Skip to content

Exposição em SP mostra computação quântica e inteligência artificial

A vanguarda da ciência e a expressão artística contemporânea se encontram mais uma vez no tradicional Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File), que ocorre a partir desta quarta-feira (3) no Centro Cultural Fiesp, na capital paulista.

O evento, que explora a intersecção entre arte e tecnologia e fomenta espaços de exposição e de debates sobre inovações artísticas impulsionadas por tecnologias inovadoras, está completando 25 anos de existência. Nesta edição, trabalha especialmente com a computação quântica e a inteligência artificial sintética.

Com o tema QUBIT AI – quantum & synthetic ai, a mostra tem curadoria de Ricardo Barreto e Paula Perissinotto.

“O Qubit é relativo à computação quântica e o AI é relativo à inteligência artificial”, explicou Paula Perissinotto, co-organizadora e co-curadora do festival. “O Qubit é o bit da computação quântica [uma unidade básica de informação usada para codificar dados em computação quântica]. Normalmente, a computação tem como bit [menor unidade de informação em sistemas digitais] o 0 ou 1. Já a computação quântica tem o Qubit, que é mais do que 0 e 1, ele é o 0 ou 1 sobreposto, emaranhado, enfim, é outra computação. Os sintéticos, por sua vez, são as inteligências artificiais, obras que foram construídas por inteligência artificial com comando humano”, disse ela em entrevista à Agência Brasil.

São Paulo – Vanguarda da ciência e expressão artística contemporânea se encontram no tradicional Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File) na capital paulista – Foto Eloise Coomber/Divulgação

Essas duas tecnologias têm se destacado muito no cenário contemporâneo: enquanto a computação quântica é o início de uma revolução emergente em todo o mundo, a inteligência artificial sintética já é uma revolução de fato, oferecendo aos artistas novo modo de fazer e de entender a arte, abrindo espaço para novas formas, conceitos e expressões artísticas.

“As pessoas vão encontrar aqui [na exposição] uma camada de tudo. Uma camada digital, que já faz parte do File e que agora está se revelando quase como um passado, até experiências estéticas ainda muito rudimentares no que tange à computação quântica, que são os primórdios da computação quântica. Além disso, há também um computador quântico que estará aqui como objeto e que, na verdade, é uma carcaça enorme de refrigeração que guarda uma coisa pequenininha. E também aqui as pessoas vão encontrar bastante conteúdo produzido, os chamados sintéticos, tanto estéticos quanto clipes, filmes, experiências arquitetônicas sintéticas e sonoras”, afirmou Paula.

Os visitantes da mostra poderão não só contemplar diversas dessas experimentações como também interagir com algumas instalações, vídeos e esculturas digitais.

São Paulo – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File), no Centro Cultural Fiesp, na capital paulista – Foto Paul Gründorfer & Leonhard Peschta/The Sea/Divulgação

Obras

Algumas das obras em exposição são bastante interativas ou imersivas. Entre elas a instalação Ego, em que sua imagem é projetada e distorcida na parede como se fosse um desenho primitivo, mas sempre acompanhando os movimentos de seu corpo. Outra obra é The Forgettable Art Machine, que captura a imagem do público e inicia um processo de análise dentro de seu banco de dados, encontrando a imagem de alguma obra de arte ou fotografia que se assemelhe àquela que foi produzida por você.

“Há ainda uma experiência dos sintéticos sonoros, onde a pessoa coloca um fone de ouvido e pode circular por três vídeos, mudando o som a cada passo que dá em frente de outro vídeo. Há também a obra do Marc Vilanova, uma experiência estética digital, em que ele fez captura de sons de cachoeira, a vibração desse som movimenta fibras óticas e cria toda uma relação. Essa obra é interativa, as pessoas podem tocar, sentir a vibração e também criar uma forma estética. Tem também a gaiola, que é uma experiência de realidade virtual muito interessante e que te transporta para dentro dela”, acrescentou a curadora .

Em entrevista à Agência Brasil, o artista espanhol Marc Vilanova explicou sua obra chamada Cascade, que é uma reflexão sobre como as mudanças climáticas afetam o ecossistema. “Cascade é uma instalação em que trabalho com frequências infrassônicas. As cachoeiras produzem sons que são muito baixos. Os humanos não podem ouvi-los, mas há espécies, como as aves, que ouvem essas ondas infrassônicas da cachoeira e as utilizam para navegar quando fazem migrações de larga distância”.

“O que fiz aqui foi gravar com um gravador especial essas ondas infrassônicas das cachoeiras. Fui ao Niágara, no Canadá, em busca de grandes cachoeiras e quero também ir para Foz do Iguaçu, aqui no Brasil. O que faço é tentar reproduzir essas frequências por caixas de som. E essa vibração é traduzida em fibra óptica, luminescente, que desce, permitindo ver o som cair, ver as vibrações do som caírem pela fibra óptica. Você consegue ver esse som, sentir esse som e tocá-lo. O público está convidado a interagir com a peça, atravessá-la e tocar essas vibrações com a pele”.

