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Vigilância em morcegos da Mata Atlântica vai monitorar vírus que podem ameaçar saúde humana

21 de maio de 2024

 

Um novo grupo de pesquisa está sendo formado no Institut Pasteur de São Paulo (IPSP), com sede na Cidade Universitária, na capital paulista, para investigar os grupos virais presentes nos morcegos que habitam diferentes porções de Mata Atlântica no Estado, em ambientes urbanos e rurais. A ideia é fazer uma vigilância ativa nesses mamíferos voadores, para conhecer a diversidade dos vírus encontrados e a sua evolução, além de identificar e monitorar patógenos capazes de infectar humanos.

O projeto, com previsão para durar quatro anos, será realizado no âmbito da modalidade de auxílio à pesquisa a jovens pesquisadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), dentro de um acordo entre a agência paulista, a USP e duplo financiamento do Institut Pasteur de Paris. “É um estudo investigativo, de vigilância, que também possibilitará o maior entendimento da eco-epidemiologia de um determinado grupo viral, de como esse grupo viral evolui, qual a diversidade dele no bioma brasileiro e qual seria o potencial zoonótico e de emergência desse agente”, afirma o biólogo Luiz Gustavo Góes, coordenador do grupo no IPSP.

De acordo com o pesquisador, diversos estudos indicam que o Brasil está entre as regiões do globo com o maior potencial de surgimento de uma doença emergente. “Não apenas pela nossa densidade populacional, mas pela diversidade de animais e pelas pressões antropogênicas, como desmatamento e queimadas. Tudo isso tem influência no surgimento de doenças emergentes”, diz Góes. Considerada um dos pontos principais da biodiversidade brasileira, a Mata Atlântica abriga 117 espécies de morcegos – tidos como um importante reservatório de agentes possivelmente patogênicos – e tem os principais centros urbanos do país inseridos nela, como São Paulo e Rio de Janeiro. Além disso, há uma agricultura e uma pecuária intensiva nas proximidades.

O grupo planeja coletar morcegos em diferentes áreas florestais do município de São Paulo, além de áreas mais afastadas das cidades, próximas a fazendas e áreas de cultivo de cana-de-açúcar. Também contará com colaborações dos centros de controle de zoonoses da cidade de São Paulo, que recebe morcegos de diferentes municípios para o diagnóstico da raiva. “Uma vez que, para realizar o diagnóstico de raiva, é preciso matar o animal a fim de extrair o conteúdo do cérebro dele e em geral a carcaça inteira que sobra é descartada, pensamos em fazer colaborações com esses centros para obter os outros órgãos, como intestino, pulmão, rins, baço, fígado”, explica Góes.

“Cada grupo viral tem tropismo, ou seja, propensão de infecção em um determinado tipo de célula ou tecido, em um órgão diferente; nem sempre se conhece qual é o órgão. Como estamos procurando vírus novos, eles podem ter um tropismo diferente”, acrescenta. Os coronavírus, por exemplo, têm um tropismo entérico e são transmitidos pelas fezes. Então o melhor tecido para investigar coronavírus é o do intestino do morcego. Já os hantavírus têm um histórico de infectar pulmão e rim dos animais.

Coleta
“A ideia é não apenas identificar agentes novos, mas também entender como é a biologia desses agentes: qual o tecido em que estão mais concentrados, onde se replicam e como evoluem”, diz o pesquisador. Os morcegos capturados pelo grupo em áreas florestais conservadas ou em áreas urbanas não serão sacrificados. Serão realizadas coletas orais e retais. Já a carcaça proveniente de mamíferos mortos será dissecada para a análise dos diferentes tipos de tecidos.

Após isolar o DNA e o RNA do material, o grupo fará buscas específicas de vírus por técnicas de biologia molecular usando testes de PCR, por exemplo. Uma vez feito o sequenciamento genético do fragmento, serão realizadas análises filogenéticas preliminares, a fim de ver se a sequência viral se parece com algo já descrito na literatura. Com isso, os pesquisadores têm ideia se o material possui sequencias virais, qual o grupo e, mais especificamente, se os vírus encontrados têm alguma relação genética com vírus emergentes já reconhecidos.

Quando os cientistas considerarem a pré-análise relevante, eles farão o sequenciamento completo do genoma viral da amostra por meio da técnica de Next Generation Sequencing (NGS). “Assim, conseguiremos fazer uma análise evolutiva, considerando os diferentes genes e os dados já disponíveis no banco mundial de dados genéticos. É um vírus novo ou não é? E, posteriormente a isso, tentaremos isolar o vírus usando diferentes linhagens celulares convencionais”, detalha Góes. Caso as linhagens celulares já conhecidas não forem suficientes para o isolamento em laboratório, o grupo pretende criar linhagens celulares específicas para isso. “Com o vírus isolado, podemos trabalhar para identificar o receptor celular usado por ele e traçar uma primeira análise para ver se tem potencial de infectar outras espécies de animais, incluindo o homem, avaliando assim seu potencial zoonótico”.

