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Desastres climáticos aumentaram 250% nos últimos quatro anos no país

Os desastres climáticos no Brasil aumentaram 250% nos últimos quatro anos (2020–2023), em comparação com os registros da década de 1990, revela estudo lançado pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica – coordenada pelo Programa Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em parceria com a Fundação Grupo Boticário.

O estudo, que usou dados públicos extraídos do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, considerando o período de 1991 a 2023, também analisou dados de temperatura média do ar e da superfície oceânica dos últimos 32 anos, com base em informações da agência europeia Copernicus, obtidos por meio da plataforma Climate Reanalyzer.

Segundo os pesquisadores, para cada aumento de 0,1°C na temperatura média global do ar, ocorreram mais 360 desastres climáticos no Brasil. No oceano, para cada aumento de 0,1°C na temperatura média global da superfície oceânica, foram registrados mais 584 eventos extremos no país.

“Quando os dados de 2024 forem consolidados, haverá a confirmação da escalada de desastres climáticos nos anos mais recentes. O levantamento aponta que foram registrados 6.523 desastres climáticos em municípios brasileiros na década de 1990, enquanto, no período de 2020–2023, foram registrados 16.306 eventos”, dizem os pesquisadores.

Segundo o levantamento, o Brasil teve 64.280 desastres climáticos desde 1990, e há aumento, em média, de 100 registros por ano. Nos primeiros dez anos monitorados, foram 725 registros por ano. De 2000 a 2009, 1.892 registros anuais; de 2010 a 2019, 2.254 registros anuais e, nos últimos quatro anos (2020 a 2023), já são 4.077 registros por ano.

O professor Ronaldo Christofoletti, do Instituto do Mar da Unifesp, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza e um dos coordenadores do estudo, disse que o objetivo do levantamento é contribuir para que a sociedade conheça, debata e pense em soluções, incentivando a tomada de decisão e as mudanças de comportamento necessárias, tanto em nível individual quanto institucional, para reduzir os impactos climáticos e garantir um futuro sustentável para o Brasil.

O estudo mostrou ainda que 5.117 municípios brasileiros reportaram danos causados por desastres climáticos entre 1991 e 2023, representando 92% dos municípios do país. As principais ocorrências foram secas (50% dos registros), seguidas por inundações, enxurradas e enchentes (27%) e tempestades (19%).

Oceano

Desde março de 2023, o oceano teve aumento de temperaturas de cerca de 0,3°C a 0,5°C, fenômeno que tem agravado eventos extremos, como furacões e inundações, afetando milhões de pessoas e impactando profundamente os ecossistemas. Entre os exemplos, estão as inundações no Rio Grande do Sul e as secas no Centro-Oeste, em 2024. Christofoletti destacou que o oceano é fundamental para a regulação climática global e que seu aquecimento contínuo evidencia os impactos crescentes da crise climática no sistema terrestre.

“Isso é muito preocupante, considerando que, ao longo dos últimos 40 anos, o oceano aqueceu cerca de 0,6°C. Esse aquecimento abrupto e prolongado ameaça o equilíbrio de um sistema que cobre 70% do planeta. O oceano, nesse nível de aquecimento, intensifica os eventos climáticos extremos que impactam diretamente milhões de pessoas”, disse.

Quando analisadas as consequências econômicas e sociais, o cenário indicou que, entre 1995 e 2023, os prejuízos econômicos no Brasil atingiram R$ 547,2 bilhões. Nos primeiros quatro anos da década de 2020, as perdas somaram R$ 188,7 bilhões, 80% do total registrado em toda a década anterior (2010–2019) e corresponde a 0,5% do PIB nacional acumulado nos últimos quatro anos.

As projeções baseadas no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e na taxa atual de registros de desastres, mostram que os números podem aumentar nas próximas décadas. No cenário mais otimista, até o final do século, no qual as metas do Acordo de Paris para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C sejam cumpridas, o Brasil poderá registrar até 128.604 desastres climáticos entre 2024 e 2050, o dobro do total observado nas últimas três décadas. No cenário mais pessimista, no qual o aquecimento do planeta ultrapassa 4°C, o número de desastres pode chegar a quase 600 mil ocorrências até 2100, nove vezes o registrado entre 1991 e 2023.

Conforme o estudo, mesmo no menor cenário, o Brasil pode sofrer um impacto de R$ 1,61 trilhão até 2050. Se o cenário pessimista se concretizar, os custos poderão ultrapassar R$ 8,2 trilhões até o final do século, 15 vezes o total observado nas últimas décadas.

Para a pesquisadora envolvida no estudo e gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário, Janaína Bumbeer, apesar das projeções negativas, ainda há tempo para agir. Segundo Janaína, além de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, é essencial buscar a resiliência das comunidades e a adaptação às novas condições climáticas.

“Nesse sentido, as soluções baseadas na natureza são ferramentas eficazes para fortalecer a resiliência de cidades costeiras, enfrentando desafios ambientais, sociais e econômicos de forma integrada. A recuperação de manguezais e dunas, por exemplo, está entre as soluções verde-azuis, que promovem a adaptação ao ambiente urbano e costeiro, aumentando a resiliência contra eventos climáticos extremos e construindo cidades mais saudáveis e sustentáveis”, afirmou.

A pesquisadora ressaltou que o aumento da temperatura global, além de ampliar os eventos extremos, provoca o aumento nos custos de energia e alimentos, a escassez hídrica e o aumento de doenças relacionadas ao calor, como a dengue. “A hora de agir é agora. Com esforços globais coordenados e eficientes, podemos fortalecer a resiliência da natureza e da humanidade, construindo um futuro mais sustentável e seguro para todos.”

