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Boletim da Fiocruz indica alta de casos de covid-19 no país

A nova edição do boletim semanal Infogripe, divulgado nesta quinta-feira (19) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), revela uma tendência alta de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associadas ao covid-19 em alguns estados do país. É o caso do Ceará, onde um cenário de crescimento dessas ocorrências já havia sido indicado na edição anterior da publicação.

Há indícios de que Minas Gerais, Sergipe e Rondônia também iniciam um movimento parecido. O mesmo ocorre no Distrito Federal. Os casos envolvem especialmente pacientes idosos, que são mais suscetíveis aos efeitos mais adversos da infecção pelo coronavírus causador da covid-19.

O boletim registra aumento de ocorrências de SRAG entre crianças e adolescentes de até 14 anos, associados principalmente ao rinovírus, em quatro unidades federativas: Acre, Distrito Federal, Minas Gerais e Sergipe. Os dados do novo boletim são referentes à semana epidemiológica que vai de 8 a 14 de dezembro.

A SRAG é uma complicação respiratória que demanda hospitalização e está associada muitas vezes ao agravamento de alguma infecção viral. O paciente pode apresentar desconforto respiratório e queda no nível de saturação de oxigênio, entre outros sintomas. 

De acordo com a nova edição, considerando as últimas quatro semanas epidemiológicas analisadas, a covid-19 esteve relacionada a 31,1% dos casos de SRAG com resultado positivo para alguma infecção viral. Já o rinovírus representou 38,6%. Além disso, 7,9% estiveram associados ao vírus sincicial respiratório (VSR), 7,6% à influenza A e 7,3% à influenza B.

Quando se observa apenas os quadros de SRAG que resultaram em mortes nessas quatro semanas, 63,6% estão associados à covid-19. A maioria desses casos que tiveram a morte como desfecho envolveram idosos. 

Ao todo, o Brasil já registrou em 2024 um total de 78.739 casos de SRAG com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório. Destes, 16,8% são referentes à influenza A; 2% à influenza B; 19,6% à covid-19; 27,1% ao rinovírus e 33,8% ao VSR. Outras 8.280 ocorrências estão em fase de análise.

O boletim Infogripe sinaliza para uma tendência de aumento de SRAG em nível nacional. Em 11 unidades federativas, há sinal de crescimento dos casos no longo prazo: Acre, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe. Além disso, há tendência de aumento das ocorrência no curto prazo no Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.

Cenário em 2024

Fazendo um balanço do cenário epidemiológico de 2024, a pesquisadora da Fiocruz, Tatiana Portella, destacou que o país viveu duas ondas importantes de covid-19. A primeira, que começou ainda no final de 2023 e avançou pelo início deste ano, afetou diversos estados. Já a segunda onda, iniciada em agosto de 2024, teve São Paulo como o estado mais atingido.

Apesar dessas duas ondas, a pesquisadora destaca que, em comparação com 2023, houve uma redução de aproximadamente 40% nos casos de SRAG associados à covid-19. Ainda assim, Portella alerta para o crescimento dessas ocorrências no encerramento de 2024. 

“Neste fim de ano, observamos uma menor atividade dos vírus respiratórios, com exceção apenas da covid-19, que já começa a apresentar sinais de aumento em algumas regiões do país. Para as festas de fim de ano, recomendamos o uso de máscaras caso surjam sintomas de gripe ou resfriado. Também sugerimos, sempre que possível, priorizar ambientes mais arejados, especialmente neste momento de início de aumento do número de casos de covid-19”.

Galípolo diz não ver ataque especulativo em alta do dólar

O diretor de Política Monetária e próximo presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira (19) não ver um ataque especulativo como justificativa para a alta do dólar nos últimos dias. Segundo o diretor, o termo ataque especulativo não resume corretamente o movimento de alta na moeda americana, que chegou a valer R$ 6,30 esta manhã, mas recuou diante dos leilões de venda de US$ 8 bilhões pelo BC.

Para Galípolo, não é correto tratar o mercado como uma coisa só, um bloco monolítico, e que sempre haverá posições contrárias com alguém vendendo ou comprando ativos.

“Quando o preço de ativo [como o dólar] se mobiliza em uma direção, têm vencedores e perdedores. Ataque especulativo não representa bem como o movimento está acontecendo no mercado hoje”, explicou Galípolo durante entrevista coletiva para detalhar o relatório de inflação divulgado nesta quinta-feira.

Na terça-feira (17), circularam em redes sociais informações falsas envolvendo a política monetária. Na rede X, foi identificada uma série de postagens com falsas declarações de Galípolo sobre o BC. As alegações foram desmentidas pelo banco, mas ganharam repercussão em perfis de analistas econômicos, o que acabou impactando na cotação do dólar.

