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Rio Grande do Sul tem alerta de perigo para chuvas e ciclone

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu, na madrugada desta segunda-feira (27), em Brasília, um alerta de perigo para chuvas na Região Sul do país, incluindo o Rio Grande do Sul, já fortemente afetado por enchentes. O alerta vale da 0h01 até as 21h e cita chuvas entre 30 e 60 milímetros por hora ou entre 50 e 100 milímetros por dia, além de ventos intensos que devem variar de 60 a 100 quilômetros por hora.

De acordo com o Inmet, há risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas. As áreas afetadas incluem o sudoeste rio-grandense, área metropolitana de Curitiba, Vale do Itajaí, grande Florianópolis, região metropolitana de Porto Alegre, sudeste rio-grandense, nordeste rio-grandense, centro oriental paranaense, norte catarinense, sul catarinense, norte pioneiro paranaense e região serrana.

Ciclone

Nas redes sociais, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, alertou para um ciclone que também deve repercutir na região. “Esta segunda-feira deve ser uma segunda-feira difícil para alguns municípios aqui no estado. Tem um ciclone se formando no mar e que vai trazer ventos fortes e chuva para os municípios da região leste do estado”, disse, em vídeo postado no Instagram.

“Essa região deve ter um volume de chuvas que, segundo a sala de situação, não vai ser responsável por forte elevação do nível dos rios ou do Guaíba, por exemplo. Mas são municípios que já estão com os seus sistemas de drenagem muito impactados, como é o caso aqui da capital, Porto Alegre, e de municípios da região. Podem ter transtornos significativos por conta da chuva que vamos ter nesta sexta-feira e também em uma parte da terça-feira”, argumentou.

Transtornos

Segundo o governador, municípios gaúchos incluindo Pelotas, São José do Norte, São Lourenço e Rio Grande, que já têm trechos tomados por água da Lagoa dos Patos, também podem registrar “transtorno um pouco maior nesta segunda-feira”.

“Por isso, a gente pede a todos que, podendo evitar se deslocar, evitem deslocamentos na cidade por conta dos transtornos que poderão acontecer”, observou.

“A gente está com equipes nas ruas, segurança pública, bombeiros, defesa civil e brigada militar buscando dar contribuições aos municípios para manter as coisas sob controle, atender às pessoas que mais necessitam. Mas é importante contar com o alerta de todos e evitar se expor a riscos desnecessários”, concluiu o governador.

Inscrições para o Enem 2024 começam hoje

Começa nesta segunda-feira (27) e vai até 7 de junho o período de inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024. No Rio Grande do Sul, devido à calamidade pública no estado, haverá um calendário estendido, que ainda será divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

As provas serão aplicadas nos dias 3 e 10 de novembro. Para se inscrever, os estudantes devem acessar a Página do Participante e utilizar o cadastro na conta gov.br.

Os resultados dos recursos sobre a isenção da taxa de inscrição foram divulgados na última sexta-feira (24), assim como dos recursos que tratam das justificativas de ausência no Enem 2023, para candidatos que estavam isentos da taxa e faltaram às provas.

A taxa de inscrição custa R$ 85 e poderá ser paga até o dia 12 de junho. Os moradores do Rio Grande do Sul também terão isenção desse valor.

Criado em 1998, o Enem avalia o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica e também é a principal porta de entrada para a educação superior no país. Os resultados da avaliação podem ser usados para acesso ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e ao Programa Universidade para Todos (ProUni). Também são aceitos em instituições privadas e de outros países de língua portuguesa que tenham acordo com o Brasil.

Os estudantes que não concluíram o ensino médio também podem participar na condição de treineiros, para autoavaliação nos anos anteriores ao término da educação básica.

Prevenção a desastres esbarra em falta de projetos técnicos locais

A tragédia climática no Rio Grande do Sul chamou a atenção para a necessidade de reforço no Orçamento e nas políticas públicas voltadas para a prevenção e a recuperação de desastres. Os recursos direcionados para essa área dependem de projetos técnicos de prefeituras e governos estaduais para serem efetivamente liberados. O alerta é da professora de Gestão de Políticas Públicas na Universidade de São Paulo e pesquisadora associada ao Centro de Estudos da Metrópole, Úrsula Peres. 