Com o foco em epidemiologia viral e evolução de vírus emergentes, não é a primeira vez que Góes investigará os morcegos brasileiros. Ele conduziu e participou de diferentes estudos relacionados com a identificação de diversos vírus com potencial de infectar humanos, como coronavírus e influenza. Mais recentemente teve um artigo publicado em dezembro de 2022 na revista científica Emerging Infectious Diseases, durante a realização de um pós-doutorado no Instituto de Virologia na Charité-Universitätsmedizin, em Berlim, na Alemanha. Nessa instituição, Góes e colegas detectaram RNA de arenavírus em 1,6% de 1.047 morcegos investigados no Sudeste do Brasil entre 2007 e 2011. Os resultados dos estudos sugeriam que esses animais são um reservatório subestimado de arenavírus, que podem causar uma grave síndrome febril hemorrágica em humanos. O artigo Highly Diverse Arenaviruses in Neotropical Bats, Brazil pode ser lido neste link.

O Institut Pasteur de São Paulo (IPSP) é uma associação privada, sem fins lucrativos, fundada em 31 de março de 2023 pelo Institut Pasteur, fundação francesa de direito privado, e pela USP. Sediado na Cidade Universitária, em São Paulo, o IPSP desenvolve pesquisas de classe internacional em Ciências Biológicas sobre doenças transmissíveis, não transmissíveis, emergentes, reemergentes, negligenciadas ou progressivas, incluindo as que levam ao comprometimento do desenvolvimento ou degeneração do sistema neurológico. Seu objetivo é desenvolver métodos preventivos, de diagnóstico/prognóstico e terapêuticos em relação às doenças estudadas, promovendo a inovação, a transferência e a difusão do conhecimento em prol da saúde pública. O IPSP integra a Rede Pasteur, composta por 33 institutos de pesquisa presentes em 25 países.

Fonte
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Esta notícia é uma transcrição parcial ou total do Jornal da Universidade de São Paulo. Este texto pode ser utilizado desde que seja atribuído corretamente aos autores e ao sítio oficial.
Veja os termos de uso (copyright) na página do Jornal da USP

Os subsídios ao parto podem resolver a baixa taxa de natalidade da Coreia do Sul?

Mapa da taxa de natalidade por país

21 de maio de 2024

 

A taxa de fertilidade da Coreia caiu para 0,72 filhos por mulher durante a vida em 2023, marcando um mínimo histórico tanto para o país como para o mundo.

A queda de seis filhos por mulher em 1960 para o estado actual é considerada o declínio mais rápido da fertilidade na história da humanidade. Se o declínio continuar, a população da Coreia do Sul será reduzida para metade, para 26,8 milhões, até 2100, o que poderá resultar num declínio irreversível da produtividade e do crescimento económico.

Durante cerca de duas décadas, o governo sul-coreano tentou estimular a natalidade através de incentivos e subsídios. Em 2024, o governo aumentou o montante dos subsídios de nascimento para 2 milhões de KRW (1.500 USD) para o primogénito e 3 milhões de KRW (2.250 USD) para cada nascimento adicional. Durante os primeiros dois anos de vida de um bebé, os pais receberão 18 milhões de won (13.000 dólares) em subsídios e um subsídio mensal de 100.000 KRW (75 dólares) até a criança atingir os sete anos de idade.

Apesar da intervenção política, a tendência não foi alterada e os conservadores do país começaram a culpar o feminismo pela baixa taxa de fertilidade nos últimos anos.

O atual presidente, Yoon Suk-yeol, do conservador Partido do Poder Popular, enquadrou-se como um antifeminista durante sua campanha de 2021. Afirmou que o feminismo impedia relações saudáveis ​​entre homens e mulheres e que criava um ambiente “inadequado para ter e criar filhos” e prometeu abolir o Ministério da Igualdade de Género e da Família.

Eventualmente, Yoon ganhou a presidência com 59 por cento dos votos de homens com idades entre 18 e 29 anos, enquanto apenas 34 por cento das mulheres da mesma faixa etária endossaram o político antifeminista. No entanto, Yoon não conseguiu reverter a tendência de declínio populacional. A taxa de fertilidade da Coreia do Sul caiu ainda mais, de 0,81 em 2021 e 0,78 em 2022 para um mínimo histórico de 0,72 em 2023.

O custo social da educação dos filhos

Se o governo quiser alterar a taxa de natalidade em declínio, poderá ter de aumentar o subsídio para 100 milhões de KRW (aproximadamente 74 000 dólares americanos) por parto. Conforme mostrado numa sondagem recente realizada pela Comissão Anticorrupção e Direitos Civis, 62,58 por cento dos entrevistados disseram que estariam motivados a ter filhos activamente se o governo distribuísse 100 milhões de won para subsídio por parto.

