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Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 3

A Caixa Econômica Federal paga nesta quinta-feira (12) a parcela de dezembro do novo Bolsa Família aos beneficiários com Número de Inscrição Social (NIS) de final 3.

O valor mínimo corresponde a R$ 600, mas com o novo adicional o valor médio do benefício sobe para R$ 678,36. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, neste mês o programa de transferência de renda do Governo Federal alcançará 20,81 milhões de famílias, com gasto de R$ 14,07 bilhões.

Além do benefício mínimo, há o pagamento de três adicionais. O Benefício Variável Familiar Nutriz paga seis parcelas de R$ 50 a mães de bebês de até seis meses de idade, para garantir a alimentação da criança. O Bolsa Família também paga um acréscimo de R$ 50 a famílias com gestantes e filhos de 7 a 18 anos e outro, de R$ 150, a famílias com crianças de até 6 anos.

No modelo tradicional do Bolsa Família, o pagamento ocorre nos últimos dez dias úteis de cada mês. O beneficiário poderá consultar informações sobre as datas de pagamento, o valor do benefício e a composição das parcelas no aplicativo Caixa Tem, usado para acompanhar as contas poupança digitais do banco.

Moradores do Rio Grande do Sul, afetados por enchentes de abril a junho, e de mais quatro estados (Amazonas, Paraná, Rondônia e São Paulo) receberam o pagamento do Bolsa Família de forma unificada no último dia 10, independentemente do número do NIS. O pagamento unificado beneficiou 59 municípios do Amazonas e 52 de Rondônia afetados pela estiagem e pela vazante dos rios, sete municípios do Paraná e 21 municípios de São Paulo afetados por fortes chuvas.

A partir deste ano, os beneficiários do Bolsa Família não têm mais o desconto do Seguro Defeso. A mudança foi estabelecida pela Lei 14.601/2023, que resgatou o Programa Bolsa Família (PBF). O Seguro Defeso é pago a pessoas que sobrevivem exclusivamente da pesca artesanal e que não podem exercer a atividade durante o período da piracema (reprodução dos peixes).

Regra de proteção

Cerca de 2,74 milhões de famílias estão na regra de proteção em dezembro. Em vigor desde junho do ano passado, essa regra permite que famílias cujos membros consigam emprego e melhorem a renda recebam 50% do benefício a que teriam direito por até dois anos, desde que cada integrante receba o equivalente a até meio salário mínimo. Para essas famílias, o benefício médio ficou em R$ 370,33.

Cadastro

Desde julho do ano passado, passa a valer a integração dos dados do Bolsa Família com o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Com base no cruzamento de informações, cerca de 280 mil famílias foram canceladas do programa neste mês por terem renda acima das regras estabelecidas pelo Bolsa Família. O CNIS conta com mais de 80 bilhões de registros administrativos referentes a renda, vínculos de emprego formal e benefícios previdenciários e assistenciais pagos pelo INSS.

Em compensação, outras 200 mil famílias foram incluídas no programa em dezembro. A inclusão foi possível por causa da política de busca ativa, baseada na reestruturação do Sistema Único de Assistência Social (Suas) e que se concentra nas pessoas mais vulneráveis que têm direito ao complemento de renda, mas não recebem o benefício.

Auxílio Gás

O Auxílio Gás também será pago nesta quinta-feira às famílias cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), com NIS final 1, 2 e 3. Originalmente, as famílias de NIS 1 e 2 receberiam na terça (10) e quarta (11), mas a liberação do benefício atrasou.

O valor do Auxílio Gás ficou em R$ 104 neste mês. Com duração prevista até o fim de 2026, o programa beneficia cerca de 5,5 milhões de famílias. Com a aprovação da Emenda Constitucional da Transição, no fim de 2022, o benefício foi mantido em 100% do preço médio do botijão de 13 kg.

Só pode receber o Auxílio Gás quem está incluído no CadÚnico e tenha pelo menos um membro da família que receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A lei que criou o programa definiu que a mulher responsável pela família terá preferência, assim como mulheres vítimas de violência doméstica.

