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Equipe mista do Minas Tênis Clube fatura Grand Prix Nacional de Judô

O Minas Tênis Clube conquistou, neste sábado (16), pela primeira vez, o título do Grand Prix Nacional de Judô, principal torneio por equipes mistas do país. Os minastenistas, que sediaram a competição na Arena UniBH, em Belo Horizonte, superaram ma final o bicampeão Esporte Clube Pinheiros, de São Paulo..

Cada equipe relacionou seis atletas para o confronto (três homens e três mulheres). Na disputa para judocas até 57 quilos (kg), Shirlen Nascimento, do Minas, levou a melhor sobre Larissa Pimenta, do Pinheiros, bicampeã pan-americana e décima do ranking mundial da categoria até 52 kg. Em seguida, Júlio Koda Lima (até 73 kg) bateu William Lima (11º do mundo na categoria até 66 kg).

O Pinheiros reagiu. A venezuelana Elvismar Rodríguez, bronze nos Jogos Pan-Americanos de Santiago (Chile), superou Sarah Nascimento, no duelo entre judocas até 70 kg. Depois, Giovani Ferreira venceu Matheus Oliveira, ambos da categoria até 90 kg, empatando o embate.

O Minas voltou à frente com a vitória de Millena Silva sobre Karol Gimenes, as duas da categoria até 78 kg, mas o Pinheiros igualou graças ao triunfo de Rafael Buzacarini, 15º do mundo entre os atletas até 100 kg, sobre Eduardo Bettoni. Na luta de desempate, o sorteio opôs novamente Millena e Karol. Mais uma vez, a minastenista se deu melhor e confirmou o título inédito aos anfitriões.

Na categoria até 78 Kg, a vitória de Millena Silva (do Minas, de azul na foto) sobre Karol Gimenes contribuiu para a conquista do título inédito do clube mineiro – Hedgard Moraes/MTC/Direitos Reservados

Para chegar à decisão, o Minas derrotou o Clube Paineiras do Morumby, de São Paulo, nas quartas de final e a Sogipa, do Rio Grande do Sul, nas semifinais. O Pinheiros, por sua vez, passou pelo também gaúcho Grêmio Náutico União e pelo Instituto Reação, do Rio de Janeiro. Sogipa e Reação ficaram com o bronze do Grand Prix, ao superarem, respectivamente, Paulistano e Paineiras. Todos os duelos ocorreram neste sábado.

A competição foi disputada pela primeira vez em 2018, com vitória do Reação. O Pinheiros ganhou as duas edições anteriores, em 2019 e 2022. O modelo de disputa por equipes mistas estreou no programa olímpico nos Jogos de Tóquio, no Japão, em 2021.

Troféu Brasil

Entre quinta-feira (14) e sexta-feira (15), a Arena UniBH também recebeu o Troféu Brasil de Judô. O evento reuniu mais de 400 judocas, que competiram em 14 categorias (sete em cada gênero). O Pinheiros liderou o quadro de medalhas, com cinco ouros, seguido por Minas (três ouros e cinco pratas) e Reação (três ouros e três pratas).

Destaque à presença da campeã mundial, olímpica e pan-americana Rafaela Silva. A judoca do Flamengo, que compete normalmente na categoria até 57 kg, lutou entre atletas até 63 kg e foi medalhista de bronze.

Basquete: São Paulo estreia na Champions das Américas em busca do bi

Campeão da Champions League das Américas de Basquete (BCLA, na sigla em inglês) na temporada 2021/22, o São Paulo inicia a busca pelo bicampeonato neste sábado (16). O Tricolor estreia fora de casa na a “Libertadores” da modalidade contra o Quimsa (Argentina). O embate começa às 20h40 (horário de Brasília) no Estadio Ciudad, em Santiago del Estero, no noroeste da Argentina.

O jogo vale pelo Grupo B, que ainda tem o Nacional (Uruguai). O duelo entre são-paulinos e uruguaios será no domingo (17), nos mesmos horário e local. Os jogos têm transmissão ao vivo online no canal da BCLA. Confira toda a programação da fase de grupos. 

Na primeira fase, os 12 participantes da competição estão divididos em quatro chaves, com três times. Os dois primeiros se classificam às quartas de final. São três turnos em que as equipes jogam entre si, cada um disputado na sede de um dos integrantes do grupo.

No do São Paulo, a primeira janela – que segue até segunda-feira (18) – será toda em Santiago del Estero, no Ginásio Ciudad Quimsa. A segunda (de 17 a 19 de janeiro de 2024), será em Montevidéu, capital uruguaia. Por fim, a terceira, entre 10 e 12 de fevereiro, está marcada para o Ginásio do Morumbi, casa são-paulina.

Os outros dois representantes do basquete brasileiro na BCLA já encerraram a participação nesta primeira janela. Atual campeão, o Sesi Franca foi o anfitrião dos jogos do turno inicial do Grupo D. Na última sexta-feira (15), a equipe paulista derrotou o Obras Sanitarias, da Argentina, por 94 a 87, no Pedrocão, em Franca (SP). O ala/pivô Lucas Dias foi o destaque da vitória francana, com 15 pontos e 13 rebotes.

Reprodução Twitter/Sesi Franca Basquete

O Franca lidera a chave com duas vitórias e quatro pontos, seguido pelo Obras, com um triunfo e uma derrota (três pontos). O lanterna é o Universidad de Concepción, do Chile, com dois revézes (dois pontos). Os chilenos receberão os confrontos do próximo turno, no Ginásio Casa del Deporte, na cidade de Concepción, entre 20 e 22 de janeiro.