Petrobras Sinfônica celebra 90 anos do maestro Isaac Karabtchevsky

A Orquestra Petrobras Sinfônica tem, nesta sexta-feira (27), às 19h, uma apresentação especial. Vai celebrar na Cinelândia, em frente ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no centro da cidade, os 90 anos do seu diretor artístico e maestro titular Isaac Karabtchevsky. No concerto organizado em parceria pela Petrobras Sinfônica, o Serviço Social do Comércio (Sesc RJ) e o Theatro Municipal, uma das características mais marcantes da trajetória do maestro estará de volta: a popularização da música clássica.

Durante décadas era comum vê-lo à frente de orquestras em concertos que reuniam em espaços públicos, como praças e parques, grande quantidade de pessoas que mostravam interação com a música clássica. “Isso é algo totalmente inexplicável. É do ser humano ao se entusiasmar, se agitar. Esse é um conceito básico. A música tem esse poder mágico. Ela exerce sobre o ser humano uma função quase que emanente à sua formação sensorial. Por meio do nosso sistema nervoso, as notas se multiplicam e nos tomam por completo. É uma associação que se deve fazer quando se ouve música. Não conscientemente, é do ser humano ouvir música e se deixar emocionar por ela”, disse Isaac Karabtchevsky em entrevista à Agência Brasil.

A vontade de fazer a popularização da música, segundo o maestro, nasceu na época em que ia a teatros, via o público empolgado com música e pensava que esses espaços só tinham cerca de 2 mil lugares. “Eu pensava: tão pouca gente para arte tão grandiosa e ainda jovem, quase criança, já estava na adolescência, me ocorreu um impulso de que precisávamos fazer alguma coisa para que maior quantidade de público pudesse desfrutar de momentos tão lindos”, afirmou.

Um exemplo de apresentação com grande público ocorreu em 1986, no Projeto Aquarius, criado em 1972 pelo maestro, pelo jornalista Roberto Marinho e pelo gerente de promoções do Jornal O Globo, Péricles de Barros. A intenção era levar a música clássica ao maior número possível de pessoas. A encenação da ópera Aída, de Verdi, levou cerca de 200 mil pessoas à Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio. O elenco tinha 470 artistas e o concerto teve mais de duas horas de duração. Lá o público se acomodou no gramado e ocupou as águas do lago local.

Turnê da Orquestra Petrobras Sinfônica – Foto arquivo Orquestra Petrobras Sinfônica 

Para o maestro, a reação positiva da plateia que, em muitos casos, assistia pela primeira vez um concerto é quase um ritual religioso onde as pessoas se movem, agradecem e se entusiasmam pelo canto. “Eles estão intimamente ligados. A origem do ser humano foi sempre por meio de grupos que, em tempos passados, se reuniam como congregações ou irmandades que cantavam em volta do fogo. Acho que a música impregnou a vida das civilizações passadas de uma maneira tão forte quanto hoje”, disse.

Iniciação

O interesse pela música surgiu cedo na vida do maestro, reconhecido como um dos mais relevantes da atualidade. “Eu verifiquei que o primeiro impulso já estava ali há muito tempo, desde que a minha mãe me amamentou e eu já a ouvia cantar. Então, era uma coisa instintiva, natural, orgânica. Ela veio com o primeiro amor, o primeiro carinho da minha mãe, que cantava em russo as canções de ninar. O elo de comunicação entre a matéria espiritual que é a música surgiu, certamente, com a minha mãe e de lá foi um crescendo contínuo”, contou.

Ainda criança, por orientação da mãe que tinha sido cantora mezzo soprano em Kiev, na Ucrânia, começou com aulas de canto com o professor australiano dela e, na sequência, vieram os instrumentos. “A minha mãe foi fundamental nesse processo, porque ela viu um talento natural, que o meu gesto era sempre sintomático com o conteúdo musical. Ela intuiu isso e me pôs imediatamente em contato com o professor de canto dela aqui no Brasil, em São Paulo, que se chamava Fan Krause, um austríaco que imigrou para o Brasil e dava aulas de canto e continuava ensaiando com ela. Eu assistia todos os ensaios e ele começou a me preparar para a futura carreira. Eu fazia exercícios, cantava muito, foi a minha primeira vocação, o meu primeiro ingresso no universo musical percorreu o canto. Devo muito, em primeiro lugar à minha mãe e, em segundo, ao professor que me introduziu nos segredos da música” relatou.

O estudo de canto era sempre com músicas clássicas, em geral Tchaikovsky, e trechos de óperas. “Isso durou mais ou menos até 12 anos de idade, quando ela me fez estudar música mais seriamente. Aí eu tinha professor de teoria e solfejo, nada em relação a regência ainda, mas essa a primeira fase foi a que cristalizou e solidificou minha carreira musical. Foram os primeiros passos, que são sempre tortuosos, até chegar a um ponto em que eu pudesse andar livremente.

O primeiro instrumento foi o piano e depois desenvolveu-se em outros. “O oboé foi uma decorrência natural disso. Por que um instrumento de sopro? Porque era um instrumento que cantava, então escolhi um instrumento de sopro, o oboé, que tinha uma sonoridade pastoril, íntima, linda. Até hoje quando me lembro das frases emitidas pelo oboé, é uma sensação de plenitude”, descreveu.

Karabtchevsky sentiu que poderia ser maestro ao se dar conta, no seu desenvolvimento, de que a música tem relação com o gesto. “As mãos representam um plano sensorial na dimensão de espaço que a música propõe. A música é uma arte que se reparte no tempo, mas o conceito dos gestos é totalmente espacial. Ele procura representar a música, as tonalidades, as inflexões que têm um fraseado musical. Quando você fala, por exemplo, eu estou falando com você e estou fazendo gestos inconscientes, porque o gesto denota similaridade com o fraseado musical e a regência. Como eu gesticulava muito ao cantar, foi daí que surgiram os primeiros esboços do que seria o futuro regente”, revelou.

