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Museu paulistano completa 50 anos com mostras, palestras e concertos

Uma homenagem de um marido em luto para a falecida esposa. Foi assim que nasceu a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano. Era março de 1974, dois anos após a morte de Maria Luisa, quando o engenheiro paulistano Oscar Americano de Caldas Filho (1908-1974) decidiu transformar a casa da família, na Avenida Morumbi, zona sul paulistana, em um espaço de lazer e cultura. 

Oscar Americano era um conhecido engenheiro de grandes obras no país e proprietário da Companhia Brasileira de Projetos e Obras (CBPO). “Oscar Americano foi um dos grandes responsáveis pelo crescimento e urbanização da cidade [de São Paulo], especialmente da região do Morumbi”, disse Luiz Ventura, diretor administrativo e financeiro da fundação. Já Maria Luisa Ferraz Americano de Caldas (1917-1972) era mecenas, uma patrocinadora de artistas.

“Essa transição de uma casa para museu vem de uma ideia do Oscar Americano para homenagear Maria Luisa. Os dois morrem jovens: ela com 54 e ele com 66 anos, em um intervalo de dois anos entre a morte de um e outro. Durante o luto, ele teve essa ideia de fazer reformas [na casa] e deixar um fundo de dinheiro pra cuidar desses primeiros anos de expansão do acervo e foi assim que se organizou essa homenagem. O acervo começa com essa ideia da casa, do parque e da coleção do casal sendo doados para que outras pessoas pudessem prestigiar e acessar um pouco da visão e do cotidiano deles”, explicou Gloria Maria dos Santos, educadora da fundação.

Foi assim que a casa modernista onde o casal viveu, projetada pelo famoso engenheiro-arquiteto Oswaldo Arthur Bratke (1907-1997) e rodeada por um vasto parque com paisagismo de Octavio Augusto Teixeira Mendes (1907-1988), foi doada à cidade de São Paulo, junto com uma vasta coleção de obras de arte. Vizinha do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, a fundação foi tombada em 2018 pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). Antes disso, a fundação já havia sido declarada de utilidade pública pelo governo de São Paulo.

Neta do Oscar e Maria Luisa, Patrícia Americano Vidigal Simón, conselheira da fundação, não conheceu os avós, mas mesmo assim, diz que o espaço tem um significado muito especial para ela. “Aqui sempre foi uma referência da minha família, mostrando como eles viviam. Sempre tive curiosidade de entender como é que era essa dinâmica familiar, mesmo porque a minha mãe era a mais nova da família, a filha temporã. A história que eu escuto é que ela teve um cômodo adaptado para ela”, contou ela à Agência Brasil.

“Infelizmente não os conheci [os avós]. Queria muito ter vivido aqui nessa casa, enquanto ela era casa, mas fui saber mais sobre ela com a minha participação na fundação”, acrescentou.

Hoje, o endereço onde o casal Oscar Americano e Maria Luisa viveu por 20 anos com os cinco filhos é um espaço cultural e arquitetônico formado por uma casa-museu, um parque com espécies nativas da Mata Atlântica e uma vasta programação cultural, que inclui os tradicionais domingos com concerto musical no auditório da casa e encontros literários. “O que a família almeja é que permaneça esse legado dos meus avós no sentido da cultura, da música, da arte e do parque. A fundação precisa ser um parque artístico e cultural”, reforçou Patrícia.

Fundação completa 50 anos com mostras dedicadas aos 500 anos de Camões e 200 anos da primeira Constituição brasileira. Foto: Júlio Acevedo

Acervo

Entre 1974, ano em que foi instituída a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, e 1980, quando a sede foi aberta ao público, a casa sofreu adaptações para permitir a distribuição organizada do acervo para visitação.

A coleção inicial teve como base os objetos de arte pertencentes à família, composto por pinturas, esculturas, porcelanas, pratas e mobiliário. Ao longo do tempo, novas peças foram sendo incluídas ao vasto acervo, que abriga objetos que ajudam a compor um retrato do país. “Todas as peças aqui conversam com a história do Brasil”, explicou Luís Henrique Rodrigues, educador da fundação.

O acervo é constituído, por exemplo, por mobiliários, pratarias, arte sacra e pinturas do artista holandês Frans Post, que ajudam a contar o período do Brasil Colônia; até louças, comendas, cartas e adereços do Brasil Império. “A nossa coleção Imperial, possivelmente, está entre as três coleções mais importantes do Brasil junto ao Museu Imperial [em Petropólis-RJ] e o Museu Mariano Procópio [em Juiz de Fora-MG]”, conta Eduardo Monteiro, diretor cultural da Fundação.

Há no acervo também muitas obras representativas do Modernismo brasileiro, com pinturas e esculturas de Di Cavalcanti, Cândido Portinari, Lasar Segall e Victor Brecheret.

“A narrativa que a gente tende a seguir é essa que conta 400 anos de Brasil. Então a gente pensa a representação do Brasil colonial, Brasil imperial e também de artistas modernos. Nesse caráter de coleção do modernismo ainda entram a casa e o parque”, esclareceu Gloria Maria dos Santos. “Quando a gente está lidando com um acervo que passa tanto pelo [período] colonial e pelo imperial, [precisamos] justamente entender que eram tempos diferentes. Agora, quando já temos um outro olhar, podemos ir revisitando essas obras”, disse a monitora.

Celebrações

Os 50 anos da fundação, completados neste mês de março, vai ser celebrado com programação diversa. A agenda prevê palestras sobre a história do Brasil, encontros literários, concertos musicais, exposições e até chá com membros da Academia Paulista de Letras (APL).

Em abril, por exemplo, um evento literário vai falar sobre os 500 anos de nascimento do poeta e dramaturgo Luís de Camões (nascimento estimado em 1524 e morte em 1580), destacando uma peça do acervo da fundação: uma cópia do livro Os Lusíadas que foi feita especialmente para homenagear Dom Pedro II.

Haverá também homenagens aos 80 anos de nascimento do poeta brasileiro Paulo Leminski (1944-1989) e aos 200 anos da primeira Constituição brasileira, de 1824. Para a celebração da Constituição, por exemplo, a fundação vai destacar um exemplar do seu acervo: um estojo contendo uma miniatura da Constituição Imperial, outorgada por D. Pedro I.

A Constituição de 1824 foi a de duração mais longa do país, num total de 65 anos. A Carta continha 179 artigos e é considerada pelos historiadores como uma imposição do imperador. Entre as principais medidas dessa Constituição estava o fortalecimento do poder pessoal de Dom Pedro, com a criação do Poder Moderador, que estava acima dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Medalha-estojo da Constituição Imperial outorgada por d. Pedro em 1824. Foto – Acervo Fundação Maria Luisa e Oscar Americano

“Temos esse exemplar, em miniatura, da Constituição de 1824. Vamos fazer uma mostra para expor essa peça no hall de entrada porque ela é uma peça única. É incrível que está tudo escrito ali, em papel. É uma medalha-estojo, com a Constituição ali dentro”, disse Monteiro.

A instituição também está se preparando para os 200 anos de nascimento de Dom Pedro II, que serão completados em 2025. Para isso ela vai realizar uma série de palestras sobre a história do Brasil, que vão culminar com uma exposição sobre Dom Pedro II, a partir de novembro.

