Skip to content

Porto Alegre recolhe 180 mil toneladas de resíduos após enchentes

Cerca de sete meses após as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, incluindo inundações sem precedentes em Porto Alegre, a prefeitura da capital gaúcha contabiliza o recolhimento de 180 mil toneladas de lixo deixado pelas águas. A maior parte, cerca de 130 mil toneladas, acumulada na porta de residências ao longo de semanas até ser retirada, foi destinada de forma definitiva para aterros sanitários. Outras 50 mil toneladas esperam destinação.

Para se ter um ideia do volume de resíduos acumulados durante as enchentes, eles representam cerca de 146 dias de trabalho da limpeza urbana na cidade. Diariamente, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), autarquia municipal responsável pelo serviço, recolhe nas residências cerca de 1.225 toneladas de resíduos. Desse total, 73 toneladas são de recicláveis recolhidos pela coleta seletiva. O restante é composto por resíduos orgânicos e rejeito da coleta domiciliar. Somam-se aos orgânicos e rejeitos os resíduos públicos e as cargas recebidas na Estação de Transbordo, em que se chega a um total de 1.780 toneladas por dia de material enviado para o aterro sanitário.

Esse último montante de 50 toneladas que ainda falta ser destinado adequadamente está alocado em área que a prefeitura chama de bota-espera. Ao longo da crise, foram criados 9 bota-esperas. O único que ainda resta fica na avenida Severo Dullius, no bairro do Sarandi, zona norte de Porto Alegre, uma das áreas mais afetadas pelos alagamentos e a última a secar completamente. Do Sarandi, os resíduos serão encaminhados para aterros em Minas do Leão e Santo Antônio da Patrulha, cidades da região metropolitana.

O prazo para executar o serviço é de 75 dias e o resultado do edital de chamamento público foi divulgado na semana passada. A contratação prevê o fornecimento de equipamentos, caminhões, respectivos operadores e motoristas e mão de obra. Os equipamentos e caminhões trabalharão na remoção completa e transporte de todos os tipos de resíduos, inservíveis, entulhos, lixo, incluindo mobiliário, utensílios, eletrodomésticos, eletrônicos, entre outros, atualmente depositados no local.

“Tivemos mais de 100 contratos emergenciais, desde aterros, equipamentos, força de trabalho. Ao todo foram, R$ 200 milhões de reais nesse trabalho de limpeza, que inclui tanto a limpeza urbana, a retirada de entulho e a destinação correta desses resíduos, bem como recuperação de calçadas, pintura de meio-fio, limpeza de mobiliário público urbano”, explica o diretor-geral do DMLU, Carlos Alberto Hundertmarker, em entrevista à Agência Brasil.

Cerca de 4 mil trabalhadores da limpeza se envolveram nesse trabalho ao longo de sete meses. Segundo o diretor-geral do DMLU, a situação na cidade só começou a ser normalizar em meados de agosto, mais de três meses após a catástofe. Em todo o estado, as enchentes deixaram 183 mortos e 27 desaparecidos. Na capital, foram registradas 5 mortes e um desaparecimentos, mas em toda região metropolitana, incluindo cidades como Canoas, São Leopoldo e Eldorado do Sul, o número de vítimas passa de 50.

Para o diretor-geral do DMLU, o acúmulo de resíduos das enchentes demonstrou a necessidade de reforçar o trabalho de separação dos resíduos, envolvendo a ação conjunta do poder público e da população. “Porto Alegre já foi referência nacional em coleta seletiva de resíduos. Temos que desenvolver mais esse espríto de segregação dos resíduos. Muitas pessoas misturam os diversos resíduos”, afirma Carlos Alberto Hundertmarker. A catástrofe em Porto Alegre também afetou drasticamente o serviço de triagem de resíduos. Dos 17 pontos de triagem, ao menos 8 ficaram completamente alagados durante meses, prejudicando a operação.