Caio Bonfim e Rebeca Andrade são destaques do Prêmio Brasil Olímpico

A ginasta Rebeca Andrade e o atleta da marcha atlética Caio Bonfim receberam os prêmios de Melhor do Ano – Troféu Rei Pelé, que elege os melhores atletas da temporada entre todas as modalidades, na noite desta quarta-feira (11) no Rio de Janeiro, durante a cerimônia de entrega do Prêmio Brasil Olímpico.

Rebeca, que disputava o prêmio com Ana Sátila (canoagem) e Beatriz Souza (judô), teve um ano de 2024 especial, se transformando em Paris (França) na maior medalhista olímpica do Brasil em todos os tempos, com seis conquistas. “Gostaria de deixar um beijo e um agradecimento muito especial por este prêmio. Meu quarto prêmio de melhor do ano”, declarou a ginasta, que não estava presente à cerimônia, em uma mensagem por vídeo.

Rebeca Andrade conquista o Troféu Rei Pelé no Prêmio Brasil Olímpico 2024! 👑✨

Com performances brilhantes nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, Rebeca reafirma sua posição como um dos maiores nomes da ginástica artística mundial e do esporte brasileiro. É a quarta vitória seguida… pic.twitter.com/H0Llo86Z7K

— Time Brasil (@timebrasil) December 12, 2024

Na disputa masculina Caio Bonfim superou Edival Pontes (taekwondo) e Isaquias Queiroz (canoagem). “Acho que sou o primeiro atleta olímpico a ganhar a sua medalha olímpica apenas na quarta edição. Mas nesta quarta Olimpíada aprendi uma lição: acredite nos seus sonhos”, declarou o atleta, que conquistou uma histórica medalha de prata em Paris, a primeira do Brasil na marcha atlética.

Votação popular

Outro ponto alto da cerimônia foi a entrega do Troféu Adhemar Ferreira da Silva para o técnico da seleção brasileira feminina de vôlei, José Roberto Guimarães. Esta homenagem é destinada a personalidades do esporte que representam os valores que marcaram a carreira e a vida do bicampeão olímpico no salto triplo (como ética, eficiência técnica e física, esportividade, respeito ao próximo, companheirismo e espírito coletivo).

“É um enorme prazer estar aqui recebendo essa honraria. O Adhemar Ferreira da Silva é um dos maiores ícones do nosso esporte, trouxe valores muito importantes. Agradeço muito por ser o 23º a receber esse troféu”, declarou Zé Roberto.

Simplesmente Zé Roberto Guimarães. Nada mais precisa ser dito.

📷: Alexandre Loureiro / COB pic.twitter.com/kKnnPn54iA

— Time Brasil (@timebrasil) December 12, 2024

Depois foi a hora de revelar os vencedores de três prêmios escolhidos por votação popular: o troféu de Atleta Revelação, o Prêmio Inspire e o Atleta da Torcida. O primeiro ficou com Gustavo Bala Loka Oliveira, que se tornou o primeiro atleta a representar o Brasil em uma edição dos Jogos Olímpicos no BXM Park Freestyle. Em Paris ele garantiu uma sexta colocação.

Já o Prêmio Inspire ficou nas mãos da canoísta Ana Sátila, que foi um exemplo de perseverança ao disputar 12 provas em três categorias nos Jogos de Paris: caiaque (K1), ficando na quarta colocação, canoa (C1), alcançando a quinta posição, e o caiaque cross, com o oitavo lugar. Já o prêmio de Atleta da Torcida ficou com Caio Bonfim.

ESTAMOS TODOS BALALOKIZADOSSSSSS pic.twitter.com/eB7m9Bptpm

— Time Brasil (@timebrasil) December 12, 2024

Treinadores

A noite também foi de homenagem aos técnicos, profissionais que realizam um papel central na carreira dos atletas olímpicos brasileiros. Sarah Menezes, do judô, ficou com o Prêmio de Melhor Treinadora Individual, enquanto Francisco Porath, da ginástica artística, recebeu o Prêmio de Melhor Treinador Individual. Já o troféu de Melhor Treinador de Modalidade Coletiva foi entregue a Arthur Elias, comandante da seleção brasileira de futebol feminino.