A Fundação Maria Luisa e Oscar Americano tem entrada gratuita às terças-feiras. Mais informações podem ser obtidas no site da instituição

Seis anos após assassinato, instituto mantém legado de Marielle vivo

Após a noite de 14 de março de 2018, a família da vereadora assassinada Marielle Franco se viu envolvida por uma junção de sentimento: a dor, o luto, a indignação que – até hoje – serve como combustível para a busca por justiça, e a necessidade de não deixar morrer a luta da ativista por uma sociedade melhor.

A comoção causada pelos assassinatos de Marielle e do motorista Anderson Gomes, por si só, potencializou em todo o país o nome da carioca negra, bissexual e criada na favela da Maré.

Advogada Marinete da Silva, mãe de Marielle – Tomaz Silva/Agência Brasil

Mas era preciso institucionalizar toda a comoção e os sentimentos vivenciados pela família de Marielle. Assim nasceu o Instituto Marielle Franco.

“O instituto traz esse resgate da história. A resposta tem que ser dada para mim, enquanto mãe e para a família. O mundo inteiro quer saber quem e por que mandaram matar Marielle”, disse à Agência Brasil Marinete da Silva, mãe da vereadora e conselheira fundadora do Instituto Marielle Franco.

“Quem mandou matar Marielle mal podia imaginar que ela era semente, e que milhões de marielles em todo mundo se levantariam no dia seguinte”, diz o instituto em seu site.

A organização da sociedade civil é financiada por meio de patrocinadores e também recebe doações de pessoas físicas. As principais atuações são a cobrança por justiça, a defesa da memória de Marielle – tão atacada por notícias falsas, e a personificação do legado político, atraindo e estimulando novas lideranças periféricas, principalmente mulheres negras e faveladas.

“É esse o papel do instituto, trazer essa mulher para essa centralidade, dizer o quanto é importante ocupar. A mulher tem que estar onde ela quiser, e a Marielle traz isso, com esse recorte da periferia”, explica Marinete.

Inspiração

Até 2022, o Instituto Marielle foi dirigido pela irmã da vereadora, Anielle Franco. Ao ser nomeada ministra da Igualdade Racial do governo Lula, em 2023, o cargo foi ocupado por Lígia Batista. A também mulher negra e periférica conhecia Marielle desde antes de ela se tornar vereadora. A defesa dos direitos humanos foi o que uniu as duas. Lígia trabalhava com o tema na organização não governamental (ONG) Anistia Internacional Brasil.

“Ver Marielle falar para as pessoas, como ela conseguia romper bolhas, conseguia comunicar as suas causas foi algo definitivamente muito inspirador pra mim. Sou muito feliz por ter tido a oportunidade de conhecer a Mari ainda em vida”, conta Lígia.

Lígia crê que ao defender a memória e semear os ideais de Marielle, o instituto consegue mudar realidades no país.

“A gente acredita na possibilidade de criar futuros para que pessoas como Marielle possam não só acessar, mas também permanecer em espaços de poder e tomada de decisão e, efetivamente, conseguir transformar a nossa democracia e, de fato, seguir lutando por justiça, dignidade e bem viver para todo mundo”.

Diretora-executiva do Instituto Marielle Franco, Ligia Batista – Tomaz Silva/Agência Brasil

O instituto é um catalisador de ações como cursos de formação em direitos humanos, organização de seminários e proposição de articulação entre outras organizações da sociedade civil e coletivos, notadamente de populações periféricas e minorias representativas, como negros e a comunidade LGBTQIA+.

“É fundamental poder inspirar as novas gerações a entender como nossa vida é atravessada pelas desigualdades de gênero, de raça, de classe, mas também se entender enquanto um ator protagonista nesse processo, porque a gente sabe que as estruturas políticas não têm servido aos nossos propósitos de vida. Então é fundamental a gente seguir inspirando, fortalecendo, formando novas gerações de lideranças políticas para que elas consigam, junto com a gente, transformar essas estruturas de poder”, descreve Lígia à Agência Brasil.

Rede de sementes

O logotipo do Instituto Marielle é a representação de sementes. Uma simbologia que remete a um dos verbos mais conjugados pela iniciativa: semear, ou seja, criar consciência social em jovens periféricos.

Uma integrante da rede de sementes é a professora de cursinho pré-vestibular comunitário Raquel Marte, de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Formada em letras e cursando atualmente produção cultural, foi no instituto que teve mais contato com cursos e articulações em prol da defesa dos direitos humanos.

“Eu tive esse tipo de conteúdo na faculdade. Mas boa parte das participantes [da rede de sementes] são pessoas do povo, pessoas de pouca instrução e, por meio do instituto, elas têm acesso também a conhecer os seus direitos de cidadãos. Por meio do acesso a informações corretas é que a gente pode fazer qualquer tipo de mudança na sociedade civil”, diz Raquel, acrescentando que o conhecimento é uma espécie de antídoto para campanhas de desinformação e fake news.

Professora de cursinho pré-vestibular comunitário Raquel Marte – Tomaz Silva/Agência Brasil

Agenda Marielle

O instituto busca também ter diálogo com outra ponta do processo político: os representantes eleitos. Por meio da Agenda Marielle – um conjunto de pautas e práticas antirracistas, antiLGBTfóbicas, feministas e populares – há uma busca por articulações que funcionam como uma espécie de cobrança por ações políticas.

“Essa relação se dá, fundamentalmente, a partir de uma provocação que a gente faz, tanto para candidaturas, mas também para aquelas que são eleitas, para que se comprometam com as nossas pautas e as nossas práticas. A gente convoca as candidaturas progressistas, candidaturas que se inspiram nesse símbolo de luta que a Marielle se tornou, a assinarem e defenderem essa agenda durante a sua atuação enquanto parlamentares. Acho que esse é um caminho que a gente tem explorado que é bem potente”, conta Lígia.

Para o professor de ciência política João Feres, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o diálogo com parlamentares precisa atingir um maior espectro político para ter mais resultado.

“As organizações da sociedade civil têm investido muito nas relações com o Legislativo, atividade muito difícil de executar, mas de suma importância. Os donos do capital têm recursos abundantes para contratar escritórios de lobby que se dedicam a esse trabalho diuturnamente. Já as organizações, para competir, precisam promover a profissionalização dessa atividade, algo que não é barato. A questão é que não basta estreitar contatos com políticos já alinhados, é preciso exercer pressão sobre aqueles que se encontram nas bordas do tema, por assim dizer, isto é, os que não têm interesses muitos intensos contrários à agenda e que poderiam ser ‘ganhos’ para a causa”, avalia.

Violência Política

Apesar do entusiasmo pela participação política, Lígia ressalta que o maior desafio do instituto atualmente está justamente na representação política. Mas especificamente na violência política.

“O maior desafio é justamente o quanto a violência política não só afasta as pessoas de quererem disputar a política institucional, mas também o quanto a violência política de quem está lá dentro, de quem vive esse dia a dia, acaba minando possibilidade de construção de outros mundos possíveis”, aponta.

“Para nós, o combate à violência política de gênero e raça é fundamental porque esse fenômeno atravessa muito a vida de mulheres negras, pessoas LGBT, pessoas de favela e periferia. A gente acha que o fim da violência política vai fortalecer a democracia brasileira”, complementa.

Sociedade civil

Fotobiografia conta trajetória de Marielle Franco – Fernando Frazão/Agência Brasil

O Instituto Marielle é mais uma organização no arco de movimentos da sociedade civil que busca levar protagonismo para cidadãos.