O Flamengo, assim como o Franca, sediou as partidas da primeira janela do Grupo C. O Rubro-Negro, porém, não teve a mesma sorte do rival paulista. Na sexta, o time carioca foi superado pelo Boca Juniors, da Argentina, por 80 a 62, no Ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. O ala Didi Louzada, com 16 pontos, foi o principal nome ofensivo da equipe brasileira, campeã da BCLA em 2020.

Além do Boca, o Hebraica Macabi, do Uruguai, também faz parte do Grupo C. Os três clubes encerraram o primeiro turno com uma vitória, uma derrota e três pontos. Os argentinos encabeçam a chave pelo saldo de cestas, seguidos por uruguaios e brasileiros. A próxima janela, entre 17 e 19 de janeiro, terá mando do Hebraica.

A BCLA é disputada desde a temporada 2019/2020, em substituição à Liga das Américas. O Brasil teve o campeão das três últimas edições.

Rio: Justiça derruba decisão que proibia apreensão de menores

No dia em que o Rio de Janeiro tem mais um fim de semana de calor e praias cheias, uma batalha judicial dita os limites da Operação Verão, realizada por autoridades do estado e do município. O presidente do Tribunal de Justiça (TJRJ), desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, suspendeu, neste sábado (16), uma decisão que impedia policiais de apreenderem adolescentes sem flagrante.

A decisão anterior era da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, e o pedido de derrubada partiu do governo do estado e da prefeitura do Rio.

A Operação Verão é um reforço de policiamento nas praias da zona sul carioca que ocorre nos meses de calor, quando há apelo maior para a frequência de pessoas na orla.

Apreensão sem flagrante

A decisão da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinava que apreensões fossem apenas em situações de flagrante de ato infracional ou com mandado.

A decisão também impedia que as crianças e jovens fossem levados a centrais de acolhimento, sem decisão judicial ou necessidade de medida protetiva de urgência.

O pedido à 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso foi feito pelo Ministério Público Estadual (MPRJ). Segundo o MPRJ, dos mais de 80 adolescentes encaminhados à central de acolhimento, em apenas um caso os agentes apresentaram motivo para a apreensão.

Governo estadual e prefeitura recorreram da proibição. Ao liberar apreensões sem flagrante, o desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo alegou que estado e município não foram ouvidos previamente. Além disso, na visão do presidente do TJRJ, a decisão anterior criava “risco de grave lesão à ordem administrativa e à segurança pública, além de comprometer a própria concretização do postulado da proteção integral de crianças e adolescentes”.

No recurso, estado e prefeitura alegaram que “admitir, de um lado, que jovens em situação de vulnerabilidade vaguem pelas ruas sem identificação e desacompanhados” seria uma subversão da lógica contida no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

As duas gestões defenderam também que ações de segurança pública são feitas com medidas preventivas. Além disso, afastaram a ideia de que haveria alguma forma de preconceito nas abordagens.

“Mais de 4 mil pessoas abordadas e que, dentre essas, apenas 273 crianças e adolescentes foram conduzidos à assistência social, asseverando ser infundada a narrativa constante na inicial de origem acerca de suposto direcionamento a grupo de indivíduos em virtude de cor, local de residência e classe social”, descreve texto replicado na decisão do desembargador Cardozo.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, comemorou a revogação. “A ordem foi restabelecida! Gostaria de agradecer imensamente ao presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Ricardo Rodrigues Cardoso, por ter revogado a decisão em primeira instância. Que impedia o Estado de exercer o importante papel de abordagem preventiva das nossas forças de segurança na Operação Verão!”, escreveu na rede social X (antigo Twitter).

Recurso no STF

A Agência Brasil obteve com as promotorias de Justiça da Infância e da Juventude do MPRJ a informação de que a Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.446, do Supremo Tribunal Federal, consagra o direito de ir e vir da criança e do adolescente.

Além disso, segundo as promotorias, a decisão do STF afasta alegações de que tais ações ilegais possam ser justificadas pelos Princípios da Proteção Integral ou da Prevenção.

O acórdão, de acordo com as promotorias, age como súmula vinculante, ou seja, respaldo para processos judiciais em todas as instâncias. Dessa forma, cabe recurso ao STF.

As promotoras que subscreveram a ação inicial fizeram um pedido para que o Procurador-Geral de Justiça (PGJ) do Rio de Janeiro, Luciano Oliveira Mattos, faça uma reclamação no STF.

A assessoria de imprensa da Procuradoria-Geral de Justiça informou que ainda não foi notificada oficialmente da nova decisão do TJ. “Assim que for informada, o procedimento será analisado para a tomada de decisão”, diz a nota.

Forças federais

Na sexta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro e a Defensoria Pública da União (DPU) encaminharam um ofício ao Ministério da Justiça, com a decisão original da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso. O documento solicitava formalmente que as limitações para apreensões de menores fossem aplicadas também aos agentes da Força Nacional de Segurança, que têm presença autorizada no estado até 31 de janeiro de 2024.

“Salta aos olhos que haja prisões sem qualquer fundamento, apreensões de menores sem qualquer fundamento, então, a gente está exortando a administração para que não faça isso e que haja de acordo com a lei”, justificou o defensor público federal Thales Arcoverde, antes da revogação.

“Um crime cometido por pessoa não conhecida não pode gerar um abuso de autoridade sobre uma população inteira. Esse o objetivo da nossa manifestação”, completou.

Personalidades lamentam morte de Carlos Lyra

Personalidades usaram as redes sociais para lamentar a morte do cantor e compositor Carlos Lyra e homenageá-lo. Um dos grandes nomes da bossa nova, o artista morreu na madrugada deste sábado (16), no Rio de Janeiro, aos 90 anos.

O cantor, compositor e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) Gilberto Gil escreveu na rede social X (antigo Twitter) que Lyra deixa um “legado extraordinário”.