Prêmios coletivos

O Prêmio Brasil Olímpico também celebrou a performance das equipes do Brasil. A primeira foi a equipe mista de judô, que recebeu o troféu de Melhor Evento Misto, pela conquista, em Paris, da primeira medalha olímpica da história do Brasil nesta categoria. Já o troféu da Equipe do Ano foi dado à seleção brasileira de futebol feminino, que em 2024 conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Paris.

CNDI aprova moção crítica à elevação dos juros pelo Banco Central

A elevação de 1 ponto percentual da Taxa Selic (juros básicos da economia) recebeu críticas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), que aprovou uma “moção crítica” à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Presidido pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, o CNDI tem representantes de 20 ministérios, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de 21 entidades da sociedade civil.

Pasta comandada por Alckmin, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) não divulgou o conteúdo completo da moção. Apenas informou que a decisão do BC “prejudica a continuidade do crescimento econômico, o investimento produtivo e a geração de emprego e renda no país”.

A elevação da Selic para 12,25% ao ano foi criticada pelo setor produtivo. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou a decisão “incompreensível” e “injustificada”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou de “surpresa” a alta de 1 ponto nos juros básicos. No entanto, disse que a decisão estava prevista por parte do mercado financeiro.

Em comunicado, o Copom atribuiu a elevação acima do previsto às incertezas externas e aos ruídos provocados pelo pacote fiscal do governo. O órgão informou que elevará a taxa Selic em 1 ponto percentual nas próximas duas reuniões, em janeiro e março, caso os cenários se confirmem. Os próximos encontros serão comandados pelo futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo.

Nesta quinta-feira (12), Alckmin presidirá a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, órgão composto por representantes da sociedade civil, responsável pelo assessoramento do presidente da República na formulação de políticas públicas e diretrizes de governo. O encontro terá foco em desenvolvimento sustentável, indústria e transição energética. 

CCJ do Senado aprova regulamentação da reforma tributária

O texto-base da regulamentação da reforma tributária (PLP 68/2024) foi aprovado na noite de quarta-feira (11) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Os destaques são debatidos na sequência pelos senadores. O relator do projeto, Eduardo Braga (MDB-AM), acolheu mais de 600 das 2.165 emendas apresentadas pelos senadores.

Com a aprovação, o projeto de lei complementar seguirá para o plenário. O tema está previsto para ser votado nesta quinta-feira (12). 

O projeto cria as regras para o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), com a substituição de cinco tributos (ICMS, IPI, ISS, PIS e Cofins) por três, que são os seguintes: Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS, de nível federal), o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS, de nível estadual e municipal), e Imposto Seletivo (federal).

Na reunião na CCJ, que foi até esta noite de quarta, parlamentares da CCJ buscaram que emendas não contempladas pudessem ser revistas pelo relator.

Se aprovada nesta quinta-feira no Plenário do Senado, o projeto de regulamentação retornará para votação na Câmara dos Deputados. O relator disse, previamente, que já conversou com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que teria também recebido “bem” o texto com as regras para a reforma. 

“Expliquei o texto ao presidente [da Câmara] Arthur Lira e também ao presidente [do Senado] Rodrigo Pacheco. Eu expliquei também aos relatores da Câmara (…) Espero sinceramente que nós tenhamos conseguido construir um ambiente diferente de outras circunstâncias”, afirmou o senador Eduardo Braga, que se manifestou otimista para aprovação nos plenários das duas Casas legislativas.  

O relator destacou que, na análise das emendas, houve um olhar especial para não prejudicar financiamentos educacionais. “Se teve um tema que, no nosso relatório teve prioridade absoluta, foi a questão da educação, já que 100% das bolsas que as empresas darão para educação estão desoneradas de imposto”.