Arte e ciência

São Paulo – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File), no Centro Cultural Fiesp, na capital paulista – Foto Thales Leite/Divulgação

Além da experiência estética, o festival também explora a experiência científica. Uma delas, por exemplo, é a obra Fotografia Quântica, da cientista brasileira Gabriela Barreto Lemos, pesquisadora e professora na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela demonstra um experimento científico que usa dois feixes de fótons infravermelhos entrelaçados quanticamente: o primeiro é direcionado para uma placa de silício gravada com a imagem de um gato. O segundo é enviado para uma trajetória diferente, sem interação com a placa de silício.

Foi a primeira vez que uma imagem foi capturada por um feixe de luz sem que ele tenha interagido com o objeto fotografado.

“Produzimos ali uma foto, a imagem de um objeto pelo qual a luz captada pela câmera não passou. Geralmente, para se fazer uma foto, você joga uma luz em um objeto e essa luz é refletida e captada pela câmera ou pelo seu olho. Mas, nesse caso, a gente tinha dois feixes de luz, na verdade fótons, emaranhados. Um deles passa pelo objeto a ser fotografado e o outro gera imagem. Então, o que é captado pela câmera nunca passou pelo objeto e a luz que passou pelo objeto não vai até a câmera. É como se fosse uma foto deslocalizada no espaço”, explicou a cientista.

Aqui, essa técnica inovadora foi apresentada como arte, mas ela tem potencial para ser utilizada e aplicada em áreas como a medicina para diagnósticos de imagem. Para Gabriela, é interessante como um trabalho desenvolvido para avanço científico de uma área que, em teoria, não estaria em uma exposição de arte, acabe em uma mostra artística. “Ela acaba aqui instigando a pergunta do que seria uma nova geração de fotografia e vídeo. O que seria a imagem da pós-revolução tecnológica quântica? Já me perguntaram se ela é analógica ou digital. Mas essa discussão não faz sentido porque é de outra ordem, outra lógica. Estou aqui só mostrando um pouco a ideia, mas o que está por trás tem uma mudança até de paradigma de como a gente pode fazer imagens técnicas e científicas de coisas que nos interessam e que são inacessíveis com as câmeras que temos disponíveis”, afirmou.

Todas essas obras poderão ser vistas gratuitamente no festival até o dia 25 de agosto. Mais informações podem ser obtidas no site do File ou do Centro Cultural Fiesp.

Campus Party vai debater regulamentação da inteligência artificial

Na próxima semana, a capital paulista receberá mais uma edição do maior festival de tecnologia, criatividade e inovação do mundo, a Campus Party Brasil. O evento, que reúne grandes nomes e muitas discussões sobre ciência, tecnologia, astronomia, entretenimento digital e empreendedorismo, será realizado entre os dias 9 e 14 de julho no Expo Center Norte, em São Paulo.

A novidade da edição deste ano é a realização do 1º Fórum do Marco Regulatório da Inteligência Artificial (IA), que pretende levantar discussões e ajudar a estabelecer um marco regulatório sobre o tema, assim como foi feito com o Marco Civil da Internet.

Ao longo de três anos, os fóruns deverão reunir especialistas da academia, da indústria, do governo e da sociedade civil para discutir sobre segurança de dados, ética e impactos sociais e econômicos sobre o uso de inteligência artificial no Brasil. As palestras serão abertas ao público e vão ocorrer nos palcos da Campus Party ao longo das próximas edições.

“A gente já fez, entre os anos de 2012 e 2014, o marco civil da internet no qual a gente trouxe a sociedade, membros do Legislativo, do Executivo e do Judiciário, para debaterem o tema. Em 2014, isso virou lei. E agora a gente se propõe a fazer esse debate [sobre IA], convidando ministros, juristas, presidentes de grandes companhias, líderes de comunidades da Campus Party e reitores para debaterem a inteligência artificial”, disse Tonico Novaes, CEO da Campus Party, em entrevista à Agência Brasil.  Segundo ele, a ideia é criar memorandos de debate que serão enviados para os presidentes dos três poderes. 

Além de painéis, mesas de debate, palestras e apresentações de pesquisas sobre o tema, o Fórum vai promover uma consulta pública, procurando promover um debate aberto e participativo sobre políticas públicas voltadas à inteligência artificial.

“É preciso que o Brasil tenha uma lei própria. Não adianta, como o Senado está se propondo em alguns textos, fazer uma cópia similar da lei europeia, que é uma lei que está muito enraizada nas leis europeias e nem foi aplicada ainda. Ela acabou de ser criada e vai passar por diversas alterações. Nós precisamos criar a nossa própria lei. O que a gente está propondo é que tenhamos um amplo debate nos próximos três anos para que a gente tenha a possibilidade de ter os nossos legisladores com informação suficiente para poder colocar uma lei que agrade a todos os setores”, destacou Novaes.

Para ele, a Campus Party é um ambiente adequado para essa discussão sobre inteligência artificial. “Precisamos, de fato, criar esse debate de uma maneira aberta, democrática e pública. E a Campus Party é o ambiente perfeito para isso porque temos os jovens que são ávidos por novidades, que são heavy users [grandes usuários ou usuários massivos] de tecnologia e que podem nos ajudar nesse debate”, acrescentou.