De 2010 a 2023, de cada R$ 10 autorizados pelo Congresso Nacional para programas e ações diretamente relacionados à essa área, R$ 6,5 foram efetivamente gastos.

Os dados são do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) e foram sistematizados pela organização não governamental (ONG) Contas Abertas. 

De acordo com Úrsula Peres, programas e ações de prevenção e recuperação de desastres são despesas discricionárias e não obrigatórias – como são os gastos em saúde, educação e previdência social. Ano a ano, a disponibilidade de recursos depende de decisão do Poder Legislativo e do que for empenhado pelos órgãos públicos. “O fato de ter isso mais no campo da discricionariedade coloca menos pressão na execução dos recursos.”

A segunda questão apontada pela pesquisadora é o fato de a aplicação do dinheiro ser local. “Boa parte desses recursos exige interação com estados ou municípios para execução.”

Isso também faz com que governos estaduais e prefeituras municipais tenham de elaborar e implantar projetos técnicos para prevenção e recuperação de desastres.

“Os municípios no Brasil são muito heterogêneos. A maior parte tem estrutura menor e menos capacidade de desenvolvimento de projetos.” “Projetos em áreas de risco implicam em licitações complexas. São áreas com topografia complicada. Para além disso, é necessário retornar processos de contratação que é mais complicado, fazer medição e controle”, detalha.

Úrsula Peres ainda assinala que o teto dos gastos públicos, criado pela Emenda Constitucional nº 95/2016, estabeleceu o congelamento de gastos das despesas primárias, “que, em função da sua modelagem, acaba espremendo tudo aquilo que não é obrigatório”, uma vez que “ter orçamento autorizado não é garantia de que a ação vá ser executada.”

Nos últimos 14 anos, o ápice dos investimentos em prevenção e recuperação de desastres ocorreu em 2013, com R$ 6,8 bilhões repassados pelo governo Dilma Rousseff.

Os investimentos chegaram ao menor patamar em 2021, governo Bolsonaro, com R$ 1,3 bilhão transferido. Em 2024, no terceiro mandato de Lula, a dotação orçamentária inicial era de R$ 2,6 bilhões, o maior valor desde 2018. 

Nova agenda

A professora e pesquisadora avalia que o retorno a patamares antigos de previsão e execução orçamentárias pode levar tempo. “Não é de uma hora para outra que volta a ter um orçamento no mesmo volume.”

Peres acredita que a calamidade no Rio Grande do Sul provoque “alterações na agenda orçamentária”, “mudanças na trajetória de despesas prevenção e recuperação de desastres” e novas percepções entre gestores locais e seus eleitores. “Muitos prefeitos não acreditavam em riscos de grandes tempestades e inundações”, assim como parte da sociedade “não estava esclarecida para a crise climática que o planeta está vivendo.”

A especialista ainda considera que o equilíbrio nas contas públicas é benéfico para todo o país, mas é necessário pensar nas consequências do ajuste fiscal para parte da população que reside nas periferias e estão mais sujeitas a enchentes e desmoronamento de terra. “As pessoas que têm mais recursos não moram nessas áreas. Temos que pensar se estamos agindo com equidade ou não.”

Por fim, Úrsula Peres acredita que o país precisa buscar “sustentabilidade econômica, social e ambiental” e para isso terá, por exemplo, de rever a matriz energética – o que exigirá investir em economia verde. “Precisa de recursos no orçamento agora que vai nos gerar frutos no futuro e até de mais arrecadação.”

Rio Grande do Sul

Painel do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre recursos para gestão de riscos e desastres, publicado na internet, com dados de 2012 a 2024, contabiliza que nesse período foram liberados pelo governo federal para o Rio Grande do Sul cerca de R$ 593,6 milhões.

O presidente do TCU, Bruno Dantas, que esteve em Porto Alegre no início de maio, prometeu “flexibilizar a burocracia, visando a um atendimento rápido e efetivo às pessoas. “Força-tarefa do tribunal acompanha a contratação de obras de infraestrutura, medidas e os recursos aplicados para as atividades de defesa civil e a conformidade das medidas do governo federal no Rio Grande do Sul com a legislação.”