A carreira brilhante tem destaques dentro e fora do país. Foi maestro titular de orquestras em Viena, em Veneza, onde começou a sua incursão no terreno da ópera. “Como estava fazendo ópera pela primeira vez, porque nunca tinha tido essa oportunidade aqui no Brasil, realmente foi uma descoberta. Estava lá à frente da orquestra fazendo as minhas primeiras óperas que tanto amo de Mozart, Verdi, Puccini, aqueles compositores que sempre me cercavam mas nunca eu os dominava”. Em 2009, Karabtchevsky foi incluído entre os ícones vivos do Brasil pelo jornal britânico The Guardian.

O maestro não distingue um concerto marcante, mas destacou que todo início de temporada tem uma energia diferente. “Certamente, sempre os inícios de temporadas são como comportas. Algumas águas represadas, no momento em que são abertas, descem com uma violência enorme em uma represa. Assim, vejo os concertos de inauguração da temporada. A potência dessas águas se reflete no decorrer da temporada. É uma coisa legal isso. Todos os primeiros concertos são os mais formidáveis sob esse aspecto lírico. Represas que foram abertas. Tem esse sentido”.

“As plateias reagem sempre em função dos melhores conceitos. Não que saibam disso. É uma coisa emanente, mas o público carioca, especialmente aqui no Rio de Janeiro, tem dado provas que aferem a disposição do músico em dar o seu melhor. É uma coisa inconsciente. Quando o músico projeta para a plateia o seu ideal de precisão, afinação e de musicalidade, as pessoas se dão conta disso.

OPS

Para o maestro, é um privilégio estar à frente da Orquestra Petrobras Sinfônica aos 90 anos completados nesta sexta-feira. “É o meu esteio e a forma que tenho de me comunicar com humanos, por meio de um instrumento perfeito. É um grupo de músicos que ultrapassa a dimensão de uma simples orquestra. Ela é uma família. Considero a Orquestra Petrobras Sinfônica parte da minha família. Eles se inserem nesse contexto humano de dar e receber. É permanente isso, é diário”, mencionou.

Rio de Janeiro – Orquestra Petrobras Sinfônica durante evento de comemoração dos 70 anos da empresa – Foto Tomaz Silva/Agência Brasil

Na visão dele, o ensaio é sempre uma dádiva. “É uma forma superior de comunicação. Eu me regozijo por isso”.

O diretor-presidente da Orquestra Petrobras Sinfônica, Carlos Mendes, disse que o maestro é um grande ícone da cultura brasileira e da música de concerto, que sempre desenvolveu um trabalho lindo de popularização. “A nossa orquestra vem de uns dez, 12 anos para cá, com um viés muito voltado para isso. A gente realmente decidiu trazer esse público que não frequenta sala de concerto para perto de nós, com todos os nossos projetos, não só na música popular, mas também na música de concerto mais voltada para quem não está muito acostumado a frequentar as salas”, disse à Agência Brasil.

“A nossa relação com o maestro é sempre de muita troca, sempre muito intensa. O maestro é uma pessoa incrível, agradável, de uma cultura ímpar. A gente tem sempre a agradecer”, comemorou.

Os organizadores informaram que se no horário marcado para a apresentação estiver chovendo, o concerto será transferido para o dia seguinte (28), no mesmo horário. O repertório da noite começará com a Marcha Radetzky de Johann Strauss, seguida de Bolero, de Maurice Ravel. Estão incluídas na lista também A Dança Húngara nº 5, de Johannes Brahms; Danúbio Azul, de Johann Strauss Jr. Toccata – Trenzinho do Caipira, da obra Bachianas Brasileiras nº 2 do maior compositor brasileiro, Heitor Villa-Lobos. O encerramento será com a Valsa das Flores, de O Quebra-Nozes, e a Abertura 1812, ambas de Tchaikovsky.

Ator Ney Latorraca morre aos 80 anos no Rio de Janeiro

O ator Ney Latorraca, de 80 anos, morreu na manhã desta quinta-feira (26) no Rio de Janeiro. A informação foi divulgada pela assessoria de imprensa da Clínica São Vicente, hospital onde o artista estava internado.

A clínica não divulgou informações sobre o motivo da morte, a pedido da família do ator.

Filho de artistas, Antônio Ney Latorraca nasceu em 25 de julho de 1944, em Santos (SP). Sua carreira começou quando tinha seis anos, com participações na Rádio Record.

Sua estreia no teatro ocorreu aos 19 anos, na peça Pluft, O Fantasminha, de Maria Clara Machado. Passou pelas emissoras Tupi, Cultura, Record e SBT, mas foi na Globo, onde estreou em 1975, que fez alguns dos personagens memoráveis da televisão: o Barbosa, do programa de humor TV Pirata, e Vlad, da novela Vamp.

Jovem de 26 anos é atingida por tiro na cabeça em ação da PRF

A jovem Juliana Leite Rangel, de 26 anos de idade, foi atingida com um tiro na cabeça, durante uma ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Rodovia Washington Luís (BR-040), na noite desta terça-feira (24). A vítima estava indo com a família, de cinco pessoas, passar o Natal na casa de parentes em Itaipu, Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, quando o carro foi atingido por vários disparos feitos pelos agentes da PRF, na altura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

O caso aconteceu por volta das 21h. A jovem foi encaminhada ao Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Caxias, e precisou ser entubada, passou por cirurgia e o quadro de saúde é considerado gravíssimo.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que “a paciente, foi atingida por arma de fogo no crânio, foi entubada e encaminhada diretamente para o centro cirúrgico, onde passou por procedimento, sem intercorrências. O quadro de saúde da vítima é gravíssimo”. 