Destaques

O evento também terá exposição de games, Arena de Robôs, competição gastronômica, concurso de cosplay, simuladores e jogos eletrônicos.

“A Campus Party é um grande celeiro de talentos. O Brasil tem mais de 65 milhões de jovens e a ideia é buscar, dentro desse público, os grandes talentos que vão se sobressair nas disciplinas de empreendedorismo e STEAM (Science, Technology, Engineering, Arts, Mathematics) – do acrônimo do inglês, ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática”, disse Novaes.

A Arena de Robôs, por exemplo, vai apresentar a maior competição de robótica da América Latina, atraindo mais de quatro mil estudantes para disputas como a batalha de robôs, robôs de linha e carros autônomos. “A gente tem, por exemplo, os robôs que passam por obstáculos, que são aqueles que vão ajudar bombeiros e polícias a criarem novas ferramentas de ajuda para a população”, explicou o CEO do evento.

Já o campeonato de gastronomia, chamado de Printer Chef, convida os participantes a criarem pratos com alimentos produzidos em impressora 3D. Outra atração são os hackathons, que reúnem programadores, designers e profissionais ligados ao desenvolvimento de softwares para uma maratona de programação. “A gente tem também a área de drones, onde a gente dará toda a possibilidade de participação para pilotos profissionais e até para crianças, que vão pilotar um drone pela primeira vez. Vamos ter também workshops, onde a gente vai ensinar a construir um drone a partir de materiais reciclados”, falou Novaes.

Além disso, a Campus Party Brasil também contará com seus tradicionais programas como o Startup 360, que possibilita às startups exporem seus trabalhos e receberem mentorias; e a Maratona de Negócios, que visa capacitar mentes inovadoras que estão desenvolvendo um negócio. Outro programa confirmado é a Revista Científica Campus Party, que tem o objetivo de garantir espaço para textos científicos.

Entre os participantes já confirmados estão o do apresentador Marcelo Tas; da especialista em marketing de influência e entretenimento do Brasil, Fátima Pissarra; do pesquisador de cultura analítica, autor e empreendedor, fundador do Cappra Institute for Data Science, Ricardo Cappra; e de Peter Jordan, um dos principais influenciadores do Brasil e fundador da empresa Petaxxon.

Campus Party

O festival é dividido em três áreas: a Arena, o Camping e a Open. A Arena é o lugar destinado para as pessoas que compraram o ingresso. Nessa área, eles podem levar seus computadores para acompanhar palestras, workshops e ocupar as bancadas de comunidades.

Já a área Open é um espaço gratuito onde as pessoas poderão vivenciar atividades como o Printer Chef, a Arena Drone, a Arena Robô, os simuladores e a exposição de games, por exemplo.

O Camping, por sua vez, é uma das marcas do festival: neste local, os campuseiros acampam. “Para quem quer consumir todo esse conteúdo de uma maneira mais imersa, a gente tem o camping, destinado para quem quer ficar por lá os cinco ou seis dias do evento”, explicou o CEO.

A programação do evento pode ser consultada no site da Campus Party Brasil.

 

Grupo usa inteligência artificial responder sobre dermatite atópica

Um grupo de 11 professores ligados à International Society of Atopic Dermatitis (Isas), que conta com a participação de três médicas brasileiras, elaborou estudo baseado em inteligência artificial (IA) para abastecer o aplicativo ChatGPT com perguntas e respostas científicas sobre dermatite atópica, voltadas para a parte social.

“Esses professores são também pesquisadores de dermatite atópica no mundo”, disse nesta quinta-feira (27) à Agência Brasil a dermatologista Ana Mósca, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologista do Rio de Janeiro (SBDRJ) que participa do grupo.

Cada integrante do grupo elaborou dez perguntas e respostas para consultas de pacientes sobre a doença. O resultado do trabalho, iniciado no ano passado, foi publicado em inglês no Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology. “Isso foi um mérito para nós do grupo como professores e pesquisadores.”

O conteúdo do trabalho está à disposição de todos e não somente da comunidade médica e científica. As informações permitem à população em geral saber como se portar em situações relacionadas à doença.

“No Google, geralmente, o paciente não encontra acolhimento. Já no Chat GPT, fizemos perguntas muito variadas como, por exemplo, aquelas ligadas a banhos de ervas e chás”. Quem buscar informações via inteligência artificial vai encontrar respostas produzidas por especialistas de todo o mundo, disse a dermatologista.

África

O trabalho já foi publicado em inglês. Agora, o grupo de pesquisadores está fazendo versões para outros idiomas, incluindo português, japonês, russo, espanhol, francês. O grupo internacional  desenvolve várias ações sociais para ajudar pacientes carentes.

Agora, a meta é trabalhar os africanos sem assistência social, ajudando médicos a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Ana Mósca trabalha no Hospital Municipal Jesus, no Rio de Janeiro, onde desenvolve ações sociais com os pacientes portadores da doença.

As outras duas pesquisadoras do Brasil são Valéria Aoki e Raquel Leão Olfali, ambas do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).

Patologia difícil

Ana considera a dermatite atópica uma patologia difícil. Segundo explicou, os quadros moderados graves de dermatite atópica são dramáticos, o que leva muitos pacientes a ter pensamentos de suicídio.