Nesta quinta-feira a Polícia Federal e a Comissão de Valores Mobiliários informaram que vão investigar um possível crime de manipulação contra o mercado de capitais. A investigação vai ocorrer a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU).

Ao explicar a alta do dólar, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a instituição registrou um movimento atípico na alta do dólar e que a variação no valor da moeda está relacionada a disfuncionalidades sistêmicas.

“A gente entende que o princípio da separação é fundamental, ou seja, que política monetária é para juros, macroprudencial para estabilidade financeira, e que o câmbio é flutuante. Que o Banco Central deve agir no câmbio quando entende que tem algumas disfuncionalidades no fluxo, por alguma operação pontual, saída extraordinária ou fator de mercado”, esclareceu.

Campos Neto disse que a instituição registrou a saída atípica de dólares no fim do ano, que incluiu o pagamento de taxas de dividendos, remessas de pessoas físicas e operações em plataformas e que, diante da constatação, o BC decidiu agir, vendendo dólares.

“Entendemos que começou a ter, através do que a gente vinha levantando com o mercado, uma saída maior, uma saída atípica no fim do ano. A parte de dividendos estava acima da média, e o fluxo financeiro estava bastante negativo”, disse.

Segundo Campos Neto, diante da constatação, o BC trabalhou para identificar o tamanho do fluxo e em fazer uma intervenção fatiada para contrabalancear o movimento de alta.

“A gente fatia esse volume que é razoável para suprir essa liquidez em alguns dias”, explicou. “Hoje fizemos um leilão e a demanda foi muito maior do que esperávamos e decidimos fazer uma outra intervenção e de novo: tendo um volume na cabeça e entendendo que é para fazer fatiado. Não tem nenhum desejo do Banco Central de proteger nenhum nível de cambio”, defendeu.

Campos Neto disse que a decisão de fatiar a intervenção foi tomada com cuidado para evitar uma contaminação na taxa de juros. Ainda de acordo com Campos Neto, o BC segue monitorando o fluxo do dólar, mas a tendência é de arrefecimento na alta do dólar, especialmente na próxima semana, devido à diminuição nas transações em razão das festas de final de ano.

“O Banco Central tem muita reserva e vai atuar se for necessário e a gente entende que nesse fim de ano tem um fluxo atípico muito grande”, disse.

Taxa Selic

Ao comentar a decisão do BC de aumentar a taxa Selic em um ponto percentual e sinalizar que vai manter o ritmo de aumento nas duas próximas reuniões.

Segundo ele, além do aumento recente na taxa de câmbio e da inflação corrente, também foi determinante para decisão a percepção negativa do mercado sobre o pacote de corte de gastos do governo e o cumprimento da meta fiscal.

“A sinalização com essa elevação é um passo importante para mostrar que o Banco Central está comprometido em atingir a meta, que entende que a gente tem uma incerteza maior que a usual e que algumas incertezas se tornaram certezas”, disse. 

“No final o nosso objetivo é ganhar o máximo de credibilidade, fazendo com que a gente tenha o máximo de convergência nas expectativas, da forma mais suave possível”, avaliou.

Campos Neto disse ainda que durante o processo de transição da presidência, Galípolo e os novos diretores do banco passaram a ter um peso maior nas decisões do BC, especialmente nas duas últimas reuniões, sendo determinantes para o aumento na Selic.

“Essa foi a tônica das duas últimas reuniões. O peso deles foi sendo cada vez maior que o meu. O que eu quero dizer é que o peso deles foi sendo cada vez maior que o meu, culminando na última reunião. Não entendíamos que isso facilitava a passagem de bastão”, disse.

Recesso

Nesta sexta-feira (20), na prática, será o último dia de Campos Neto à frente do BC, já que a instituição entrará em recesso até o próximo ano. A partir de janeiro, Galípolo já responderá pelo comando do banco. 

Galípolo disse que Campos Neto foi “generoso” durante o processo de transição. “Na verdade ela foi uma transição entre amigos, e ele foi muito generoso ao longo desse processo de passagem de bastão, de dar liberdade, de falar: é importante que o Gabriel tenha um peso diferente na fala, nas decisões”, comentou.

Governo pode enfrentar apagão em 2032, com alta de gastos obrigatórios

O crescimento de gastos obrigatórios e de despesas não obrigatórias determinadas por lei, como emendas impositivas e pisos da saúde e da educação, poderá levar o governo federal a enfrentar um apagão em 2032. O alerta consta do Relatório de Projeções Fiscais, divulgado nesta segunda-feira (16) pelo Tesouro Nacional.

Segundo o documento, o espaço para as despesas discricionárias (não obrigatórias) não rígidas, que exclui emendas parlamentares e pisos da saúde e da educação, praticamente acabará em 2032. Essa situação deixará o governo numa situação de shutdown (falta de dinheiro para manter a máquina pública em funcionamento), caso nada seja feito.