“Sem participação não há cidadania, sem participação não se realiza o jogo de forças necessário para criar, implementar medidas, monitorar e exigir a realização das responsabilidades dos Estados nacionais em matéria de direitos humanos, sociais, culturais, políticos”, disse à Agência Brasil a diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck.

“Marielle era fruto dos movimentos de mulheres negras e, em sua geração, deixou sua contribuição para amplificar as vozes das populações historicamente silenciadas”.

Jurema entende que a luta por justiça para Anderson e Marielle vai além de uma resposta a um crime específico.

“Diz respeito, sobretudo, a garantir que mortes brutais como a dela e de Anderson não se repitam – como já tem se repetido – em completa impunidade em todo o Brasil”.

A diretora da Anistia Internacional Brasil acredita que o assassinato da ativista serviu como um potencializador do alcance de Marielle.

“O ativismo de Marielle como mulher, negra, bissexual, mãe, sempre foi algo inspirador, com muita potência. Após o assassinato, somamos toda essa trajetória ao desejo de justiça para continuarmos a luta que é não só a defesa dos direitos humanos, mas também dos defensores e defensoras de direitos nesse país” avalia.

Na avaliação do professor da Uerj João Feres atuações de instituições da sociedade civil como o Instituto Marielle conseguiram “uma transformação cultural no Brasil sem precedentes, que é colocar a desigualdade racial e de gênero como pauta de grande importância”.

“Essa transformação cultural se deu em conjunto com as instituições públicas e privadas cada vez mais sensíveis a essa pauta” destaca. Para o cientista político, isso só foi concretizado durante anos de governos progressistas, mais abertos à participação da sociedade civil do que os governos de direita.

“O Instituto Marielle surge em uma fase 2.0 dessa luta, por assim dizer. É notável o fato de que tenha surgido e ganhado força no contexto nada propício de extrema direita do [ex-presidente Jair] Bolsonaro”, considera Feres.

Março por justiça

Estátua da ex-vereadora Marielle Franco, no Buraco do Lume, centro da cidade – Fernando Frazão/Agência Brasil

O Instituto Marielle organiza e divulga diversas ações (inclusive organizadas por terceiros) previstas para o marco de 6 anos do assassinato de Anderson e da vereadora. Na manhã desta quinta-feira (14) haverá uma missa na Igreja Nossa Senhora do Parto, no centro do Rio de Janeiro.

O local é emblemático, pois fica a poucos metros do Buraco do Lume, uma praça pública em que Marielle costumava fazer discursos. Inclusive, atualmente há uma estátua da vereadora na praça.

Às 17h começará o Festival Justiça Por Marielle & Anderson, na Praça Mauá, também no centro do Rio. A atração será de graça e contará com apresentações artísticas e exposições com obras em homenagem à Marielle.

O crime

Marielle Franco e Anderson Gomes foram mortos em uma noite de terça-feira. Ela tinha saído de um encontro no Instituto Casa das Pretas, no centro do Rio. O carro dela foi perseguido pelos criminosos até o bairro do Estácio, que faz ligação com a zona norte carioca. Investigações e uma delação premiada apontam o ex-policial militar (PM) Ronnie Lessa como autor dos disparos. Treze tiros atingiram o veículo.

Lessa está preso, inclusive tendo já sido condenado por contrabando de peças e acessórios de armas de fogo. O autor da delação premiada é o também ex-PM Élcio Queiroz, que dirigia o Cobalt usado no crime.

Outro suspeito de envolvimento preso é o ex-bombeiro Maxwell Simões Correia, conhecido como Suel. Seria dele a responsabilidade de entregar o Cobalt usado por Lessa para desmanche. Segundo investigações, todos têm envolvimento com milícias.

No fim de fevereiro, a polícia prendeu Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha. Ele é o dono do ferro-velho acusado de fazer o desmanche e o descarte do veículo usado no assassinato. O homem já havia sido denunciado pelo Ministério Público em agosto de 2023. Ele é acusado de impedir e atrapalhar investigações.

Apesar das prisões, seis anos após o crime ninguém foi condenado. Desde 2023, a investigação iniciada pela polícia do Rio de Janeiro está sendo conduzida pela Polícia Federal.

Museu do Jardim Botânico destaca papel da ciência ante crise ecológica

O Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) abre nesta sexta-feira (8), às 10h, um novo espaço cultural, com entrada gratuita para o público e classificação livre. Trata-se do Museu do Jardim Botânico, que funcionará no casarão do início do século 20, com entrada pela Rua Jardim Botânico, 1008, no bairro do mesmo nome, e que recebeu investimento de R$ 12 milhões da Shell para revitalização.

O Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) será responsável pela gestão do museu, que funcionará de quinta a terça-feira, das 10h às 17h, com a última entrada às 16h. Os ingressos podem ser retirados pelo site Botanical Garden RJ – Tickets. O museu conta com 14 salas no total, sendo 12 expositivas. 

O presidente do Jardim Botânico, Sérgio Besserman, disse nesta terça-feira (5) à Agência Brasil que o novo museu mostra a ciência que a instituição faz, “a importância da ciência feita no JB para conservação e restauração da natureza do Brasil, das florestas principalmente, de todos os biomas; e também um pouco da história do Jardim”. 

Fundado em 13 de junho de 1808, o JB surgiu de decisão do então príncipe regente português, D. João de Bragança, de instalar no local uma fábrica de pólvora e um jardim para aclimatação de espécies vegetais originárias de outras partes do mundo. Atualmente é o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, órgão federal vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e considerado um dos mais importantes centros de pesquisa mundiais nas áreas de botânica e conservação da biodiversidade.

Cheiros da natureza brasileira no Museu do Jardim Botânico, na zona sul da capital fluminense – Tomaz Silva/Agência Brasil

Relevância

Besserman informou que não se mostrará somente o ferramental tecnológico, mas também a relevância da ciência para enfrentar a crise ecológica e apoiar o combate à crise de biodiversidade no Brasil. “Há uma participação muito intensa dos cientistas do JB. Cada peça das exposições permanentes de cada sala, tudo foi feito com participação muito direta e intensa dos próprios cientistas do equipamento, junto com a museologia do IDG”.

Segundo Besseraman, o novo museu reforça o lema do Jardim Botânico: “Muito mais que um jardim: ciência, ensino e história”. 

As políticas públicas e ações assertivas desenvolvidas pelo JB para conhecimento e conservação da flora brasileira ao longo de mais de 200 anos de história serão compartilhadas com o público, revelando detalhes das expedições de campo, do trabalho dos botânicos, da pesquisa científica aplicada à conservação da biodiversidade e as atividades dos laboratórios.

“Há salas mostrando pesquisas avançadas de biologia molecular para identificar origem e até localização de madeira, o que ajuda a combater o desmatamento ilegal”, acrescentou Besserman. Além das exposições permanentes, o museu terá conteúdos interativos e ampla programação educativa e cultural. 

Logo na entrada do museu, os visitantes conhecerão uma exposição de longa duração, concebida em colaboração com um comitê de funcionários e pesquisadores do Jardim Botânico, que traz a essência do novo equipamento cultural e científico por meio de mais de dez experiências.