Em nota à Agência Brasil, o Ministério das Cidades informa que destinará recursos a “todas as propostas de obras de contenção de encostas” enviadas pelo estado do Rio Grande do Sul para municípios nas áreas de risco alto ou muito alto. Segundo o ministério, “esses empreendimentos são fundamentais para a redução do risco de desastres e proporcionam condições mais dignas e seguras de moradia para a população.”

O novo PAC prevê a contratação de obras de drenagem (orçamento de R$ 4,8 bilhões) e para contenção de encostas (orçamento de R$ 1,7 bilhão) para todo o país. O valor para a contenção de encostas já está liberado para a contratação por parte dos municípios

O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), também conhecido como Banco do Brics, anunciou que vai destinar US$ 1,115 bilhão, cerca de R$ 5,750 bilhões, para o Rio Grande do Sul. Em parceria com o BNDES, serão liberados US$ 500 milhões, sendo US$ 250 milhões previstos para pequenas e médias empresas e US$ 250 milhões para obras de proteção ambiental, infraestrutura, água, tratamento de esgoto e prevenção de desastres.

O governo federal também publicou uma Medida Provisória que cria o Auxílio Reconstrução, benefício destinado a quem vive em áreas afetadas pela catástrofe no Rio Grande do Sul. O texto tem validade imediata, mas precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional. O apoio financeiro consiste no pagamento de parcela única no valor de R$ 5.100 às famílias atingidas.

Outra medida provisória criou a Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, ocupada pelo ministro Paulo Pimenta, já nomeado ao cargo por meio de decreto presidencial.

A atuação da pasta será o enfrentamento da calamidade pública e o apoio à reconstrução do estado, por meio da coordenação das ações a serem executadas pela administração pública federal direta e indireta, em conjunto com a Casa Civil da Presidência da República.

As atribuições incluem o planejamento das ações, articulação com os ministérios e com os demais órgãos e entidades federais, governo estaduais e municipais do Rio Grande do Sul, interlocução com a sociedade civil, inclusive para o estabelecimento de parcerias, bem como da promoção de estudos técnicos junto a universidades e outros órgãos ou entidades especializados, públicos e privados.

Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 7

A Caixa Econômica Federal paga nesta segunda-feira (27) a parcela de maio do novo Bolsa Família aos beneficiários com Número de Inscrição Social (NIS) de final 7.

O valor mínimo corresponde a R$ 600, mas com o novo adicional o valor médio do benefício sobe para R$ 682,32. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, neste mês o programa de transferência de renda do Governo Federal alcançará 20,81 milhões de famílias, com gasto de R$ 14,18 bilhões.

Além do benefício mínimo, há o pagamento de três adicionais. O Benefício Variável Familiar Nutriz paga seis parcelas de R$ 50 a mães de bebês de até seis meses de idade, para garantir a alimentação da criança. O Bolsa Família também paga um acréscimo de R$ 50 a famílias com gestantes e filhos de 7 a 18 anos e outro, de R$ 150, a famílias com crianças de até 6 anos.

No modelo tradicional do Bolsa Família, o pagamento ocorre nos últimos dez dias úteis de cada mês. O beneficiário poderá consultar informações sobre as datas de pagamento, o valor do benefício e a composição das parcelas no aplicativo Caixa Tem, usado para acompanhar as contas poupança digitais do banco.

A partir deste ano, os beneficiários do Bolsa Família não têm mais o desconto do Seguro Defeso. A mudança foi estabelecida pela Lei 14.601/2023, que resgatou o Programa Bolsa Família (PBF). O Seguro Defeso é pago a pessoas que sobrevivem exclusivamente da pesca artesanal e que não podem exercer a atividade durante o período da piracema (reprodução dos peixes).

Cadastro

Desde julho do ano passado, passa a valer a integração dos dados do Bolsa Família com o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Com base no cruzamento de informações, cerca de 250 mil de famílias foram canceladas do programa neste mês por terem renda acima das regras estabelecidas pelo Bolsa Família. O CNIS conta com mais de 80 bilhões de registros administrativos referentes a renda, vínculos de emprego formal e benefícios previdenciários e assistenciais pagos pelo INSS.