Atualmente, o custo social da criação dos filhos na Coreia do Sul é maioritariamente suportado pelas mulheres. De acordo com o Relatório Mundial sobre Desigualdades de Género de 2022 do Fórum Económico Mundial, os pais coreanos (com filhos com idade igual ou inferior a seis anos) assumem cerca de 18 por cento das responsabilidades domésticas, enquanto as mães assumem mais de 67 por cento. A disparidade de género no trabalho de prestação de cuidados não remunerado é a maior entre os países desenvolvidos.

Aumento do feminismo e do sexismo

Ao mesmo tempo, as mulheres coreanas tornaram-se cada vez mais independentes. A diminuição das taxas de natalidade durante as décadas de 1980 e 1990 coincidiu com um aumento nas taxas de matrícula universitária das mulheres, que ultrapassaram as dos homens desde 2008. Embora as mulheres estejam a tornar-se mais competitivas no mercado de trabalho, não podem desfrutar de oportunidades iguais devido à presunção de o seu papel de género: as mulheres sul-coreanas ainda ganhavam 31 por cento menos do que os homens em 2022, e a sua taxa de emprego também era 18,8 por cento inferior à dos homens.

Pior ainda, as mulheres casadas na Coreia têm de suportar o fardo duplo do seu trabalho diário e do trabalho doméstico, e muitas são forçadas a abandonar o seu trabalho devido ao parto e à presunção da responsabilidade das mulheres no cuidado dos filhos. Além disso, as mulheres são mais propensas a sacrificar-se pela família devido à disparidade de rendimentos entre homens e mulheres.

De facto, em 2022, apenas 28 por cento das mulheres tinham uma percepção positiva em relação ao casamento, em comparação com 43,8 por cento dos seus homólogos masculinos. Além disso, 65 por cento das mulheres não querem ter filhos depois do casamento, enquanto apenas 43,3 por cento dos homens não querem.

Em vez de abordar o problema da desigualdade de género, os decisores políticos, especialmente os políticos de direita, reforçaram o papel das mulheres na criação dos filhos. Um exemplo muito controverso é o lançamento de um novo programa governamental, “Mapeando os nascimentos na Coreia (대한민국 출산지도)”, que provocou indignação por parte das mulheres que sentiram que as estatísticas destacadas pelo mapa, incluindo o número de mulheres férteis por região, representavam mulheres como máquinas de procriar ou úteros ambulantes que foram os únicos responsáveis ​​pela resolução da crise demográfica.

A professora de direito de género Yang Hyunah apelou à reforma do direito da família e à introdução de uma lei que abra espaço para a existência de famílias diversas:

‘‘Atualmente, as famílias coreanas tornaram-se extremamente pequenas e as tendências de baixas taxas de natalidade e envelhecimento rápido estão a acelerar. A geração mais jovem está a evitar casamentos legais e o estigma social em torno do divórcio e do novo casamento diminuiu significativamente. No contexto destas mudanças na família e na sociedade, é necessário examinar se o direito da família coreano, que trata apenas de “famílias normais” e insiste no casamento legal, está demasiado desactualizado.’’

‘‘A futura política familiar dependerá da nossa capacidade de legislar rapidamente uma lei alternativa de união estável que permita ao Estado reconhecer “famílias diversas”. Podemos promover o desenvolvimento a longo prazo do país utilizando activamente a força de trabalho feminina altamente qualificada da Coreia e, ao mesmo tempo, fornecer apoio aos trabalhadores do sexo masculino, sobrecarregados pelas exigências do mercado de trabalho frio, com a oportunidade de partilhar as recompensas da prestação de cuidados trabalho.’’

A definição de “família” no atual direito civil coreano restringe os membros da família às relações por nascimento (relações consanguíneas) e por casamento (cônjuges). Yong Hye-in, do Partido do Rendimento Básico, propôs pela primeira vez a lei alternativa do parceiro de vida (‘생활동반자법’) na assembleia nacional em Abril de 2023, para introduzir uma nova categoria de relações familiares baseadas na virtude da coabitação e da ajuda mútua. Semelhante às parcerias civis em todo o mundo, permitiria que dois indivíduos adultos de nacionalidade coreana formassem uma relação de parceria, dando-lhes direitos comparáveis ​​aos dos casais casados, tais como o direito de adoptar e benefícios fiscais.

Embora esta proposta de lei alternativa apresente uma solução promissora para alargar o apoio governamental ao nascimento, à adopção e ao cuidado dos filhos às famílias fora dos casamentos legais tradicionais, permanecem dúvidas sobre se o actual governo irá considerar uma abordagem tão não tradicional. Isto é especialmente verdadeiro tendo em conta o recente declínio nas discussões sobre a igualdade de género na política dominante e o crescente sentimento antifeminista entre os homens jovens, que se tornou uma força política significativa por si só.

Atualmente, o 4º Plano Diretor para Política Populacional e Envelhecimento da Sociedade (2021–2025), publicado pelo Comitê Presidencial sobre Envelhecimento, Sociedade e Política Populacional, não inclui quaisquer medidas significativas em torno da imigração ou apoio ao reconhecimento de famílias alternativas.