O pai da jovem, Alexandre da Silva Rangel, de 53 anos, também deu entrada na unidade de saúde com um tiro na mão esquerda. Ele foi avaliado pela cirurgia geral e ortopedia da unidade hospitalar, não sendo constatadas lesões ou fraturas, apenas um pequeno corte, e recebeu alta ainda na noite de terça-feira.

O carro de Alexandre com várias marcas de tiros e o da equipe da PRF foram rebocados para o pátio da delegacia federal, em Nova Iguaçu, onde será realizada a perícia e o depoimento dos policiais e das vítimas que estavam no carro, todos da mesma família. 

A Agência Brasil entrou em contato com a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal. O espaço está aberto para manifestações.

Decreto

Nesta terça-feira, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) publicou o decreto que regulamenta o uso da força durante operações policiais. Assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a medida estabelece diretrizes para o uso gradativo de armas para evitar a violência policial em todo o país.

De acordo com o decreto, o uso de arma de fogo deve ser feito como medida de último recurso. Armas só poderão ser usadas quando outros recursos de “menor intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos”.

São Paulo anuncia retorno de Oscar, 14 anos após saída polêmica

Após 14 anos, o meia Oscar está de volta ao São Paulo. O Tricolor anunciou nesta terça-feira (24), véspera de Natal, a contratação do jogador de 33 anos, revelado no clube e que passou as últimas oito temporadas no Shanghai Port, da China.

A última temporada de Oscar foi justamente a de melhores números no futebol chinês: 16 gols e 29 assistências em 39 jogos, ou seja, participação média de ao menos um gol por partida. Pelo Shanghai Port, foi três vezes campeão nacional (2018, 2023 e 2024) e ainda venceu uma Supercopa da China, em 2019.

“Oscar é um jogador que dispensa comentários. Tem uma qualidade técnica difícil de se encontrar no mercado. Eu me empenhei pessoalmente nesta negociação, pois já conversava com ele há mais de seis meses sobre essa possibilidade. Vamos trabalhar para termos um 2025 com grandes resultados”, afirmou o presidente do São Paulo, Julio Casares, ao site do clube.

Antes de atuar na Ásia, Oscar defendeu o Internacional (2010 a 2012) e o Chelsea, da Inglaterra  (2012 a 2017). Pelo Colorado, foi bicampeão gaúcho (2011 e 2012) e venceu a Recopa Sul-Americana de 2011. No clube inglês, conquistou a Liga Europa (2012/2013), a Copa da Liga Inglesa (2014/205) e foi duas vezes campeão nacional (2014/2015 e 2016/2017).

Pela seleção brasileira, o meia esteve presente em 48 jogos, com 12 gols e 15 assistências. Vestindo a Amarelinha, fez parte do time campeão da Copa das Confederações de 2013, no Brasil. No ano seguinte, integrou a equipe que disputou a Copa do Mundo, também em solo brasileiro, balançando as redes duas vezes.

A saída de Oscar do São Paulo para atuar no Inter foi tumultuada. Em 2009, um ano após estrear no time principal do Tricolor, o meia acionou o clube na Justiça alegando problemas na assinatura de seu primeiro vínculo profissional, aos 16 anos. O jogador foi poucas vezes a campo pela equipe paulista: 14 jogos, nenhum gol e duas assistências. Apesar disso, integrou o elenco campeão brasileiro em 2008.

“Estou feliz de voltar ao Brasil e poder jogar no São Paulo, que é o clube onde comecei, fiz a minha base e me revelou. Estou feliz com essa possibilidade de retornar, a minha família também. Agradeço pelo carinho que recebi nas redes sociais nos últimos dias, e farei o meu melhor para conquistarmos grandes coisas juntos”, comentou Oscar, à página do Tricolor.

Mestre Laurentino morre ao 98 anos em Belém

O músico João Laurentino da Silva, conhecido como mestre Laurentino, morreu neste sábado (21) em Belém. Ícone da música paraense, ele morreu aos 98 anos, em sua residência, localizada na Travessa Barão do Triunfo, no bairro da Sacramenta. A causa da morte não foi informada.

Laurentino nasceu na Ilha de Marajó, mas cresceu na capital do Pará, onde formou família e ficou conhecido como o roqueiro mais antigo do Brasil. Ele teve 27 filhos.

Em nota, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, lamentou o falecimento do instrumentista e prestou solidariedade aos familiares.

“É um momento de muita tristeza para a cultura de Belém e do Pará. A prefeitura se solidariza com amigos e familiares de João Laurentino da Silva, carinhosamente chamado de mestre Laurentino, e reconhece sua grande contribuição à cultura paraense”, declarou o prefeito.

Durante sua carreira, Mestre Laurentino produziu centenas de fitas cassetes gravadas no quintal de sua casa, com uivados de cachorros, papagaios, galinhas e todo o som de seu habitat. Com isso, acabou criando uma linguagem própria.

Um dos seus maiores sucessos, “Lourinha Americana”, foi gravado por Gilberto Gil.

Nos 30 anos do Tetra, No Mundo da Bola recebe o ex-jogador Branco

O programa No Mundo da Bola oferece um presente especial para o seu público em sua próxima edição, uma entrevista exclusiva com o ex-jogador Branco, que foi uma peça importante na campanha do tetracampeonato da seleção brasileira na Copa do Mundo de futebol, em 1994 nos Estados Unidos.

Na conversa, que será exibida pela TV Brasil a partir das 20h30 (horário de Brasília) do próximo domingo (22), o veterano fala sobre os 30 anos do Tetra, a sua trajetória nos gramados e o trabalho nas categorias de base do futebol nacional depois de pendurar as chuteiras.