Segundo dados do DMLU, dos resíduos domiciliares recolhidos diatiamente, 6% são da coleta seletiva. Trata-e de um percentual acima da média nacional, que é de 2,7%, mas com potencial de avançar mais ainda, visto que há aproximadamente 40,5% de materiais com potencial reciclável indo para o aterro sanitário, de acordo com a autarquia.

Além disso, cerca de 408 toneladas de materiais que poderiam ser reciclados são descartadas indevidamente por dia na cidade, o que, além de prejudicar o ambiente, aumenta o custo para a remoção aos aterros.

Exposição em Porto Alegre rememora imprensa negra na ditadura

Termina na próxima quarta-feira (18) a exposição Grupo Tição e a Imprensa Negra no RS – 132 Anos de História, no saguão da Escola de Comunicação, Artes e Design da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre.

Tição foi uma publicação em formato de revista e de jornal que circulou entre março de 1978 e outubro de 1980, período de abertura política e de distensão da ditadura cívico-militar (1964-1985).

A revista/jornal teve apenas três edições, mas até hoje a publicação é estudada em razão do pioneirismo de tratar questões do interesse da população negra em um estado de população hegemonicamente branca, sob contexto histórico delicado como foi o da ditadura.

“O objetivo da Tição foi exatamente dar visibilidade para pautas importantes para a população negra, garantindo um mínimo de visibilidade aos negros em um estado que é visto, inclusive nos nossos dias, como um lugar onde teria ocorrido apenas colonização europeia”, explica à Agência Brasil o curador da exposição Deivison Campos, pesquisador e coordenador do curso de jornalismo da PUCRS.

Para Deivison Campos, Tição estabeleceu “diálogos” com outras publicações contemporâneas do movimento negro da época em outras cidades como o jornal Sinba, da Sociedade de Intercâmbio Brasil-África, que circulava no Rio de Janeiro, e como o Jornegro, produzido pela Federação das Entidades Afro-Brasileiras do Estado de São Paulo.

O contato com a imprensa negra em outras cidades confirma a importância do movimento negro de Porto Alegre para o país. O pesquisador assinala que “não por acaso foi aqui que surgiu a ideia do 20 de novembro, como Dia da Consciência Negra”, como propôs o Grupo Palmares, fundado no início dos anos 1970 na cidade.

Deivison Campos destaca que a publicação Tição tratava em suas pautas da identidade negra, das “peculiaridades culturais” e “demandas de cidadania”, desafiando um regime ditatorial que pregava a ideia de que o Brasil era “uma democracia racial, onde todos são iguais”.

Censura prévia

Para o publicitário Juarez Ribeiro, editor do jornal Nação Z, a existência da publicação era contestatória, mesmo sem assumir uma linha editorial explicitamente de embate e conflito.

“Era um projeto voltado para a divulgação da cultura negra. Eu entendo muito mais como uma mensagem culturalista do que uma mensagem política, de engajamento pregando a transformação da sociedade ou enfrentamento do regime imposto. Mas não era uma ação explicitamente que pregava a transformação”, defende o publicitário em entrevista à Agência Brasil.

Com um discurso e presença que desagradavam ao autoritarismo vigente, Tição foi acompanhada de perto pelas forças de repressão e sofreu censura prévia. “Tínhamos que fazer boneco da publicação e levar para a Polícia Federal”, conta a atriz gaúcha Vera Lopes, envolvida no movimento negro de Porto Alegre e que trabalhou na publicação.

“No segundo número, acho que a gente foi duas ou três vezes à Polícia Federal. Ouvíamos: ‘tira isso’, ‘muda esse título’, ‘essa matéria não pode’, ‘essa foto aqui está ruim’. Falavam como se fossem editores”, rememora Vera Lopes.

Em sua opinião, a redação de Tição foi audaciosa. “Imagina nos anos [19]70, em pleno período terrível de ditadura, jovens negros editando uma revista. Era algo extremamente corajoso para aquela época.”