“Um forte abraço em toda a família e amigos”, confortou Gil, que publicou ainda o vídeo em que canta Saudade Fez um Samba, de Lyra e Ronaldo Bôscoli, interpretada por ele na última quinta-feira (14) na ABL, no Rio de Janeiro.

Apoio contra a ditadura

O também cantor e compositor Ivan Lins escreveu no X que “O Brasil, e mais precisamente, o Rio, perde hoje um dos pais da bossa nova. #CarlosLyra, inovador e incrível harmonizador e melodista, nos deixa aqui, neste planeta, com sua obra lapidar”.

Lins lembra um período no começo dos anos 1970, durante a ditadura militar, quando recebeu apoio de Lyra contra a opressão do regime.

“Na época em que eu era patrulhado por causa da canção O amor é o meu país, ele me abriu as portas de sua casa e me ofereceu seu mais incondicional apoio. Mesmo tendo um irmão, na Marinha, que fazia parte do SINEMAR, serviço secreto da marinha, que atuava nos mesmos moldes do DOPS [Departamento de Ordem Política e Social – órgão repressor]”.

Lins diz ainda que ficou muito amigo de Lyra, a quem chama de um dos seus gurus musicais.

Resistência

O conjunto da obra de Carlos Lyra, ou simplesmente Carlinhos, como era chamado por Vinicius de Moraes, abrange músicas de protesto. Um exemplo é A Canção do Subdesenvolvido. “A mais executada e foi proibidíssima”, lembrou ele em entrevista à Agência Brasil em 2009.

“O povo brasileiro tem personalidade/ não se impressiona com facilidade/ embora pense como desenvolvido”, criticava a letra.

O teor político de algumas canções fez com que Lyra optasse por um exílio voluntário entre 1964 e 1971.

“Eu tive problema depois do golpe por causa dessas canções. Elas foram proibidas de tocar nas rádios e nos lugares pelos militares e valeu uma ‘perseguiçãozinha’ contra mim também. Se eu não tivesse me exilado, eu teria sido preso com certeza para interrogatório. Antes que acontecesse alguma coisa, peguei minha trouxa e fui morar na matriz, logo nos Estados Unidos, junto aos donos do Brasil que era menos perigoso”, ironiza.

Estudantes

Lyra teve ligação também com a história da União Nacional dos Estudantes (UNE). A organização usou o X para se despedir e lembrar a atuação do músico. “O dia de hoje é de luto para os estudantes”, publicou.

“Lyra foi um dos fundadores do Centro Popular de Cultura em 1961, o CPC da UNE, que reuniu artistas de várias linguagens que viam na cultura o espaço ideal para propagar conscientização política e construir uma arte nacional, popular e democrática.”

O hino da UNE é fruto de uma parceria entre Lyra e Vinicius de Moraes. “Nosso hino é nossa bandeira. O nosso muito obrigado em nome das gerações de estudantes brasileiros que ele inspirou e vai continuar inspirando”, publicou o perfil.

Identidade carioca

Prefeito da cidade onde Lyra nasceu, Eduardo Paes manifestou no X que a morte do cantor é uma “perda para a cultura brasileira”.

“Seu legado é imenso e suas composições na bossa nova marcaram várias gerações ao redor do mundo. Lyra foi fundamental na construção da identidade carioca e brasileira”, completou.

O baterista João Barone, da banda Paralamas do Sucesso, foi mais um entre personalidades e anônimos que se despediram de Carlos Lyra nas redes sociais.

“Mais um dos arquitetos da bossa nova partiu, Carlos Lyra, um dos caras mais elegantes da nossa música”, lamentou.

Personalidades lamentam morte de Carlos Lyra

Personalidades usaram as redes sociais para lamentar a morte do cantor e compositor Carlos Lyra e homenageá-lo. Um dos grandes nomes da bossa nova, o artista morreu na madrugada deste sábado (16), no Rio de Janeiro, aos 90 anos.

O cantor, compositor e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) Gilberto Gil escreveu na rede social X (antigo Twitter) que Lyra deixa um “legado extraordinário”.

“Um forte abraço em toda a família e amigos”, confortou Gil, que publicou ainda o vídeo em que canta Saudade Fez um Samba, de Lyra e Ronaldo Bôscoli, interpretada por ele na última quinta-feira (14) na ABL, no Rio de Janeiro.

Apoio contra a ditadura

O também cantor e compositor Ivan Lins escreveu no X que “O Brasil, e mais precisamente, o Rio, perde hoje um dos pais da bossa nova. #CarlosLyra, inovador e incrível harmonizador e melodista, nos deixa aqui, neste planeta, com sua obra lapidar”.

Lins lembra um período no começo dos anos 1970, durante a ditadura militar, quando recebeu apoio de Lyra contra a opressão do regime.

“Na época em que eu era patrulhado por causa da canção O amor é o meu país, ele me abriu as portas de sua casa e me ofereceu seu mais incondicional apoio. Mesmo tendo um irmão, na Marinha, que fazia parte do SINEMAR, serviço secreto da marinha, que atuava nos mesmos moldes do DOPS [Departamento de Ordem Política e Social – órgão repressor]”.

Lins diz ainda que ficou muito amigo de Lyra, a quem chama de um dos seus gurus musicais.

Resistência

O conjunto da obra de Carlos Lyra, ou simplesmente Carlinhos, como era chamado por Vinicius de Moraes, abrange músicas de protesto. Um exemplo é A Canção do Subdesenvolvido. “A mais executada e foi proibidíssima”, lembrou ele em entrevista à Agência Brasil em 2009.

“O povo brasileiro tem personalidade/ não se impressiona com facilidade/ embora pense como desenvolvido”, criticava a letra.