No cenário de referência, o governo terá R$ 123 bilhões para despesas discricionárias não rígidas no próximo ano, incluindo os gastos de custeio (manutenção da máquina pública) e investimentos (obras e compra de equipamentos). O montante, no entanto, cai gradualmente até chegar a R$ 3 bilhões em 2032.

Embora sejam necessários para manter os órgãos públicos em funcionamento, os gastos de custeio são classificados no Orçamento como despesas não obrigatórias. Esses gastos incluem contas de luz, água, internet, faxina, material de escritório, combustíveis e papéis para documentos, entre outras despesas.

Além do crescimento das despesas obrigatórias, o espaço fiscal será consumido pelas despesas discricionárias rígidas, determinadas por lei, como emendas impositivas e pisos para a saúde e a educação.

A partir de 2027, os gastos não rígidos começarão a ser comprimidos. Nesse ano, segundo o Tesouro, o espaço cairá para R$ 70 bilhões, o mínimo para o governo funcionar e investir o mínimo possível. Em 2028, começariam as dificuldades para manter o funcionamento da máquina pública, chegando à paralisia em 2033 e 2034.

Além da inclusão dos precatórios no limite de gastos do arcabouço fiscal, o Tesouro ressalta que o piso de investimentos estabelecido pelas regras fiscais ocupará cada vez mais espaço nas despesas discricionárias não rígidas no cenário de referência, saltando de 24% em 2024 para 40% em 2027. O marco fiscal estabelece que o Orçamento deve conter uma previsão para o piso de investimentos, mesmo com a execução não obrigatória.

Ao considerar todas das despesas discricionárias, as rígidas e as não rígidas, os gastos do Poder Executivo cairão de 1,7% em 2024 para 0,9% em 2034. A redução, no entanto, não resultará da melhoria de gestão do governo, mas do crescimento dos gastos obrigatórios que aumentarão até consumir quase a totalidade do limite de gastos do arcabouço fiscal.

Segundo o relatório, as despesas discricionárias estão no mesmo nível em relação ao Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) desde 2023, em proporção do PIB, em torno de 1,7% do PIB, caindo 0,4 ponto percentual em 2027 com a inclusão dos precatórios no limite de despesas. Isso porque, com o fim da vigência da decisão do STF, os precatórios passarão a entrar no limite de gastos do arcabouço.

Após alta hospitalar, Lula diz que está tranquilo e vai se cuidar

Com chapéu na cabeça e acenos ao público e à imprensa que aguardavam do lado de fora, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou às 12h22 deste domingo (15) o Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, onde estava internado desde a última terça-feira (10). Do hospital, Lula seguiu para a sua residência localizada no Alto de Pinheiros, em São Paulo, onde deverá permanecer até pelo menos a próxima quinta-feira  (19) para recuperação.

Pouco antes de deixar o hospital, Lula apareceu de surpresa, acompanhado da primeira-dama, Janja da Silva, na entrevista coletiva em que os médicos informavam sobre a alta hospitalar. Ele abraçou os médicos, posou para fotos e agradeceu a Deus e a toda a equipe médica que o acompanhou no hospital.

“Isso aqui não é uma entrevista, isso aqui é apenas uma sessão de agradecimento”, disse Lula ao iniciar sua fala, que durou cerca de 15 minutos. “Deus foi muito generoso ao cuidar de mim quando eu caí no tombo no banheiro”, disse Lula.

São Paulo (SP), 15/12/2024 – Presidente Lula tem alta hospitalar e agradece equipe médica. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Queda 

O presidente contou como foi a queda, que resultou em um hematoma na cabeça. Lula ressaltou que não ocorreu quando ele cortava a unha do pé no banheiro, como foi amplamente divulgado.

“Faço a questão de explicar a viva-voz que eu não estava cortando a unha do pé. Eu estava cortando a unha da mão e eu estava sentado. Eu já tinha cortado a minha unha, já tinha lixado a minha unha e quando eu fui guardar o estojo, em vez de levantar e abrir a mesa, eu tentei afastar o meu bumbum do banco. O banco era redondo, acabou e o meu bumbum não levantou e eu caí. E bati com a cabeça na hidromassagem, sabe, e teve um estrago razoável. E eu, graças a essa turma de médicos que está aqui, eu, outra vez, me recuperei”, contou Lula.

Após o tombo e exames iniciais, o presidente achou que estava “completamente curado” e que já poderia exercer normalmente suas atividades cotidianas. “Achei que já podia fazer de tudo: voltei a fazer esteira, musculação. Viajei para o Rio de Janeiro, participei do acordo da União Europeia com o Mercosul, já que era uma questão de honra fazer o acordo. Voltei para o Brasil tranquilamente”.