Um dos destaques é a obra Sumaúma: Copa, Casa, Cosmos, filme de Estevão Ciavatta, com narração de Regina Casé, que promove uma imersão virtual na sumaúma (Ceiba pentandra), árvore amazônica presente na coleção viva do instituto e carregada de simbolismos. Para muitos povos, a sumaúma é o lar de entidades divinas ou mesmo um portal que leva a diferentes mundos.

Obra Sumaúma: Copa, Casa, Cosmos, no Museu do Jardim Botânico – Tomaz Silva/Agência Brasil

Indígenas

O espaço apresenta instalações do artista e ativista dos direitos indígenas Denilson Baniwa, além da exposição temporária Mbae Kaá, o que tem na mata: Barbosa Rodrigues entre plantas e pajés.

O trabalho é do ex-presidente do JBRJ João Barbosa Rodrigues e mostra que, enquanto a ciência ocidental dá nome às plantas pelo sistema do naturalista sueco Charles Linneo, os indígenas tupis-guaranis as denominavam por alguma característica apresentada, como planta com mancha amarela, planta com espinho grande, por exemplo. “É sempre alguma coisa relativa à planta. Essa exposição ficará por alguns meses no museu e depois será substituída por outra, também temporária”, informou Besserman. Segundo ele, as exposições permanentes serão atualizadas e modificadas, mas ficarão sempre abertas ao público.

Obra de Denilson Baniwa no Museu do Jardim Botânico -Tomaz Silva/Agência Brasil

Fazem parte ainda do museu uma sala de leitura, com diversos livros e versões digitais de obras raras do acervo da Biblioteca Barbosa Rodrigues do Jardim Botânico, que poderão ser folheados em telas táteis; uma sala multiuso para encontros, palestras e eventos e uma ampla programação educativa e cultural.

Na avaliação de Besserman, o novo equipamento é uma iniciativa boa para o Rio de Janeiro, “para valorizar a ciência em geral, assim como o conhecimento dos povos tradicionais, e um novo espaço cultural importante para o país”.

Patrocínio

Há mais de 110 anos no país, a Shell é uma empresa de energia integrada com participação em upstream (exploração e produção de petróleo), no novo mercado de gás natural, pesquisa e desenvolvimento e energias renováveis, entre outras áreas. A empresa é a patrocinadora master do Museu do Jardim Botânico.

O Instituto de Desenvolvimento e Gestão é uma organização sem fins lucrativos especializada na gestão de centros culturais públicos e programas ambientais, que também presta consultoria para empresas privadas e atua na execução, desenvolvimento e implementação de projetos culturais e ambientais.

Atualmente o IDG é responsável pela gestão dos museus do Amanhã e do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro; do Paço do Frevo, no Recife; do Museu das Favelas, em São Paulo; e é gestor operacional do Fundo da Mata Atlântica, além de realizador das ações de conservação e consolidação do sítio arqueológico do Cais do Valongo, na região portuária do Rio. Também foi responsável pela implementação da museografia do Memorial às Vítimas do Holocausto, no Rio.

Governo muda regras de planos de previdência privada; entenda

O governo federal alterou as regulamentações de planos de previdência privada, para tornar esse tipo de investimento mais atrativo para os poupadores.

As atualizações das normas são do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), órgão ligado ao Ministério da Fazenda. De acordo com reguladores e agentes da indústria de previdência privada, haverá mais concorrência no mercado e mais opções de recebimento de renda para os investidores.

“O consumidor está no centro da nova disciplina jurídica, podendo escolher adequadamente e tomar a sua melhor decisão de investir”, avalia o superintendente de Seguros Privados (Susep), Alessandro Octaviani.

As mudanças estão descritas em duas resoluções do CNSP editadas em 19 de fevereiro. A número 463/2024 é direcionada aos chamados Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL); e a 464/2024, relacionada ao Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL).

As alterações ocorrem quando os planos completam 25 anos de criação e foram decididas após consulta pública ao longo de 2022, em processo de debate com a sociedade civil e participantes do setor.

De acordo com o CNSP, os planos de previdência privada contam com cerca de R$ 1,4 trilhão em investimentos. As mudanças trazidas pelas resoluções valem apenas para novas adesões.

Entenda as mudanças

Os produtos VGBL e PGBL são planos de previdência privada com característica de acumulação, ou seja, há um período de composição do investimento que será, no futuro, revertido em renda.

A principal diferença entre os dois está no tratamento tributário. Em ambos, o imposto de renda (IR) incide apenas no momento do resgate ou recebimento da renda. No VGBL, o IR incide apenas sobre os rendimentos; no PGBL, sobre o valor total a ser resgatado ou recebido sob a forma de renda.

Inclusão automática

Uma das principais mudanças impostas pelas resoluções é a determinação de que os planos instituídos, ou seja, aqueles que preveem contribuição por parte dos patrocinadores, estabeleçam cláusula de adesão automática de participantes.

Por exemplo, quando uma pessoa é contratada por uma empresa que oferece planos de previdência aos empregados, ela será automaticamente incluída no plano. Antes, era preciso que o novo funcionário manifestasse interesse em aderir ao plano.

Dentro de um determinado período que ainda será regulamentado pela Susep, esse trabalhador poderá decidir se quer manter a adesão ou sair do plano de previdência. Enquanto isso, a empresa fará os aportes normalmente, sem acarretar qualquer custo ao empregado.

“O participante deverá receber sempre as informações e o suporte para a tomada de decisão mais adequada à sua realidade e necessidades”, explica a coordenadora-geral de Regulação de Seguros Massificados, Pessoas e Previdência da Susep, Adriana Hennig.

Adequação

Outra mudança importante é a responsabilidade que as seguradoras devem ter com o suitability – termo em inglês que se refere ao ajustamento entre o perfil dos participantes e o tipo de investimento. Quando notar um desajuste, a empresa responsável pelo plano deverá alertar o poupador.

Por exemplo, se uma pessoa de idade avançada se aproxima do momento de receber os benefícios, a seguradora deve aconselhar o participante sobre a conveniência de reduzir o risco das aplicações.

Em outras palavras, pessoas que estão perto de se aposentar são orientadas a ter mais renda fixa (CDBs, Tesouro Direto) que renda variável (ações, fundos imobiliários) na carteira de previdência.

Tempo de decisão

A hora de escolher como se dará a forma de usufruir dos benefícios também é uma novidade das resoluções 463/2024 e 464/2024.

Anteriormente, a escolha acontecia quando o participante aderia ao plano. Isso causava situações, por exemplo, de uma pessoa de 20 anos ter que escolher como receberia os valores ao completar 65 anos.

Com a mudança, a decisão pode ser tomada apenas quando o participante estiver se aproximando do período de fruição dos recursos acumulados.

Juros correntes

Ainda sobre a forma de receber o benefício, os participantes poderão, a partir das novas regras, usar no cálculo da renda recorrente juros mais coerentes com os que estiverem sendo praticados pelo mercado no momento dos desembolsos. Independentemente de serem mais altos ou baixos que no momento da adesão, serão condizentes com a situação econômica no período do recebimento da renda.

“Isso torna o produto mais vantajoso, do ponto de vista econômico, trazendo um grande benefício para os consumidores e também para o mercado segurador”, considera Adriana Hennig.

Tipos de renda

Outra grande mudança é mais liberdade para os participantes escolherem a forma que receberão a renda. Antes havia a escolha se seria o recebimento de todo o valor acumulado de uma única vez, ou de forma mensal por um período específico, ou de forma vitalícia (todos os planos são obrigados a oferecer essa opção).