Fonte
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Esta notícia é uma transcrição parcial ou total do Global Voices. Este texto pode ser utilizado desde que seja atribuído corretamente aos autores e ao sítio oficial.
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Erva-mate: o chá indígena da América do Sul, do Paraguai à Síria

Chá mate

21 de maio de 2024

 

Onde quer que você vá na Argentina ou no Uruguai, você verá pessoas envolvidas em um ritual antigo e muito querido: beber uma infusão quente e levemente amarga de folhas cafeinadas de uma cabaça seca através de um canudo de metal filtrado, antes de passar a cabaça para seus amigos. compartilhar. É a erva-mate, o chá indígena da América do Sul com uma longa e célebre história.

“Yerba mate” é o nome comum de Ilex paraguariensis, um arbusto nativo da América do Sul cujas folhas secas e curadas são fermentadas em água quente para produzir uma bebida popular com cafeína chamada mate. Há muito consumido pelos povos indígenas Guarani e Tupi do que hoje é o Paraguai, o mate se espalhou rapidamente pela América do Sul durante o Império Espanhol. Hoje, o mate é a bebida preferida do Paraguai, Argentina e Uruguai, além de partes do Chile, Brasil, Bolívia e até do Oriente Médio. Mas de onde se originou esta infusão sul-americana e como ela cativou tantos milhões de consumidores diários em todo o mundo?

Os primeiros povos conhecidos a cultivar e beber mate foram os povos guaranis do Paraguai pré-colombiano. Embora seu consumo fosse limitado a algumas regiões do Paraguai, o mate era pelo menos conhecido por outras comunidades indígenas da América do Sul. Embora o termo “erva” venha do espanhol, que significa “erva”, o termo “mate” deriva da palavra quíchua “mati”, referindo-se às cabaças de cabaça secas nas quais o mate é tradicionalmente servido. Vestígios de erva-mate encontrados em uma tumba quíchua perto de Lima sugerem que o mate pode ter tido prestígio longe de seu coração paraguaio, talvez devido às suas conotações medicinais e aplicações rituais. A etimologia quíchua também explica por que até hoje tanto a bebida quanto o recipiente em que é servida são conhecidos como “mate”.

Quando os colonizadores espanhóis chegaram ao Cone Sul – atuais Paraguai, Uruguai, Argentina e Chile – em meados do século XVI, logo encontraram as folhas cafeinadas sendo consumidas em grandes quantidades por diversas populações indígenas. No final do século XVI, o mate já era popular entre os espanhóis na região de Assunção, a eventual capital do Paraguai. O mate era tão popular em 1596 que um oficial espanhol em Assunção alegou que os espanhóis viciados em mate vendiam seus bens ou se endividavam para obter a preciosa erva. O governo colonial tentou brevemente controlar o comércio de mate na crença de que beber mate era um hábito perigoso – uma crença tingida de racismo com base nas suas origens indígenas. Mesmo assim, no início do século XVII a sua popularidade era tal que começou a espalhar-se por outros cantos do Império Espanhol. Durante algum tempo, a erva-mate foi uma mercadoria importante em cidades coloniais distantes de onde é comumente consumida hoje, como no Peru e no Equador.

Um dos capítulos mais importantes da história do mate ocorreu com a chegada da Ordem dos Jesuítas ao Paraguai no início do século XVII. Os Jesuítas, uma ordem sacerdotal católica, atuaram como uma força de vanguarda do colonialismo nas periferias do Império Espanhol. No Paraguai, estabeleceram uma série de assentamentos missionários, ou “reduções”, caracterizados pela autonomia política e económica da coroa espanhola. Como as reduções jesuítas precisavam estabelecer uma base econômica independente e a erva-mate era o produto mais valioso do Paraguai, muitos assentamentos se voltaram para o cultivo da erva-mate. Inicialmente, eles seguiram o método tradicional de envio de colheitadeiras indígenas por longas distâncias para colher folhas em povoamentos silvestres. No entanto, isto era dispendioso, demorado e perigoso, pelo que os jesuítas encontraram outra forma, tornando-se os primeiros a domesticar a planta – um feito que não se repetiu até ao século XIX, quando os jesuítas mantiveram os seus métodos em segredo. Em pouco tempo, os jesuítas detinham quase o monopólio da indústria colonial da erva-mate. O mate jesuíta acabou sendo tão barato e abundante que, na ausência de moedas de ouro, foi usado como moeda nas reduções.