Dias antes da emergência 

O presidente relatou quais sintomas sentiu antes de ser internado para a cirurgia de emergência de drenagem do hematoma na cabeça, ainda consequência da queda no banheiro.

“Fui em uma homenagem feita para Janja na sexta-feira e estava bem. Passei bem o sábado. No domingo, já estava sentindo a dor de cabeça e os médicos haviam me alertado que, qualquer problema de dor na cabeça, eu teria que comunicá-los. Eu achava que não estava com dor de cabeça porque eu tomei banho na piscina e tomei sol e eu estava achando que era um problema provocado pelo sol”.

No dia seguinte, no entanto, acordou com mal-estar. 

“Na segunda-feira, eu acordei sentindo algumas coisas estranhas. Meus passos, a dor de cabeça continuou, mas eu ainda continuei achando que era por causa do sol. Quando foi no final da tarde, eu mandei chamar a doutora no meu gabinete e disse para ela que eu estava sentindo umas coisas estranhas. Eu estava sentindo meus passos mais lentos, eu estava com os olhos vermelhos, eu estava com muito sono”.

Cirurgia

Foi então que o presidente passou por uma bateria de exames no Hospital Sírio-Libanês, ainda em Brasília, que constataram, segundo o próprio Lula, “um volume de crescimento da quantidade de líquidos na minha cabeça”. Foi então que o presidente acabou sendo encaminhado para a unidade do hospital, em São Paulo, na terça-feira de madrugada para uma cirurgia de emergência.

“E quando chegamos aqui, eu nem sei o quanto tempo ele demorava para fazer a cirurgia, que foi abrir a cabeça, foi tirar o líquido”, disse Lula.

Só depois da cirurgia, afirmou ter tomado ciência da gravidade de seu estado.

“Só fui ter noção da gravidade já depois da cirurgia pronta. Mas eu estou tranquilo, me sinto bem”, acrescentou.

Lula disse que ainda sente um pouco de dor na cabeça. “Eu fui tratado aqui [no hospital] com muito carinho, apesar das dores que eu estou sentindo na minha cabeça. Eu pus um chapéu para vocês não verem o curativo que o doutor Marco acabou de fazer agora. Eu não quero que vocês vejam, porque eu sou um cara teoricamente bonito, mas minha cabeça está me deixando um pouco feio”, brincou o presidente.

São Paulo (SP), 15/12/2024 – Após alta do hospital, Lula disse estar se sentindo bem e que vai seguir as recomendações médicas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Emoção

Emocionado, Lula disse que agora “está certo que está curado”, mas que precisará se cuidar, sem poder fazer exercícios físicos intensos.

“Preciso ficar pelo menos 60 dias, mais ou menos tranquilo, mas posso voltar a trabalhar. Fico em casa até quinta-feira aqui em São Paulo, vou fazer a última tomografia e depois eu vou voltar a trabalhar. Tenho reunião ministerial para fazer até o final do ano, eu tenho que decidir sobre o Natal com os catadores de material reciclado aqui que eu faço todo ano em São Paulo. Não vou para a praia, vou passar o Natal em casa, vou passar o Ano Novo em casa e vou tentar obedecer, com respeito e educação, aos médicos. Sou muito disciplinado”, disse o presidente a jornalistas.

Durante a fala à imprensa, Lula disse ainda: “Eu nunca pensei que vou morrer, mas eu tenho medo. Então eu preciso me cuidar e eu sei me cuidar muito bem”, brincado que pretende viver até os 120 anos. “Vocês sabem que eu reivindico o direito de viver até 120 anos e eu acho que eu tenho o direito de reivindicar que seja eu”.

Volta com tranquilidade

“Estou voltando com muita tranquilidade. Tenho muito trabalho para fazer”, disse. 

“Tenho um compromisso com esse país e com o povo brasileiro, e eu quero deixar a Presidência da República, do mesmo jeito que eu deixei em 2010, de cabeça erguida, consciente de que esse país estará muito melhor”, finalizou Lula.

Alta hospitalar

Na manhã de hoje, Lula recebeu alta hospitalar. No entanto, os médicos alertaram que não se trata de uma alta médica, pois o presidente ainda continuará sendo monitorado. “Ele está de alta hospitalar, não alta médica”, esclareceu o cardiologista Roberto Kalil Filho. Por isso, disse o médico, o presidente precisará continuar na capital paulista por mais alguns dias para acompanhamento. Na próxima quinta-feira (19), Lula deverá passar por exames no hospital, entre eles, uma tomografia de controle.

O presidente não poderá fazer exercícios físicos nos próximos dias, mas poderá voltar ao trabalho, dentro de um protocolo médico. “Ele vai ficar em São Paulo, na residência dele aqui. Ele pode conversar e até despachar da casa dele, mas em São Paulo. Na quinta-feira ele vai ser reavaliado com a tomografia e se tudo estiver bem, ele poderá ir para Brasília”, disse o médico.