O teor político de algumas canções fez com que Lyra optasse por um exílio voluntário entre 1964 e 1971.

“Eu tive problema depois do golpe por causa dessas canções. Elas foram proibidas de tocar nas rádios e nos lugares pelos militares e valeu uma ‘perseguiçãozinha’ contra mim também. Se eu não tivesse me exilado, eu teria sido preso com certeza para interrogatório. Antes que acontecesse alguma coisa, peguei minha trouxa e fui morar na matriz, logo nos Estados Unidos, junto aos donos do Brasil que era menos perigoso”, ironiza.

Estudantes

Lyra teve ligação também com a história da União Nacional dos Estudantes (UNE). A organização usou o X para se despedir e lembrar a atuação do músico. “O dia de hoje é de luto para os estudantes”, publicou.

“Lyra foi um dos fundadores do Centro Popular de Cultura em 1961, o CPC da UNE, que reuniu artistas de várias linguagens que viam na cultura o espaço ideal para propagar conscientização política e construir uma arte nacional, popular e democrática.”

O hino da UNE é fruto de uma parceria entre Lyra e Vinicius de Moraes. “Nosso hino é nossa bandeira. O nosso muito obrigado em nome das gerações de estudantes brasileiros que ele inspirou e vai continuar inspirando”, publicou o perfil.

Identidade carioca

Prefeito da cidade onde Lyra nasceu, Eduardo Paes manifestou no X que a morte do cantor é uma “perda para a cultura brasileira”.

“Seu legado é imenso e suas composições na bossa nova marcaram várias gerações ao redor do mundo. Lyra foi fundamental na construção da identidade carioca e brasileira”, completou.

O baterista João Barone, da banda Paralamas do Sucesso, foi mais um entre personalidades e anônimos que se despediram de Carlos Lyra nas redes sociais.

“Mais um dos arquitetos da bossa nova partiu, Carlos Lyra, um dos caras mais elegantes da nossa música”, lamentou.

CCBB mergulha na produção afro-brasileira com mostra inédita

Dentro do cofre, no subsolo do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no centro de São Paulo, uma tela branca estampa a frase escrita com tinta preta: “A arte contemporânea é negra”.

Mais do que uma afirmação, a obra também propõe um questionamento sobre a participação do negro nas artes brasileiras, muitas vezes relegada, marginalizada ou vítima de um apagamento cultural.

A obra manifesto, do artista Elian Almeida, pode ser vista na nova exposição em cartaz no local, denominada Deidade, uma coletânea que reúne cerca de 150 trabalhos produzidos por 61 artistas negros, de diferentes períodos e regiões do país.

“[A mostra] Encruzilhadas vem justamente dessas relações territoriais, com todos esses lugares, essas regiões do Brasil. E vem também de uma intenção da exposição de mostrar como essa produção é abrangente, tanto temporalmente falando – porque a gente tem trabalhos aqui de diversos anos, diversos períodos, de diversos momentos e movimentos artísticos da história da arte no Brasil – mas também artistas de todas as regiões do país”, disse Deri Andrade, pesquisador, jornalista e curador da mostra.

Em entrevista à Agência Brasil, ele explicou o significado do nome da exposição. “Essas Encruzilhadas se dão justamente nessas relações temporais, nessas relações territoriais e também nessas temáticas, na diversidade de temáticas, do interesse desses artistas por pesquisas que são diversas”, explicou.

A exposição inédita – aberta neste sábado (16) – fica em cartaz até 18 de março. Ela é um desdobramento do Projeto Afro, plataforma que catalogou mais de 300 artistas negros brasileiros e que foi criada por Andrade. 

O curador Deri Andrade ressalta a importância da exposição Encruzilhadas – foto – Rovena Rosa/Agência Brasil

“O Projeto Afro é um portal que começa em 2016, ele nasce de uma inquietação minha, eu diria quando eu percebo uma ausência mesmo de um lugar, de um local que reunisse essa produção de autoria negra no Brasil”, detalhou. “Em 2020, a gente lançou a plataforma. No lançamento [da plataforma], tínhamos 134 artistas mapeados e hoje já estamos com quase 350”, acrescentou.

Além de apresentar a produção de artistas negros, Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira também pretende abrir uma discussão sobre os acervos das instituições brasileiras.

“Não basta apenas que essa produção de autoria negra esteja sendo exposta, mas ela precisa também estar inserida num circuito a partir dessas aquisições, dessas obras para essas coleções. A gente sabe como essas coleções ainda são brancas, hegemonicamente brancas, então poucos artistas negros ainda estão inseridos nos acervos dessas grandes instituições. Acredito que a exposição, de alguma maneira, tenta trazer também esse debate”, opinou Andrade.

Em visita ao local, Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil, disse que a nova mostra é resultado de um edital lançado este ano. “No dia 16 de janeiro assinamos, junto com a ministra da Cultura, Margareth Menezes, o edital da cultura. A exposição é fruto desse edital”, observou.

“Não tem nada mais eficiente do que aquilo que nos faz refletir, que nos faz pensar. Então, uma exposição dessa magnitude aqui na nossa casa, no CCBB, no Centro Cultural do Banco do Brasil, que é uma empresa de mais de 200 anos, é muito mais do que simbólica. É uma oportunidade de levarmos para a comunidade, de levarmos para todo o país o nosso compromisso com a promoção da igualdade étnico-racial no Brasil”, analisou.

Expografia

A expografia da mostra foi toda pensada para rediscutir a própria arquitetura do Centro Cultural Banco do Brasil, um edifício com estilo francês e ornamentação eclética, comprado pelo Banco do Brasil em 1923 para se tornar a primeira agência em imóvel próprio do banco na capital paulista.

