Skip to content

Órgãos federais buscam fechar cerco a comércio ilícito de tabaco

Um encontro de representantes de órgãos federais realizado nesta segunda-feira (4) em Brasília buscou detalhar ações para fechar o cerco ao comércio ilícito de produtos de tabaco no Brasil. As discussões ocorreram na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) com o objetivo de avaliar a ampliação do protocolo no combate às irregularidades que causam prejuízos financeiros e à saúde no país.

Participaram do evento representantes do Instituto Nacional de Câncer (Inca), da Polícia Federal, da Receita Federal e dos ministérios da Defesa, da Justiça e Segurança Pública, e das Relações Exteriores.

A médica Vera Luiza da Costa e Silva, que é secretária executiva da Comissão Nacional para a Implementação da Convenção-Quadro sobre o Controle do Uso do Tabaco e de seus Protocolos (Conicq), disse que é prioridade do governo brasileiro eliminar o comércio ilícito de tabaco. “O cigarro contrabandeado é de fácil acesso, é vendido nas ruas para crianças, adolescentes e para a população de baixa renda. Isso é contrário à saúde pública, além de não haver arrecadação de impostos”, disse a médica, que faz parte do grupo de assessoramento à Presidência da República. 

Monitoramento

Médica  defende reforço a ações  de prevenção  e repressão  ao contrabando  de  dispositivos  eletrônicos  para  fumar – Joédson  Alves/Agência  Brasil

Na reunião, os órgãos policiais trataram de acertar estratégias previstas no protocolo para realizar apreensões com dados integrados de trabalho. A médica afirmou que é necessária  uma permanente atualização do sistema de rastreamento e localização instalado nas fábricas de cigarros, que permite que os produtos sejam monitorados por satélite.

 “Existe uma comissão nacional para implementar esse tratado. Um dos temas em destaque é o fortalecimento do governo em ações de prevenção e repressão do contrabando de dispositivos eletrônicos para fumar”, disse Vera Luiza. Na opinião da médica, há um reforço nesse combate para que o Brasil reduza drasticamente o comércio ilícito de tais dispositivos.

Desafios

Vera Luiza ressaltou que o Brasil enfrenta como desafios principais a expansão do crime organizado, a extensão das fronteiras e a indústria do tabaco, que amplifica os dados do comércio ilícito para fazer pressão no governo para não aumentar impostos. “Existe um trabalho da indústria do tabaco para tentar comercializar os eletrônicos de uma forma legal porque o consumo de cigarros está diminuindo, não só no Brasil, mas como no resto do mundo.”

Segundo dados expostos na reunião, a arrecadação de impostos sobre os cigarros fica em torno de R$ 8 bilhões, enquanto os gastos com saúde, com aposentadoria precoce e cuidados paliativos de pacientes ficam em torno de R$ 153 bilhões. “Atualmente, o comércio ilícito dos produtos do tabaco representam em torno de 30% do mercado de cigarros no Brasil. O país, na verdade, serve de modelo para o resto do mundo com suas ações de controle ao tabagismo.”

De acordo com o diretor-geral do Inca, Roberto Gil, em um país que é grande produtor e plantador de tabaco, como o Brasil, torna-se importante o rastreamento e controle de toda a cadeia produtiva, desde o processamento do fumo até a manufatura e comercialização dos produtos. “Com o combate ao comércio ilícito, podemos retomar uma política de preços que é um desestímulo ao consumo de produtos do tabaco.”

“Escolas sem paredes” buscam garantir educação em Gaza

Em meio a escombros, em tendas improvisadas nas ruas, equipes de professores tentam juntar crianças e adolescentes em Gaza para tentar garantir não apenas o direito à educação, mas também para oferecer apoio psicossocial e, diante de tantas mortes, tentar lembrá-los da própria humanidade. Este é o trabalho do Centro de Criatividade para Professores, organização palestina sem fins lucrativos.

O diretor geral da organização, Refaat Sabbah, esteve em Fortaleza, na Reunião Global de Educação e conversou com a reportagem da Agência Brasil: “educação não é apenas ensinar o estudante a ler e escrever, é também ensiná-lo sobre a vida, em meio a crise”. 

“É também ensiná-los a lidar com problemas sociais porque, no mundo, as pessoas se tornam egoístas e, às vezes, perdem a solidariedade. Eu posso te afirmar, não há educação sem uma clara e sólida definição do que é ser um ser humano.”

Desde o início da guerra na faixa de Gaza, Israel matou mais de 43 mil palestinos, sendo que quase 19 mil são crianças, de acordo com a Federação Palestina no Brasil. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), até meados de outubro, 1,9 milhão de pessoas, correspondente a 91% da população de Gaza, precisou se deslocar dentro do próprio território.