Além de Vera Lopes, trabalharam na Tição o poeta e ativista Oliveira Silveira, jovens jornalistas negros como Vera Daisy Barcellos, Jorge Roberto Freitas,  Walter Carneiro, Edilson Nabarro, Emílio Chagas, e Jeanice Dias Ramos.

Jeanice, que hoje atua no Núcleo de Jornalistas Afro-Brasileiros do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, lembra que naquela época “o negro só aparecia na página policial dos jornais. E nós queríamos muito mais que isso.”

A jornalista informa que a publicação será retomada no próximo ano, em formato de revista em três edições. A primeira será dedicada à mulher negra. A segunda falará sobre juventude e a terceira, sobre racismo estrutural e segurança pública.

Serviço

Exposição Grupo Tição e a Imprensa Negra no RS – 132 Anos de História
Termina no 18 de dezembro (próxima quarta-feira)
Aberta de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 22h, no Saguão da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos – Prédio 7 (Campus da PUCRS – Avenida Ipiranga, 6.681)

Arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, é nomeado cardeal

O papa Francisco nomeou, na tarde deste sábado (7), no Vaticano, 21 novos cardeais, entre os quais o brasileiro dom Jaime Spengler, atual arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam).

Foram também indicados representes do Peru, da Argentina, do Equador, Chile e Japão, das Filipinas, da Sérvia, Costa do Marfim e Argélia.

Com isso, o Colégio Cardinalício passa a ser composto por 256 membros, dos quais 141, com idade abaixo de 80 anos, eleitores e aptos a votar em um eventual conclave para escolher o próximo papa.

Natural de Gaspar, em Santa Catarina, dom Jaime Spengler tem 64 anos e é franciscano. Com atenção constante pela ecologia e a crise climática, dom Jaime é o segundo arcebispo da capital gaúcha a ser indicado ao cardinalato. O primeiro foi dom Vicente Scherer, que morreu em 1996, aos 93 anos.

Antes de aderir ao sacerdócio, dom Jaime trabalhou por cinco anos na indústria têxtil, ocupando cargos de responsabilidade.

Aeroporto de Porto Alegre volta a receber voos comerciais na segunda

Após passar cerca de 170 dias fechado devido aos estragos causados pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul entre o fim de abril e maio deste ano, o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, voltará a receber voos nacionais a partir da próxima segunda-feira (21).

Como parte das instalações segue em obras, o aeroporto funcionará, inicialmente, das 8h às 22h, permitindo que os serviços restantes sejam realizados à noite. Além disso, neste primeiro momento, vão ser usados só 1.730 metros dos 3,2 mil metros da pista principal, além de apenas seis posições de embarque direto (fingers aeroportuários) e uma remota.

Segundo a Fraport Brasil, empresa concessionária responsável pelo funcionamento das instalações aeroportuárias, há 71 pousos e decolagens programados para o primeiro dia de operação. A expectativa é que a movimentação seja ampliada pouco a pouco, já que, mesmo operando com apenas parte da pista principal, o Salgado Filho já comporta até 128 operações domésticas por dia.

“Antes do Natal, o aeroporto estará 100% funcionando, [inclusive] com voos internacionais”, assegurou o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta, em um vídeo postado nas redes sociais.

“E vamos manter toda essa ampliação da malha aeroportuária que criamos no interior do estado, durante este período de dificuldade”, acrescentou Pimenta, destacando a importância do Salgado Filho para o processo de reconstrução e a retomada da atividade econômica no Rio Grande do Sul.

Os ministros Paulo Pimenta e Silvio Costa Filho, durante cerimônia de reinauguração do Aeroporto Salgado Filho – Frame: Ministério de Portos

Pimenta e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, viajaram a Porto Alegre na manhã desta sexta-feira (18). Acompanhados por assessores e representantes de órgãos federais, os dois pousaram no Salgado Filho perto das 10h, a bordo de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), para participar da cerimônia de reinauguração do aeroporto.