No bate-papo com os jornalistas Paulo Garritano, Rodrigo Campos e Carlos Molinari, o craque Branco, que, após a aposentadoria, assumiu a coordenação das divisões de base da seleção brasileira, trata das expectativas para as novas gerações de atletas. A superação da Covid é outro assunto do encontro que emocionou o homenageado na entrevista inédita com o time de esportes da emissora pública.

Além disso, o ex-jogador comemora as quatro décadas do Campeonato Brasileiro de 1984 vencido pelo Fluminense, clube que o lateral-esquerdo defendeu em campo por várias temporadas. Este foi um dos títulos mais expressivos daquela geração do Tricolor das Laranjeiras.

Museu do Amanhã abre exposição e inicia a celebração dos seus 10 anos

O misterioso universo dos sonhos sob diferentes perspectivas é o tema da mais nova exposição do Museu do Amanhã, na Praça Mauá, na região central do Rio de Janeiro. Sonhos: História, Ciência e Utopia estreia nesta quarta-feira (18) e marca o início da programação comemorativa para os 10 anos da instituição, que serão completados em 17 de dezembro de 2025.

A mostra traz a complexa teia dos sonhos, sejam lúcidos ou lúdicos, analisados por cientistas ou interpretados por esotéricos; sejam os que moveram a psicanálise de Freud, inspiram a vida e a arte; ou os que dependem do descanso para trazerem saúde e qualidade de vida; sejam eles os sonhos dos ancestrais e as utopias futuras.

Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Com curadoria do neurocientista Sidarta Ribeiro, a mostra é baseada no seu livro O Oráculo da Noite: a história e a ciência do sonho. 

“O conceito primordial dessa exposição é que sem a capacidade de sonhar e construir o que o sonho propõe, a gente não tem um futuro como espécie. A exposição parte da ideia de que o sonho foi, é e continuará sendo uma ferramenta de sobrevivência e um espaço para construir um futuro viável não só para a nossa espécie como todas as outras que a gente está neste momento colocando em risco. É uma exposição que faz uma crítica muito contundente desse presente, desse momento que a gente dorme tão mal, e que busca dialogar com a ciência não só universitária mas com as ciências indígenas, de matriz africana que lidam com o sonho de uma maneira irreverente”, explicou Sidarta.

Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A mostra se inicia com a instalação Labirinto – Somos Descendentes de Sonhadores. Simulando um labirinto, com ilustrações, texto e jogos de luz e sombra, o visitante perpassa um panorama histórico de como os sonhos têm sido usados por diferentes povos e em diversas épocas como ferramentas de decisão, criação e aprendizado. Em seguida, em Meditação – Sonhar-criar, há um espaço de meditação guiada pela voz de Sidarta aliada a sonoridades brasileiras.

Em parceria com o Museu de Imagens do Inconsciente, a exposição faz uma homenagem ao trabalho iniciado por Nise da Silveira, que entende a arte como reveladora das riquezas do inconsciente e como uma potente contribuição na luta contra os estigmas associados aos portadores de transtornos psíquicos. 

Um conjunto de 18 obras de artistas emblemáticos que passaram pela instituição, como Adelina Gomes, Carlos Pertuis, Emygio de Barros e Fernando Diniz, são exibidas para representar o que podemos acessar através dos sonhos.

Na seção interativa O Sono é a Cama do Sonho, pode-se experimentar o ciclo do sono – o que acontece conosco em cada uma de suas fases, por meio de jogos e instalações. 

Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

No último setor, Utopias, obras interativas se utilizam de recursos como inteligência artificial e produção de vídeos; e, encerrando o percurso, o visitante se depara com uma imersão na Galeria de sonhos e de grandes sonhadores, homenagem a sonhadores de nossa história como Bertha Lutz, Cacique Raoni, Chico Mendes, Darcy Ribeiro, Dona Ivone Lara, Lélia Gonzalez, Martin Luther King, Nise da Silveira, Paulo Freire, Pepe Mujica e Yoko Ono.

Para o curador do museu, Fabio Scarano, sonhos, tanto do ponto de vista científico como do ponto de vista de outras visões de mundo, inclusive da arte, é um tema que discute bem esse valor que se dá a diferentes inteligências. 

“Tem povos indígenas que fazem todo o seu planejamento com base nos sonhos, tem povos que sonham juntos, combinam de sonhar juntos determinado tema para tomar decisão no dia seguinte. Temos povos aborígenes na Austrália nos quais o sonho é o real e o real é o sonho. Há uma forma gigantesca de lidar com o sonho”, disse Scarano.

Os ingressos estão disponíveis no local e no site oficial do Museu do Amanhã, que funciona de terça-feira a domingo, das 10h às 18h, com última entrada para visitação às 17h. Às terças-feiras, a entrada é gratuita para todos os visitantes.

Dez anos

Nesta terça-feira (17), o museu comemora 9 anos de existência com mais de 6,8 milhões de visitantes. Mais de 40% do seu público não é frequentador de museus, 22% visita um museu pela primeira vez e 50% vêm da zona norte e oeste do Rio de Janeiro. Foram cerca de 50 exposições temporárias. Mais de mil atividades entre palestras, workshops, oficinas e debates receberam mais de 48 mil participantes além de 26.500 pessoas alcançadas pelos programas educativos.

Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Segundo o novo diretor executivo da instituição, Cristiano Vasconcelos, o segredo do sucesso vem do trabalho do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) na administração da casa, regido pelas diretrizes e regras da Prefeitura do Rio de Janeiro. 

“Temos um modelo de gestão sustentável e inovador, cujas receitas vêm de múltiplas fontes. A principal delas é a captação feita via Lei Rouanet, mas também dependemos de bilheteria, locação dos nossos espaços para eventos, patrocínios, além da concessão de espaços como o restaurante e a loja de souvenirs. Assim, conseguimos nossa total autonomia financeira”, informou Vasconcelos.