Em 1767, a Ordem dos Jesuítas foi suprimida no Império Espanhol e as reduções paraguaias, juntamente com o seu monopólio de mate, entraram em declínio. Mesmo assim, o Paraguai continuou a ser o centro da indústria do mate e o consumo da bebida continuou a expandir-se por toda a América do Sul colonial, chegando mesmo ao sul da Europa no final do século XVIII – embora nunca tenha rivalizado com a popularidade de outras culturas comerciais coloniais como o cacau, o chá, e café, as três bebidas com cafeína mais importantes da Europa moderna. O Paraguai só perdeu sua posição de destaque como maior produtor de erva-mate após a independência, quando Argentina e Brasil começaram a disputar o controle do mercado de erva-mate. Naquela época, a Argentina também tinha a maior população consumidora, fato inalterado até hoje, onde o mate é celebrado como a bebida nacional. A ruinosa Guerra do Paraguai de 1864-1870, que devastou demográfica e economicamente o Paraguai em sua luta contra as forças combinadas da Argentina, do Brasil e do Uruguai, diminuiu ainda mais a indústria da erva-mate paraguaia durante décadas.

No final do século XIX e início do século XX, o mate competia com outras bebidas como o café e o chá. No Chile, por exemplo, o consumo de mate acabou por dar lugar a estas últimas bebidas na maioria das regiões, deixando o Paraguai, a Argentina e o Uruguai como o centro do consumo de mate.

Contudo, numa interessante reviravolta do destino, o mercado do mate estava destinado à expansão para uma região inesperada: a região do Levante no Médio Oriente, nomeadamente o Líbano e a Síria. O mate foi introduzido lá por imigrantes sírios na Argentina, que o trouxeram consigo quando retornaram. Até hoje, continua a ser uma tradição local popular, especialmente entre os drusos, uma comunidade etnorreligiosa secreta que habita principalmente a Síria e o Líbano. A popularidade do mate entre os drusos fez do Levante a região com maior consumo de mate fora da América do Sul. Nos últimos anos, o mate também ganhou popularidade na América do Norte e na Europa na forma de extratos de mate com cafeína em bebidas energéticas e elixires de saúde, embora a sua preparação tradicional ainda seja desconhecida pelos consumidores.

Ao celebrarmos o Dia Internacional do Chá, reconhecendo o significado histórico, cultural e económico do chá em todo o mundo, lembremo-nos também da importância da infusão indígena da América do Sul para milhões de pessoas na região e fora dela. Desde suas origens guaranis até sua popularidade contemporânea em lugares tão distantes quanto o Levante e a América do Norte, o mate conquistou seu lugar como uma das grandes tradições de chá do mundo.

Fonte
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América-MG supera Guarani por 2 a 1 pela Série B

O América-MG mostrou força ao derrotar o Guarani por 2 a 1, na noite desta segunda-feira (20) em pleno estádio Brinco de Ouro, em Campinas, para entrar no G4 da Série B da Série B do Campeonato Brasileiro.

FIIIMMMIMMMM DE JOGO NO BRINCO DE OURO! VENCEMOS! PRIMEIRA VITÓRIA FORA DE CASA E G-4 PARA O COELHÃO! 🫡💚

DE VIRADA, AMÉRICA 2 a 1 EM CIMA DO GUARANI! 🐰🐰

⚽️ Fabinho
⚽️ Moisés

📸 Mourão Panda / América #PraCimaDelesCoelho #AméricaDoBrasil pic.twitter.com/ThJMd2zoXp

— América FC (@AmericaFC1912) May 21, 2024

Com o triunfo na partida que teve transmissão da TV Brasil, o Coelho assumiu a 4ª posição da classificação com 12 pontos conquistados. Já o Bugre permanece na vice-lanterna da classificação com três pontos.

Jogando em casa, o Guarani aproveitou confusão na defesa do América-MG para abrir o placar aos 19 minutos do primeiro tempo com o atacante Luccas Paraizo. Porém, após ficar em desvantagem no marcador, o Coelho conseguiu igualar com Fabinho, que aproveitou cruzamento na área para fazer de cabeça aos 30 minutos.

Após o intervalo o jogo permaneceu muito equilibrado, com o empate persistindo até os instantes finais. Até que aos 31 minutos o juiz, com auxílio do VAR (árbitro de vídeo), assinalou pênalti por causa de toque de mão de Douglas dentro da área. O meio-campista Moisés foi então para a cobrança e marcou o gol da vitória do Coelho.

Auxílio Reconstrução: governo lança site para cadastro das famílias

O governo federal lançou nesta segunda-feira (20) o site para as prefeituras do Rio Grande do Sul cadastrarem as famílias que receberão a parcela única do Auxílio Reconstrução no valor de R$ 5.100. Cada família poderá usar o dinheiro para comprar itens perdidos durante os alagamentos ou para reformar imóvel onde mora ou trabalha.

O auxilio foi criado em medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última quarta-feira (15), como mais uma ação do governo federal de apoio às vítimas das chuva.

Ministro de Apoio à Reconstrução do RS, Paulo Pimenta, explica cadastro para o auxílio reconstrução – Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

“Esse apoio, que nós estamos chamando de Auxílio Reconstrução, de R$ 5.100, é para todas as pessoas que residem nas áreas que foram inundadas, que perderam as suas coisas e, também, em localidades onde houve queda de barreiras, as pessoas que tiveram que sair de áreas de risco, por conta de encostas”, explicou o ministro da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta.