Agora, o poupador poderá fazer a escolha pouco tempo antes da fruição e, inclusive, fazendo uma combinação de formas. Por exemplo, escolher parte do acumulado em renda mensal por um determinado período, e outra parte de forma vitalícia.

“A renda deverá ter no mínimo um período de pagamento de cinco anos a fim de preservar o caráter previdenciário do produto”, aponta a coordenadora da Susep.

As mudanças implicam ainda receber mesmo enquanto estiver no período de acumulação. Ou até suspender a acumulação por um tempo enquanto recebe a renda e depois voltar a fazer aportes. Além disso, em caso de renda mensal, o valor não precisa ser linear. Pode, por exemplo, ser maior em um primeiro momento.

É importante ter em mente que todas as opções serão calculadas com base no montante acumulado pelos investidores. Uma modalidade de fruição vitalícia terá, evidentemente, valores mensais menores que uma estipulada para o prazo de 5 anos.

Com a possibilidade de portabilidade, os participantes poderão comparar entre as seguradoras as melhores condições para receber o valor acumulado, de forma que, se encontrar propostas interessantes em algum concorrente, pode migrar parte do acumulado e receber rendas de duas seguradoras ao mesmo tempo. Isso pode acontecer mesmo que ele já tenha contratado uma forma de renda com uma primeira seguradora.

A confrontação entre as empresas é uma forma de abrir o mercado de previdência privada a mais concorrência, o que pode resultar em menos custos e mais vantagens para os participantes de planos.

“O aumento da concorrência é extremamente saudável, principalmente quando estamos tratando de um mercado de sobrevivência bastante concentrado, em que 80% das provisões estão concentrados em quatro seguradoras”, observa Adriana Hennig.

Joaquim Gomes, especialista da RJ+ Investimentos, considera que o conjunto de mudanças, incluindo a modernização do processo de contratação de renda, “traz maior clareza aos participantes dos planos a respeito de sua liberdade para definir a empresa que deseja contratar a renda, ou seja, isso melhora a competitividade dada a maior capacidade de comparação que o investidor teria”.

Brecha tributária

As resoluções do CNSP incluem ainda uma regra para evitar brechas tributárias para famílias de super-ricos, o que desvirtuaria a finalidade do plano de previdência privada.

Com a nova regra, um segurado não poderá manter mais que R$ 5 milhões em um plano VGBL quando ele e seus familiares detiverem mais que 75% das cotas do fundo de investimento atrelado ao plano.

“Sem essa restrição, planos poderiam ser utilizados como forma de violar o princípio da isonomia tributária que a lei pretendeu garantir”, afirma a Susep.

Segundo Joaquim Gomes, é uma movimentação do governo para barrar uma estratégia de super-ricos em busca de brecha tributária, após a taxação dos chamados fundos exclusivos.

“Para evitar que investidores façam esse movimento, o governo já se antecipou”, diz.

Livro de fotógrafo sobre crianças na Amazônia chega de graça a escolas

Na aldeia dos Kamayurá, no Mato Grosso, Raoni, de 8 anos, faz uma cambalhota e mergulha na Ipavu, a lagoa sagrada. Em Periquitaquara, no Pará, Pedro, de 12, diverte-se ao subir no açaizeiro e ao observar a floresta encantada. Já Franciele, de 10, em Xapuri, no Acre, equilibra-se nos troncos e cipós imaginando-se atleta nas Olimpíadas.  

As diversões, os sonhos e as histórias de 15 crianças de seis estados da Região Norte descortinam uma paisagem de inocência e das raízes culturais no livro Amazônia das Crianças, do fotógrafo Araquém Alcântara. O trabalho está disponível pela internet e também para instituições, que podem pedir o livro impresso de forma gratuita.

Confira aqui o livro. As imagens de Araquém Alcântara – que tem mais de 60 livros publicados sobre meio ambiente – é acompanhada por textos do jornalista Morris Kachani, do educador ambiental Zysman Neiman e ilustrações do artista Angelo Abu.

Para inspirar

O trabalho está dividido em dois volumes. Segundo explica o patrocinador da pesquisa, no primeiro livro, crianças indígenas, ribeirinhas, extrativistas, quilombolas e urbanas narram as histórias. No segundo volume, as experiências são acompanhadas de contextos históricos, sociais, econômicos e ecológicos.

A proposta é inspirar os professores da educação infantil a trabalhar esses temas em sala de aula a fim de sensibilizar para a preservação da maior floresta do mundo e para o cuidado com os moradores da região.

Segundo o que foi divulgado, o trabalho é voltado particularmente para educação infantil e, por isso, pode ser solicitado por escolas (públicas ou privadas), organizações não-governamentais e bibliotecas. O patrocinador do trabalho, o C6 Bank, disponibilizou o livro para ser baixado gratuitamente com um guia de utilização para professores.

O livro e o guia também estão disponíveis em pdf, ePub para Kindle e Google Play Livros.

Para solicitar o kit impresso sem custo, as instituições devem preencher um formulário no site do patrocinador. “Cada kit contém um exemplar do livro Amazônia das Crianças e um do Guia de navegação”, divulgou o patrocinador.

Livro pode ser solicitado por escolas públicas e particulares, gratuitamente – Araquém Alcântra/Divulgação

Para comunidades

O banco patrocinador garante que cerca de 2 mil livros serão distribuídos a escolas públicas, incluindo escolas das comunidades envolvidas no projeto, que receberão a nova publicação de Araquém e um acervo com 120 outros títulos. Estão previstos ainda encontros de formação de mediação de leitura nas comunidades representadas na obra.

A chegada do livro pode ser uma emoção diferente para Samuel, de 11 anos, morador de Manaus (AM). “Adoro minha escola. Principalmente a biblioteca. Lá tem livros que eu amo. Um deles é de fotos da floresta. Fico besta com aquele tanto de verde e de rios bonitos. As fotos me fazem sonhar”, escreveu. O menino sonhador vai poder ler o livro em que ele é protagonista.

Cacique e Bafo: a rivalidade que fez história no carnaval do Rio

 

Uma rivalidade marcou durante muitos anos o carnaval do Rio. Os desfiles dos blocos de embalo Bafo da Onça e Cacique de Ramos atraíam multidões e, não raro, pequenas brigas se espalhavam nas ruas do centro da cidade. A concentração de tantos foliões foi o que levou à rivalidade entre os dois. Cada um queria ser maior que o outro. Atualmente essa disputa já não existe e os dois podem aproveitar o carnaval.

Quando o Cacique foi criado em 1961, no bairro de Ramos, na zona norte do Rio, o Bafo da Onça já existia. Foi fundado em 1956 em um botequim do bairro do Catumbi, na região central da cidade. E foi ali que Sebastião Maria, conhecido como Tião Carpinteiro, deu nome ao bloco. Antes disso, durante o carnaval, ele costumava desfilar fantasiado de onça-pintada.

Blocos de rua tradicionais, como Cacique de Ramos e Bafo da Onça desfilam pelo centro do Rio. Foto: Vladimir Platonow/Agência Brasil

“Seu Tião Maria dizia que, para ele, o carnaval começava logo depois da festa dos Santos Reis, dia 6 de janeiro, então, abria o período carnavalesco. Os amigos do Seu Tião frequentadores do mesmo botequim resolveram fundar um bloco. Ele era conhecido como Seu Tião do Bafo da Onça, porque diziam que gostava de tomar, na época do carnaval, uma cachaça mais forte e ficava com aquele bafo ”, contou à  Agência Brasil o professor de história e escritor, Luiz Antônio Simas.