Ao contrário do que ocorre em diversas outras mostras  realizadas no local, Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira não tem início no quarto andar do edifício, encerrando-se no subsolo. Aqui, a proposta de percurso é diferente, iniciando-se justamente no subsolo do prédio.

Mostra tem entrada gratuita. foto – Rovena Rosa/Agência Brasil

“Vamos discutir uma nova forma de entender esse prédio”, disse Matheus Cherem, arquiteto e um dos responsáveis pela expografia da mostra. “O lugar do subsolo a quem pertence? Quando pensamos na branquitude, o lugar do subsolo é o ouro. Queríamos fazer uma experiência de ascensão, saindo do subsolo e indo até o último andar. Também ocupamos o máximo possível de salas aqui. As galerias, que normalmente eram de circulação, a gente resolveu colocar obras”, disse ele.

A expografia também utilizou obras para questionar o papel do edifício. Esse é o caso, por exemplo, da obra-manifesto Todo o café, de André Vargas, que foi colocada no alto, logo na entrada do prédio, com a frase “Se os pretos velhos todo o café produziram, a eles todo o café pertence”. Abaixo dela está a Bandeira Mulambo, do artista Mulambö, que faz uma nova representação de um símbolo já conhecido a partir de vozes negras.

“Não tem como negar que esse prédio representa muito os barões do café de São Paulo. A gente também vai identificar referências religiosas aqui, uma mitologia greco-romana. Logo na entrada tem Hermes [em uma decoração própria do edifício], que é uma deidade [divindade] voltada ao comércio e à comunicação entre o céu, o Olimpo e a Terra. Por isso, colocamos logo na entrada a Bandeira Mulamba [do artista Mulambö], que tem a ver com Maria Mulamba e Exú, que são entidades, deidades, que fazem essa mesma comunicação”, explicou Cherem.

“A gente tenta – sem afetar o espaço tombado pelo patrimônio – trazer um outro patrimônio, trazer uma outra memória e, como diz a obra, questionar a quem pertence esse café”, sustentou o arquiteto.

Cinco eixos temáticos

A exposição foi dividida em cinco eixos temáticos, que homenageiam cinco artistas negros. No subsolo, onde a mostra é iniciada, o homenageado é o artista Arthur Timótheo da Costa. Uma tela autobiográfica, pintada por ele, mostra Costa ao lado de seu material de trabalho.

O núcleo foi chamado de Tornar-se e apresenta também trabalhos de outros artistas que dialogam com a produção de Costa, seja por meio de autorretratos, seja por meio de pinturas ou fotografias que apresentam o modo de produção de um artista.

“Coincidentemente, esse prédio estava sendo construído enquanto o Arthur produzia. Nas pesquisas que desenvolvemos, achamos muito importante trazer esse fato, falar sobre isso, porque o Arthur é um artista que abre exposição. É um artista emblemático para pensarmos nessa produção de autoria negra. É um artista que trazia o autorretrato enquanto elemento fundamental para a sua produção. E nesse primeiro eixo da exposição, a gente vai perceber isso e perceber a importância desse espaço de ateliê, de artista, para que essa produção aconteça, para que essa produção seja fomentada”, explicou o curador.

Do subsolo, a exposição segue para o segundo andar, onde é apresentado o trabalho de Rubem Valentim, considerado um dos grandes nomes do concretismo brasileiro. As obras aqui vistas discutem as linguagens, o modo de se fazer arte no país.

Trabalhos podem ser vistos até 18 de março – foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

No mesmo andar,  encontra-se o terceiro núcleo da exposição – Cosmovisão – que apresenta trabalhos mais políticos de autores que dialogam com a obra de Maria Auxiliadora. O quarto núcleo – Orum – é dedicado a Mestre Didi e trabalha as relações espirituais e as tecidas entre o Brasil e a África.

Já o último espaço fala sobre Cotidianos e é dedicado ao trabalho de Lita Cerqueira, única artista ainda viva entre os cinco nomes homenageados. “A gente abre a exposição com um artista que se coloca, se afirma como artista, quando ele proclama um autorretrato em que ele segura seus instrumentos de trabalho, seus pincéis. E a gente encerra a exposição com a Lita Cerqueira, que é uma artista que vai dizer que é uma artista negra e que vai registrar isso em seu livro”, frisou o curador.

Além da apresentação dessas pinturas, esculturas, vídeos e documentos, a mostra também se completa com um espaço educativo, instalado no primeiro andar do prédio. Também haverá performances, laboratórios e oficinas e um espaço no qual o público poderá consultar materiais de pesquisa e acessar a plataforma do Projeto Afro (https://projetoafro.com/).

“A exposição não abre agora e não se encerra nessa abertura. Ela continuará reverberando com essas ações e com essa aproximação com o educativo”, declarou Andrade.

A mostra Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira é gratuita. Mais informações podem ser obtidas no site do CCBB.

Relatório mostra aumento de casos de islamofobia após ataque do Hamas

Com o ataque organizado contra Israel pelo grupo Hamas, em 7 de outubro, e que deixou centenas de mortos, havia na comunidade muçulmana o receio de que a culpa pelas vítimas recaísse sobre ela e que a hostilidade aumentasse. E foi o que se confirmou na prática, conforme demonstra a segunda edição do Relatório de Islamofobia no Brasil elaborado pelo Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes (Gracias), da Universidade de São Paulo (USP).

O objetivo do levantamento foi saber dos seguidores do islamismo se notaram um aumento no nível de intolerância como resultado do ataque de outubro. Ao todo, 310 pessoas responderam ao questionário, entre os dias 10 e 18 do mês de novembro, sendo 125 homens, 182 mulheres e três pessoas que preferiram não se identificar quanto à sua identidade de gênero. O questionário, que continha 11 perguntas, foi divulgado nas redes sociais, com a colaboração Associação da Juventude Islâmica no Brasil (Wamy), do Centro Islâmico no Brasil (Arresala) e da Associação Nacional de Juristas Islâmicos (Anaji).