O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, destacou que uma das estratégias é manter relação direta com os municípios e atender às demandas dos afetados pelas enchentes.

Ministro Waldez Góes informa que pagamento será feito pela Caixa. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

“Coube-nos, também, nesse atendimento à população gaúcha gerenciar junto com a Caixa Econômica o Auxílio Reconstrução”, disse. 

Como cadastrar os dados

Para efetiva liberação do benefício, será necessário cumprir três fases:

1)      Prefeituras: a partir desta segunda-feira (20), as prefeituras dos municípios afetados devem enviar ao governo federal dados sobre as localidades atingidas pelas enchentes e das famílias desalojadas ou desabrigadas. No site do Auxílio Reconstrução, há duas planilhas distintas para serem preenchidas pelo gestor público municipal autorizado, no sistema transfere.Gov, por meio de senha cadastrada. Depois de preenchidas, as planilhas são enviadas ao governo federal, no próprio site.

2)      Famílias: a pessoa identificada pela prefeitura como responsável pela família beneficiada precisará confirmar, a partir de 27 de maio, o cadastro no site. É preciso acessar o botão Sou Cidadão pela conta registrada no site Gov.br, com o login e senha cadastrados. Caso haja erro de cadastro, as prefeituras deverão receber os cidadãos para corrigir dados, como CPF, endereço ou nome.

Os dados confirmados pelos responsáveis serão cruzados com outros cadastros já existentes — como os da Previdência, trabalho e assistência —, para atestar endereços e CPFs. Somente depois da conferência, o nome do responsável terá o pagamento liberado para recebimento.

3)      Pagamento: a Caixa Econômica Federal receberá a lista dos nomes aptos e fará o depósito na conta.

As famílias não precisam abrir contas no banco. A Caixa identificará se o responsável já tem conta-poupança ou corrente na instituição e fará o crédito automaticamente.

Caso o beneficiário não tenha conta, o próprio banco se encarregará de abrir uma Poupança Social Digital para o pagamento do Auxílio Reconstrução. O valor poderá ser movimentado pelo aplicativo Caixa Tem.

A estimativa é que os primeiros pagamentos sejam liberados ainda neste mês de maio, porém, dependerá da velocidade com que os dados forem enviados pelas prefeituras e confirmados pelas famílias. Por isso, quanto antes a prefeitura enviar os dados e a família confirmar no sistema, mais rápido o dinheiro entra na conta.

Quem pode receber

O apoio financeiro será pago a quem teve de abandonar a casa, de forma temporária ou definitiva.

As famílias desalojadas ou desabrigadas devem, obrigatoriamente, ser residentes em um dos 369 municípios gaúchos com situação de calamidade pública ou emergência pública reconhecida pela Defesa Civil nacional até 15 de maio. A lista dos municípios está disponível na internet

Os beneficiários do programa Bolsa Família que estiverem na situação de desalojados ou desabrigados poderão receber o auxílio. Mas beneficiários do Bolsa Família que não estiverem nessas situações, não são elegíveis para o auxílio reconstrução.

O cidadão que recebe o seguro-desemprego e é morador de área atingida informada pela prefeitura, teve que sair de casa e perdeu bens com a chuva, poderá receber o auxílio.

Cada família pode receber apenas um Auxílio Reconstrução. O recebimento de mais de um benefício desta modalidade por família constitui fraude, sujeito a sanções penais e cíveis cabíveis, além de ressarcir à União o valor recebido.

Após acessar o sistema usando login e senha do Gov.Br e confirmar os dados cadastrados, o responsável pela família deve acessar o sistema periodicamente para verificar se o pagamento único já foi liberado.

Fluminense vence Palmeiras e se aproxima da classificação para quartas

O Fluminense derrotou o Palmeiras por 2 a 0, nesta segunda-feira (20) no estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, para se aproximar da zona de classificação para as quartas de final da Série A1 do Campeonato Brasileiro de futebol feminino.

A terceira vitória em quatro jogos! O @FluminenseFCFem vence mais uma e está de olho no G8! 👏 pic.twitter.com/b0NE0WBEK9

— Brasileirão Feminino Neoenergia (@BRFeminino) May 20, 2024

Com o triunfo alcançado na partida válida pela 11ª rodada da 1ª fase da competição nacional, as Guerreiras do Fluzão alcançaram a 9ª posição, com os mesmos 14 pontos do América-MG, primeira equipe dentro da zona de classificação para a próxima etapa do Brasileiro Feminino. Já as Palestrinas aparecem na 3ª posição da classificação com 22 pontos após o revés.

O Fluminense começou a construir a vitória aos 37 minutos do primeiro tempo, quando a lateral Débora Sorriso cobrou falta da entrada da área, com muita categoria, para superar a goleira Natascha. O segundo da equipe das Laranjeiras saiu logo no primeiro minuto da etapa final, quando Lurdinha não perdoou após bate e rebate dentro da área.