Em compensação, outras 170 mil famílias foram incluídas no programa neste mês. A inclusão foi possível por causa da política de busca ativa, baseada na reestruturação do Sistema Único de Assistência Social (Suas) e que se concentra nas pessoas mais vulneráveis que têm direito ao complemento de renda, mas não recebem o benefício.

Regra de proteção

Cerca de 2,59 milhões de famílias estão na regra de proteção em maio. Em vigor desde junho do ano passado, essa regra permite que famílias cujos membros consigam emprego e melhorem a renda recebam 50% do benefício a que teriam direito por até dois anos, desde que cada integrante receba o equivalente a até meio salário mínimo. Para essas famílias, o benefício médio ficou em R$ 370,87.

Bolsa Família Maio 2024- Arte Agência Brasil

Auxílio Gás

Neste mês não haverá o pagamento do Auxílio Gás, que beneficia famílias cadastradas no CadÚnico. Como o benefício só é pago a cada dois meses, o pagamento voltará em junho.

Só pode receber o Auxílio Gás quem está incluído no CadÚnico e tenha pelo menos um membro da família que receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A lei que criou o programa definiu que a mulher responsável pela família terá preferência, assim como mulheres vítimas de violência doméstica.

Escolas que disputam Olimpíada de Matemática se saem melhor no Enem

Os alunos de escolas com altas taxas de participação na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) têm obtido melhores resultados no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). É o que mostra pesquisa conduzida pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), organização que se dedica a estudos em educação. Divulgado nesta segunda-feira (27), o estudo revela ainda que essas instituições também registram maiores taxas de aprovações de seus alunos e menores distorções na equivalência entre idade e série.

No critério de alta participação, foram enquadradas as escolas em que pelo menos 65% dos estudantes classificados participaram da segunda fase. Nessas instituições, constatou-se que o aprendizado em matemática não beneficia apenas dos estudantes que se destacam na disciplina, mas toda a turma. “A Olimpíada de Matemática vai ter impacto maior em todos os estudantes se ela gerar mais mobilização”, observa o pesquisador e diretor executivo do Iede, Ernesto Faria.

Em um recorte no grupo de escolas que tiveram alunos conquistando prêmios na Obmep, mas que não registraram alta participação, chamou atenção a desigualdade interna. Nesses casos, apesar de se verificar aumento das médias no Enem, observa-se também maior discrepância entre as notas dos alunos. “Se a Olimpíada de Matemática não gera efeito mobilizador na escola, ela pode acabar ajudando apenas um determinado perfil de alunos. E aí perde-se o potencial de contribuir com a melhoria de alunos que estariam registrando mais baixo desempenho”, alerta Ernesto.

A média da nota na prova da matemática do Enem, considerando todas as instituições onde houve alunos que conquistaram medalhas na Obmep, foi de 516,1. Entre aquelas que não participaram ou que não foram premiados, a média cai para 488,5.

Além disso, também foi avaliado o desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicado a cada dois anos pelo Ministério da Educação desde 1990. Por meio dele, são produzidos indicadores educacionais referentes às regiões, unidades da Federação, municípios e instituições de ensino. Com base nos dados levantados, são realizadas análises envolvendo a qualidade, a equidade e a eficiência da educação praticada nos diversos níveis governamentais.

As escolas com alunos que conquistam medalhas na Obmep registraram no Saeb média de 270,3 pontos para o ensino fundamental e de 288,8 para o ensino médio. Aquelas que não participaram ou não tiveram premiados apresentaram médias de 240,2 e 269,8, respectivamente.

“A Olimpíada é um programa muito importante que gerou ações de mobilização e de reconhecimento da matemática nas escolas. Mas é preciso ter esse olhar de como não promover desigualdade. E aí passa por avaliar o que mais a gente pode fazer. O potencial da Olimpíada é enorme. Ela tem essa capacidade de chegada nas escolas e já tem gerado resultados. Mas poder ser ainda mais transformador”, avalia Ernesto Faria.

De acordo com ele, o envolvimento na Obmep também favorece o acesso ao ensino superior. As escolas com altas taxas de participação e alunos premiados tem maiores percentuais de estudantes que alcançam média no Enem compatível com as exigências para admissão em faculdades públicas e privadas.