Com a retomada gradual das operações, check-in, despacho de bagagens, embarque e desembarque de passageiros voltam a ser feitos no próprio aeroporto – temporariamente, na área internacional, com acesso pelas portas 5 e 6 do segundo piso. Os primeiros estabelecimentos da praça de alimentação também começarão a funcionar na próxima semana. A previsão da Fraport é recuperar toda a pista de pouso e decolagem e restabelecer os primeiros voos internacionais até 16 de dezembro.

Concentração

Responsável por mais de 90% do tráfego aéreo no Rio Grande do Sul, o Aeroporto Salgado Filho teve que ser integralmente fechado em 3 de maio, quando a catástrofe socioambiental que afetou mais de 2,34 milhões de pessoas em 468 das 497 cidades do Rio Grande do Sul, ceifando ao menos 183 vidas, alagou as pistas de pouso e decolagem e o terminal de passageiros.

Em meados de julho, a Fraport Brasil retomou parcialmente o processamento (check-in e desembarques) de passageiros e o controle de segurança no aeroporto, mas os clientes continuaram sendo transportados, em ônibus, de/para a Base Aérea de Canoas, a cerca de 10 quilômetros de distância, de onde os aviões partiam ou chegavam.

O fechamento do Salgado Filho evidenciou a necessidade de investimentos públicos e privados em aeroportos regionais. E levou a concessionária a pedir ao governo federal a revisão extraordinária do contrato de concessão, alegando que, com a interrupção das atividades e necessidade de reparar os estragos das cheias, sofreu um impacto financeiro significativo.

Em agosto, a diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aprovou a liberação, pelo Ministério de Portos e Aeroportos, de R$ 425,96 milhões para a empresa.

No último dia 27, o Palácio do Planalto autorizou, por meio da Medida Provisória nº 1.260, o Ministério de Portos e Aeroportos a repassar à Fraport a quantia aprovada pela Anac. O dinheiro será repassado à concessionária em parcelas, à medida que for comprovada a necessidade dos gastos. Consequentemente, o valor ainda pode ser ajustado. 

Em Porto Alegre, Sebastião Melo e Maria do Rosário vão para o 2º turno

A eleição em Porto Alegre terá segundo turno entre Sebastião Melo (MDB) e Maria do Rosário (PT). Com 99,74% das urnas apuradas, Sebastião Melo fez 49,72% dos votos e Maria do Rosário, 26,27%. Em terceiro lugar, a candidata do PDT, Juliana Brizola, chegou a 19,69%.

O candidato Sebastião Melo concorre à reeleição para a prefeitura de Porto Alegre. Melo já foi vice-prefeito da capital gaúcha de 2013 a 2016, durante a gestão de José Fortunati. Em 2018, foi eleito deputado estadual no Rio Grande do Sul. Em 2020, foi eleito prefeito de Porto Alegre. 

A petista Maria do Rosário é deputada federal pelo Rio Grande do Sul, reconhecida pela atuação em defesa dos direitos humanos. Foi ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, entre 1º de janeiro de 2011 a 1º de abril de 2014. A vice da chapa é Tamyres Filgueira (Psol).

Eleições: em Porto Alegre, gestão de risco deve ser prioridade

Após passar por uma das maiores enchentes de sua história, a capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, tem o desafio de se preparar para enfrentar eventos climáticos severos nos próximos anos.

Esse é um dos temas avaliados pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) no levantamento Grandes Desafios das Capitais Brasileiras, que reúne dados e indicadores com foco nas eleições municipais de 2024.  

Em um ranking que mede as estratégias de gestão de riscos das 26 capitais, Porto Alegre aparece em 22º lugar. Segundo o levantamento, a capital gaúcha tem verificadas 44% das 25 estratégias contra enchentes, inundações e deslizamentos de encostas.

O desafio para a gestão que assumirá a prefeitura de 2025 a 2028 é chegar a 81% das estratégias cumpridas. Para 2030, a meta é chegar a 100%.