Mais de um terço dos homens que participaram da pesquisa (36,8%) afirmou que já havia muita intolerância antes da arremetida do Hamas. Outros 47,2% disseram que havia pouca. Com isso, observou-se que 84% dos muçulmanos do gênero masculino já identificavam atitudes de intolerância em relação à sua comunidade, enquanto apenas 16% negaram a existência dessas manifestações. Quando indagados sobre o que viam após o ataque, 56% deles disseram ter aumentado muito a intolerância, contra 28% que identificaram um pequeno crescimento e 16% que acreditam que o evento não alterou nada.

As mulheres, por sua vez, parecem testemunhar mais fortemente a intolerância ou ter uma visão mais crítica sobre os casos que presenciam. No total, 45,1% delas apontaram que, antes do ataque de outubro, já havia muita intolerância. Ao mesmo tempo, 49,5% delas apontaram pouca intolerância, de modo que, somadas, as duas parcelas totalizam 94,6% de mulheres que já percebiam a intolerância em algum nível. Apenas 5,5% das respondentes disseram não verificar nenhum tipo de intolerância contra o grupo ao qual pertencem.

Conforme mencionam os pesquisadores, a segunda edição do relatório reforça a perspectiva de que as mulheres são as maiores vítimas da islamofobia no país, detalhada na primeira edição. No que diz respeito ao cenário pós-ataque do Hamas, o que se tem é uma parcela de 69,2% de mulheres que relata ter havido um aumento da intolerância contra muçulmanos e muçulmanas, outra de 23,1% que pensa ter havido um crescimento menor e uma terceira, de 7,7%, que não relaciona o acontecimento a uma oscilação.

Os pesquisadores perguntaram, ainda, aos participantes, o que pensam sobre a contribuição da imprensa quanto à islamofobia. Quase todas as mulheres (92,3%) entendem que a cobertura jornalística em torno do ataque de 7 de outubro colaborou muito para a intolerância de pessoas muçulmanas, ante 88% dos homens. Parcelas de 7,2% dos homens e de 5,5% das mulheres julgam que os veículos de comunicação influenciaram pouco no desenvolvimento ou piora da hostilização. A maioria dos entrevistados concluiu que as redes sociais passaram a multiplicar mais postagens que retratam os muçulmanos de forma negativa após a data.

Outra pergunta importante feita pelos autores da pesquisa buscou verificar, tanto em redes sociais como em matérias jornalísticas, conteúdos que ampliem a confusão entre a caracterização de muçulmanos, árabes e palestinos, o que configura uma forma de orientalismo. Os pesquisadores esclarecem que a maioria das pessoas pensa que os muçulmanos são predominantemente árabes. Majoritariamente, eles são asiáticos e africanos, sendo que o grupo dos árabes é apenas a terceira maior população muçulmana do mundo. Pelo questionário, observou-se que 85,6% dos homens entrevistados acham que as pessoas em geral não sabem fazer essa diferenciação corretamente, ante 88,5% das mulheres ouvidas pelos pesquisadores.

A antropóloga, pesquisadora e docente Francirosy Campos Barbosa, que coordena o Gracias e o trabalho de pesquisa que resulta nos relatórios de islamofobia, diz que a comunidade islâmica ainda não está coletivamente instrumentalizada para enfrentar agressões nas redes sociais. “E acaba que cada um se defende individualmente”, emenda ela, que leciona no campus da USP em Ribeirão Preto (SP) e já foi alvo desse tipo de violência, tanto no período que antecedeu o ataque de outubro como no que o sucedeu, recebendo até ameaças de morte, por defender a Palestina.

“Eu vi uma jornalista famosa associar os muçulmanos a camelos”, comenta. “Não acho que as pessoas tenham obrigação de saber o que é uma coisa e o que é outra. Mas, a partir do momento em que você está em um meio de comunicação e vai construir uma matéria, passar uma informação adiante, você tem uma responsabilidade social de fazer essa diferenciação.”

Após o ato de outubro, muitos muçulmanos adotaram estratégias para se proteger, por saberem de antemão que atribuiriam a autoria a qualquer um que seguisse o islã. Nisso, vários deles acabaram mudando a escolha de vestimentas.

Esse é um tópico especialmente sensível entre as mulheres que seguem a tradição islâmica, por conta dos véus que cobrem a cabeça. O uso do lenço islâmico é tido como uma forma de manifestar devoção a Deus e é uma escolha dentro da religião, o que significa que quem é forçada a retirá-lo por alguma razão pode se sentir constrangida e desrespeitada em sua fé. A pesquisa do Gracias apurou que o evento de outubro fez com que pelo menos 26,4% das entrevistadas alterassem algo em suas roupas, contra 17% dos homens.

Também muçulmana há anos, Francirosy afirma que o fato de as mulheres se sentirem forçadas a guardar o véu para tentar contornar as violências mostra que são “a ponta mais frágil” nesse contexto e, portanto, as miras favoritas dos autores das agressões. “No dia 8 de outubro, uma menina estava no aeroporto e foi xingada de filha do Hamas, em São Paulo. Então, muito rapidamente teve esse efeito. Eu entrei em um restaurante com uma amiga e tive que sentar de costas, porque uma mulher olhava para mim e me fuzilava com o olhar. Eu não ia me retirar do restaurante porque uma pessoa está olhando feio para mim. Então, sentei de costas”, relata a docente.