Criada em 2005, a Obmep é considerada atualmente importante política pública para promover o ensino da matemática no país. A competição é organizada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), unidade de ensino e pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e ao Ministério da Educação (MEC). A 19ª edição, disputada neste ano, registrou dois recordes. Em 99,9% dos municípios do país, ao menos uma escola se inscreveu. Foi a mais abrangente cobertura territorial já alcançada. Além disso, com 56.513 escolas envolvidas, obteve-se a maior participação desde que a competição teve início.

O próprio Impa atuou como parceiro técnico da pesquisa, assim como o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação Superior da Universidade de São Paulo (Lepes/USP). O estudo também contou com o apoio da B3 Social, uma instituição sem fins lucrativos.

Segundo Ernesto Farias, a pesquisa é importante porque traz dados que ajudam a pensar caminhos para alterar o atual cenário brasileiro. A última edição do Saeb, em 2021, registrou o menor percentual de estudantes com aprendizado adequado em matemática na comparação com a língua portuguesa.

No 5º ano da rede pública, por exemplo, a diferença foi de 14 pontos percentuais: 51% dos alunos tinham aprendizado adequado em língua portuguesa e apenas 37% em matemática. Escalando as etapas da educação básica, a discrepância se acentua. No 3º ano do ensino médio, apenas 5% dos estudantes da rede pública registram aprendizado adequado em matemática.

Quando considerados apenas os alunos de baixo nível socioeconômico, nas diferentes etapas da educação básica, esse percentual chega a 4,4%. Os pesquisadores lembram também que, conforme os dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), os jovens brasileiros de 15 e 16 anos estão cerca de três anos atrás na aprendizagem em matemática na comparação com aqueles da mesma idade que vivem em países desenvolvidos.

“O Brasil tem desafios na educação de uma forma geral, mas o desafio em matemática é ainda maior. E é algo generalizado. Obviamente, as escolas que atendem jovens mais vulneráveis sofrem mais, mas na verdade temos poucas escolas que de fato registram resultado alto em matemática. Alfabetização não pode ser só saber ler e escrever. Alfabetização tem que ser também utilizar bem os números, saber as quatro operações. Mesmo instituições privadas de elite têm desafios”, comenta Ernesto Faria.

Escolas Públicas

O estudo também buscou identificar quantas são e onde estão as escolas públicas que mais se destacam em matemática. Para mapear ações comuns que parecem contribuir para o bom desempenho dos alunos, os pesquisadores inclusive visitaram oito dessas unidades nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul.

Ao todo, 71 das 47.418 escolas de ensino fundamental e 80 das 20.606 de ensino médio conseguem bons resultados em matemática, mesmo atendendo alunos de baixo e médio nível socioeconômico. Os pesquisadores manifestam preocupação com esses dados, inclusive porque consideram que não utilizaram critérios demasiadamente rigorosos. Ainda assim, entre milhares de escolas, poucas dezenas obtiveram destaque em perspectiva nacional.

Nas visitas de campo, quatro fatores chamaram a atenção: a existência de uma boa relação entre professor e aluno, que envolve confiança e apoio emocional; a preocupação dos professores com a aprendizagem de todos, com estratégias voltadas para aqueles que apresentam mais dificuldade; a busca por métodos e ferramentas que tornam o ensino mais atrativo; e a oferta de aulas de com conteúdos mais aprofundados.

“Vimos algumas práticas interessantes, alguns professores muito fora da curva, realmente de muita qualidade. Mas não tem uma estrutura nas escolas, de fato, para garantir a aprendizagem da maioria. Você tem ali uma turma com bons resultados e, do lado, na sala vizinha, tem alunos ali aprendendo matemática com um nível de exigência mais baixo”, afirma Ernesto Faria. Segundo ele, o bom desempenho de uma escola muitas vezes está mais relacionado com esses professores fora da curva do que com questões estruturais.

Para os pesquisadores, além de fortalecer a Obmep, é preciso pensar em políticas públicas que envolvam questões como melhorias estruturais e garantia de formação continuada dos professores. Experiências de sucesso no Brasil e no exterior podem ser mapeadas para servir de exemplo e serem replicadas.