“Imagina um paciente com a pele toda comprometida, que se coça demais, que não dorme à noite, que perde um terço do seu dia no ano em casa porque não consegue ir para a escola ou o trabalho. Do ponto de vista social, eles têm problemas sérios. É uma doença estigmatizante.”  Atualmente, existem medicamentos específicos para a doença. Mas são muito caros e de difícil acesso para pacientes carentes.

Dermatite atópica

Trata-se de uma doença inflamatória que é desencadeada por vários fatores ambientais e alérgicos que se manifesta com várias lesões de pele. A principal é o eczema, acompanhado de coceira, ou prurido. Normalmente, esse eczema é acompanhado de lesões secundárias.

“É um eczema agressivo e a coceira é marcante.” A escala de gravidade da dermatite atópica vai de leve a grave, passando por moderada. “De moderada a grave são os casos dramáticos, de difíceis controle, diagnóstico e tratamento. Não é qualquer pessoa que consegue tratar um paciente com dermatite atópica moderada a grave”, afirma a médica.

Ana informou que, em relação ao serviço de saúde pública, medicamentos específicos para esses pacientes são de difícil acesso e têm alto custo. “E a gente tem muita dificuldade junto aos protocolos clínicos de diretrizes de tratamento para que os pacientes comuns tenham acesso a esses medicamentos. Às vezes, consegue-se via planos de saúde. O custo é elevado porque são pacientes, muitas das vezes, que permanecem internados durante grande parte do ano, não só devido às lesões, mas também por infecções bacterianas graves.” A coceira é intratável.

A dermatite atópica não é contagiosa. “Entretanto, se houver infecção bacteriana pode contaminar outras pessoas pelo contato com a pele.”

O diagnóstico precoce consegue diminuir a gravidade da evolução do quadro. Quando não se trata logo, a doença vai progredindo e ficando incontrolável, tornando-se quase um problema de saúde pública e tem que usar medicamento especial.

O Chat GPT surge para informar de forma científica e correta dúvidas de pacientes com dermatite atópica.

Consulta pública

A partir desta sexta-feira (28), a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) abre consulta pública para incorporação de novos medicamentos de alto custo para tratamento da dermatite atópica para facilitar a vida dos pacientes. A consulta estará aberta à participação popular até o dia 17 de julho próximo. 

Procon faz consulta sobre uso de Inteligência Artificial online

O Procon-SP lançou nesta semana pesquisa para conhecer a percepção e opinião do consumidor sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) nas compras on-line. Os resultados coletados irão nortear o desenvolvimento de atividades da área de estudos e pesquisas do Procon-SP, como materiais educativos, palestras e outras ações. A participação pode ser pelo site ou pelas redes sociais do Procon-SP.

A pesquisa consiste em um questionário de 13 perguntas de múltipla escolha, no qual o visitante deve opinar sobre questões que envolvem o uso da IA durante as compras em lojas, sobre o uso da IA na coleta de dados e análise do comportamento do consumidor, se já identificou publicidade personalizada para o seu perfil e se já foi vítima de fraude após a interação com IA.

“Com o crescimento do e-commerce e a ampliação do uso de algoritmos e ferramentas baseadas em inteligência artificial pelo comércio eletrônico, o tema ganha cada vez mais importância para os especialistas do órgão de defesa do consumidor, que, inclusive, possui comissões internas voltadas à discussão de segmentos relacionados à economia digital e suas variações”, diz o Procon-SP.

Em setembro do ano passado o órgão já havia feito uma primeira sondagem sobre a percepção do consumidor a respeito do uso de IA nos Serviços de Atendimento ao Cliente (SAC) das empresas. A pesquisa teve o objetivo de captar se o consumidor percebia que estava interagindo com IA ao entrar em contato com o SAC, saber qual a avaliação sobre o atendimento e se as interações eram suficientes para atender necessidades e expectativas.

Lula propõe governança global para inteligência artificial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs, nesta sexta-feira (14), a instituição de uma governança global e representativa para o tema da inteligência artificial, para que seus benefícios sejam “compartilhados por todos”. “As instituições de governança estão inoperantes diante da realidade geopolítica atual e perpetuam privilégios”, disse Lula durante a sessão de engajamento externo da Cúpula do G7, reunião de líderes de sete das maiores economias do mundo.

O evento começou na quinta-feira (13) e vai até amanhã (15) em Borgo Egnazia, na região da Puglia, no sul da Itália. A sessão de trabalho começou com os discursos da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e do papa Francisco. A fala do presidente Lula e de outros líderes não foi transmitida, mas o texto lido foi divulgado pelo Palácio do Planalto.

Para o presidente brasileiro, os desafios atuais envolvem a condução de uma revolução digital inclusiva e o enfrentamento das mudanças do clima. Nesse sentido, segundo ele, a inteligência artificial pode potencializar as capacidades dos Estados de adotarem políticas públicas para o meio ambiente e contribuir para a transição energética.

“Precisamos lidar com essa dupla transição tendo como foco a dignidade humana, a saúde do planeta e um senso de responsabilidade com as futuras gerações. Na área digital, vivenciamos concentração sem precedentes nas mãos de um pequeno número de pessoas e de empresas, sediadas em um número ainda menor de países. A inteligência artificial acentua esse cenário de oportunidades, riscos e assimetrias”, disse.