“Às vezes eu penso que estou em um pesadelo. Que não é realidade. De manhã, eu acordo e penso: isso é mesmo verdade? O que está acontecendo?”, diz Sabbah.

Segundo ele, o Centro de Criatividade para Professores atendeu a mais de 200 mil crianças e cerca de 100 mil famílias. “Ajudamos eles a tentar entender e a lidar como os sentimentos que estão tendo. Mães que não sabem como lidar com as crianças que perderam os pais na guerra e as crianças que não sabem lidar com as mortes”, diz.

O Centro se inspira nos ideais do pensador e educador brasileiro Paulo Freire. O próprio Sabbah cita o conceito de escola sem muros, que é uma unidade integrada com a comunidade e também de que não existe educação neutra.

Em Gaza, é impossível se fechar em escolas, ignorando a realidade ao redor. Até mesmo porque muitas dessas instituições não existem mais. Segundo o relatório de Monitoramento Global da Educação (GEM) 2024 da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), 61% das escolas em Gaza foram atingidas diretamente.

“Começamos a fazer escolas abertas, escolas sem paredes, porque Israel destruiu tudo. A ideia é fazer escolas não importa onde, nos escombros, em tendas, nas ruas. Apenas começar com as crianças que estão com medo.”

E explica: “através da educação, é possível ajudar estudantes, professores, crianças a entender o problema e a ideologia. O que está acontecendo? Por que os Estados Unidos estão fazendo isso? Por que Israel está fazendo isso? Por que estão matando as pessoas sem nenhuma misericórdia? Por que estão destruindo as casas, a história e o futuro das crianças?”.

Sabbah também é membro do Comitê Diretor de Alto Nível para garantia do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 4 da ONU, voltado para a educação, e presidente da Campanha Global pela Educação, movimento da sociedade civil voltado para garantia do direito à educação em todo o mundo. 

Participar de encontros internacionais, como o que ocorreu Fortaleza, é também um momento para falar sobre o genocídio que está ocorrendo em Gaza e buscar apoio.

“Nós ficamos chocados com o silêncio da maioria dos países, embora, oficialmente, eu sei que as pessoas, em geral, apoiam os direitos dos palestinos e são contra o genocídio. Eu vim direto da Palestina para cá porque eu acredito que esse espaço pode ajudar, que podemos falar.”

*A repórter viajou a convite do Ministério da Educação

Escolas buscam soluções para regular uso de celular na sala de aula

Caixas para guardar celulares e perda de pontos em avaliações são algumas das estratégias usadas para que estudantes não se distraiam nas salas de aula com os celulares pela Escola Estadual de Educação Profissional Jaime Alencar de Oliveira, em Fortaleza. A escola recebeu nesta quinta-feira (31) a visita dos ministros da Educação que participaram dos encontros do G20 nesta semana.

Apesar de alguns estados e municípios já restringirem o uso dos aparelhos nas escolas, o Brasil busca uma norma nacional para regular o uso de smartphones e outros aparelhos eletrônicos. 

Para a estudante Débora de Paula, do 1º ano do ensino médio da escola, a restrição é bem-vinda. “O celular para fins educativos pode ser muito bem utilizado, mas a gente tem que ter certos cuidados para que a gente não distorça um pouco o uso dele. Até porque a gente tem que estar atento ao que o professor está falando. A gente quer prestar atenção ao conteúdo que está sendo dado, que é aquilo que a gente vai usar para a nossa vida”.

Débora cursa na escola produção audiovisual. Ela conta que no curso a estratégia é tirar nota de quem usa o aparelho indevidamente. “Tem essa outra nota, que é a nota de perfil, que a gente começa com 10 pontos e, dependendo de alguns pontos a gente vai perdendo. Um deles é o uso indevido do celular. Então aqui a gente tem esse incentivo de não usar o celular durante a sala de aula, a não ser quando o professor está pedindo”.

Isso ajuda a própria estudante a controlar o uso também fora da escola. Na casa dela, ela instituiu até para os pais a regra de usar o celular só até as 22h.

Fortaleza (CE), 31/10/2024 – Ministro da Educação Camilo Santana durante visita à Escola Estadual de Educação Profissional Jaime Alencar de Oliveira. Foto: Ângelo Miguel/MEC

A estudante Lua Clara também está no 1º ano de produção audiovisual e, da mesma forma, tenta controlar o uso do aparelho. “Justamente para não sugar a sua energia. Porque às vezes uma adolescente fala ‘nossa, eu estou tão cansado, com dor de cabeça’. Porque foi dormir às 2h da manhã e estava jogando um jogo. Então, é controlar, mas se adaptar também”, defende.