Em novembro, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) divulgaram um levantamento que indicou um aumento no número de denúncias de discriminação e violência contra judeus, o antissemitismo, desde o 7 de outubro. Contudo, a apuração não levou em conta a distinção entre antissemitismo e antissionismo, tratando as críticas ao Estado de Israel como se fossem casos de discriminação contra a comunidade judaica.

O Departamento de Segurança Comunitária Conib/Fisesp registrou 467 denúncias em outubro deste ano, contra 44 referentes a outubro de 2022. De janeiro a outubro de 2023, foram 876, enquanto no mesmo período de 2022 foram 375.

Vôlei: Praia cai na semi e vai lutar por 3º lugar no Mundial de Clubes

O Dentil Praia Clube foi derrotado na semifinal do Campeonato Mundial de clubes de vôlei feminino. Na madrugada deste sábado (16), a equipe de Uberlândia (MG) foi superada pelo Eczacibasi (Turquia), por 3 sets a 1, pela semifinal da competição, realizada em Hangzhou (China). As parciais foram de 25/16, 25/12, 25/27 e 25/22.

A sérvia Tijana Boskovic, oposta do Eczacibasi, anotou 24 pontos e foi a principal jogadora da partida. No time brasileiro, o destaque foi Tainara, também oposta, com 20 pontos. As mineiras voltam a quadra neste domingo (17), às 3h (horário de Brasília), contra o anfitrião Tianjin Bohai, na disputa pelo terceiro lugar.

Na outra semifinal, as chinesas não resistiram ao também turco Vakifbank, que ganhou por 3 sets a 0 (25/16, 25/23 e 25/23). A brasileira Gabi Guimarães, ponteira do time vencedor e melhor atleta de vôlei do país em 2023 no Prêmio Brasil Olímpico, foi o destaque do jogo, com 17 pontos.

A decisão entre as equipes turcas será às 8h30 (horário de Brasília). Maior campeão mundial, com quatro títulos, o Vakifbank ficou com o vice em 2022, superado pelo italiano Conegliano na final. O Eczacibasi, por sua vez, busca a terceira conquista. A última foi em 2016.

Esta é a segunda vez que o Praia cai na semifinal. Em 2018, as mineiras foram superadas pelo Vakıfbank. Naquele ano, o time de Uberlândia ainda perdeu o duelo pelo terceiro lugar para o Eczacibasi. O Osasco foi o último clube brasileiro a ser campeão mundial, em 2012.

Vila Renascer, na TI Apyterewa, está desocupada, diz ministério

O Ministério dos Povos Indígenas informou que um dos principais focos de invasão da Terra Indígena Apyterewa – a Vila Renascer (foto), no Pará – já está “totalmente desocupada”, e que as estruturas usadas pelos invasores da área indígena estão sendo inutilizadas.

Os agentes relataram ter encontrado diversos gatos e cachorros abandonados no local, “em avançada situação de desnutrição, desidratação e feridos”, mas que todos estão recebendo os devidos cuidados.

A desocupação ocorreu de forma pacífica, segundo o ministério. “Foram encontradas apenas 76 pessoas em 40 edificações ainda habitando a vila, que foram orientadas quanto à necessidade de desocupação da área”, informou, por meio de nota, o ministério.

“Importante reforçar que a decisão da Justiça determinava a saída imediata da TI [terra indígena], com possibilidade de perdimento de bens e semoventes”, acrescentou ao informar que apenas 14 invasores manifestaram resistência à saída voluntária. Eles foram levados a uma área de triagem na base de operação, onde assinaram um termo de comparecimento perante a Delegacia da Polícia Federal de Redenção, no Pará.

Ainda segundo o ministério, das 220 estruturas construídas pelos invasores, dezenas já foram inutilizadas pelos agentes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). As equipes permanecem no local para fiscalizar a retirada de famílias e gados remanescentes em alguns ramais no interior da TI.

Animais abandonados

Diante do grande número de animais domésticos de pequeno porte, deixados pelos invasores, os agentes providenciaram a ida ao local de veterinários. Eles avaliaram 22 animais. Cinco deles foram diagnosticados com leishmaniose.

Animais foram encontrados em situação de abandono e maus tratos. Foto – Ascom

“Todos os animais resgatados estão recebendo alimentação, vacinação e vermifugação. Uma equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizou o transporte de São Felix do Xingú para a Base São Francisco da Funai de 300 quilos de ração doados pelo Fórum Nacional de Proteção Animal, além de alguns medicamentos emergenciais”, detalhou o ministério.

Terra Indígena Apyterewa

A desintrusão [retirada de intrusos] cumpre determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). O plano de ação foi homologado pelo STF em setembro de 2023. Desde 2 de outubro, a operação, que envolve 14 órgãos federais e estaduais, é feita na região notificando invasores e combatendo com a aplicação de multas e apreensão de equipamentos.

A Terras Indígena (TI) Apyterewa foi homologada em 2007 e a TI Trincheira Bacaiá, em 1996. Nelas, vivem cerca de 2,5 mil indígenas das etnias Parakanã, Mebengôkre Kayapó e Xikrim, em 51 aldeias.

As áreas ficam localizadas entre os municípios de São Félix do Xingu, Altamira, Anapu e Senador José Porfírio, na região do Médio Xingu, no Pará.

Antes mesmo da homologação, desde a década de 1980, quando a Funai iniciou o processo de demarcação dos territórios, os povos tradicionais enfrentam conflitos com ocupantes que passaram a praticar crimes ambientais como extração de madeira e garimpo ilegal.

Após diversas intervenções do governo federal, a última ocupação ilegal deu-se de forma mais intensa a partir de 2018, quando houve crescimento do desmatamento florestal na região e o aumento de atividades ilegais como a criação de gado em áreas de proteção ambiental.