Entre as estratégias avaliadas estão a elaboração de leis que contemplem a prevenção de enchentes ou inundações graduais, enxurradas ou inundações bruscas; legislação sobre o uso e ocupação do solo e mecanismos de controle e fiscalização para evitar ocupação em áreas suscetíveis aos desastres; além de plano de contingência.

Segundo análise do ICS, mais de 90% das cidades brasileiras não têm estratégias suficientes para prevenir e gerir os riscos climáticos. No Rio Grande do Sul, das 497 cidades, 304 têm menos de 20% das estratégias verificadas.

Para Igor Pantoja, coordenador de Relações Institucionais do ICS, os indicadores mostram que a prevenção e a gestão desses eventos climáticos não vêm sendo tratadas com a urgência que a realidade exige:

“É absolutamente fundamental esse tipo de estratégia de políticas voltadas para a prevenção e a para gestão desses desastres ou dos efeitos das mudanças climáticas, de como lidar com isso. Tem muito pouca dedicação do poder público em lidar com esse tema, porque muitas vezes isso implica lidar com a questão das enchentes e com a questão da ocupação do solo. E aí tem a pressão do mercado imobiliário, então é uma questão que a gente sabe que não é simples”.

As informações sobre essas estratégias foram obtidas a partir da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic 2020), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e respondida pelos próprios municípios.

Em maio deste ano, a capital gaúcha enfrentou alagamentos por causa das chuvas Porto Alegre. – Gustavo Mansur/Palácio Piratini

Plano de Ação

No final de setembro, a Prefeitura de Porto Alegre divulgou o relatório final do Plano de Ação Climática, que reúne 30 ações de mitigação e adaptação para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e fortalecer a resiliência.

O relatório final será transformado em um projeto de lei que será analisado pela Câmara de Vereadores.

Eleições

Apesar de a situação de vulnerabilidade de Porto Alegre ser conhecida pelo menos desde a enchente de 1941, a maior da história, o desastre que aconteceu neste ano não está recebendo a centralidade merecida nas campanhas eleitorais, na avaliação do professor Rualdo Menegat, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

“Esse tema deveria estar de modo central, porque não se trata apenas de recuperar e fazer obras de proteção, mas se trata fundamentalmente de ter uma agenda política e administrativa que possa mostrar para a cidade que é possível enfrentar tempos severos no século 21 morando aqui em Porto Alegre. E isso é um tema que não pode ficar para um outro momento que não esse, que é o momento de definição do destino da cidade”, disse.

Para ele, a pauta está presente de modo fraco nas candidaturas majoritárias e é quase ausente nas candidaturas a vereadores.

“Se por um lado, ele [o desastre climático] pauta de alguma maneira as candidaturas majoritárias – do meu ponto de vista de modo fraco – ele é muito mais ausente ainda nas candidaturas legislativas. E isso é realmente preocupante, porque a governança é feita com o Executivo e com o legislativo, que representa uma vontade da sociedade”.

O professor cita a importância de a comunidade participar da elaboração das estratégias de gestão de riscos da cidade. “Precisa ser articulado de um ponto de vista científico e comunitário. Precisa estar na palma da mão dos moradores de cada comunidade, que deve saber dos riscos, das vulnerabilidades do lugar em que vivem e principalmente também em termos de elaborar planos de emergência, planos de prevenção, de desenvolver uma inteligência social do lugar que habilite essas comunidades a terem uma perspectiva de segurança e ao mesmo tempo de saber agir quando é necessário”, avalia Menegat.

Outros indicadores

Na Educação, Porto Alegre apresenta o segundo índice mais baixo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) na rede municipal nos anos iniciais do ensino fundamental. Com nota 4,7 em uma escala de 0 a 10, nos anos iniciais do ensino fundamental, a cidade só fica atrás da capital do Rio Grande do Norte, Natal (4,5). A meta para 2028 é chegar a 6,1 e para 2030, a 6,7.