Vitória do São Paulo

Outro tricolor a triunfar na rodada foi o São Paulo, que no Centro de Treinamento da Cotia bateu o Flamengo por 2 a 1. A equipe da Gávea chegou a abrir o marcador aos 12 minutos do primeiro tempo com a atacante Gláucia. Porém, a equipe da casa reverteu o marcador com dois gols na equipe final, que saíram dos pés de Camilinha, aos 10 minutos, e de Ariel, aos 33.

Uma virada que vale muito pro @SaoPauloFC_Fem! O Tricolor soma três pontos e continua no G4! pic.twitter.com/jcxdjoYGO2

— Brasileirão Feminino Neoenergia (@BRFeminino) May 21, 2024

O resultado deixou o São Paulo na 4ª posição com 20 pontos, enquanto o Flamengo ocupa a 6ª colocação com 17 pontos.

PGR denúncia nove envolvidos em bloqueios de rodovias após eleições

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciou nesta segunda-feira (20) nove pessoas ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo envolvimento nos bloqueios de rodovias do país após o anúncio da vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.

No documento, Gonet pede ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, que os acusados se tornem réus pelos crimes de associação criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. 

Conforme a denúncia, os acusados promoveram pontos de bloqueios entre 30 de outubro e 7 de novembro de 2022 em rodovias de Santa Catarina para praticar atos contra a legitimidade das eleições.

Além disso, segundo o procurador, eles participaram de um “movimento ideologicamente” unidos a outras paralisações de rodovias no país para pedir o fechamento do STF e uma intervenção militar por não se conformarem com o resultado das eleições presidenciais.

“O bloqueio em si já constituiu ato de violência, e durante a sua realização também se produziram atos de violência pessoal. A conduta se relaciona com o conjunto de práticas bárbaras e truculentas com que se buscou, sobretudo após o resultado final da eleição presidencial de 2022, desestimar a vontade popular expressa nas urnas democráticas e teve em mira a orquestração de sublevação contra o governo eleito, por meio de ações de violência”, concluiu o PGR.

No dia 31 de outubro de 2022, um dia após a divulgação do resultado das eleições, o ministro Alexandre de Moraes determinou o total desbloqueio das rodovias federais que registraram paralisações de caminhoneiros. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e as polícias militares estaduais foram responsáveis pela liberação das estradas.

A data do julgamento da denúncia ainda não foi definida.

Voos comerciais são liberados a partir de quarta na Base de Canoas

A Base Aérea de Canoas, administrada pela Força Aérea Brasileira (FAB), funcionará como aeroporto e receberá 35 voos semanais, a partir desta quarta-feira (22). A medida emergencial servirá como alternativa ao Aeroporto Internacional Salgado Filho em Porto Alegre (RS), que está fechado por tempo indeterminado desde 6 de maio, após ter as instalações térreas e a pista de pouso e decolagem alagadas com a cheia do Guaíba.

De acordo com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e o ministro da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, as companhias aéreas podem iniciar a venda de bilhetes a partir desta terça-feira (21).

“Na quarta-feira, a Base Aérea de Canoas está disponível para receber voos comerciais. Amanhã, as companhias aéreas vão iniciar as vendas de bilhetes para, a partir daí, começar os voos que, naturalmente, dependem da demanda que as [companhias] aéreas vão começar a receber.”

Com este anúncio, a malha emergencial terá 134 voos para o acesso ao Rio Grande do Sul por semana, A primeira fase do plano de aviação foi anunciada com 116 voos comerciais semanais

“Com mais 6 mil [passageiros] que nós teremos em Canoas, vamos ter condições de atender, no primeiro momento, a 30 mil passageiros por semana”, estima o ministro da Secretaria Extraordinária, Paulo Pimenta.

Voos

Os aviões decolarão e pousarão em sete aeroportos de pequeno e médio porte no Rio Grande do Sul e mais dois em Santa Catarina.

Veja a malha aérea emergencial:

Rio Grande do Sul

 Aeroporto de Caxias do Sul: 39 voos semanais;

 Aeroporto de Santo Ângelo: 6 voos semanais;

 Aeroporto de Passo Fundo: 21 voos semanais;

Aeroporto de Pelotas: 6 voos semanais;

Aeroporto de Santa Maria: 3 voos semanais;

Aeroporto de Uruguaiana: 3 voos semanais;

 Base Aérea de Canoas: 35 voos semanais.

Santa Catarina

Aeroporto de Florianópolis: 14 voos semanais;

 Aeroporto de Jaguaruna: 7 voos semanais.

Prefeitos de 305 cidades aprovam novo contrato com Sabesp privatizada

Prefeituras de 305 municípios paulistas aprovaram na tarde desta segunda-feira (20) os novos contratos de concessão com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) privatizada. A aprovação ocorreu em votação eletrônica na primeira reunião do Conselho Deliberativo da Unidade Regional de Água e Esgoto Sudeste (Urae 1), que reúne 370 dos 375 municípios paulistas operados pela Sabesp.