Já no curso profissional de eletromecânica, a estratégia é guardar os aparelhos dos estudantes, conta Allan Sousa, estudante do 2º ano do ensino médio.

“Eu uso o celular quando o professor permite, inclusive na minha sala de aula”, diz. “O nosso diretor de turma, ele conversou com os pais e eles aceitaram fazer uma caixinha onde a gente coloca os nossos celulares. E a gente só pega se o professor permitir, quando a gente for usar para poder fazer atividade mesmo”.

Ele também apoia a restrição do aparelho. “O celular é um dos principais motivos para distrair o aluno em sala de aula. Imagina, o aluno está tendo uma aula sobre alguma coisa, aí aparece uma notificação do celular que, às vezes, pode ser mais interessante do que a aula que ele está tendo em si”, diz o estudante.

O diretor da escola, Kamillo Silva, diz que a instituição busca um equilíbrio. “A ideia é usar as tecnologias com sabedoria”, diz. “Se há uma competição muito grande com a questão relacionada à atenção, que o celular seja diminuído. Se a gente pode utilizar como recurso para a resolução de problemas, como é o caso da educação profissional e do ensino médio, que ele seja mais liberado. Então, talvez o desafio seja encontrar esse equilíbrio. Para nós, para o ensino híbrido, é mais um espaço, é mais uma ferramenta para a resolução do problema, para a aprendizagem, para a devolutiva das atividades também”.

Tecnologia no mundo

O uso da tecnologia nas escolas é tema de debate nos encontros internacionais que ocorrem essa semana em Fortaleza. Foi discutido tanto nos encontros de educação do G20, que terminaram nessa quarta-feira (30), quanto na Reunião Global de Educação (GEM, na sigla em inglês), organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que começou nesta quinta-feira (31).

O relatório de Monitoramento Global da Educação (GEM) 2024, aponta que o uso da tecnologia é muito desigual entre os países. Em países de alta renda, oito em cada 10 adultos conseguem enviar um e-mail com um anexo, mas em países de renda média, como é o caso do Brasil, apenas 3 em cada 10 adultos são capazes de fazer isso

Segundo o diretor do relatório GEM, Manos Antoninis, uma das mensagens mais impactantes do relatório é a queda na aprendizagem dos estudantes em todo o mundo. De acordo com ele, essa queda começou a ser observada em 2010, antes mesmo da pandemia. Entre as razões para que isso ocorra, sobretudo em países de renda alta e média, como o Brasil, está o uso de tecnologia nas escolas.

“É irônico porque todos esses que vendem a tecnologia, prometem que a tecnologia melhora a aprendizagem. A realidade é que quando há um melhoramento é só para muito poucos. Para a maioria dos alunos há um efeito negativo”, disse.

Regras nacionais

Nesta quarta-feira (30), a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 104/2015, que proíbe o uso de celular e de outros aparelhos eletrônicos portáteis nas salas de aula de escolas públicas e particulares, inclusive no recreio e nos intervalos entre as aulas.O projeto segue para a Comissão de Constituição e Justiça. 

Pelo PL, o celular pode ser usado apenas para atividades pedagógicas, ou seja, orientadas pelos professores, nos anos finais do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano e no ensino médio. Já nos anos anteriores, na educação infantil e nos anos iniciais do fundamental, do 1º ao 5º ano, o uso fica proibido. O texto, no entanto, permite ainda o uso do aparelho para fins de acessibilidade, inclusão e condições médicas.

* A repórter viajou a convite do Ministério da Educação

Estrelas do futsal buscam título nos Jogos Universitários Brasileiros

A edição 2024 dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) reuniu em Brasília a nata do futsal feminino brasileiro. Esta afirmação não é exagerada, pois a competição conta com nove jogadoras de seleção brasileira, três da principal e seis da sub-20, além da médica Yhasmin Redondo e do técnico da seleção, Wilson Saboia, eleito pela Futsal Planet Awards (entidade que premia os destaques da modalidade) como o melhor treinador do mundo no ano de 2023.

Quem comparece ao ginásio da Associação do Pessoal da Caixa Econômica (Apcef-DF) nesta semana tem o privilégio de assistir a confrontos emocionantes e de alto nível. Exemplo disso foi o confronto entre UniCesumar-SC e UniFecaf-SP, ainda pela fase de grupos. O empate em 2 a 2 colocou frente a frente duas das melhores jogadoras de futsal do país: Isabelle Maria, a Bella (que marcou os dois gols de sua equipe na partida), e Natália Fernandes, a Natalinha.