Lula está autorizado a viajar de avião, desde que sejam viagens curtas. As internacionais, por enquanto, estão suspensas.

Lula recebe alta e deixará hospital ainda neste domingo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu alta médica e deixará o Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, ainda neste domingo (15). Ele ficará em sua residência, em São Paulo, até pelo menos a próxima quinta-feira (19).

A informação foi divulgada em coletiva de imprensa na manhã de hoje (15) no auditório do hospital, onde o presidente está internado desde a última terça-feira (10) para uma cirurgia de emergência em que precisou drenar um hematoma na cabeça, entre o osso do crânio e o cérebro.

A entrevista foi concedida pelo cardiologista Roberto Kalil Filho, o neurologista Rogério Tuma, o neurocirurgião Marcos Stávale, a médica do presidente, Ana Helena Gremoglio, e o médico José Guilherme Caldas, que realizou o procedimento de embolização no presidente.

“O quadro foi extremamente acima do esperado. Para minha felicidade e de toda a equipe, ele está de alta hospitalar”, disse a médica Ana Helena Gremoglio.

“Ele está de alta hospitalar, não alta médica”, esclareceu Kalil. Por isso, disse o médico, o presidente precisará continuar na capital paulista por mais alguns dias para acompanhamento. Na próxima quinta-feira, Lula deverá passar por exames no hospital, entre eles, uma tomografia. 

De acordo com Kalil, Lula poderá exercer suas atividades normalmente nesse período, só evitando exercícios físicos.

“Ele está estável, caminhando, se alimentando, falando normalmente. Ele teve um pós-operatório muito bom, dentro do que se esperava”, afirmou Kalil.

Histórico

Lula teve de ser hospitalizado por causa de uma queda doméstica que sofreu em outubro.

O presidente chegou a São Paulo na madrugada de terça-feira, após ter sentido dores de cabeça. Uma ressonância magnética feita no Hospital Sírio-Libanês, ainda em Brasília, mostrou uma hemorragia intracraniana, decorrente do acidente domiciliar sofrido no dia 19 de outubro. O presidente foi então transferido para a unidade do hospital, na capital paulista, onde passou pelo procedimento cirúrgico.

Na quinta-feira (12), dois dias após a cirurgia, o presidente foi submetido a um novo procedimento, para bloquear o fluxo de sangue e reduzir o risco de formação de novo hematoma. Já na última sexta-feira (13), Lula teve retirado o dreno intracraniano que havia sido colocado na cirurgia da última terça-feira (10). Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Lula apareceu caminhando ao lado do neurocirurgião Marcos Stavale.

Na mensagem publicada nas redes sociais, o presidente escreveu: “Estou firme e forte! Andando pelos corredores […], conversando bastante, me alimentando bem e, em breve, pronto para voltar para casa e seguir trabalhando e cuidando de cada família brasileira”.

No boletim médico, divulgado ontem (14), os médicos informaram que o presidente fez apenas exames de sangue.

 

Aids: Brasil tem alta de casos, mas menor mortalidade desde 2013

Em 2023, o Brasil registrou aumento de 4,5% no número de casos de HIV em comparação a 2022. No entanto, no mesmo período, a taxa de mortalidade caiu para 3,9 óbitos, a menor dos últimos dez anos, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (12) pelo Ministério da Saúde.

No total, foram registrados 38 mil casos da doença no ano passado. A Região Norte teve a maior taxa de detecção (26%), seguida pela Região Sul, 25%. A maioria dos casos foi registrada entre homens (cerca de 27 mil). Quanto à faixa etária, os casos ocorrem entre pessoas de 25 a 29 anos de idade.  

As mortes por aids chegaram a 10.338 em 2023, o menor registro desde 2013.  

Segundo o Ministério da Saúde, a elevação de casos está relacionada à ampliação da oferta da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). 

“Uma vez que para iniciar a profilaxia, é necessário fazer o teste. Com isso, mais pessoas com infecção pelo HIV foram detectadas e incluídas imediatamente em terapia antirretroviral. O desafio agora é revincular as pessoas que interromperam o tratamento ou foram abandonadas, muitas delas no último governo, bem como disponibilizar o tratamento para todas as pessoas recém diagnosticadas para que tenham melhor qualidade de vida”, diz nota da pasta. 

Neste ano, o Brasil alcançou 109 mil usuários com tratamento PrEP, ante 50,7 mil em 2022. A profilaxia é distribuída, de forma gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo uma das principais estratégias para prevenir a infecção pelo HIV. 