No início do segundo trimestre de 2025, o museu apresenta um novo conceito para um dos pontos cruciais da sua exposição de longa duração: Antropoceno. Ao longo do ano, outros momentos da exposição também serão renovados.

Em 2025, a instituição abrirá 1.200 metros quadrados destinados à arte contemporânea. O intuito do novo espaço é que a arte seja um meio de democratizar o acesso ao conhecimento científico.

Exposição Sonhos: história, ciência e utopia, no Museu do Amanhã – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O museu foi criado tendo a sustentabilidade como um dos pilares fundamentais e recebeu a certificação Leadership in Energy and Environmental Design, que reconhece e incentiva práticas de construção sustentável desde a concepção do projeto até sua manutenção.

“O museu nasceu num momento muito especial do Brasil em que a gente vivia as Olimpíadas e a Copa do Mundo e permanece. Um dos grandes legados dessa época de ouro é o Museu do Amanhã e o Museu de Arte do Rio, que foram equipamentos que ficaram. Esse museu tem um caráter social importantíssimo e permite que o museu que é algo normalmente elitista, distante, que as pessoas entrem, toquem, por ser um museu muito interativo”, disse o diretor. 

“Esse museu foi criado para discutir as questões climáticas e a sustentabilidade e estamos fortalecendo essa pauta”.

Luta de Chico Mendes permanece viva nos 80 anos de seu nascimento

Neste 15 de dezembro, Chico Mendes completaria 80 anos, se em 22 de dezembro de 1988, uma semana depois de fazer 44 anos de idade, não tivesse sido assassinado a tiros de escopeta nos fundos da própria casa, em Xapuri, no Acre (AC), município cravado na Amazônia, região onde o sindicalista e ativista transformou a vida de muitas pessoas, que, como ele, nasceram e viveram na e da floresta.

“Se a gente for olhar pela trajetória de vida do meu pai, com seus 44 anos, jovem e atravessado por tantos desafios, tendo tantas ideias e liderando processos tão complexos e ousados para a época. Se estivesse vivo, eu veria hoje uma Amazônia um pouco melhor de se viver, uma Amazônia mais preservada”, diz Ângela Mendes, a filha de Chico Mendes com a primeira esposa, Eunice Feitosa Mendes.

Nascido no mesmo local de sua morte, Francisco Alves Mendes Filho traçou uma trajetória de vida curta e intensa. Com início duro e de poucas oportunidades no Seringal Porto Rico, onde trabalhou desde os 11 anos de idade, em vez de frequentar a escola.

Só viu oportunidade de transformar a própria realidade nos seringais de condições análogas à escravidão. Até castigos físicos sofreu. Aos 16 anos, foi alfabetizado por Euclides Távora, um militante comunista cearense, refugiado político do governo Getúlio Vargas.  Com o conhecimento que o letramento lhe possibilitou, Chico Mendes foi muito além, como recorda o amigo e também militante, Gumercindo Rodrigues, o Guma.

“O próprio Chico dizia, eu pensei primeiro que eu estava defendendo a seringueira, depois eu pensei que eu estava defendendo os seringueiros, que estava defendendo a floresta, de repente eu descobri que eu estava defendendo o planeta, estava lutando pelo planeta”, diz.

Uma luta marcada por inúmeros ‘empates’, uma das primeiras ferramentas usadas por Chico Mendes em suas batalhas diante das constantes ameaças de expulsão. A estratégia, criada pelo também seringueiro, Wilson Pinheiro, garantia a proteção da floresta e das seringueiras, de forma pacífica, por meio da reunião da maior quantidade possível de trabalhadores e suas famílias para ‘empatar’ em número e argumento com os desmatadores e, dessa forma, ‘empatar’, no sentido de impedir, o cumprimento da ordem dada pelos latifundiários.

“Essa prática se tornou bastante forte na região de Brasileia (AC) e foi conduzida com bastante maestria pelo Wilson Pinheiro, a primeira grande liderança de trabalhadores rurais, assassinado dia 21 de julho de 1980. Exatamente por causa de sua grande capacidade de mobilização e de resistência, ele fez parte dessa criação do empate lá atrás”, conta Guma.

Resex

Ativista Socioambiental Ângela Mendes. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Novas ferramentas de mobilização foram sendo construídas por Chico Mendes, como a Aliança dos Povos da Floresta, um movimento social que reuniu extrativistas, indígenas, ribeirinhos e outros povos tradicionais; na década de 1980. A criação do Conselho Nacional dos Seringueiros e do conceito das reservas extrativistas (Resex) foram outras formas de fortalecer a luta do ambientalista na coletividade e no vínculo com os territórios.

Para Ângela, com a ideia de regularização das áreas onde os seringueiros moravam, em um processo onde o cuidado com o ambiente era associado ao modo de vida dos povos tradicionais, Chico Mendes “abre as portas para uma modalidade que permite a presença das pessoas na floresta. E hoje já está mais do que provado que as pessoas, as populações tradicionais, têm uma relação harmoniosa com o seu território, de guardião desse território, de guardião de uma ancestralidade também. Então é uma outra relação”, destaca.

Inspiração

A chegada das escolas nos seringais, por meio do Projeto Seringueiro, com metodologia para adultos baseada nas ideias de Paulo Freire, também teve, na sua origem, a experiência de alfabetização tardia vivida por Chico Mendes. A iniciativa implantada por universitários liderados pela antropóloga e amiga do ambientalista, Mary Allegretti, ganhou fôlego e resistência com o apoio do Centro de Trabalhadores da Amazônia, organização social estruturada no cooperativismo e que teve, também, participação do líder seringueiro.