Posições diferentes, mas cada uma envergando o mesmo número 12 no uniforme. Bella, que defende o time catarinense, joga mais de fixo. Já Natalinha, da equipe paulista, de pivô. O embate é inevitável, assim como as faltas. Consequência do alto rendimento e também por se conhecerem muito bem.

A falta mais dura foi cometida por Bella: “É muito difícil de marcá-la, pela qualidade dela. A gente fica meio assim, dou o bote? Será que dá”?

“Nos conhecemos muito bem, pois nos enfrentamos em várias oportunidades. Mas falta é do jogo, fica na quadra. Acabou, morreu”, diz Natalinha.

Além do título universitário, o que está em jogo também são pontos para a seleção brasileira. Wilson Saboia, que no JUBs dirige o time da Unifor, jogaria na partida seguinte, mas ficou de olho no confronto anterior.

“Jogamos em alto rendimento, buscando sempre o mais alto, que é a seleção. Ele está aqui, querendo ou não, está observando, e acabamos tendo mais consciência do que fazer, porque nosso sonho é a seleção”, afirma Bella.

Segundo Natalinha, o JUBs também é a importante para atletas mais jovens: “É uma oportunidade única para todas as meninas. Ele está observando e nós temos que fazer o nosso papel em qualquer competição”.

O Brasil sediará a próxima edição da Copa América de futsal feminino, que será disputada entre os dias 22 e 30 de março de 2025. A competição oferecerá três vagas para a primeira Copa do Mundo da história da modalidade, que será realizada no próximo ano nas Filipinas. A seleção brasileira é a atual campeã da Copa América, título que conquistou em 2023 com 100% de aproveitamento, e com incríveis 51 gols marcados, enquanto sofreu apenas um.

E falando na amarelinha, quando as jogadoras colocam a camisa da seleção a rivalidade nem passa perto. “Quando estamos representando o Brasil é todo mundo por uma camisa só. Todo mundo feliz, apoiando e correndo uma pela outra”, diz Natalinha.

Porém, as atletas também valorizam muito os estudos. E, mesmo focadas no futsal, elas sabem que precisam se preparar para o futuro fora das quadras. “Venho de uma família de pescadores lá do Ceará e meus pais não podiam pagar uma faculdade para mim. O futsal me deu o que meus pais não conseguiram. Porém, o futsal não é para sempre, então precisamos estar preparadas para exercer nossa profissão”, conclui Bella.

Brasil e Dinamarca buscam intensificar parcerias em sustentabilidade

Biodiversidade, sustentabilidade e mudanças climáticas estão na agenda diplomática do Brasil e da Dinamarca. Como parte dessa parceria, a rainha da Dinamarca, Mary Donaldson, visitou nesta sexta-feira (4) a sede da Embrapa Cerrados e conheceu as tecnologias aplicadas no país para alinhar integração lavoura-pecuária e sustentabilidade. A Embrapa Cerrados é uma empresa pública e uma das unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Bisgaard Pedersn, considera o trabalho da Embrapa “revolucionário” e adiantou que o país pretende aprofundar as parcerias com o Brasil. “O trabalho aqui é muito inspirador. Precisamos aprender com a Embrapa, levar os resultados, comparar e avançar nessa cooperação”, disse Pedersen.

Para a presidente da Embrapa, Silvia Massuruhá, a visita da comitiva dinamarquesa representa uma oportunidade para estreitar laços com a Dinamarca e apresentar as tecnologias de integração entre agropecuária e meio ambiente. Massuruhá lembrou que um dos desafios da Embrapa é garantir a segurança alimentar no Brasil com base em práticas sustentáveis. “Buscamos aumentar a produtividade conservando os recursos naturais”, ressaltou a presidente.

Na última quinta-feira, a comitiva dinamarquesa também visitou o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), em Manaus (AM). O Inpa é referência nos estudos da biodiversidade amazônica e no entendimento do funcionamento da maior floresta tropical contínua do mundo.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com a Rainha da Dinamarca Mary Elizabeth Donaldson, no Palácio do Planalto. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Manto Tupinambá

Ainda nesta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a rainha da Dinamarca, Mary Donaldson, no Palácio do Planalto. Participaram da reunião o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e o assessor especial da Presidência, Celso Amorim. A rainha estava acompanhada pelo ministro do Clima e Energia, Lars Aagaard, e pela embaixadora da Dinamarca, Eva Bisgaard Pedersen.