Mudanças

Eduardo Braga garantiu que foram aprovadas pelo menos 17 de 145 emendas apresentadas por senadores depois da entrega do relatório na segunda-feira (9). 

Entre as mudanças aprovadas na reunião, o relator aprovou emendas que preveem suspensão temporária do IBS e CBS no fornecimento de produtos agropecuários in natura destinados à industrialização para exportação. 

Também houve decisão de que alíquotas dos combustíveis, que deverá ser aprovado pelo Ministério da Fazenda e pelo Comitê Gestor do imposto. “Os cálculos para a fixação das alíquotas serão realizados, para a CBS, pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil e, para o IBS, pelo Comitê Gestor do IBS, com dados fornecidos pelos entes federados”, apontou o relatório de Eduardo Braga. 

O relator indicou ainda que acolheu o pedido de tributação das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs). “Desse modo, a alíquota para os tributos unificados, incluídos CBS e IBS, passa a ser de 5% (antes era 8,5%)”. Foram excluídas da tributação, por cinco anos, as receitas da cessão de direitos desportivos de atletas e da transferência de atletas.

Sobre a cesta básica, o senador Eduardo Braga aceitou a necessidade de realização de ajustes na descrição do pão francês para isenção de imposto. Na área da saúde, medicamentos para diabetes também foram incluídos na lista de isenção.

“Acrescentamos os medicamentos relacionados à linha de cuidado do diabetes mellitus entre os beneficiados com alíquota zero do IBS e da CBS”.

BC leiloará US$ 4 bi de reservas internacionais para segurar dólar

Além de elevar os juros básicos em 1 ponto percentual, o Banco Central (BC) intervirá no câmbio pela primeira vez em quase um mês para segurar a alta do dólar. A autoridade monetária leiloará nesta quinta-feira (12) até US$ 4 bilhões das reservas internacionais com compromisso de recompra, quando o dinheiro é comprado de volta às reservas meses mais tarde.

Segundo comunicado emitido no início da noite pelo BC, a autoridade monetária fará dois leilões de até US$ 2 bilhões durante a manhã. As operações de recompra ocorrerão em 4 de fevereiro de 2025 para o dinheiro vendido no primeiro leilão e em 2 de abril de 2025 para o dinheiro vendido no segundo leilão.

A última vez em que o BC interveio no mercado de câmbio foi em 13 de novembro, quando também vendeu US$ 4 bilhões das reservas internacionais. Na ocasião, o leilão também ocorreu na modalidade de leilões de linha, como se chamam as vendas com compromisso de recompra.

O último leilão à vista, em que o BC se desfez de parte das reservas internacionais sem recomprar os recursos, ocorreu em 30 de agosto. Na ocasião, a autoridade monetária vendeu US$ 1,5 bilhão.

Apesar da instabilidade dos últimos dias, a moeda norte-americana fechou com queda expressiva nesta quarta-feira (12).

O dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 5,968, com queda de 1,3%, em meio a expectativas com a alta da Taxa Selic (juros básicos da economia) e de preocupações com a saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa foi a primeira vez em duas semanas em que a cotação fechou abaixo dos R$ 6.

Médica da Marinha morta no RJ dirigiu hospital de Brasília na pandemia

A capitão de mar e guerra e médica geriatra, Gisele Mendes de Souza e Mello, de 55 anos, foi diretora do Hospital Naval de Brasília durante a pandemia da covid-19. Segundo colegas da Marinha, ela se destacou na condução da instituição no período.

Ela morreu na tarde dessa terça-feira (10), depois de ser baleada na cabeça dentro do complexo do Hospital Naval Marcílio Dias, na zona norte do Rio de Janeiro, enquanto participava de um evento no auditório da Escola de Saúde da Marinha do Brasil. O tiro que atingiu a médica foi disparado durante uma operação policial na Comunidade do Gambá, que é vizinha do hospital. Segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar, agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Lins foram atacados quando chegaram ao local.