“Às vezes até há garantias da rede de ensino que são importantes. Dão apoio para organizar turmas preparatórias para a Obmep. Por vezes, garantem recursos financeiros extras para esse professor dar aula no fim de semana. Então, não é que o professor sozinho irá gerar a aprendizagem do estudante. Mas hoje não há uma política de formação que permita que a escola tenha ali cinco ou dez bons professores de matemática. O que temos são casos de professores talentosos e aí algumas ações da rede de ensino permitem que eles tragam resultados”, acrescenta.

A pesquisa também mostra o alto percentual de professores sem formação adequada e a precarização das contratações. Muitos deles têm contratos temporários e trabalham em diferentes escolas, em turnos alternados. “Um desafio que existe é de formação de professores na área. Inclusive, na pedagogia. A gente precisa ter bons professores de matemática nos anos iniciais do ensino fundamental. Não são especialistas, mas dão aulas de matemática e de língua portuguesa e tem que conseguir trabalhar de forma positiva os conteúdos”, observa Ernesto Faria.

A saga de um cavalo vira símbolo de esperança em meio à catástrofe climática no Brasil

27 de maio de 2024

 

Imagens feitas por uma câmera de helicóptero estavam sendo transmitidas ao vivo pela TV brasileira, capturando um bairro inundado na cidade de Canoas, quando flagrou um cavalo encalhado parado em um telhado – a única parte visível do prédio acima da água. Estimar a altura do edifício, a altura da árvore à direita ou a profundidade abaixo da superfície era um desafio apenas olhando. Durante o breve período em que foi filmado, o cavalo ficou parado – frágil, exausto, mas resistente.

Canoas está localizada na região metropolitana de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. É uma das cidades mais afetadas de um estado que registrou 469 das 497 cidades afetadas até o dia 24 de maio. Lá, as enchentes que assolaram cidades em efeito dominó desde os últimos dias de abril atingiram com mais força no dia 4 de maio. a catástrofe deixou pelo menos 163 mortos, 63 desaparecidos, 581.638 deslocados e 2,3 milhões de afectados.

No dia 8 de maio, às 10h35, quando a câmera filmou o cavalo, ele provavelmente estava no quarto dia em pé no prédio, sem comida nem água; ele mal se movia, tentando manter o equilíbrio. O estado acabava de registrar 100 mortos nas enchentes. Algumas cidades foram retiradas do mapa, enquanto outras ainda estavam submersas, dificultando o cálculo dos danos.

Salvar o cavalo rapidamente se tornou uma missão crucial, desencadeando um pedido nacional de ajuda nas redes sociais e atraindo milhares de pessoas para participarem. Um influenciador tentou partilhar ideias para resgatar animais pesados ​​durante as cheias, enquanto outros procuravam apoio financeiro para alugar um helicóptero.

Mas para o povo gaúcho havia outra razão. O estado mais meridional do Brasil faz fronteira com a Argentina e o Uruguai, assim como o hábito de beber mate/chimarrão, tradições enraizadas no vínculo com a terra, no trabalho rural e nos cavalos.

A região ainda possui uma raça própria, o Crioulo ou Crioulo, o cavalo dos pampas, originado dos cavalos andaluzes e berberes, que foram introduzidos pelos espanhóis na América do Sul. É difícil retratar ou encontrar uma imagem folclórica de gaúchos sem um cavalo ao lado.

Antes da atual catástrofe climática, que se expandiu para outras cidades a partir do início de maio, a região teve 10 episódios de chuvas extremas, segundo Rodrigo Manzione, especialista da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo). Só em 2023, 80 pessoas morreram no estado por causa das enchentes. Algumas das cidades gravemente atingidas desta vez estavam em processo de recuperação após a destruição em Setembro passado.

Apesar do número de mortos, a catástrofe de maio de 2024 no Rio Grande do Sul já supera o número de mortes causadas pelo furacão Katrina em Nova Orleans, nos Estados Unidos, em 2005. Enquanto o Katrina atingiu uma área de 2.400 quilômetros (1.491 milhas), no Rio Grande do Sul, as enchentes afetaram 3.800 quilômetros (2.362 milhas). Além disso, enquanto Nova Orleans registrou cerca de 400 mil pessoas deslocadas, o estado brasileiro já conta com mais de 500 mil.