“A característica deste bloco era basicamente estar ligado ao bairro, desfilava pelas ruas do Catumbi, todos vestidos de onça pintada e foi um bloco tão impactante que de certa maneira inspirou a fundação, alguns anos depois do Cacique de Ramos e o bafo começa a ser uma grande atração do carnaval do Rio de Janeiro”, completou.

Se o número grande de foliões era comum aos dois grupos, as características eram próprias. Enquanto no Cacique a fantasia de indígena, inicialmente confeccionada em napa, uma espécie de couro, cobria o corpo dos integrantes, no Bafo os figurinos eram variados, desde que respeitassem as cores do bloco: o preto e o amarelo. Como o Tião Carpinteiro, muitos usavam as fantasias e também pintavam o rosto para parecer uma onça.

“Tinha uma disputa ferrenha com o Cacique de Ramos. Ou você era Bafo ou era Cacique, e isso tinha muito a ver com a história do carnaval de rua do Rio, e muito a ver com essa mítica de disputa”, afirmou Rita Fernandes, presidente da Associação Independente de Blocos de Rua do Rio (Sebastiana) à Agência Brasil.

Outra característica das duas instituições foram diversos sambas compostos para cada um deles. Pelo Cacique um dos destaques é o Água Na Boca e pelo Bafo o OBA. O sucesso das músicas é tão grande que até hoje são cantadas inclusive por outros blocos.

Desfiles

Para satisfazer os seus foliões, como tem acontecido nos últimos anos, o Cacique de Ra,ps aproveita muito bem o carnaval e se apresenta no domingo, na segunda e na terça. Já o Bafo da Onça, em quantidade muito menor ao que já foi no passado, marca o encontro com os foliões para apenas o domingo. Parte do dinheiro para o desfile é conseguida com a venda de camisetas. A convocação dos componentes foi divulgada no perfil da instituição no Facebook e movimentou os fãs na rede social. O bloco usou no anúncio um verso do samba OBA: É o Bom ! É o Bom ! É o Bom !.

O samba foi gravado em 1962 pelo cantor e compositor Oswaldo Nunes autor de diversos sucessos do Bafo da Onça, que na época, animavam os foliões na Avenida Rio Branco, também no centro da cidade. O cantor foi a voz do bloco do início dos anos 60 até meados dos anos quando, por causa de uma briga com a diretoria da instituição, deixou a função que desempenhava com tanta alegria.

Se a quantidade de componentes é diferente entre os dois blocos, o local de apresentação é o mesmo. Antes era a Avenida Rio Branco, anteriormente chamada de Avenida Central. Agora é a Avenida Chile, as duas no centro do Rio. A escolha, no entanto, não é do Cacique e nem do Bafo, cabe a Riotur determinar o local atual onde também desfilam Blocos Afros e grupos de Frevos, além de outros blocos como Boêmios de Inhaúma e Pagodão de Madureira.

“O Bafo da Onça e o Cacique de Ramos foram as mais famosas instituições carnavalescas da cidade do Rio. Eram concorrentes tradicionalíssimos e atraíam multidões para os desfiles que em geral eram na Avenida Rio Branco. Portanto, eles foram importantíssimos e arrebatavam milhares de pessoas”, pontuou o historiador, jornalista e pesquisador de MPB, Ricardo Cravo Albin, em entrevista à Agência Brasil, destacando que os jornais davam em primeira página as matérias sobre os desfiles dos dois blocos.

Dificuldades

Atualmente, os dois se diferenciam pela condição financeira. O Cacique se mantém com shows na quadra, patrocínios e vendas de produtos como camisetas. O Bafo não consegue tantas fontes de renda e isso fica refletido nos desfiles que reúnem poucos admiradores em comparação ao que já foi no passado.

Rita Fernandes lamentou as dificuldades financeiras que levaram à redução do Bafo da Onça nos últimos dez anos. Para ela, os blocos precisam de ter fontes novas de renda para permanecerem com as suas atividades. “É lamentável que um bloco com tamanha importância para a história do carnaval e da cidade Rio , como é o caso do Bafo da Onça, não consiga sobreviver com cantores, artistas e sambistas que faziam parte do seu quadro, por falta de incentivo do poder público, que não ajuda, como é o caso também do Bola Preta que está precisando de ajuda”, apontou.

“Temos um problema no Rio e no Brasil em relação à preservação das memórias, daquilo que tem tradição, que tem raiz”, disse, acrescentando que além do poder público, o bloco conseguiu também a ajuda de marcas patrocinadoras, o que para ela, só ocorre atualmente para os blocos comerciais.

Para o professor Simas, o declínio do Bafo é decorrente do também declínio do bairro do Catumbi, que foi impactado por algumas reformas urbanas como a abertura do túnel Santa Bárbara e a criação do Viaduto 31 de março, que dividiu o Catumbi em dois. Apesar disso a instituição tem relevância no carnaval carioca. “O Bafo da Onça é um marco da história do carnaval de rua do Rio de Janeiro, desse espírito carnavalesco desses blocos de embalo”, concluiu.

Rio: número de foliões leva Marcha Nerd para Quinta da Boa Vista

Neste carnaval 2024, devido ao crescimento do número de seguidores, o Bloco Marcha Nerd está de casa nova. Depois de dez anos tendo como base a Praça Xavier de Brito, na Tijuca, zona norte do Rio, o novo lar é a Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na região central da capital fluminense.

A concentração de foliões será neste domingo (11), às 12h, na Rua Caminho da Vitória, próximo à área dos quiosques. O show começa às 13h.

O mestre de bateria e produtor da agremiação, Lucas Euphrásio, disse à Agência Brasil que o bloco Marcha Nerd faz um carnaval voltado para o público jovem de 20 a 30 anos de idade, “que gosta de seriado, de filme, de animação, uma porção de coisas que a gente assistia na nossa infância. E a gente pega essas músicas e transforma para uma versão de carnaval carioca, com samba, com ‘funk’, com afoxé, com coco. Mistura tudo”.

Um total de 35 pessoas fica em cima do palco, tocando e convidando os foliões a dançar. A banda tem instrumentos de percussão de uma bateria de escola de samba, com caixa, repique, surdo, tamborim, ganzá e, também instrumentos como guitarra baixo, além de dois cantores que são o Bruno e a Livia. “Nossos nerds que cantam e puxam os hinos das músicas que a gente faz”, apontou Euphrásio.

Como faz anualmente, o bloco realizará concurso de cosplay (pessoas que se fantasiam de determinados personagens, com acessórios e outros artigos).

O concurso presta homenagem aos que investem tempo e dinheiro na confecção de fantasias elaboradas para disputar os primeiros lugares. “Tem muita coisa japonesa mas, hoje em dia, você vê muita coisa brasileira, americana, de vários lugares”, informou o produtor do bloco. O concurso não é aberto a crianças, mas só a maiores de idade, esclareceu. Camisetas, adesivos e chaveiros do próprio bloco serão distribuídos aos vencedores, além de ‘kits’ disponibilizados por patrocinadores da agremiação.