“Gisele era muito respeitada e admirada por todos. Ela nos inspirava pela forma como encarava e vencia os desafios, que não foram poucos ao longo de quase 30 anos de carreira na Marinha. Quando foi diretora do Hospital Naval de Brasília, Gisele conduziu brilhantemente a missão de estar à frente de um dos principais hospitais da Marinha durante a pandemia. Sempre lembraremos da Gisele por sua liderança, cordialidade, profissionalismo e dedicação plena ao serviço da pátria. Estamos todos muito tristes”, disse Adriana Lopes, capitã e diretora da Escola de Saúde da Marinha.

Em nota, a Marinha informou que “o sepultamento da Capitão de Mar e Guerra Médica Gisele Mendes Souza e Mello será realizado amanhã (12) de forma privada, apenas com a presença de familiares, amigos e colegas da Força Naval. Durante o funeral, serão prestadas as devidas honras fúnebres, conduzidas pela Marinha do Brasil. A família solicita que sua privacidade seja respeitada neste momento de profunda dor”.

 

Fundação Casa de Jorge Amado é reaberta com festival no Pelourinho

É no coração do Pelourinho que se encontra um imponente casarão colonial azulado que há 37 anos guarda um grande tesouro da cultura brasileira: o acervo do casal de escritores Jorge Amado e Zélia Gattai. Ali funciona a Fundação Casa de Jorge Amado, que foi idealizada para preservar e estudar os acervos bibliográficos e artísticos do escritor, mas que ele nunca quis que se transformasse apenas em um museu.

“O que desejo é que nesta casa o sentido da vida da Bahia esteja presente e que isto seja o sentimento de sua existência, que ao lado da pesquisa e do estudo, seja um local de encontro, de intercâmbio cultural entre a Bahia e outros lugares”, dizia Jorge Amado.

Após nove meses de sua maior reforma, a Fundação Casa de Jorge Amado reabriu nesta quarta-feira (11) para convidados e para a imprensa. E a partir desta quinta-feira (12) ela reabre ao público, que poderá visitá-la gratuitamente até sábado (14). Nestes dias, o público também poderá aproveitar uma programação especial que acontece no Pelourinho, na frente da Fundação: o Festival Uma Casa de Palavras, que promove uma feira gastronômica e apresentações musicais. O objetivo deste festival é promover a obra de Jorge Amado unindo três grandes marcos da cultura de Salvador: a gastronomia, a literatura e a música.

A reforma

A instituição cultural passou pela maior restauração desde a sua inauguração em 7 de março de 1987. A sua sede, que era composta pelas casas de números 49 e 51 – as conhecidas Casas Azul e Amarela do Largo do Pelourinho – foi agora conectada a mais um prédio, o de número 47, a chamada Casa Branca. Com a reforma, novos espaços expositivos foram criados. Além disso, o local ficou mais acessível, mais moderno e mais seguro, com a instalação de um novo e moderno sistema anti-incêndio e de monitoramento.

“É a maior reforma, que começou em março deste ano”, afirmou Angela Fraga, diretora executiva da Fundação Casa de Jorge Amado. “O orçamento foi de mais ou menos R$ 2 milhões. A gente contou com a curadoria da própria equipe: somos 13 funcionários, todo mundo trabalhando nessa criação, nessa concepção”, acrescentou.

Segundo ela, a reforma foi resultado de muita luta. Principalmente por recursos. “As instituições culturais no nosso país, infelizmente, são difíceis de se manterem. Mas a gente tem contado com parcerias relevantes. O Ministério da Cultura abre essa brecha de, por exemplo, aprovar planos anuais de manutenção de espaços como esse, o que é fundamental, porque é muito difícil no Brasil um aporte direto para manutenção de acervos ou de exposições. A Lei Rouanet vem para ajudar a gente e a gente tem se beneficiado disso”, falou.

Após a reforma, o imenso acervo de Zélia Gattai e Jorge Amado – formado por cerca de 350 mil documentos, entre eles, fotografias tiradas por Zélia, livros e também cartas trocadas com amigos – foi todo transferido para a Casa Branca. Este novo espaço também abriga agora a parte administrativa e uma sala para cursos que sempre são oferecidos pela instituição. As demais casas, que já existiam no projeto anterior, agora se dedicarão aos espaços expositivos, que foram ampliados e modernizados. Já o mirante, que oferece uma grande vista para o Pelourinho, passará também a sediar exposições temporárias.