O aumento dos diagnósticos fez o Brasil alcançar mais uma etapa para eliminar a aids como problema de saúde pública até 2030, compromisso assumido com as Nações Unidas. Em 2023, 96% das pessoas infectadas por HIV e que não sabiam da condição foram diagnosticadas.

A meta da ONU prevê que 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas; 95% delas em tratamento antirretroviral; e, do grupo em tratamento,  95% com HIV intransmissível.  Atualmente, os percentuais brasileiros para esses requisitos são 96%, 82% e 95%, respectivamente, conforme o ministério.  

Varejo tem alta de 0,4% de setembro para outubro, diz IBGE

O volume de vendas do comércio varejista cresceu 0,4% no país em outubro deste ano, na comparação com o mês anterior. Essa é a segunda alta consecutiva do indicador, que já havia avançado 0,6% em setembro. Os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), foram divulgados nesta quinta-feira (12), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O setor também apresentou altas de 6,5% na comparação com outubro do ano passado, o que representou o 17º resultado positivo do setor. O crescimento acumulado no ano chegou a 5%. Em 12 meses, o varejo acumula alta de 4,4%.

Na passagem de setembro para outubro, seis das oito atividades pesquisadas apresentaram alta: móveis e eletrodomésticos (7,5%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,7%), tecidos, vestuário e calçados (1,7%), combustíveis e lubrificantes (1,3%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,3%) e livros, jornais, revistas e papelaria (0,3%).

“O setor de móveis e eletrodomésticos foi o que teve maior alta em outubro, refletindo os dois meses anteriores de queda. Ao longo do ano, o segmento apresenta uma volatilidade alta, com maior amplitude tanto de altas quanto de baixas, mais intensa do que a dos demais setores”, afirma o pesquisador do IBGE Cristiano Santos.

Por outro lado, duas atividades tiveram queda: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-1,1%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,5%).

O varejo ampliado, que também considera os segmentos de materiais de construção e vendas de automóveis e peças, cresceu 0,9% de setembro para outubro. A alta foi puxada principalmente pelas atividades de veículos e motos, peças e partes, que avançou 8,1%. Os materiais de construção tiveram alta de apenas 0,7%.

O varejo ampliado também teve altas nas demais comparações temporais: 8,8% na comparação com outubro de 2023, 4,9% no acumulado do ano e 4,3% no acumulado de 12 meses.

Receita nominal

A receita nominal do comércio varejista teve altas de 0,9% na comparação com setembro deste ano, 11,9% em relação a outubro de 2023, 8,8% no acumulado do ano e 8% no acumulado de 12 meses.

A receita nominal do varejo ampliado também apresentou resultados positivos: 1,4% de crescimento na comparação com setembro, 13,5% em relação a outubro do ano passado, 7,9% no acumulado do ano e 7,2% no acumulado de 12 meses.

Haddad classifica de “surpresa” alta de 1 ponto dos juros básicos

A elevação de 1 ponto percentual na taxa Selic (juros básicos da economia) representa “surpresa por um lado”, mas já estava prevista pelo mercado financeiro, disse nesta quarta-feira (11) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele disse estar perseguindo as metas fiscais e ressaltou que o pacote de corte de gastos enviado ao Congresso é “adequado e viável politicamente”.

“Foi surpresa por um lado. Mas, por outro lado, tinha uma precificação [do mercado financeiro] nesse sentido. Vou ler com calma, analisar o comunicado, falar com algumas pessoas depois do período de silêncio”, declarou Haddad ao deixar o Ministério da Fazenda cerca de uma hora após o fim da reunião do Copom, sem entrar em detalhes sobre a decisão do BC.

Até meados do ano passado, Haddad comentava explicitamente as decisões do Copom, criticando o atraso do Banco Central em começar a reduzir os juros e o tom de alguns comunicados. Quando a autoridade monetária começou a reduzir a Selic, em agosto do ano passado, o ministro celebrou a decisão.

Pacote fiscal

Sobre o pacote fiscal, Haddad disse que uma semana é suficiente para as medidas serem aprovadas na Câmara dos Deputados e no Senado, mesmo com o impasse na liberação de emendas parlamentares. Segundo o ministro, o ajuste fiscal, estimado em R$ 71,9 bilhões até 2026 e em R$ 327 bilhões até 2030, foi o viável politicamente.

“Esse tipo de coisa é difícil de processar no Congresso Nacional. A gente mandou um ajuste que consideramos adequado e viável politicamente. Você pode mandar o dobro para lá, mas o que vai sair [ser aprovado] é o que importa”, afirmou.

O ministro não especificou que pontos o governo pode alterar no projeto que endurece as regras de acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). No entanto, ressaltou ser possível alterar trechos do projeto. “Se precisar melhorar a redação em algo, vai ser melhorada a redação. Nós estamos confiantes que vamos alcançar aqueles valores [de economia]. Então, nós procuramos calibrar o ajuste para as necessidades de manutenção da política fiscal””, acrescentou Haddad.