Sambódromo do Rio completa 40 anos com evolução de desfiles

 

O Sambódromo do Rio completa 40 anos em 2024, e o palco de apresentação das escolas de samba tem muita história que revela a alma de sambistas. Antes da construção da Passarela do Samba, os componentes das escolas conviviam com incertezas até saber onde seria o local dos desfiles.

A estreia da disputa pelo campeonato foi na Praça Onze, no centro, em 1932. A escolha do local não foi por acaso. Lá se reunia a comunidade negra para fortalecer a cultura africana. Depois, nas diversas mudanças, os desfiles passaram pela Candelária, pelas avenidas Rio Branco, Presidente Vargas e Antônio Carlos, além da Rua Marquês de Sapucaí, onde está atualmente. Em comum, todos esses locais tinham o centro da cidade.

A escolha da área que receberia as agremiações ao longo dos anos não era o único problema. Superada essa etapa, ainda havia o transtorno de todo ano com a montagem das arquibancadas metálicas, acrescida da ansiedade para ver se seria concluída a tempo do carnaval. Outro fator em comum era o tumulto no trânsito já problemático da capital. Os motoristas precisavam ter paciência porque os trajetos eram alterados, e tudo só se resolvia quando, finalmente, as estruturas eram desmontadas.

Passarela definitiva

Vilma Nascimento diz que pediu ao governador Brizola um local definitivo para os desfiles – Lula Marques/Agência Brasil

Apesar do cenário um tanto caótico, as escolas compensavam o público com grandes apresentações. Toda essa confusão terminou em 1994, quando finalmente os sambistas puderam ter um lugar para chamar de seu. O pedido ao governo da época para a construção partiu de um casal de sambistas bem conhecidos: a lendária porta-bandeira da Portela Vilma Nascimento e seu marido, Mazinho, que mais tarde teve seu trabalho de planejamento dos desfiles reconhecido pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), responsável pelo Grupo Especial, considerado a elite do carnaval carioca.

“Todo ano a gente ficava na dúvida: tava chegando o carnaval, e a gente não sabia onde ia ser o desfile. Era muito preocupante. Armava e desarmava a arquibancada. Era horrível”, comentou a porta-bandeira em entrevista à Agência Brasil.

Pedido atendido

O desfile no ano de inauguração do sambódromo teve um gosto especial. “Para mim, foi uma glória. Eu disse: ‘estou realizada’. Eu e meu marido pedimos ao [então governador do estado, Leonel] Brizola, e ele fez. Cada ano que eu entro ali, agradeço a Deus, ao papai do céu. Cada vez que eu boto o pé na avenida, para mim, é uma alegria muito grande. Desde os 7 anos eu lido com samba”, comentou a porta-bandeira, também conhecida como Cisne da Passarela.

Vilma contou que, por meio do amigo Pedro Valente, fez o pedido para a construção de um local único para os desfiles chegar ao governador Brizola, que gostou da ideia e incumbiu o vice, o antropólogo e educador Darcy Ribeiro, de levar a tarefa adiante. O resultado foi um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, inaugurado com capacidade para receber 60 mil pessoas. “Pedimos ao Pedro Valente que falasse com o Brizola, que era o governador na época. O Brizola achou bom, e o Darcy fez ali onde é a passarela, mas foi a pedido meu e do Mazinho”, revelou.

Para Vilma, outra vantagem do Sambódromo são os ensaios técnicos que precedem os desfiles oficiais no carnaval. “Isso é ótimo. As escolas começam a se armar no ensaio técnico. Ali é que dá para ver o que vai dar certo ou não. É uma experiência. Eu adoro o ensaio técnico. A gente tem muito contato com o público. O sambista verdadeiro adora ensaio técnico”, afirmou a sambista, que, perto de completar 86 anos em junho, não se apresenta mais como porta-bandeira, mas não perde um ensaio e muito menos um desfile.

Empolgado com a proposta, Niemeyer foi logo alertado de que precisaria fazer alterações no traçado para incluir algumas características das apresentações das escolas, como, por exemplo, recuos para a bateria. São dois, um logo no início da pista, antes do Setor 2 o outro entre os setores 9 e 11. Ao se preparar para a escola pisar na avenida, primeiro entram os componentes da bateria, que já fazem a alegria do público do Setor 1, um dos setores populares do Sambódromo.

Significado

A memória mais antiga que o carnavalesco da Imperatriz Leopoldinense, Leandro Vieira, tem do Sambódromo é sua estrutura arquitetônica como palco para o carnaval que, ainda criança, via da TV de casa no subúrbio do Rio. “Propor algo que desfilaria naquele lugar foi algo mágico. Eu estaria com meu trabalho, minha gente, minhas ideias, no mesmo palco onde dezenas de artistas de quem sou fã estiveram e seguem estando”, contou por meio de mensagem à Agência Brasil.

Para Leandro Vieira, estar à frente do enredo de uma escola e ainda ser colecionador de títulos é se juntar a tantos outros artistas que contam histórias do Brasil. “Ser campeão ali é somar um pouco da minha trajetória à trajetória de tantos outros artistas que fizeram daquele palco o palco de suas propostas para pensar, traduzir e inventar um Brasil que nos redima das feridas e nos orgulhe enquanto nação”, afirmou o carnavalesco,

Leandro tem no Grupo Especial tem dois campeonatos pela Mangueira e um na Imperatriz e, ainda na mesma escola, ganhou o título na Série Ouro, o que permitiu o retorno da Imperatriz à elite do carnaval carioca.

Mudanças

O maior espetáculo da terra, como são chamados os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, foi evoluindo com o passar dos anos. O esquema de som foi ficando cada vez mais potente para permitir que toda a escola acompanhasse o samba de qualquer setor do enredo. Junto com o som, houve o avanço da iluminação para dar mais brilho aos desfiles da noite até o raiar do dia.

“Nenhuma escola termina [o desfile] depois das 5h30 da manhã. Dia escuro para todas elas, sem exceção. Todas elas obedecem ao regulamento, e tem penalidades também. Se tiver um carro quebrado é outra coisa, acidente de percurso, mas, dentro da normalidade, os desfiles começam e terminam na hora certa todos os anos”, informou o presidente da Liesa, Jorge Perlingeiro, à Agência Brasil.

Camarotes

Com o tempo, foi aumentando o número de camarotes e também os preços de cada um. Grandes marcas passaram a pagar pelos espaços para realizar eventos que se distanciam dos desfiles. É comum atualmente ter shows de artistas fora do universo dos desfiles e enquanto as escolas se apresentam na avenida.

“Os camarotes são muito luxuosos. É uma outra vida lá dentro. Uma outra festa. Não permite a todos ficar no parapeito para assistir a escola passar”, disse o radialista e apresentador da Rádio Nacional Rubem Confete, sambista e especialista em escolas de samba.

“O desfile sofreu uma transformação incrível. Vejo hoje como uma grande festa social. As escolas ganharam visibilidade e foi bom para o componente que faz a sua festa particular”, completou, assinalando que o Grupo Especial se transformou em uma indústria com grande faturamento. Atualmente, os recursos são obtidos, entre outras fontes, com a venda da transmissão, de ingressos e contratos com patrocinadores, além dos recursos repassados pela prefeitura do Rio e pelo governo do estado.