Lula convidou a Dinamarca a participar da Aliança Contra a Fome, que o Brasil lançará no encontro do G20, em novembro, no Rio de Janeiro. O presidente também agradeceu à Dinamarca pela devolução do Manto Tupinambá ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro. O item é considerado um ente vivo, de caráter espiritual, que traz identidade, memória e pertencimento para os povos indígenas do Brasil, especialmente para as populações tupi.

A rainha manifestou solidariedade em relação às enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, bem como às secas e incêndios em outras regiões do país. Ela também relatou que Brasil e Dinamarca compartilham muitos valores e ideias comuns. Entre os temas da visita estavam o acesso à saúde por telemedicina, igualdade de gênero e preservação ambiental.

Casada com o príncipe Frederico X, Mary é uma patronesse do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), da Organização das Nações Unidas (ONU).

Bombeiros de São Paulo buscam mulheres desaparecidas após naufrágio

O Corpo de Bombeiros de São Paulo busca duas mulheres desaparecidas após o naufrágio de uma embarcação pequena em São Vicente, no litoral de São Paulo. Na embarcação que afundou nas proximidades da Garganta do Diabo, na noite de domingo (29), estavam sete pessoas, sendo que cinco – três mulheres e dois homens – foram resgatadas. As buscas foram retomadas às 7h desta segunda-feira (30) com três equipes aquáticas e um helicóptero Águia.

De acordo com as informações da Marinha, por meio da Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP), a embarcação naufragada foi identificada como a lancha La Linda. Logo que foi comunicada sobre o naufrágio, a capitania enviou uma equipe ao local para conduzir as buscas em conjunto com o Corpo de Bombeiros.

“Neste momento, as equipes da CPSP e CBMSP continuam as buscas pelas pessoas desaparecidas. Informações que auxiliem na localização das vítimas podem ser passadas diretamente à CPSP. Um inquérito administrativo foi instaurado a fim de investigar as possíveis causas e responsabilidades pelo acidente”, informou a capitania em nota.

A Capitania dos Portos informou ainda que não houve registro de poluição no mar, resultante do afundamento da embarcação.

A Garganta do Diabo é uma região entre a Ilha Porchat e o Parque Estadual Xixová-Japuí, onde está a Praia de Paranapuã, em São Vicente. A área atrai surfistas em dias de ondulação maior, mas é considerada umas das mais perigosas devido às correntezas no trecho.

Estudantes indígenas buscam mais espaço e apoio nas universidades

Cerca de mil estudantes de mais de 100 povos indígenas estiveram em Brasília na última semana para o XI Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (ENEI). O evento, organizado pela Associação dos Acadêmicos Indígenas da Universidade de Brasília (AAIUnB), incluiu uma série de reuniões com representantes dos Poderes Públicos.

Em audiências no Senado, os estudantes indígenas discutiram as cotas nas universidades, mas também criação e a implementação de uma universidade voltada exclusivamente para os povos indígenas, com atenção para as particularidades culturais e educacionais dos indígenas. Também foi entregue uma carta de reivindicações escrita por coletivos indígenas de 25 universidades.

Na Câmara, os estudantes indígenas tiveram uma audiência com os parlamentares para debater a importância da presença indígena no ensino superior nas últimas duas décadas, com ênfase na ciência indígena como uma ferramenta de luta e promoção da equidade.

“Queremos trazer a ciência indígena para dentro da universidade, não somente ficar na grade ocidental, que as universidades oferecem, mas trazer também a nossa diversidade, a nossa identidade, o que inclui a ciência indígena”, ressalta Manuele Tuyuka, presidente da Associação dos Acadêmicos Indígenas da Universidade de Brasília (AAIUnB).

Alisson Cleomar, da etnia Pankararu, tem 29 anos e faz medicina na UnB. Ele conta que muitos estudantes indígenas ainda enfrentam preconceito na universidade. “Eu passei por vários professores que não conseguiam me enxergar como alguém capaz de estar ali naquela sala de aula. E isso me prejudica não só na parte acadêmica, mas também psicológica”, ressalta Alisson, que passou no vestibular com apoio de outros estudantes indígenas. Hoje também é a coletividade que sustenta a continuidade dos estudos. Alisson divide moradia com outros universitários indígenas.

A rede de apoio também foi fundamental para a estudante de engenharia florestal Thoyane Fulni-ô Kamayurá, 22 anos. Ela ficou grávida no início do curso e precisou interromper os estudos.

“Foi desafiador, mas é aquilo. Como a maioria dos indígenas, a gente desde cedo aprende a se virar sozinho. Pelo fato de a gente viver nas aldeias, sempre temos essa questão de trabalho coletivo, seja remunerado ou não. Mesmo que ocorresse uma gravidez de uma criança ou duas, eu já sabia como me virar, porque eu fui criada desse jeito”, conta Thoyane.