Solidariedade

Segundo Ângela, aqueles que conviveram com Chico Mendes o consideram vivo através das ideias que ele deixou e que continuam inspirando iniciativas de proteção às florestas e de quem vive nela. E foram muitas pessoas, diz a filha do ambientalista. “Ele era uma pessoa intensamente carismática e que inspirava a confiança dos seus companheiros, o quanto ele era fraterno”.

A filha recorda que, em uma visita que fez ao pai, encontrou todas as roupas da casa e do seringueiro no chão, até o único terno que tinha, que usou aos ser condecorado, em Nova York, com a Medalha da Sociedade para um Mundo Melhor.

“Eu estranhei aquilo e perguntei, e ele falou que teve uma assembleia no sindicato, nem todo mundo conseguiu ficar lá alojado, e alguns companheiros foram dormir na casa dele. Ele botou tudo que ele tinha no chão para que as pessoas não passassem frio”, disse Ângela.

Futuro

Gomercindo Rodrigues, agrônomo e advogado, amigo de Chico Mendes. Foto: Gomercindo Rodrigues/Arquivo Pessoal

Para o amigo Guma, a Amazônia e todo o planeta pagam um preço alto pela partida precoce de Chico Mendes. “Nós tínhamos um porta-voz que era extremamente eficiente, tranquilo, conversava com todo mundo, mas era extremamente firme nas suas posições. Eu acho que ele teria conseguido aglutinar muito mais gente nessa resistência”, afirma.

Guma, o agrônomo que virou advogado para apoiar os povos da floresta, entende que é necessário avançar na forma como se pensa o desenvolvimento na Amazônia e, para isso, a melhor resposta está no modo de vida tradicional, que sempre precisou da floresta em pé. Ele diz que o Brasil precisa atingir o desmatamento zero em todos os biomas e, para isso, é necessário punir de forma mais efetiva quem desmata e causa queimadas.

“Eu acho que não é cadeia que resolve. Eu acho que, a responsabilização civil, a obrigação de reparar o dano, é a melhor punição. Desmatou mil hectares, tem que plantar dois mil hectares de florestas nativas, de espécies nativas, não de monocultura de eucalipto, que é de deserto verde”, ressalta.

Ângela complementa que também é preciso cuidar do futuro, para que tudo que Chico Mendes construiu, permaneça vivo. “O que ele deixa de legado foi tão forte, mas, ao mesmo tempo, precisa de ser cuidado. Então, por exemplo, a gente tem olhado com muita profundidade para a juventude desses territórios, porque entende que o jovem é o presente, mas também o futuro. Que a gente precisar manter esses territórios ainda protegidos, a gente tem que proteger e garantir o acesso a direitos, as políticas públicas fortes para manter esses jovens no seu território com uma sensação de bem-estar muito forte”, destaca a filha de Chico Mendes.

Hoje é Dia: 18 anos da Rádio Nacional do Alto Solimões são destaque

Começamos a semana com o Dia Nacional da Economia Solidária, celebrado neste 15 de dezembro. O modelo busca promover a cooperação, a inclusão social e a justiça econômica, em contraposição ao modelo capitalista tradicional. Exemplos são as cooperativas de trabalho, associações de produtores, feiras de economia solidária, bancos comunitários, entre outros. A prática é, inclusive, defendida por economistas como alternativa para enfrentar a crise econômica, como mostra essa reportagem de 2017 da Agência Brasil. A economia solidária também pode ser uma ferramenta para promover a inclusão social de pessoas em situação de rua, como destaca esta outra matéria da Agência Brasil, de 2024. O potencial de gerar emprego e renda também foi mostrado nesta reportagem da TV Brasil, de 2017

Quando se fala em preservação da Amazônia um nome sempre lembrado é o de Chico Mendes, que nasceu no dia 15 de dezembro. Ecologista, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, no Acre, Chico foi precursor na luta pela sustentabilidade e contra a destruição da região. Mas pagou caro por isso, sendo assassinado dentro de casa em 1988, a mando do fazendeiro Darci Alves Pereira. Quando sua morte completou 35 anos, em 2023, seu legado foi tema desta reportagem da Agência Brasil, e desta outra do Repórter Brasil Noite, da TV Brasil. Ainda na TV, o ambientalista também foi o tema deste capítulo do programa Caminhos da Reportagem

O Dia do Arquiteto e Urbanista também é celebrado em 15 de dezembro, em homenagem a Oscar Niemeyer, nascido nesta data. Considerado um ícone da arquitetura moderna, Niemeyer deixou mais de 600 obras espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, como o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, em Brasília; o conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte; e a sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, só para citar alguns exemplos. O legado do brasileiro ganhou um tributo por ocasião de sua morte, em 2012, neste capítulo do Caminhos da Reportagem e nesta reportagem do Repórter Brasil, ambos exibidos pela TV Brasil. 

O dia 17 de dezembro de 2014 representa um dos maiores marcos da política internacional. Foi nesta data que Estados Unidos e Cuba anunciaram o reatamento de suas relações diplomáticas, após 53 anos de afastamento. O rompimento veio em 1961, após o fracasso da incursão americana de invadir a ilha para tentar derrubar o regime de Fidel Castro. No ano seguinte (1962), os Estados Unidos impuseram um embargo econômico, comercial e financeiro contra Cuba. A Agência Brasil deu destaque à reaproximação histórica nesta reportagem, e ouviu especialistas para analisar os desafios desta nova fase nesta outra matéria. A reabertura da embaixada americana em Cuba e da contraparte cubana nos Estados Unidos foi destacada nesta edição do Repórter Brasil, da TV Brasil

Direitos Humanos 

Em todo o mundo existem 281 milhões de migrantes, segundo o Relatório Mundial sobre Migração de 2024 da Organização das Nações Unidas (ONU). Essas pessoas deixam seus países de origem pelos mais variados motivos. Alguns fogem da pobreza e sonham em conseguir uma vida melhor em outra nação. Outros são forçados a se deslocar devido a perseguições, conflitos armados, violência e violação de direitos. E, mais recentemente, cresce o número daqueles que abandonam suas casas por causa de desastres naturais, provocados pelas mudanças climáticas. Mas, além da dificuldade do deslocamento, os migrantes são hostilizados nos países onde chegam. Para estimular a solidariedade e o respeito aos direitos humanos dessa parcela da população, o 18 de dezembro foi instituído como o Dia Internacional dos Migrantes. A data ganhou destaque na Agência Brasil, nesta reportagem de 2023.

