a Câmara Federal e 18 para diferentes assembleias estaduais.

No ano passado, a Coalizão Negra por Direitos foi responsável por uma ampla campanha, em conjunto com o Instituto de Defesa da População Negra, que reivindicou a escolha de uma mulher negra ao cargo de ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), o que seria inédito em mais de 130 anos de existência da mais alta corte do país. Na época, havia discussões para a sucessão de Rosa Weber, que estava prestes a se aposentar. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou para o lugar de Weber o ex-governador e ex-ministro Flávio Dino.