O Ideb é o principal instrumento de monitoramento da qualidade da educação básica do país. Ao reunir dados sobre o índice de aprovação e de desempenho dos estudantes em língua portuguesa e matemática, ele averigua desempenho e indicadores de fluxo e trajetória escolar.

Na área da saúde, os indicadores mostram que em Porto Alegre as pessoas pretas, pardas e indígenas vivem em média quase dez anos a menos que as pessoas brancas e amarelas. Para o primeiro grupo, a idade média de óbitos é de 73,8 anos e para o segundo, 64,3 anos. A meta para 2030 é chegar na média de 75,9 anos, com igualdade nas taxas.

Os dados são do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, com referência em 2022.

Chuva faz nível do Guaíba voltar a subir em Porto Alegre

As chuvas registradas na região de Porto Alegre nas últimas semanas fez com que o nível das águas do Guaíba voltasse a subir. A alta foi de 51 centímetros em aproximadamente dois dias. 

Nesta quarta-feira (2), às 9h30, foi atingida a marca de 2,72 metros na estação da Usina do Gasômetro. Na segunda-feira (30), às 8h15, o nível estava em 2,21 metros. Os dados são da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

O nível de alerta para inundação é de 3,15 metros, e o nível de inundação da cidade é de 3,60 metros. O pico da cheia ocorrida em maio de 2024 foi de 5,35 metros.  

A elevação, no entanto, não deverá continuar a ocorrer nos próximos dias.

A Defesa Civil do estado prevê tempo firme em todas as regiões do estado nesta quinta-feira (3), o que deverá impedir que o nível do Guaíba volte a aumentar.

 

Porto Alegre retoma aulas em todas as escolas atingidas pela enchente

A Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre retomou nesta segunda-feira (19) as atividades nas últimas sete escolas que ainda estavam sem aulas desde que foram atingidas pela enchente em maio deste ano. Ao todo, 650 alunos retomarão as atividades, fechando assim 100% dos 4.147 estudantes das escolas que foram alagadas.

As unidades passam a funcionar em espaços alternativos que foram locados pela secretaria. Das 14 escolas municipais atingidas pela enchente, 12 passam por obras de recuperação e duas foram limpas e recuperadas: Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Ilha da Pintada e Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Vereador Antônio Giudice.

Segundo a prefeitura, até o momento, foram investidos R$ 5 milhões na recuperação de escolas.

Escolas

Os alunos da Emef Migrantes passam a ter aulas na Emef Paixão Cortes, na Vila Ipiranga. O espaço foi liberado após a Emef João Goulart, que estava tendo aulas no local, voltar para o seu prédio próprio.

As escolas Humaitá, Passinho Dourado e Patinho Feio terão aulas em salas da unidade São Francisco Santa Família e a Emei Meu Amiguinho funcionará em espaço cedido pela Associação Cristóvão Colombo. As escolas de educação infantil Vila Elizabeth e Miguel Velasquez passam a funcionar temporariamente na sede do Sesi Rubem Berta, com transporte gratuito até o local.

Lula inaugura Centro de Oncologia e Hematologia em Porto Alegre

O Centro de Oncologia e Hematologia do Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, foi inaugurado nesta sexta-feira (16) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com R$ 144 milhões em investimentos, a unidade poderá atender, diariamente, até 60 pessoas no serviço de radioterapia e contará com 14 leitos para transplante de medula óssea. O centro hospitalar é vinculado ao Ministério da Saúde.

Lula lembrou do tratamento de câncer na laringe, a que foi submetido em 2011, e destacou a importância da presença do Estado para oferecer a toda a população acesso e condições dignas para tratamentos em saúde.