Nesta nova concepção da Fundação, a escritora e fotógrafa Zélia Gattai terá um espaço exclusivo sobre sua vida e obra, assim como a poeta e escritora Myriam Fraga, que ajudou a criar a fundação e também foi sua primeira diretora. “Essa fundação foi feita já há quase 40 anos. Começou de uma maneira bem mais modesta, foi incorporando e funcionou tão bem que recebeu outras casas que compuseram com esse original. Um todo harmônico, mas que precisava ser bem incorporado. Agora foi feita essa reforma e ficou uma coisa maravilhosa”, disse Paloma Jorge Amado, filha dos escritores.

Casa de cultura

Na tarde desta quarta-feira (11), Paloma esteve na Fundação junto a seu irmão, João Jorge Amado. “Essa é uma casa para movimentar. Não só a coisa literária, mas a coisa culinária, a coisa plástica, todos os aspectos culturais da cidade e do estado”, disse João.

“Essa é uma casa de cultura. É uma casa que detém os acervos do meu pai e da minha mãe e que há 40 anos estão à disposição de quem quiser vir para consultar. Só de entrar nessa casa já tem a alma deles. Mas a casa é, sobretudo, o que o papai queria que fosse, uma casa de cultura da cidade de Salvador, do Pelourinho, da Bahia. Então, aqui não é só Jorge Amado e Zélia Gattai. Aqui são todos os escritores baianos, são todos os jovens escritores, são todos os que vêm e que absorvem uma cultura maravilhosa, que é a cultura da nossa terra”, afirmou a também escritora.

Para marcar essa reinauguração, apresentações musicais vão ser realizadas na frente da Fundação até o próximo sábado. Nesta quarta-feira, a apresentação foi das Ganhadeiras de Itapuã. Na quinta-feira (12), se apresenta Claudia Cunha. Na sexta-feira, o show será realizado por Gerônimo. Nestes dias, os shows acontecem a partir das 19h. No sábado (14), será a vez do PUMM-Por Um Mundo Melhor, com uma programação especial ao público infantil a partir das 16h.

Já a partir da próxima segunda-feira (16), a instituição cultural voltará a cobrar ingressos, mas terá entrada gratuita sempre às quartas-feiras.

*A repórter viajou a convite da Fundação Casa de Jorge Amado

 

Haddad classifica de “surpresa” alta de 1 ponto dos juros básicos

A elevação de 1 ponto percentual na taxa Selic (juros básicos da economia) representa “surpresa por um lado”, mas já estava prevista pelo mercado financeiro, disse nesta quarta-feira (11) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele disse estar perseguindo as metas fiscais e ressaltou que o pacote de corte de gastos enviado ao Congresso é “adequado e viável politicamente”.

“Foi surpresa por um lado. Mas, por outro lado, tinha uma precificação [do mercado financeiro] nesse sentido. Vou ler com calma, analisar o comunicado, falar com algumas pessoas depois do período de silêncio”, declarou Haddad ao deixar o Ministério da Fazenda cerca de uma hora após o fim da reunião do Copom, sem entrar em detalhes sobre a decisão do BC.

Até meados do ano passado, Haddad comentava explicitamente as decisões do Copom, criticando o atraso do Banco Central em começar a reduzir os juros e o tom de alguns comunicados. Quando a autoridade monetária começou a reduzir a Selic, em agosto do ano passado, o ministro celebrou a decisão.

Pacote fiscal

Sobre o pacote fiscal, Haddad disse que uma semana é suficiente para as medidas serem aprovadas na Câmara dos Deputados e no Senado, mesmo com o impasse na liberação de emendas parlamentares. Segundo o ministro, o ajuste fiscal, estimado em R$ 71,9 bilhões até 2026 e em R$ 327 bilhões até 2030, foi o viável politicamente.