Para o presidente, qualquer uso da inteligência artificial deve respeitar os direitos humanos, proteger dados pessoais e promover a integridade da informação. “Uma inteligência artificial que também tenha a cara do Sul Global [países do Hemisférios Sul, considerados em desenvolvimento], que fortaleça a diversidade cultural e linguística e que desenvolva a economia digital de nossos países. E, sobretudo, uma inteligência artificial como ferramenta para a paz, não para a guerra. Necessitamos de uma governança internacional e intergovernamental da inteligência artificial, em que todos os Estados tenham assento”, disse Lula aos líderes.

As cúpulas do G7 costumam contar com a presença de países convidados. Esta é a oitava vez que Lula participa da Cúpula do G7. As seis primeiras ocorreram nos dois primeiros mandatos, entre os anos de 2003 e 2009. Desde então, o Brasil não comparecia a um encontro do grupo. A sétima participação do presidente brasileiro foi no ano passado, na cúpula em Hiroshima, no Japão.

No segmento de engajamento externo deste ano, foram discutidos, entre outros, os temas de inteligência artificial e de energia, bem como a cooperação com a África e no Mar Mediterrâneo. Para Lula, os africanos são parceiros indispensáveis e devem ser considerados no enfrentamento dos desafios globais.

“Com seus 1,5 bilhão de habitantes e seu imenso e rico território, a África tem enormes possibilidades para o futuro. A força criativa de sua juventude não pode ser desperdiçada cruzando o Saara para se afogar no Mediterrâneo. Buscar melhores condições de vida não pode ser uma sentença de morte”, disse, em referência às mortes de migrantes no Mar Mediterrâneo.

“Muitos países africanos estão próximos da insolvência e destinam mais recursos para o pagamento da dívida externa do que para a educação ou a saúde. Isso constitui fonte permanente de instabilidade social e política. Sem agregar valor a seus recursos naturais, os países em desenvolvimento seguirão presos na relação de dependência que marcou sua história. O Estado precisa recuperar seu papel de planejador do desenvolvimento”, acrescentou o presidente.

O G7 é composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Além dos membros do grupo, da Santa Sé e do Brasil, foram convidados para a reunião África do Sul, Arábia Saudita, Argélia, Argentina, Emirados Árabes Unidos, Índia, Jordânia, Mauritânia (representando a União Africana), Quênia e Turquia. Entre os organismos internacionais, os convidados são União Europeia (com status de observadora no G7), Organização das Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.

Hoje e amanhã, Lula terá diversos encontros bilaterais com líderes presentes no evento. A previsão é que a comitiva presidencial retorne ao Brasil no domingo (16).

Regulamento sobre Inteligência Artificial

24 de maio de 2024

 

AI Act: União Europeia Aprova Regulamento Abrangente sobre Inteligência Artificial

O Parlamento Europeu ratificou por unanimidade o Artificial Intelligence Act (AI Act), um marco regulatório abrangente referente à inteligência artificial (IA) na União Europeia (UE). Proposto pela Comissão Europeia em 21 de abril de 2021, o ato foi aprovado após intensos debates e negociações, sendo finalmente ratificado pelo Conselho da União Europeia em 21 de maio de 2024.

O AI Act estabelece uma estrutura regulatória e legal comum para a IA na UE, semelhante ao Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR). Seu objetivo é garantir a segurança, transparência e qualidade dos sistemas de IA, além de promover a cooperação internacional e proteger os direitos fundamentais dos cidadãos.

Um dos aspectos mais significativos do AI Act é a criação do Conselho Europeu de Inteligência Artificial, que supervisionará a conformidade dos fornecedores de IA e promoverá uma aplicação consistente das regulamentações em toda a UE.

O ato classifica as aplicações de IA com base no risco que representam, indo desde inaceitável até mínimo, com diferentes obrigações e restrições para cada categoria. Por exemplo, aplicações de alto risco, como sistemas de IA na saúde e na aplicação da lei, devem cumprir obrigações rigorosas de segurança e transparência.

Além disso, o AI Act prevê a criação de novas instituições, como o Escritório de IA e o Fórum Consultivo, para implementar e fazer cumprir as regulamentações. Os Estados-Membros serão responsáveis por designar autoridades nacionais competentes para garantir a aplicação eficaz do ato em seus territórios.

No entanto, o AI Act não está isento de críticas. Grupos como a La Quadrature du Net (LQDN) argumentam que o ato favorece a indústria tecnológica e forças policiais, enquanto falha em evitar danos sociais, políticos e ambientais associados à proliferação da IA.

Com o AI Act, a UE busca estabelecer um equilíbrio entre promover a inovação na IA e proteger os direitos e interesses dos cidadãos europeus, em meio ao rápido avanço da tecnologia.

 
 
 
 
 

Barroso: inteligência artificial poderá escrever sentenças “em breve”

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, defendeu nesta terça-feira (14) o uso da inteligência artificial (IA) no Judiciário, afirmando que a tecnologia um dia pode escrever sentenças. 