“Eu tenho noção da importância disso, porque eu tive câncer, eu fiz quimioterapia, fiz radioterapia e eu sei a importância dessa máquina que vocês compraram para ajudar a salvar vidas nesse estado”, disse. “Não tem sentido uma pessoa pobre do SUS entrar pelo porão e uma pessoa rica entrar pelo elevador. Em saúde também não se pode falar em gasto, saúde é investimento em salvar vidas nesse país”, acrescentou o presidente.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou que o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) é fundamental na estrutura de saúde do estado. O grupo é formado pelos hospitais Conceição, Criança Conceição, Cristo Redentor e Fêmina, além da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Moacyr Scliar, de 12 postos de saúde do Serviço de Saúde Comunitária, de três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e da Escola GHC.

Na oncologia, a condição do Rio Grande do Sul é preocupante, segundo Leite, pela característica da população, “mais envelhecida, a média de idade mais alta do Brasil e a maior percentual de idosos do Brasil”. Enquanto no Brasil, a projeção é 7% de aumento nos casos de câncer até 2027, no Rio Grande do Sul, a expectativa é 15% de aumento na incidência da doença.

“Então, isso torna ainda mais importante esse investimento para aumentar a prevenção, diagnóstico precoce e, claro, o tratamento”, destacou Leite.

Durante o evento, também foi assinada a autorização para contratação de duas obras para a rede de saúde gaúcha, no âmbito do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC): o Centro de Apoio ao Diagnóstico e Terapia e o Centro de Atendimento ao Paciente Crítico e Cirúrgico.

Lula está no Rio Grande do Sul realizando entregas ligadas, também, à reconstrução do estado após as enchentes do mês de maio deste ano. Mais cedo, o presidente entregou moradias do Minha Casa, Minha Vida, em Porto Alegre e, ainda hoje, segue para São Leopoldo, onde será inaugurado um novo complexo viário.

Aeroporto de Porto Alegre reabre em outubro com 70% da capacidade

A partir do dia 21 de outubro, o Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), vai voltar a ter voos comerciais. A venda de bilhetes aéreos está autorizada a partir desta sexta-feira (9).

Segundo o governo federal, a retomada vai ocorrer com 128 voos diários (pousos e decolagens), o equivalente a mais de 3 mil voos por mês. A operação das aeronaves ocorrerá das 8h às 22h.

O terminal aéreo foi fechado no dia 3 de maio por conta das enchentes no estado.

O anúncio de retomada da operação foi divulgado pelos ministros Silvio Costa Filho (de Portos e Aeroportos) e Paulo Pimenta (da Secretaria para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul), nesta quinta-feira (8).

“Isso vai acelerar a retomada da economia do estado”, disse Costa Filho. A previsão, da concessionária Fraport, é que o aeroporto possa operar em 100% da sua capacidade a partir de 16 de dezembro. 

“Antes da enchente, nós tínhamos cerca de 1,3 mil voos semanais. Vamos retomar a operação com cerca de 70% da quantidade normal que tínhamos”, afirmou Pimenta.

O governo informou que, além da pista de pouso e decolagem, pistas de táxi e pátio de aeronaves estão incluídos no processo de reabilitação do aeroporto. Depois da fase de limpeza do terminal, a equipe do aeroporto trabalha, até outubro, na recuperação das áreas necessárias para a retomada da operação de pouso e decolagem afetadas. 

A recuperação inclui a pista de pouso e decolagem, que tem, ao todo, 1,3 mil metros de extensão (equivalente a 60 mil metros quadrados), além de 20 mil metros quadrados do pátio onde ficam as aeronaves estacionadas. 

Em outubro, ocorre o trabalho em áreas em que não houver movimentação de aeronaves. Nesta etapa, está prevista a recuperação de 1,2 mil metros quadrados de extensão (equivalente a 53 mil metros quadrados).

Outras ações previstas também são a preparação do pavimento para receber recapeamento ou reconstrução em pavimento flexível, dependendo do local. Isso ocorrerá para que, em dezembro, seja concluída a recuperação completa dos 3,2 mil metros de pista, além das taxiways e pátio, fundamentais para que o aeroporto possa voltar a operar em sua totalidade.