“Esse tipo de coisa é difícil de processar no Congresso Nacional. A gente mandou um ajuste que consideramos adequado e viável politicamente. Você pode mandar o dobro para lá, mas o que vai sair [ser aprovado] é o que importa”, afirmou.

O ministro não especificou que pontos o governo pode alterar no projeto que endurece as regras de acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). No entanto, ressaltou ser possível alterar trechos do projeto. “Se precisar melhorar a redação em algo, vai ser melhorada a redação. Nós estamos confiantes que vamos alcançar aqueles valores [de economia]. Então, nós procuramos calibrar o ajuste para as necessidades de manutenção da política fiscal””, acrescentou Haddad.

Ao ser perguntado sobre o tom duro do comunicado do Copom sobre as perturbações que o pacote de corte de gastos provocou no mercado financeiro, o ministro repetiu que várias instituições financeiras estão refazendo os cálculos de economia e chegando a valores próximos aos divulgados pelo governo.

“Hoje, saiu um relatório de um grande banco aproximando os cálculos dos nossos. Ainda com vários pontos pendentes que não foram considerados e que, se tivessem sido considerados, chegariam mais perto de R$ 65 bilhões nos dois anos [2025 e 2026]”, comentou.

Entidades do setor produtivo criticam aumento da Selic

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic (juros básicos da economia) em 1 ponto percentual e de indicar mais duas altas da mesma magnitude recebeu críticas do setor produtivo. Entidades do comércio, da indústria e centrais sindicais, além de políticos, consideram que os juros altos prejudicarão o emprego e a recuperação da economia.

Em nota, a Confederação Nacional de Indústria (CNI) classificou a decisão do Banco Central (BC) de “incompreensível” e “injustificada”. Para a entidade, a elevação não tem sentido após a queda da inflação em novembro e o anúncio do pacote para corte de gastos obrigatórios.

“Manter o ciclo de alta da Selic iniciado em setembro já configuraria um erro do Banco Central. Intensificar esse ritmo, como a autoridade monetária escolheu, portanto, não faz sentido no atual contexto econômico, marcado pela desaceleração da inflação em novembro e pelo pacote efetivo de corte de gastos apresentado pelo governo federal”, destacou a entidade.

Para a Associação Paulista de Supermercados (Apas), a elevação da Selic era esperada e ajudará a conter a inflação, que superou o teto da meta. A medida, no entanto, prejudica a produção e o consumo, na avaliação da Apas. “No cenário atual, aumentar os juros, desestimula o investimento e impede a expansão da capacidade produtiva, assim como afeta diretamente o consumo e a demanda agregada, perpetuando os entraves estruturais ao desenvolvimento do país”, destacou o economista-chefe da entidade, Felipe Queiroz.

Embora a alta dos juros encareça o crédito e restrinja o consumo, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) não criticou a decisão. Para a entidade, a medida veio em linha com o esperado pelo mercado financeiro e é justificada perante as incertezas econômicas e a desancoragem das expectativas de inflação.

“A aceleração da inflação, que se mantém acima da meta anual, num contexto de nível de atividade e mercado de trabalho ainda aquecidos e expectativas inflacionárias totalmente desancoradas, além do aumento da incerteza no campo fiscal e no setor externo, são fatores que contribuem para manter o câmbio elevado e justificam uma política monetária mais contracionista”, ponderou a ACSP em nota.

Presidenta do PT

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, avalia que a alta da Selic não faz sentido diante de um país que precisa crescer. “É irresponsável, insana e desastrosa para o país a decisão do BC de elevar da taxa básica de juros para 12,25%. Não faz sentido nem seria eficaz para evitar alta da inflação, que não é de demanda. Nem para melhorar a situação fiscal, muito pelo contrário. Esse 1 ponto a mais vai custar cerca de R$ 50 bilhões na dívida pública”, escreveu a parlamentar na rede social X (antigo Twitter).