Ao ser perguntado sobre o tom duro do comunicado do Copom sobre as perturbações que o pacote de corte de gastos provocou no mercado financeiro, o ministro repetiu que várias instituições financeiras estão refazendo os cálculos de economia e chegando a valores próximos aos divulgados pelo governo.

“Hoje, saiu um relatório de um grande banco aproximando os cálculos dos nossos. Ainda com vários pontos pendentes que não foram considerados e que, se tivessem sido considerados, chegariam mais perto de R$ 65 bilhões nos dois anos [2025 e 2026]”, comentou.

Alta de importações faz superávit comercial recuar em novembro

A desvalorização de diversas commodities (bens primários com cotação internacional) e o aumento das importações decorrentes da recuperação da economia fizeram o superávit da balança comercial (exportações menos importações) cair em novembro. No mês passado, o país exportou US$ 7,03 bilhões a mais do que importou, queda de 20% em relação ao mesmo mês de 2023.

Apesar do recuo, este foi o segundo melhor resultado para novembro desde o início da série histórica, em 1989. O superávit só perde para novembro do ano passado, quando a balança comercial tinha ficado positiva em US$ 8,789 bilhões.

Com o resultado de novembro, o superávit comercial em 2024 atinge US$ 69,856 bilhões. O montante é 22% inferior ao de janeiro a novembro de 2023, mas é o segundo melhor para o período na série histórica, também só perdendo para o mesmo período do ano passado.

Em relação ao resultado mensal, as exportações ficaram estáveis, enquanto as importações dispararam, impulsionada por componentes químicos, medicamentos e bens de capital (bens usados na produção). Em novembro, o Brasil vendeu US$ 28,021 bilhões para o exterior, alta de 0,4% em relação ao mesmo mês de 2023. As compras do exterior somaram US$ 20,991 bilhões, alta de 9,5%.

Do lado das exportações, a queda no preço internacional do petróleo, do minério de ferro, da soja e do milho foram os principais fatores que provocaram a queda no valor vendido. O preço de alguns produtos, como café, celulose e carnes, subiram no mês passado, compensando a diminuição de preço dos demais produtos.

Do lado das importações, as aquisições de motores não elétricos, autopeças, medicamentos, e componentes químicos subiram. A maior alta, no entanto, foi relacionada aos motores e máquinas não elétricos, cujo valor comprado aumentou 31,2% em novembro na comparação com novembro do ano passado. O Brasil importou 12,9% a menos em volume de motores, mas o preço subiu 50,7% na mesma comparação.

No mês passado, o volume de mercadorias exportadas subiu 5,5%, puxado pelos combustíveis, pelo petróleo bruto, pelo café e pelas carnes, enquanto os preços caíram 4,7% em média na comparação com o mesmo mês do ano passado. Nas importações, a quantidade comprada subiu 18,8%, mas os preços médios recuaram 6,6%, indicando o aumento das compras externas decorrentes da recuperação da economia.

Setores

No setor agropecuário, o fim das safras pesou mais na redução das exportações. O volume de mercadorias embarcadas caiu 23,1% em novembro na comparação com o mesmo mês de 2023, enquanto o preço médio caiu 3,4%.

A indústria de transformação foi a exceção, com a quantidade exportada subindo 10,3%, com o preço médio avançando 0,2%. Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada subiu 21,2%, enquanto os preços médios recuaram 16%.

Estimativa

Em novembro, o governo tinha revisado para baixo a projeção de superávit comercial para 2024. A estimativa caiu US$ 79,2 bilhões para US$ 70 bilhões, queda de 28,9% em relação a 2023. Na previsão anterior, de julho, a queda estava estimada em 19,9%. Essa foi a última projeção do ano.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, as exportações cairão 1,2% em 2024 na comparação com 2023, encerrando o ano em US$ 335,7 bilhões. As importações subirão 10,2% e fecharão o ano em US$ 264,3 bilhões. As compras do exterior deverão subir por causa da recuperação da economia, que aumenta o consumo.

As previsões estão mais pessimistas que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 75 bilhões neste ano.

Empresas deep techs reúnem especialistas e alta tecnologia

O que uma empresa de produção de proteínas, uma fabricante de biopolímeros, um aplicativo para monitorar a saúde dos pacientes e uma startup de engenharia aerospacial têm em comum? Uma análise superficial do negócio de cada uma poderia levar à falsa conclusão de que elas não teriam muito em comum.

Mas todas elas são empresas novatas inovadoras, envolvem produtos ou serviços de alta tecnologia, foram fundadas por cientistas e têm, entre seus funcionários, profissionais altamente especializados.