Os prefeitos também aprovaram o regimento interno da unidade, o Plano Regional de Saneamento Básico, a coordenação do grupo, que será exercida pela secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, Natália Rezende, e definiram que a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Artesp) será a entidade responsável pela regulação e fiscalização dos serviços da companhia.

Segundo o governo do estado, o novo contrato da Sabesp inclui investimentos obrigatórios solicitados pelos municípios e garantia de cobertura em áreas urbanas, rurais e informais.

“A gente acredita que este projeto vai deixar um grande legado para o estado de São Paulo. Vários legados. O primeiro, e mais importante, a universalização do saneamento. A gente vai poder de fato sonhar com a despoluição de mananciais importantes, que é algo que o paulista, em especial o paulistano, sonha há tanto tempo. A gente vai poder sonhar com o aumento da disponibilidade hídrica. É impossível mensurar todo o ganho, todas as externalidades que nós vamos ter”, disse o governador Tarcísio de Freitas, ao final da reunião.

Observatório critica

Representante do Observatório dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas) no conselho, Amauri Pollachi criticou a decisão do governo do estado de privatizar a Sabesp, destacando as experiências negativas de outros países que passaram para a iniciativa privada empresas públicas da área de saneamento. 

“O exemplo mais contundente está no fracasso da privatização do saneamento na Inglaterra. Após 35 anos, as contas de água subiram mais que o dobro da inflação, as dívidas alcançam 60 bilhões de libras, o equivalente à construção duas vezes do Eurotunel, e o volume de esgotos lançado em rios e mares é recorde”, disse Pollachi.

Ele lembrou ainda o papel que a Sabesp vem desempenhando atualmente no Rio Grande do Sul, auxiliando nos trabalhos de drenagem das águas em Porto Alegre. “A calamidade no Rio Grande do Sul expôs o papel preponderante da Sabesp pública na retomada do abastecimento de água e na drenagem de Porto Alegre e Canoas.” 

Além disso, afirmou Pollachi, ficou evidente a ausência das empresas privadas de saneamento nas ações emergenciais no estado. “A Corsan [Companhia Riograndense de Saneamento], estatal gaúcha privatizada há um ano, demitiu cerca de 40% do seu quadro de funcionários.”

Modelo diferente

Segundo a secretária Natália Rezende, o governo estudou diversos modelos de privatização pelo mundo e criou um modelo próprio e específico para o caso da Sabesp. “É [um modelo] totalmente diferente. O nosso modelo não se assemelha, por exemplo, ao do Rio de Janeiro, não se assemelha ao do Rio Grande do Sul. É um modelo da Sabesp, é um modelo do estado de São Paulo”, enfatizou.

“Tanto o regulatório quanto da lógica de prestação de serviços é totalmente diferente do da Inglaterra. A Inglaterra fez uma privatização de bens. Aqui está falando, na verdade, de um follow-on [oferta adicional de ações de empresa já listada em bolsa] de uma empresa que já tem 49,7% do seu capital privado. Então, a gente está falando de trazer mais investimentos por meio de uma redução da participação do Estado”, acrescentou.

Theatro Municipal do Rio terá mais de 70 apresentações em 2 temporadas

Com investimento de R$ 20 milhões da Petrobras, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro vai incrementar a programação para as temporadas de 2024 e 2025, com mais de 70 apresentações, incluindo balés, óperas, concertos sinfônicos e artistas convidados. O patrocínio também possibilitará 178 ações educativas, como visitas guiadas, oficinas e ações para formação de plateias voltadas para o público infantil e para alunos de escolas públicas de ensino.

A temporada atual e o primeiro semestre de 2025 ganharão reforço com a aquisição de direitos autorais, montagem, figurino, cenário, produção e compra de peças artísticas de maior relevância cultural. A finalidade é enriquecer o repertório disponível dos espetáculos para os espectadores e aprimorar a qualidade e a diversidade da experiência cultural oferecida ao público. Para este ano, já estão garantidos, além do Lago dos Cisnes, a ópera Rusalka, os balés La Fille Mal Gardée e O Quebra Nozes.

Essa parceria entre a Petrobras e o Theatro Municipal, iniciada em 2008, contribui para a produção de espetáculos, realização de ações educativas e manutenção do patrimônio arquitetônico e artístico representado pelo prédio inaugurado em 1909. “Esse investimento é uma oportunidade de democratização do acesso à cultura, formação de novas plateias e oferta de espetáculos de excelência, além de revitalizar o importante equipamento cultural que conta com um Corpo Artístico de capacidade única”, afirma a gerente de Patrocínios Culturais da Petrobras, Alessandra Teixeira.

O contrato prevê também a manutenção de estofamento, tapeçaria, cortina de palco, mobiliário, iluminação, portas e climatização, entre outros. Esses cuidados garantem a qualidade das produções, como o conforto e a segurança dos artistas e espectadores.