Para Gleisi, o BC ignora o esforço e sacrifício do governo em cortar gastos, após o envio de medidas fiscais ao Congresso. “Mas é o fecho da trajetória nefasta do bolsonarista Campos Neto no BC, responsável pela criminosa sabotagem à economia do país nos dois primeiros anos do governo Lula. Sufocou a economia e o crédito e não cuidou da especulação com o câmbio, que era sua obrigação combater. Já vai tarde Campos Neto. Espero que seu terrorismo fiscal também seja suplantado daqui pra frente”, acrescentou a deputada.

Centrais sindicais

A elevação da Selic em 1 ponto percentual foi bastante criticada pelas centrais sindicais. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) considera um erro a decisão. Para a entidade, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, termina o mandato “colecionando prejuízos ao país”. Segundo a central sindical, juros mais altos não resolvem a alta do preço dos alimentos, ligada a fatores climáticos.

“O mercado financeiro está apostando contra o Brasil. É formado por um bando de aproveitadores e sabotadores da nação. Os danos desta política monetária de aperto econômico, praticada a mando do mercado pelo Banco Central, na gestão de Roberto Campos Neto, e com mais intensidade no governo Lula, são irreparáveis ao desenvolvimento do país”, destacou em nota a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira.

A Força Sindical considerou o aumento de juros “um remédio errado e desnecessário”. A entidade cobrou mais sensibilidade do governo em 2025, com políticas sociais que reduzam a pobreza e retomem o investimento.

“Infelizmente, o Banco Central perdeu uma ótima oportunidade de estimular a criação de empregos, a produção e o consumo. O país precisa investir no fomento da produção, na geração de empregos e na distribuição de renda para retomar o caminho do seu crescimento econômico”, ressaltou em nota o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

Em comunicado, o Copom atribuiu a elevação acima do previsto às incertezas externas e aos ruídos provocados pelo pacote fiscal do governo. O órgão informou que elevará a taxa Selic em 1 ponto percentual nas próximas duas reuniões, em janeiro e março, caso os cenários se confirmem. Os próximos encontros serão comandados pelo futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo.

Dólar fecha abaixo de R$ 6 pela primeira vez em duas semanas

Em meio às expectativas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e de preocupações com o estado de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o dólar fechou abaixo de R$ 6 pela primeira vez em quase duas semanas. A bolsa de valores subiu mais de 1% e superou os 129 mil pontos.

O dólar comercial encerrou esta quarta-feira (11) vendido a R$ 5,968, com recuo de R$ 0,079 (-1,3%). A cotação alternou altas e baixas até as 13h, ficou em torno de R$ 6,01 a maior parte da tarde e despencou após a notícia de que o presidente Lula será submetido a um novo procedimento nesta quinta-feira (12) para prevenir novas hemorragias no crânio .

Na mínima do dia, por volta das 16h35, minutos após a divulgação da notícia, a moeda chegou a R$ 5,95. Essa foi a primeira vez desde 28 de novembro que o dólar fechou abaixo de R$ 6.

O mercado de ações também teve um dia de reviravolta. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 129.593 pontos, com alta de 1,06%. Essa foi a terceira alta seguida do indicador, que operou em baixa na maior parte do dia e passou a subir após a divulgação do comunicado médico sobre o procedimento de Lula.

Antes das notícias do procedimento no presidente Lula, o mercado passou o dia na expectativa para a reunião do Copom, que surpreendeu o mercado financeiro e elevou a taxa Selic (juros básicos da economia) em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano. O Copom também anunciou que deverá subir a taxa na mesma intensidade nas duas próximas reuniões, em janeiro e março, o que resultara numa Selic de 14,25% ao ano no fim do primeiro trimestre de 2025.

O comunicado da reunião do Copom foi divulgado após o fechamento do mercado financeiro. Dessa forma, a repercussão só será sentida nesta quinta-feira (12). Juros mais altos que o previsto tendem a reduzir a pressão sobre o dólar, ao estimular a entrada de capitais estrangeiros em busca de maior rentabilidade.

* com informações da Reuters