São José dos Campos (SP) – O gerente de Inovação do Sebrae, Paulo Renato Cabral, no lançamento do edital Catalisa ICT – Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

Isto é, são parte de um grupo chamado de deep techs. “Deep tech é tecnologia profunda. São empresas de alta tecnologia que, geralmente, para serem criadas, necessitam de conhecimento muito profundo, específico, numa área da ciência, como química, física, biologia, matemática, engenharia. Geralmente exigem, no seu corpo, mestres, doutores, pesquisadores para desenvolverem, por exemplo, fármacos, computação, robótica, inteligência artificial”, explica Paulo Renato Cabral, gerente de inovação do Serviço Brasileiro de Apoio à Mucro e Pequena Empresa (Sebrae).

É o caso da Lookinside, empresa criada pelo médico Hermílio Carvalho, que desenvolveu um aplicativo de telemedicina para auxiliar diagnóstico de pé diabético e evitar amputações.

“Infelizmente, a gente tem pacientes diabéticos sendo amputados todos os dias no Brasil. E isso é prevenível, às vezes, quando a detecção é precoce. O paciente pode tirar uma foto do próprio pé e responder a algumas perguntas. As imagens chegam a um profissional de saúde que vai avaliar e fornecer um relatório. E a gente está potencializando isso com inteligência artificial para uma avaliação mais ágil”, conta Carvalho.

Ainda na área de saúde, outra deep tech é a Biolinker, uma startup de biologia sintética, especializada na produção de proteínas, criada pela doutora em bioquímica e nanociência Mona Oliveira.

São José dos Campos (SP) – A médica Mona Oliveira, CEO da Biolinker, fala sobre o edital do Sebrae Catalisa ICT – Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

“A pandemia levou a um colapso no sistema de saúde e no suprimento de insumos que afetou vacinas e diagnósticos. Porque fazer as proteínas do vírus [que serão usadas como insumos] é difícil. A gente precisa sequenciar [o genoma] e estabelecer o processo de produção em biofábricas. E é exatamente nesse problema que atuamos. Criamos uma plataforma com vários microrganismos e sistemas de produção em que conseguimos produzir a proteína para o nosso cliente de forma rápida e acelerada”, explica Mona.

Segundo o gerente do Sebrae, o mercado das deep techs é uma competição global, em que o Brasil precisa ficar de olho para não ficar para trás. 

“Basicamente, todas as instituições do governo que fomentam a pesquisa estão olhando para esse segmento das deep techs. Estão lançando programas e iniciativas, mas acredito que ainda falta elas estarem integradas e também melhorar no sistema regulatório”, disse Cabral.

Ele explica que o apoio é importante porque essas empresas enfrentam muitas dificuldades no início de sua existência. “A deep tech é um processo longo. Por exemplo, para eu chegar num fármaco às vezes são cinco, dez anos. Você precisa de um capital adequado, do dinheiro de investidores, de fomento público. Você precisa de equipe especializada, que é difícil de conseguir. E você precisa de alguma instituição ou de parceiros que te acompanhem nessa jornada, que é longa, cara e solitária”.

O ex-professor universitário Raimundo Lima teve contato com o mundo das deep techs em 2016, durante um curso nos Estados Unidos. Ao voltar para o Brasil, decidiu investir na criação de sua própria empresa, a BioUS, desenvolvedora de tecnologia que transforma dejetos agropecuários em biopolímeros.

“Essa migração da academia para o empreendedorismo talvez seja o maior desafio. Você sai da academia, da área de pesquisa e desenvolvimento, e precisa aplicar isso no mercado. E essa aplicação precisa ser rápida. Inovar já é um desafio. Inovar em ciência é um desafio ainda maior”, destaca.

Mestra e doutoranda em Engenharia Aeronáutica e Mecânica pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Thais Franco é cofundadora e CEO da Quasar Space, empresa de sensoriamento remoto e monitoramento ambiental a partir de satélites.

São José dos Campos (SP) – A CEO da Quasar, Thaís Franco, fala sobre o edital do Sebrae Catalisa ICT – Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

“O que me fez empreender foi querer ver aplicadas, de forma mais rápida na sociedade, as tecnologias que estavam sendo geradas na universidade. Na academia, isso acaba sendo mais demorado”, conta Thais. “O que foi mais complexo para a gente [da Quasar] no início foi provar [para os clientes] que era possível fazer o que a gente faz”, afirmou.

Nessa terça-feira (3), o Sebrae lançou o edital do segundo ciclo do projeto Catalisa ICT, que apoia deep techs durante dois anos, ajudando-as a validar sua tecnologia junto ao mercado, estruturar a empresa, conseguir investidores e crescer. 

O lançamento foi feito durante a 34ª Conferência da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), que representa ambientes de inovação do país, em São José dos Campos (SP).

*A equipe da Agência Brasil viajou a convite da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).