Enquanto as notícias noticiavam colapsos, outras cidades atingidas, erros de manutenção e legislações que poderiam ter contribuído para a crise, o foco no cavalo que ainda resistia e nas pessoas que tentavam obter ajuda funcionou como uma espécie de raio de esperança no uma hora escura.

O cavalo também foi um dos 11 mil animais resgatados até agora das casas inundadas por voluntários e forças de segurança pública. Cães, gatos e outros animais resistiram durante dias, às vezes na água, até conseguirem ajuda. Nos prédios ao redor do cavalo encalhado filmado na TV, cães foram vistos nos telhados próximos.

Pela cor da pelagem, o cavalo foi apelidado de “Caramelo”, termo que os brasileiros costumam reservar para chamar com ternura um tipo de cachorro de rua muito comum e encontrado em todo o país. De acordo com uma lista de cores de pelagem de cavalos, porém, o termo correto seria, talvez, “torrado” (tostado).

No dia 9 de maio, temendo que não aguentasse muito mais e sabendo da mensagem que sua sobrevivência poderia passar naquele momento, nove bombeiros e seis veterinários conseguiram resgatá-lo usando um barco e o levaram para uma unidade da universidade Ulbra.

Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou o caso de Caramel durante evento:

‘‘Eu fui dormir inquieto com a imagem de um cavalo em cima de um telhado. Eu fico imaginando se aquele cavalo pensasse, como a gente imagina que são os pensamentos, o que aquele cavalo estava pensando. Sozinho, em cima de um telhado, não sei como a telha de brasilit não quebrou, e hoje fiquei sabendo que conseguiram salvar o cavalo.’’

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Esta notícia é uma transcrição parcial ou total do Global Voices. Este texto pode ser utilizado desde que seja atribuído corretamente aos autores e ao sítio oficial.
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Maja Milinković: A musicista que mistura o fado português com o sevdah da Bósnia

Maja Milinković

27 de maio de 2024

 

Há dezasseis anos, a cantora e compositora Maja Milinković, de Sarajevo, capital da Bósnia e Herzegovina, ouviu pela primeira vez fado português (que significa “destino” em português). Desde então, tornou-se pioneira, juntamente com o seu conjunto, na introdução deste género musical na Bósnia e Herzegovina. Fundindo-o com o género tradicional sevdah/sevdalinka da Bósnia, Milinković conseguiu combinar os diferentes ritmos e personagens meditativos num só.

Milinković, uma cantora e compositora de Sarajevo multipremiada e reconhecida internacionalmente, ouviu pela primeira vez o fado interpretado pela “rainha” do género, Amália Rodrigues, em 2008. Em 2012 ela gravou o primeiro álbum de fado na Bósnia e Herzegovina, o conhecido fado “Tudo isto é fado” que Amalia Rodrigues gravou em 1955, e desde então tem-se concentrado neste tipo de música.

Milinković diz que o Fado foi amor à primeira vista e, mais tarde, surgiu o desejo de uma maior exploração. ‘‘O Fado mudou completamente a minha vida. Aprendi uma língua nova e muito exigente, conheci uma cultura musical completamente diferente e tudo isso resultou na minha longa carreira em Portugal.’’

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Saulo Mineiro garante vitória do Ceará na tela da TV Brasil

Com gol do atacante Saulo Mineiro nos acréscimos, o Ceará derrotou a Chapecoense por 2 a 1, na noite deste domingo (26) no Castelão, em Fortaleza, em partida da 7ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro que contou com a transmissão da TV Brasil.

FIIIIIIIIIIIIMMM DE JOGO E VITÓRIA DO VOZÃO!

O Alvinegro vence a Chapecoense de virada com gols de Facundo Barceló e Saulo Mineiro. ⚽⚽#CSCxACF – 2×1#BrasileirãoB2024 #TodoMundoJogaJunto pic.twitter.com/Rl5cphDQLV

— Ceará Sporting Club (@CearaSC) May 26, 2024

O triunfo levou o Vozão à 5ª posição da classificação com 12 pontos conquistados. Já o Verdão do Oeste permaneceu com nove pontos, na 10ª colocação, após o revés.