Barroso elencou como o Supremo já utiliza a IA em seu cotidiano, como no agrupamento de processos por tipo ou no enquadramento de casos em teses de repercussão geral. Em seguida, ele acrescentou os próximos passos, afirmando que o tribunal trabalha no desenvolvimento de uma ferramenta capaz de localizar precedentes e que, no futuro, acredita que sentenças podem ser escritas por computadores. 

“Em breve, tenho certeza que teremos a inteligência artificial escrevendo a primeira versão de sentenças”, disse o presidente do Supremo, que na manhã desta terça-feira (14) participou do encontro do J20, que reuniu no Rio de Janeiro presidentes e representantes de supremas cortes dos países integrantes do G20. 

Em países com grande judicialização como o Brasil, por exemplo, em que o Supremo recebe 70 mil processos, em média, por ano, a IA precisa ser adotada para acelerar o sistema de Justiça, defendeu o ministro. “Temos 85 milhões de casos no brasil no momento, temos que ter ferramentas para acelerar as coisas”. 

Para Barroso, a inteligência artificial “pode tomar melhor decisões em muitas matérias, porque é capaz de processar mais informações com maior velocidade”. Tal tecnologia, contudo, envolve riscos e depende da supervisão humana, acrescentou. 

A IA pode, por exemplo, “reproduzir os preconceitos que existem na sociedade, porque é alimentada por seres humanos”, disse Barroso. “Existem muitos riscos e uma discussão sobre regular a IA para proteger diretos fundamentais , proteger a democracia”. 

O presidente do Supremo frisou que a IA ainda não consegue separar o certo do errado nem ter bom senso, e que por isso, depende da supervisão humana. 

As reuniões do J20 começaram na segunda-feira (13) e se encerraram nesta terça (14). Os encontros ocorreram no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). 

Inteligência artificial pode ser ferramenta de ensino, mostra estudo

Três em cada quatro professores concordam com o uso da tecnologia e inteligência artificial como ferramenta de ensino. Os docentes também dizem que a tecnologia impactou a educação tanto positivamente, com acesso mais rápido à informação, quanto negativamente, fazendo com que os estudantes fiquem mais dispersos.

Os dados são da pesquisa inédita Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil, divulgada nesta quarta-feira (8), pelo Instituto Semesp – entidade que representa mantenedoras de ensino superior. A pesquisa foi realizada entre 18 a 31 de março de 2024, com 444 docentes das redes pública e privada, do ensino infantil ao médio, de todas as regiões do país.

Segundo o levantamento, 74,8% dos entrevistados concordam parcial ou totalmente com o uso da tecnologia e inteligência artificial no ensino. Apesar disso, apenas pouco mais de um terço, 39,2%, dos professores entrevistados disseram que sempre utilizam a tecnologia como ferramenta de ensino.

Embora considerem importante o uso dessas ferramentas, os professores também relatam problemas estruturais e pedagógicos que impedem ou dificultam o uso da tecnologia nas escolas. Há problemas também em relação ao uso excessivo de tecnologias, principalmente pelos alunos. Entre esses problemas estão a falta de internet na escola, a falta de formação dos próprios professores para o uso das tecnologias no ensino e também maior dificuldade para prender a atenção dos alunos.

“Percebo que os alunos ficaram mais dependentes de ferramentas de pesquisa e respostas imediatas e têm dificuldade de ter resiliência, paciência e atuar solucionando problemas”, diz um dos professores que participou da pesquisa e que não foi identificado. Outro afirmou: “A tecnologia avançou, mas, às vezes, o acesso a elas na escola não é satisfatório. Internet ruim. O laboratório de informática é um espaço restrito. Laboratório móvel não tem pacote Office. O uso do celular é inviável pois os estudantes não têm Internet. Agora, até a internet está restrita para os próprios professores na escola”.

Pouco menos da metade dos professores, 45,7%, respondeu que, na escola em que leciona, os professores e alunos têm acesso à tecnologia, como computadores, internet, etc. Outros 7% responderam que ainda não há acesso à tecnologia nas unidades de ensino nas quais trabalham. 

Os professores relatam ainda que, com a presença de tecnologias, os estudantes estão mais dispersos. “A escola não consegue acompanhar o uso das novas tecnologias na velocidade que os estudantes conseguem, o que gera descompasso entre a aula ministrada e a aula que os estudantes querem. O uso desenfreado de redes sociais e a alta exposição dos jovens, as redes estão prejudicando o contato do professor com o aluno”, diz docente que participou do estudo.

Interesse dos jovens

A pesquisa Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil faz parte do 14ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, que reúne dados oficiais coletados pelo próprio instituto para traçar o cenário atual do setor educacional no país. Esta edição tem como foco principal Cursos de Licenciaturas: cenários e perspectivas.

O mapa inclui dados de levantamento feito pelo Semesp sobre quais carreiras os jovens pretendem seguir. Conforme o levantamento, no ensino superior, a área de computação e tecnologias da informação e comunicação é a mais desejada (30,1%), seguida pela área de saúde e bem-estar (18,1%). O curso de ciência da computação aparece no topo do ranking, desejado por 11,5% dos jovens que participaram do levantamento. Administração (10,8%), direito (3,8%) e medicina (3,4%) aparecem em seguida.