Caixa SP abre exposição com obra hiper-realista de Giovani Caramello

No canto da parede, um idoso repousa, lábios cerrados e um olhar à frente, sem piscar. Chegando mais perto é possível ver as marcas do tempo em seu rosto e uma expressão séria, representando alguma angústia ou solidão. Seu corpo também mostra a marca de uma possível cirurgia realizada no peito.

Embora muito detalhista e de grande precisão, esse idoso é apenas uma representação da realidade. Ele é uma das dez obras hiper-realistas do jovem artista brasileiro Giovani Caramello, que integra a exposição Hiper-realismo no Brasil, que acontece na Caixa Cultural São Paulo, ao lado da Praça da Sé, no centro da capital paulista. Essa imagem, inclusive, ilustra a capa do catálogo dedicado à mostra.

A semelhança com o real é impressionante no trabalho de Caramello, um artista autodidata nascido em Santo André, em 1990. E é por isso que sua obra faz parte de um movimento artístico chamado hiper-realismo.

“O Giovanni Caramelo é um jovem artista que mora em Santo André. Ele começou sua prática na escultura a partir de um interesse que estava ligado à sua prática profissional. Ele trabalhava num escritório de modelagem 3D e, de forma a melhorar no trabalho, ele começou a estudar algumas técnicas de escultura. Muito rapidamente começou uma produção autoral a partir dessa busca, pelo desenvolvimento dessas técnicas. E nesse processo ele desenvolveu uma pesquisa sobre o hiper-realismo, que é esse movimento artístico que tem início ali no final dos anos 70 e começo dos anos 80”, explicou Ícaro Ferraz Vidal Júnior, curador da exposição, em entrevista à Agência Brasil.

Giovani Caramello criou suas obras resina, silicone e terracota. A exposição Hiper-realismo no Brasil está aberta na Caixa Cultural São Paulo. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

As dez obras em exposição foram produzidas pelo artista entre os anos de 2017 e 2022.

Seu trabalho é feito em resina, silicone e terracota e busca traduzir questões relacionadas à efemeridade do tempo – e à solidão. Nesta exposição, há também esculturas feitas em bronze e cerâmica. “Aqui na curadoria a gente construiu uma espécie de narrativa: os primeiros personagens [que aparecem na sala expositiva] são crianças e você vai vendo um envelhecimento progressivo. O hiper-realismo do Giovanni Caramello está a serviço de uma poética que não se esgota nessa exibição da virtuose técnica, mas que está justamente a serviço de mostrar as inscrições do tempo sobre o corpo humano. Então, é como se ele produzisse biografias ficcionais, escrevendo rugas, pintas e cicatrizes sobre esses personagens”, descreveu o curador.

Ao mesmo tempo, esses personagens retratam uma certa solidão. “São figuras solitárias, são figuras que são atravessadas por sentimentos e emoções nos quais a gente de alguma maneira se projeta. Acho que é inevitável a gente pensar o que esse personagem está sentindo, qual é a história dele, por que ele está assim”, falou.

Além da preocupação narrativa, a curadoria também pensou em apresentar a diversidade de obras de Caramello. “Era interessante curatorialmente mostrar que o Giovani tem uma entrada na escultura pelo hiper-realismo e pelo desenvolvimento de técnicas muito avançadas de representação. Mas ele também tem um diálogo com a tradição da escultura clássica. A ideia era um pouco também de ampliar o olhar para a produção do Giovanni, mostrando que, para além do fascínio que a virtuose técnica exerce, tem, primeiro, uma pesquisa muito consistente”, falou o curador.

Visitantes

O artista Alex dos Santos, que vai expor uma de suas obras na recém-inaugurada exposição Mamáfrica – Ancestralidades Africanas no Brasil e em Cuba, também em cartaz na Caixa Cultural de São Paulo, visitou a mostra dedicada a Giovani Caramello em São Paulo. Em entrevista à Agência Brasil, ele contou que o hiper-realismo é uma técnica utilizada por artistas para buscar a perfeição.

“Não conhecia o trabalho dele [Caramello]. Estou conhecendo agora esse artista incrível. Aquela obra [ele aponta para a obra expositiva Onde Habitam Meus Demônios, que apresenta a cabeça de um homem] mostra um pouco de tristeza e de solidão”, falou Santos.

A mostra também já foi visitada pela professora Priscila Morrone, que foi ao local levando o filho de uma amiga. “Também sou do ABC Paulista e acompanho o artista há algum tempo. Já estive em outras exposições e gosto bastante [do trabalho dele]. Só sinto falta de representações de outros corpos, não padronizados. Talvez ele tenha e não esteja aqui, já que a exposição não corresponde a tudo o que ele já fez. Mas sinto falta disso, ainda mais estando aqui com uma criança negra”, disse ela.

Priscila acrescentou que, apesar disso, admira muito o detalhismo do artista. “Os detalhes me impressionam e a capacidade de olhar para uma dessas obras e de sentir a expressão delas pelo olhar”.

Em resposta a esse questionamento feito pela visitante, o curador afirmou que a obra de Caramello acaba refletindo muito sobre seu próprio corpo. “Uma possibilidade de leitura do trabalho dele, sobretudo sobre esse aspecto mais afetivo e emotivo, é de que teria algo de autobiográfico. Acaba que o próprio corpo do Giovani serve de referência para essas figuras”.

A exposição, que já passou por Curitiba, fica em cartaz em São Paulo até o dia 18 de fevereiro. Depois, ela segue para uma temporada em Recife. A mostra Hiper-realismo no Brasil, de Giovani Caramello é gratuita. Mais informações sobre ela podem ser obtidas no site da Caixa Cultural.