Mesmo atuando fora de casa a Chape conseguiu abrir o marcador aos 17 minutos do primeiro tempo, com Mário Sérgio. Porém, aos 43 o Ceará empatou com Facundo Barceló. A igualdade perdurou até os 55 da etapa final, quando Saulo Mineiro cobrou pênalti com perfeição para dar números finais ao marcador.

Vitória do Galo

A TV Brasil também exibiu neste domingo a vitória de 2 a 0 do Ituano sobre a Ponte Preta. Para o Galo o triunfo construído com gols de Wálber e de Thonny Anderson representou a saída da zona do rebaixamento (alcançando a 14ª posição com seis pontos). Já a Macaca está uma posição abaixo com a mesma pontuação.

Comemoração de todos pela terceira vitória do Ituano no Novelli Júnior na temporada. Venceu a Ponte Preta por 2×0 e sobe na classificação da Série B.
Fotos: @mschincariol pic.twitter.com/LX776s1vUM

— Ituano Futebol Clube (@ituanooficial) May 26, 2024

Quase 700 morrem em deslizamento de terra na Papua Nova Guiné

26 de maio de 2024

 

A Organização Internacional para as Migrações aumentou hoje a sua estimativa do número de mortos em um grande deslizamento de terra na Papua Nova Guiné para mais de 670. Serhan Aktoprak, chefe da missão da agência de migração da ONU neste país da Oceania disse que o número revisto de mortos se baseou em cálculos de autoridades da vila de Yambali e da província de Enga em que mais de 150 casas foram soterradas na sexta feira.

A estimativa anterior era de que 60 casas haviam sido atingidas e que houvesse cerca 100 mortos.

Apenas cinco corpos e parte do corpo de uma sexta vítima foram recuperados até agora, informa a VOA, mas as equipes de salvamento perderam a esperança de encontrar sobreviventes sob a terra e escombros com 6 a 8 metros de profundidade, disse Aktoprak.

As equipes de emergência em Papua Nova Guiné transportaram sobreviventes para locais mais seguros hoje, já que há o perigo de novos soterramentos. As autoridades governamentais estabeleceram centros de evacuação em terreno mais seguros em ambos os lados da enorme faixa de escombros que cobre uma área do tamanho de três a quatro campos de futebol e que corta a estrada principal que atravessa a província.

Além das condições na área do desastre natural, guerras tribais na zona estão afetando os esforços de salvamento.

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Número de mortos em cheias no Rio Grande do Sul aumenta ainda mais; ciclone provocará mais chuvas fortes

26 de maio de 2024

 

Imagem da cidade de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, na semana passada

O número de mortos nas cheias históricas da primeira semana de maio que causaram o maior desastre natural no Rio Grande o Sul do qual se tem notícia subiu para 169, conforme o governo do estado. O dado foi divulgado no balanço das 9 horas desta manhã.

Até ontem às 18 horas havia 166 óbitos relacionados ao desastre que estavam confirmados.

Cinquenta e seis (56) pessoas continuam desaparecidas.

Ciclone provocará mais chuvas, mas novas enchentes não estão previstas

Um ciclone que está em formação na região entre o Uruguai e sul gaúcho deve provocar mais chuvas na metade Leste, que já foi duramente atingida, com enchentes históricas no Vale do Rio Caí, do Rio dos Sinos, Rio Jacuí e no Rio Guaíba.

Ainda na sexta-feira (24) a Defesa Civil do RS publicou dois alertras, um para risco meteorológico e outro para risco hidrológico devido a “chuvas sobre o estado entre os dias 27 e 28 de maio”, alertas que foram reforçados hoje. O alerta hidrológico se refere a “risco de inundação e alagamentos, elevação rápida e cheias em pequenos rios, córregos e arroios” e o meteorológico, “a chuvas fortes com risco de alagamentos, descargas elétricas e ventos fortes”.

Prevê-se que as precipitações fiquem em torno dos 50mm nas cidades onde vai chover mais, o que signifca cerca de 1/3 da chuva esperada no mês, o que encharcará ainda mais um solo que já não tem mais como absorver água. Novas enchentes, no entanto, não estão previstas, apesar da Defesa Civil alertar para inundações rápidas de fluxos de água menores.

Referências
Enchentes no Rio Grande do Sul em 2024, Wikipédia.Notícias Relacionadas
Mortes em enchentes no RS passam de 150; chove fraco