Para aproximar os estudantes que ainda estão no ensino médio do ensino superior, o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, diz que uma proposta é que as instituições possam receber esses alunos em cursos técnicos. Ele defende que isso seja feito no âmbito do programa Pé-de-Meia.

Segundo o Semesp, o Pé-de-Meia trará impacto no aumento da conclusão do ensino médio e, consequentemente, mais estudantes ingressarão no ensino superior. Lançado este ano pelo governo federal, o programa é uma espécie de poupança voltado para estudantes de baixa renda, com o objetivo de estimular que eles não deixem os estudos por questões financeiras.

“Nós temos alguns projetos para o ensino privado colaborar com o Pé-de-Meia, oferecendo para os alunos do programa cursos técnicos dentro das instituições de ensino superior. Isso pode ajudar a diminuir ainda mais a evasão. Acho que o Pé-de-Meia vai ser um grande estimulador disso. Mas, junto com o curso técnico, ajuda o estudante a se manter no ensino médio. Também o traz para uma realidade do ensino superior, a fim de que conheça o que quer nessa etapa de ensino”, afirma.

Regulamentar inteligência artificial é essencial para manter empregos

O Brasil precisa fazer um debate sobre a regulamentação da inteligência artificial, para que as novas tecnologias não provoquem um “estrago inimaginável” no mercado de trabalho. A preocupação é do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que fez um balanço dos avanços e desafios do mercado de trabalho brasileiro neste Dia do Trabalhador (1º), em entrevista exclusiva aos veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). 

“Se não for regulada, a inteligência artificial vai provocar um estrago inimaginável no mercado de trabalho. Seja na comunicação, na tradução, no trabalho do teatro, do cinema, da educação. Na advocacia, no mundo judiciário, tudo isso vai ser atingido pela inteligência artificial, se não for regulado”, alertou. 

Para ele, a sociedade precisa fazer um debate ético globalmente sobre o tema. 

Marinho cita como exemplo os serviços de autoatendimento nos supermercados e a substituição dos serviços feitos pelos bancários pelo atendimento automático. “Hoje em dia, você entra no mercado e já tem as maquininhas de autopagamento. Cada vez que você usa, você está prestando o serviço para a empresa que está te vendendo. Então,  além de explorado pelo seu consumo, você está prestando o serviço para ele, diminuindo o custo para ele, mas quantos empregos você eliminou?”, questiona. 

Ele lembra que, há cerca de duas décadas, o Brasil tomou uma decisão importante: a de não substituir o trabalho de frentistas e de cobradores de ônibus por soluções tecnológicas. “Pensar o emprego, o mercado de trabalho, as tecnologias e toda essa inovação tecnológica de forma regulada me parece o melhor caminho”, defende. 

Motoristas de aplicativo 

Um dos temas que já está em debate no país é a regulamentação do trabalho de motoristas por aplicativo. A proposta tramita na Comissão de Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados e deve ser encaminhada para votação em plenário no dia 12 de junho

Segundo Marinho, o governo admite mudanças no projeto de lei que trata da questão, desde que garanta os direitos dos profissionais. “Não há problema nenhum para o governo de ajustar o projeto, a única preocupação do governo é proteger os trabalhadores. As empresas terão que ser enquadradas, é disso que se trata a lei”. 

Ele percebe que a rejeição dos motoristas à proposta vem diminuindo, à medida que o governo tem conversado com a categoria e explicado as mudanças propostas. Segundo o ministro, o governo garante que a proposta é mais vantajosa para os motoristas. “Posso garantir que, se aprovado do jeito que está, sem mudar nenhuma vírgula, com a remuneração mínima você vai levar mais dinheiro para casar com a jornada que você faz”.  

A média de remuneração no Brasil para esse tipo de trabalho é R$ 43 por hora, e o projeto prevê uma remuneração mínima de R$ 32,10 por hora. “Mas essa é a remuneração mínima e não máxima, igual venderam para os motoristas”, explicou o ministro, garantindo que a empresa que descumprir a determinação será fiscalizada e punida.

Desoneração

O ministro criticou o “vai e vem” do texto sobre a prorrogação da desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia. A medida já passou pelo Congresso e agora está em análise no Supremo Tribunal Federal (STF). “Esse vai e vem é um complicador. É preciso ter previsibilidade, ter segurança. Eu creio que talvez o Congresso não soube ouvir as razões do ministro Fernando Haddad [da Fazenda], as razões do governo em relação a isso e intermediar melhor esse diálogo”, disse.

Marinho afirma que não há comprovação de que a desoneração tenha gerado empregos e nem que a retirada do benefício vai aumentar o desemprego no país, como argumentam as empresas, pois a atividade econômica está em expansão. “Portanto, é plenamente possível fazer essa transição”, acredita. 

Para Marinho, o ideal é que esse debate seja colocado na reforma tributária. “Aí você analisa o que é possível ou não isentar, como balizar as folhas de pagamento, qual o tamanho da tributação que você tem. O ideal é que a folha seja desonerada, mas no todo, e olhando o equilíbrio a partir de uma reforma tributária ampla”. 

