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Bloco afro Ilú Obá De Min completa 20 anos

O bloco afro paulista Ilú Obá De Min completou 20 anos de atuação nesta quinta-feira (7). A agremiação, que conta com uma bateria de 400 mulheres, atua com elementos do que definem como um “ecossistema afrocentrado” para valorizar a presença negra e feminina nas artes públicas. O Ilú abre o carnaval paulista há duas décadas com cortejos nos quais conduz a multidão pelas ruas do centro da cidade, festejando elementos da cultura negra afroamericana, da ancestralidade e trazendo para o debate pautas como a violência contra negros e a importância do empoderamento de mulheres negras.

Em nota, a fundadora Beth Beli comemora o fruto da mobilização coletiva, ao afirmar que “Olhar para trás e ver o que construímos ao longo desses 20 anos é compreender que estamos sempre em movimento, revisitando as histórias das nossas ancestrais, unindo as nossas próprias narrativas, para que assim, a gente construa novas histórias. O Ilú Obá De Min é grandioso e não somente por trazer as nossas narrativas pretas, mas principalmente por ter um mar de pessoas que fazem que o Ilú Obá de Min seja este grande ecossistema de educação, arte e cultura negra. Temos muito que comemorar, penso e observo que no mundo ainda não existiu um trabalho que una cerca de 400 mulheres negras soando seus tambores para quem ainda insiste em ‘dormir’. E se depender de todas nós, continuaremos festejando as nossas conquistas e nosso bem viver “. 

Beli e Mafalda Pequenino assinam espetáculo comemorativo da data, no qual “destaca a importância das mulheres negras na trajetória do bloco e na cultura brasileira, apresentando performances que resgatam ritmos e tradições afro-diaspóricas”.
 

Bloco abre o carnaval de rua paulistano em cortejo pelo centro da cidade há 20 anos. Foto: Bloco afro Ilú Obá/Divulgação

Planos para o Carnaval 2025 

O bloco divulga também o enredo para o cortejo da festa de momo no próximo ano. Com o tema “Girlei Luiza Miranda – Tambores Sempre Tambores”, vão cantar a trajetória da cantora e percussionista, uma de suas fundadoras. A participação na folia será ao som dos tambores, xequerês e agogôs. Os dançarinos e pernaltas sairão em marcha pelas ruas do centro de São Paulo na sexta-feira, 28 de fevereiro, e no domingo 02 de março de 2025.

*Com colaboração de Joana Cortês, repórter da Rádio Nacional.

Bloco afro Ilê Aiyê completa 50 anos

O primeiro bloco afro do Brasil, o Ilê Aiyê, com sede em Salvador, está completando 50 anos.

Embora associado ao carnaval, o início do Ilê Ayê coincide com um momento histórico importante onde o mundo assistiu ao surgimento e fortalecimento de vários movimentos que lutavam e incentivavam a valorização da cultura negra como o Black Power, o movimento dos Direitos Civis americanos, e a independência de vários países africanos.

Criado em 1º de novembro de 1974, no bairro da Liberdade, em Salvador, o bloco que leva as cores preto, amarelo, vermelho e branco, teve seus primeiros desfiles com escolta policial. Os primeiros anos foram de muito preconceito, segundo Antonio Carlos dos Santos Vovô, conhecido como o Vovô do Ilê.

A conexão entre a religião e o Ilê Aiyê também é muito forte, afinal, grande parte da trajetória do bloco se mistura com a de Mãe Hilda e do terreiro Ilê Axé Jitolú, na Ladeira do Curuzu, em Salvador. Por quase duas décadas, o terreiro serviu ao bloco como diretoria, secretaria, salão de costura e recepção de associados.

No período carnavalesco, o Curuzu é palco de um ato cultural-religioso: a bênção para a saída do bloco, que acontece com uma orquestra de dezenas de percussionistas e o coral negro em uma celebração. Atualmente, o ritual é realizado pela filha de Mãe Hilda, Hildelice Benta dos Santos, a Doné Hildelice.

O Bloco da Liberdade continua com suas raízes no Curuzu. Sua sede, agora, é a  Senzala do Barro Preto, onde são realizadas dezenas de atividades educativas de inclusão e também manutenção do legado do Ilê Aiyê. Lá também funciona a Escola Mãe Hilda, com laboratórios de informática, salas de aula, salas de pintura, cozinha industrial e outros espaços.

Neste ano do cinquentenário, o bloco ganhou documentário, shows dentro e fora do país, exposição e, na noite desta sexta-feira (1º), realizou-se um show para celebrar a trajetória do Mais Belo dos Belos. O espetáculo foi na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador. Entre  os convidados, parceiros de longa data como a Orquestra Afrosinfônica e os cantores Matilde Charles, Daniela Mercury e Carlinhos Brown.