Deixar a aldeia é o desafio principal para muitos universitários indígenas. Yonne Alfredo, 25 anos, da etnia Tikuna, do Amazonas, faz biologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ela lembra que teve até apoio dos veteranos, mas ainda assim precisou de muita determinação para ficar longe dos parentes. “É uma mudança enorme na vida de uma pessoa. Foi doloroso deixar minha cidade, meus hábitos, meus costumes”, relata Yonne. “Quando terminar os estudos, pretendo continuar morando na cidade por um tempo. Quero fazer pesquisas e entender as necessidades do povo antes de retornar à aldeia.”

* Estagiária sob supervisão de Marcelo Brandão

Número de pessoas que buscam emprego há mais de dois anos recua 17,3%

O percentual de pessoas buscando emprego há dois anos ou mais, no segundo trimestre deste ano, recuou 17,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad-C), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia 1,7 milhão de pessoas nesta situação no país no segundo trimestre deste ano.

Este é o menor contingente para um segundo trimestre desde 2015, quando havia 1,4 milhão de pessoas à procura de trabalho por mais de dois anos. Apesar do recuo, o grupo ainda representa 22,4% do total de pessoas procurando emprego.

“Boa parte da ocupação no Brasil é gerada via serviços. E aqueles serviços de menor complexidade, que exigem nível de instrução não tão elevado, acabam possibilitando uma absorção maior de perfis diversos de trabalhadores. Isso pode contribuir para uma redução das pessoas que estavam procurando trabalhando há mais tempo”, afirma a pesquisadora do IBGE, Adriana Beringuy.

Também houve recuos no número de pessoas buscando emprego há mais de um ano e menos de dois anos (-15,2%), entre um mês e um ano (-11%) e há menos de um mês (-10,2%). A maior proporção entre os desempregados está entre aqueles que buscam emprego há mais de um mês e há menos de um ano (47,8% do total).

Sexo

No segundo trimestre deste ano, a taxa de desemprego das mulheres atingiu 8,6%, a menor taxa desde o quatro trimestre de 2014 (7,9%). Já o nível de ocupação delas, ou seja, o percentual de pessoas trabalhando em relação ao total em idade de trabalhar, atingiu um nível recorde (48,1%) da série histórica, iniciada em 2012.

Apesar disso, ainda há grande disparidade em relação aos homens, que apresentaram uma taxa de desemprego de 5,6% no segundo trimestre deste ano, ou seja, 3 pontos percentuais a menos que elas. O nível de ocupação dos homens é 68,3%, ou seja, 20 pontos a mais do que as mulheres.

O rendimento médio real habitual das mulheres ficou em R$ 2.696 no segundo trimestre deste ano, R$ 728 a menos do que os homens (R$ 3.424).

Pesquisadores buscam conhecimentos tradicionais para avanço científico

Uma competição para desenvolver a melhor inovação de mapeamento de biodiversidade das florestas tropicais, com um prêmio de US$5 milhões (mais de R$25 milhões) tem reunido tecnologia de ponta e pessoas de diferentes partes do mundo e áreas do conhecimentos há quase cinco anos. Entre os pesquisadores e cientistas estão integrantes de comunidades tradicionais que conhecem profundamente esses ecossistemas.

A desenvolvedora de jogos e liderança Inhaã-bé, Marina Mura e o biólogo Gabriel Nunes são dois exemplos de cientistas que vivem próximos e conhecem profundamente a Floresta Amazônica, onde fica a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, no Amazonas. Foi nesta reserva que ocorreram as avaliações finais da competição global XPrize Florestas Tropicais, neste mês de julho.

Como representantes regionais da equipe suíça ETH Biodivix, eles participaram ativamente do aperfeiçoamento das soluções tecnológicas usadas pelo grupo durante a prova.

“Quando soubemos que a final aconteceria no Brasil, sabíamos que tínhamos que ir até as comunidades o mais cedo possível, conhecer as comunidades o mais cedo possível”, relembra David Dao coordenador das áreas de inteligência artificial e conhecimentos tradicionais da equipe ETH Biodivix.

Assim como as outras equipes, o grupo desenvolveu soluções tecnológicas para coletar amostras digitais e físicas de imagem, som e DNA ambiental. Foram usados drones e veículos robóticos para conduzir os equipamentos por terrenos desafiadores de 100 hectares da Floresta Amazônica.