Trabalho escravo

No ano passado, foram resgatados 3.240 pessoas em trabalho análogo à escravidão, o maior número de resgatados nos últimos 14 anos, com pagamento de R$ 13 milhões em verbas salariais e rescisórias, o maior número de ações fiscais e de pagamentos em um ano da história. Outro recorde registrado foi a inclusão de 248 empregadores na Lista Suja do trabalho escravo, considerada a maior inclusão já realizada na história. As atividades econômicas com maior número de empregadores incluídos na atualização são trabalho doméstico, cultivo de café, criação de bovinos, produção de carvão e construção civil.

Para o ministro, os números podem ser explicados pelas mudanças introduzidas na reforma trabalhista de 2017, que aumentou a precarização do trabalho. “Os elos das cadeias produtivas vão apertando a sua lucratividade e, muitas vezes, o último elo dessas contratações acaba sendo muito achatado e acaba provocando o trabalho precário, o trabalho indecente, o trabalho que leva à condição do trabalho análogo da escravidão”. 

Ele também cita que a recriação do Ministério do Trabalho e a intensificação das fiscalizações contribuíram para o aumento no número de autuações. 

Motivos para comemorar 

A geração de empregos e a valorização salarial são citadas pelo ministro como motivos para os trabalhadores brasileiros comemorarem esse 1º de maio. 

“Nós passamos um período sem aumento real do salário mínimo, com a tabela de Imposto de Renda congelada, portanto os trabalhadores passando a ganhar menos porque o imposto de renda ia comendo os reajustes de inflação, mas sem ganho real. Nós retomamos uma política vigorosa de crescimento do poder de compra do salário mínimo, ou seja, aumento além da inflação”. 

Ele também cita o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até dois salários mínimos por mês. A promessa de campanha do presidente Lula é isentar quem ganha até R$ 5 mil até o final do governo.

“Isso é uma grande conquista, pois faz elevar a capacidade de consumo dos menores salários. Casado com a política de valorização do salário mínimo, nós tivemos aqui um crescimento importante do poder de compra desse salário”, diz. 

Entenda regras do TSE para uso de inteligência artificial nas eleições

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou na última terça-feira (27) as 12 resoluções eleitorais com as regras finais para a eleição municipal de outubro. O passo é obrigatório e deve ser realizado até 5 de março, no ano do pleito.

Por meio desses normativos, os ministros do TSE buscam adaptar o processo eleitoral às mudanças na realidade, embora sempre limitados ao que prevê a legislação eleitoral e a Constituição.

Com os avanços tecnológicos cada vez mais rápidos, neste ano foram alvo de preocupação temas que na eleição anterior sequer estavam no radar. Um exemplo é a inteligência artificial (IA) e seu potencial de turbinar problemas já de difícil controle, como as notícias falsas e a desinformação sobre o processo eleitoral.

Diante da inércia do Congresso em regulamentar o tema, a Justiça Eleitoral decidiu colocar balizas ao uso da IA nas eleições, de modo a tentar proteger a decisão bem informada do eleitor.

As medidas foram bem recebidas pela comunidade jurídica, que viu na iniciativa uma tentativa de adequar o tempo mais lento da criação de normas à velocidade acelerada das atualizações tecnológicas.

“É uma corrida contínua, onde a tecnologia, os métodos de manipulação, evoluem exponencialmente, então as estratégias de defesa devem ser igualmente dinâmicas”, ressalta o advogado Alexander Coelho, especialista em direito digital e proteção de dados.

Há dúvidas sobre a eficácia das regras ante manipulações cada vez mais realistas, mas a avaliação é que, uma vez havendo normas, fica mais fácil outros atores sociais auxiliarem a Justiça Eleitoral na fiscalização das campanhas.

“Muitos casos vão chegar à Justiça por meio dos advogados dos candidatos e partidos”, aposta o professor e advogado Renato Ribeiro de Almeida, coordenador acadêmico da Associação Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep). “Com certeza teremos eleições muito judicializadas, seguindo a tendência de pleitos anteriores”, acrescenta.

Confira abaixo as regras aprovadas pelo TSE sobre o uso de inteligência artificial nas eleições: 

Exigência de rótulos de identificação de conteúdo multimídia fabricado – qualquer material visual feito por meio de inteligência artificial deverá trazer o aviso explícito sobre o uso da tecnologia;
Restrição ao uso de chatbots e avatares para intermediar a comunicação da campanha – fica proibido simular conversas com o candidato ou outro avatar que aparente ser uma pessoa real; 
Vedação absoluta, seja contra ou a favor de candidato, do uso de deep fake – conteúdo fabricado em formato de áudio, vídeo ou combinação de ambos e que tenha sido gerado ou manipulado digitalmente para criar, substituir ou alterar imagem ou voz de pessoa viva, falecida ou fictícia; 
Paralelamente, os provedores de aplicações na internet (redes sociais e aplicativos de mensagem, por exemplo) ficam obrigados a retirar do ar, sem a necessidade de ordem judicial, contas e materiais que promovam condutas e atos antidemocráticos e também discursos de ódio, como racismo, homofobia, fascismo e qualquer tipo de preconceito.