Cultura 

Para fechar as efemérides desta semana, vamos falar de cultura? Considerado um dos maiores clássicos do cinema mundial, o filme “E o vento levou” estreou no dia 15 de dezembro, em 1939. O longa metragem norte-americano, dirigido por Victor Fleming, George Cukor e Sam Wood, mostra o romance entre os personagens Scarlett O’Hara e Rhett Butler, tendo como pano de fundo a Guerra de Secessão americana, no século XIX. O filme teve o recorde de 13 indicações ao Oscar, vencendo em oito categorias. A estreia de “E o vento levou” foi tema desta edição do História Hoje de 2014, da Rádio Nacional

O maestro Glenn Miller se tornou uma lenda da música americana, não só por seu talento, mas também pela forma trágica e precoce como se deu sua morte. Ele começou como músico independente na década de 30, em Nova Iorque, e já em 1938 formou sua orquestra. Entre outras características, suas composições protestavam contra o nazismo. Tanto que, mesmo estando no auge do sucesso, Glenn Miller decidiu ir lutar na Segunda Guerra Mundial. Ele morreu no dia 20 de dezembro de 1944, aos 40 anos, quando o avião da força aérea onde viajava desapareceu no Canal da Mancha. Sua história e obra foram tema desta edição do programa Momento Três de 2016, da Rádio Nacional

Falando agora dos músicos brasileiros, em 21 de dezembro de 2012 nascia Altamiro Carrilho, genial flautista que foi descoberto nos anos 50 na nossa Rádio Nacional, no programa de calouros de Ary Barroso. Ele escreveu mais de 200 composições e gravou mais de 100 discos, ajudando a difundir mundialmente o Choro como gênero essencial da música brasileira. A TV Brasil deu visibilidade à sua obra nesta reportagem de 2012, ano em que o músico faleceu, aos 87 anos. E como não poderia deixar de ser, a Rádio Nacional prestou homenagem ao virtuose em 2015, nesta edição do programa Momento Três, e em 2019, nesta edição do Tarde Nacional

Confira a relação de datas do Hoje é Dia de 15 a 21 de dezembro de 2024:

Dezembro de 2024

15

Morte do músico de jazz e bandleader estadunidense Glenn Miller (80 anos)

Nascimento do seringueiro, sindicalista, ativista e ambientalista acreano Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes (80 anos)

Estreia do filme “…E O Vento Levou” (“Gone with the Wind”) em Atlanta, nos Estados Unidos da América (85 anos)

Criada a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste SUDENE (65 anos) – a autarquia criada com o objetivo de promover o desenvolvimento dos estados do nordeste brasileiro

Dia Nacional da Economia Solidária

Dia do Arquiteto e Urbanista – em homenagem a Oscar Niemeyer, nascido nesta data

Aniversário da cidade de Gramado no Rio Grande do Sul (70 anos)

Primeira transmissão da Rádio Nacional do Alto Solimões (18 anos)

16

Batalha das Ardenas ou Batalha do Bulge (80 anos) – grande contraofensiva alemã lançada no fim da Segunda Guerra Mundial na floresta das Ardenas na Valônia, Bélgica; também chegou à França (Bataille des Ardennes)

17

Estados Unidos e Cuba anunciam o reatamento de relações diplomáticas após 53 anos (10 anos)

Assinatura do Protocolo de Ouro Preto, o primeiro segmento do Tratado de Assunção que estabelece as bases institucionais para o Mercosul (30 anos)

18

Morte do pianista e compositor estadunidense Louis Moreau Gottschalk (155 anos) – compôs, entre outras, a “Grande Fantasia Triunfal Sobre o Hino Nacional Brasileiro”, que dedicou a Son Altesse Impériale Madame la Comtesse d’Eu

Dia Nacional do Museólogo – comemorado por brasileiros conforme Decreto de 31 de maio de 2004, pelo qual também se criou a “Semana dos Museus” no Brasil

Dia Internacional dos Migrantes

19

Morte do empresário alagoano Pedro Collor (30 anos) – denunciou esquema de corrupção no governo de seu irmão Fernando Collor, dando início ao processo de Impeachment

Morte da soprano lírica italiana Renata Tebaldi (20 anos)

Primeira edição do jornal diário francês “Le Monde” (80 anos)

20

Nascimento do escritor e jornalista maranhense José Américo Augusto Olímpio Cavalcanti dos Albuquerques Maranhão Sobrinho, conhecido com Maranhão Sobrinho (145 anos) – considerado um dos maiores poetas simbolistas do Brasil, foi fundador da Academia Maranhense de Letras

Morte do príncipe alemão-holandês João Maurício de Nassau (345 anos)

Criação da instituição de ensino superior Fundação Getúlio Vargas (FGV) (80 anos)

Dia Internacional da Solidariedade Humana – comemoração instituída pela ONU, na Resolução nº 60/209 de 22 de dezembro de 2005

21

Nascimento do compositor e flautista fluminense Altamiro Carrilho (100 anos)

Dia do Solstício de Verão – comemorado no Hemisfério Sul