O principal diferencial do equipamento utilizado pelo grupo foi uma inteligência artificial que tem em sua base de dados a contribuição da ciência-cidadã e utiliza um algoritmo desenvolvido por meio da união de expertises científica, tecnológica e do conhecimento tradicional.

IAs Amazônidas

A Tainá e a Poli são inteligências artificiais (IAs) que conversam em língua portuguesa e reúnem conhecimentos culturais, regionais e científicos da Amazônia. As ferramentas são resultados alcançados pela equipe, após oito workshops realizados na região, que viabilizaram a aproximação e a conquista da confiança da comunidade.

“Porque uma das coisas que a gente aprendeu nos nossos workshops com as comunidades foi que a maior parte dos relacionamentos [das comunidades com pesquisadores], as relações são traídas. As pessoas vão lá, usam o que aprendem, vão embora e não voltam”, conta Kamila Camilo, ativista ambiental e também integrante brasileira na equipe.

Kamila conheceu a competição e a iniciativa por meio de um site cidadão criado pelos integrantes da ETH Biodivix para debater as soluções e frentes tecnológicas que poderiam ser implementadas pelo grupo durante a competição. Logo ela foi integrada na equipe com o objetivo de facilitar a interlocução com as comunidades locais.

O grupo crescia a cada momento em que uma nova expertise alinhada aos objetivos da equipe era identificada. “Quando a gente viu que a Marina tinha essa inteligência lógica e que ela se interessava por tecnologia, pareceu óbvio pra gente que ela era mais do que uma pessoa participando do workshop, mas que ela podia ser parte do time”, relembra Kamila.

Competidores do Xprize Rainforest fazem apresentação de suas tecnologias em Manaus, no Amazonas – Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Inteligência Artificial

Logo que foi apresentada ao protótipo do que seria a inteligência artificial guardiã dos conhecimentos tradicionais, Marina passou a contribuir com o desenvolvimento da Tainá e logo virou curadora do conteúdo da tecnologia. Ao mesmo tempo foi aprendendo como a ferramenta poderia contribuir com as pessoas e o lugar onde vive.

“A minha aldeia é multiétnica, então a gente tem vários aspectos culturais ali dentro e nem todas as aldeias têm os mesmos rituais, utilizam as mesmas coisas. Se a gente puder colocar esses dados e compartilhar com as outras comunidades e ter acesso aos dados de outras comunidades, a gente vai começar a fazer com que essas diversidades culturais caminhem juntas e sejam preservadas”, diz Marina.

Ciência em Português

O manauara Gabriel também chegou ao grupo pelos workshops e logo foi integrado à equipe que desenvolve a Poli, a versão científica da Tainá. Entre as atividades que passou a desempenhar está a adaptação de todos os experimentos científicos desenvolvidos pela equipe à realidade amazônica, inclusive das descrições científicas à Língua Portuguesa.

“Se eu vou tratar cientificamente com um aplicativo, eu preciso que ele reconheça as realidades do universo. Então essa literatura tem que ser em português, porque a Amazônia é escrita em português”, diz.

Coleta de dados

Na fase de treinamento das inteligências artificiais, tanto Marina, quanto Gabriel mostraram os caminhos na floresta para a instalação dos sensores de captura de sons e imagens e também participaram das incursões com drones que complementam as informações das imagens de satélite.

“A gente faz um plano, uma rota, para eles fazerem o mapeamento e a gente usa isso lá na comunidade, para saber se a floresta está saudável ou não, ou se está tendo desmatamento dentro da nossa área protegida. Então, a gente faz esse mapa e o drone sozinho vai tirando várias fotos de cima das copas das árvores e depois a gente faz uma montagem no aplicativo, nos dados e aí a gente tem um grande mapa preciso”, explica Marina.

De acordo com David Dao, a ideia é exatamente essa: que as comunidades possam se beneficiar da tecnologia desenvolvida e que haja um compartilhamento dos benefícios.

“Nós nos comprometemos com as comunidades a continuar essa parceria. Isso é parte de algo maior capaz de empoderá-las não apenas a levantar essas informações, mas de construir essa capacidade de também gerar renda com isso.”

Os integrantes da equipe contam que ficaram surpresos com a baixa valorização dos conhecimentos tradicionais da Amazônia. “Um mateiro que entra na floresta com um pesquisador ganha R$150 por dia para ficar 12 horas em uma trilha guiando um pesquisador no meio da mata. Se esse mesmo cara for com o celular dele, gravar o canto do pássaro, for com a mochila do sequenciamento de DNA, fizer a coleta da amostra, tudo vai ficar registrado no ID dele, que está no blockchain [banco de dados transparente], que não pode ser mudado, ele vai receber a partilha de benefícios e vai ser pago tanto quanto o pesquisador”, conclui Kamila.

*Repórter e fotógrafo Fábio Pozzebom viajaram a convite do Instituto Alana

Grandes nomes do esporte buscam o Olimpo nos Jogos de Paris

Como de costume, os Jogos Olímpicos são uma oportunidade única para acompanhar os melhores atletas de diversas modalidades competirem um atrás do outro. Nesta edição de 2024, cuja cerimônia de abertura no Rio Sena terá início às 14h30 (horário de Brasília) de sexta-feira (26),  Paris receberá nomes vindos de todas as partes do mundo buscando entrar para a história com vitórias memoráveis. Estes atletas, mesmo não sendo brasileiros, merecem ser acompanhados de perto.

Possivelmente a maior figura dos Jogos (não em termos literais) é a ginasta norte-americana Simone Biles. Depois de abrir mão de participar de diversas provas durante a Olimpíada de Tóquio para cuidar de sua saúde mental, a atleta de 27 anos e 1,42 metro de altura está de volta em plena forma, inclusive tendo conquistado cinco ouros no Mundial de 2023. Garantia de espetáculo, ela soma sete medalhas olímpicas, somando os Jogos do Rio e de Tóquio.

What are your #Paris2024 Olympic wishes for, Simone Biles? https://t.co/edPiyYBXlD pic.twitter.com/gnFJRTrGAO

— The Olympic Games (@Olympics) April 29, 2024

No outro extremo da estatura, a seleção masculina de basquete dos Estados Unidos, que sempre gera expectativa nos fãs, chega com um elenco reforçado. LeBron James (que não participou das duas últimas edições) está lá. Kevin Durant também. Um dos maiores astros, além de figura influente na evolução do esporte, o armador Stephen Curry, por incrível que pareça, irá para a primeira Olimpíada da carreira. Todos são veteranos possivelmente se despedindo dos Jogos.

Ainda nos esportes coletivos, o futebol terá a atual campeã do mundo entre as mulheres, a Espanha, contando com as vencedoras dos últimos três prêmios de melhor do mundo da Fifa: Alexia Putellas (duas vezes) e Aitana Bonmatí.

Tennis fans around the world are hoping to see Rafael Nadal return to his favourite court for @Paris2024. 🧡#Paris2024 #RolandGarros

— The Olympic Games (@Olympics) May 28, 2024

No tênis, a número 1 do mundo, a polonesa Iga Swiantek, é presença confirmada. Maior vencedor de Grand Slams entre os homens, com 24 conquistas, Novak Djokovic vai em busca do seu primeiro ouro olímpico (o sérvio tem um bronze em Pequim 2008). No entanto, a maior curiosidade está por ver os espanhóis Carlos Alcaraz, de 21 anos, e Rafael Nadal, de 38, competindo juntos na chave de duplas. Duas gerações de excelência do tênis mundial atuando juntos é algo raro.

As modalidades que oferecem mais provas e, portanto, mais medalhas, são natação e atletismo. Nas pistas, vale acompanhar o norte-americano Noah Lyles. Com estilo irreverente que emula os traços da lenda Usain Bolt, ele chega para tentar bater o recorde mundial do jamaicano nos 200 metros, sua melhor prova. Mas também quer levar o ouro nos 100 metros, repetindo o que alcançou no Mundial de 2023.

Noah Lyles ⚡️⚡️⚡️ pic.twitter.com/tqLOEPAkSH

— The Olympic Games (@Olympics) August 3, 2021

O sueco Armand Duplantis, que já bateu o recorde mundial do salto com vara oito vezes mesmo tendo apenas 24 anos, é uma das maiores barbadas nos Jogos. Nos 400 metros com barreira, o norueguês Karsten Warholm, ouro em Tóquio, surge como um rival à altura do brasileiro Alison dos Santos.

Nas piscinas, o francês Léon Marchand, de 22 anos, aparece como principal nome da delegação anfitriã. Após derrubar o recorde mundial de Michael Phelps nos 400 metros medley, que durava 15 anos, o nadador é tido como favorito nesta e em outras três provas. A americana Katie Ledecky, medalhista em Londres, Rio e Tóquio, é outra figura forte.

“That was insane.”

Leon Marchand took down Michael Phelps’ last individual world record – in the 400m individual medley – as swimming made a spectacular entry at #AQUAFukuoka2023.@WorldAquatics | @EquipeFRA

— The Olympic Games (@Olympics) July 23, 2023

Por fim, entre as modalidades radicais, nas quais o Brasil tem força, o norte-americano Nyjah Huston, do skate, é um nome a acompanhar com atenção.