O tempo também tem mostrado que, com a evolução dos desfiles e das dimensões dos carros alegóricos, cada vez mais compridos, altos e com novas tecnologias de movimentação, há necessidade de alterações no planejamento.

Para os carnavalescos, esta é uma preocupação. Alexandre Louzada, campeão seis vezes no Rio, com a Mangueira, a Vila Isabel, a Beija-Flor e a Mocidade Independente e duas em São Paulo, com a Vai-Vai, este ano está à frente do enredo Unidos da Tijuca, O Conto de Fados. Ele disse que, embora o Sambódromo tenha sido de relevância indiscutível para as escolas de samba, por ser um espaço permanente que permite ensaios mais perto da realidade, o espetáculo evoluiu. As agremiações tiveram que se adaptar, mas precisam de mais.

“São necessários ajustes no espaço de concentração, algumas coisas deveriam melhorar, tais como a retirada ou a suspensão daquela passarela de pedestres para que as escolas consigam montar suas alegorias com segurança e em tempo hábil”, ressaltou, em mensagem pedida pela Agência Brasil, referindo-se à impossibilidade da montagem total das alegorias mais altas por causa da passarela, o que só pode ser concluído depois os carros passam por ela.

Louzada propôs ainda um estudo para permitir que todas as escolas se concentrem apenas do lado chamado de Correios, por estar próximo da sede da empresa no Rio. Em geral, os problemas de entrada dos carros na avenida ocorrem na concentração do outro lado, chamado de Balança, por ser perto do edifício que tem esse nome. “Se solucionar a concentração, diminuem bastante esses acidentes de percurso.”

De acordo com o carnavalesco, até agora, as mudanças ficaram apenas no formato dos desfiles, que tiveram o tempo reduzido. Louzada criticou ainda o regulamento, que, para ele, a cada ano se torna mais rígido e distante do conjunto que antes era o fator diferencial das escolas.

“Hoje o julgamento é um caça-erros ou defeitos, pequenos detalhes que acabam por retirar uma escola da competição. Vale o critério de cada julgador avaliar o que realmente é relevante para retirar um ou mais décimos”, afirmou.

Para o presidente da Liesa, o tempo também trouxe a organização dos desfiles, que antes não eram cronometrados. Eram comuns os atrasos das escolas.

Segundo Perlingeiro, a redução no número de componentes contribuiu para a organização dos desfiles com um planejamento melhor. “Hoje as escolas têm de 3.200 a 3.500 componentes porque não dá para colocar mais pelo tamanho dos carros [alegorias] e das fantasias, pelas paradas para apresentação de comissão de frente; de mestre-sala e porta-bandeira; bateria. A gente não pode aumentar mais o tempo: 70 minutos é um tempo excelente. Esta foi a evolução do carnaval”, pontuou.

Torcidas

Jorge Perlingeiro disse que a presença das torcidas não determina mais o volume de vendas de ingressos. “Eu vejo hoje que não é mais a torcida da escola que aumenta ou diminui público. O exemplo maior é o Sábado das Campeãs. Até uns 10 anos atrás, só vendíamos ingressos para o desfile das campeãs depois da apuração de quarta-feira. O integrante esperava para ver se sua escola ganharia, ou se viria entre as seis, para depois comprar o ingresso”, afirmou.

Para o presidente da Liesa, o sucesso na venda de ingressos neste ano, tanto para os dias dos desfiles oficiais quanto para o Sábado das Campeãs, comprova que o público gosta mesmo é do espetáculo, sem se importar com quais escolas vão se apresentar.

Maior torneio regional do país, Copa do Nordeste começa neste sábado

Quatro jogos abrem neste sábado (3) a primeira fase da 21ª edição da Copa do Nordeste, maior competição regional do futebol brasileiro. O torneio, apelidado de Lampions League (referência à Champions League da Europa) reúne 16 clubes e terá premiação recorde de R$ 50 milhões, total 20% mais alto comparado ao de 2023.

“Esse valor poderá ser até aumentado. Estamos negociando novos patrocinadores. Se conseguirmos mais parceiros, esses recursos serão destinados para os clubes. O objetivo da CBF é tornar ainda mais atraente financeiramente a competição para os times e federações e mais interessante para os torcedores, que adoram a Copa do Nordeste”, disse Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, em depoimento ao site da entidade.

A partir das 16h (horário de Brasília), a bola rola no Estádio dos Aflitos, em Recife, entre Náutico e Botafogo-PB. No mesmo horário, o Fortaleza recebe o América-RN na Arena Castelão, com arbitragem 100% feminina, fato inédito na competição. A árbitra da partida será a paraibana Ruthyanna Camila, que atuará em parceria com as assistentes serão Brigida Cirilo (AL), e Carla Renata Cavalcanti (PE). A quarta árbitra será Elizabete Esmeralda Cordeiro (CE), assessorada por Simone Xavier (RJ), e a analista de campo Adeilma Luzia (RN).

VEEEEM LOGOOO, FINAL DE SEMANA! 😍

A Copa do Nordeste começa amanhã, então fiquem ligados em nossa agenda! 🏆⚽ pic.twitter.com/mvrNqL1vCQ

— Copa do Nordeste (@CopaNordesteCBF) February 2, 2024

Na primeira fase do torneio os 16 clubes estão divididos em dois grupos, que se enfrentam em jogos únicos, ao longo de oito rodadas. Na Chave A estão Ceará, Sport, CRB, Vitória, Botafogo-PB, América-RN, River, Maranhão.  Já o Grupo B tem Fortaleza, Bahia, Náutico, ABC, Juazeirense, Altos, Treze e Itabaiana.  Os times mais bem colocados em cada grupo avançam às quartas de final, programadas para começar em 10 de abril. Apenas a disputa do título – a taça tem o apelido de orelhuda – terá jogos de ida e volta, nos dias 5 e 9 de junho. O clube de melhor campanha fará a final em casa.

O atual campeão nordestino é o Ceará, que no ano passado derrotou o Sport nos pênaltis. Foi o tricampeãonato do Vozão, que já levantara a Orelhuda (apelido da taça da Copa do Nordeste) em 2015 e 2020. No entanto, a Bahia ostenta os maiores campeões da história da Lampions League: tanto o Bahia, quanto o rival Vitória colecionam quatro títulos cada. O Esquadrão de Aço foi campeão em 2001, 2002, 2017 e 2021. Já o Vitória conquistou o título em  1997, 1999, 2003 e 2010.

Pelo menos 129 blocos de rua cancelam a participação no carnaval de SP

Pelo menos 129 blocos de carnaval de rua desistiram de desfilar na capital paulista neste ano, muitos deles, são grupos menores e de periferia. Representantes alegam falta de recursos financeiros, falta de organização da prefeitura para viabilizar o evento e pouco tempo entre a licitação para a definição do patrocinador da prefeitura e o evento.

Emerson Boy, fundador do Bloco Jegue Elétrico, existente há 24 anos, conta que desde o início o bloco sempre saiu nos quatro dias de carnaval, porém, no ano passado, foi preciso diminuir um dia para viabilizar o desfile. Em 2024 a ideia era continuar com os três dias, mas também foi preciso desistir de mais um dia. “Eu inscrevi o bloco em três dias e pensei em desistir de dois, mas consegui desistir de só um. Tudo por questão financeira. E porque o edital definindo quem ia bancar o carnaval demorou para sair. Por isso ficamos indeciso para conseguir apoios, correr atrás de patrocínios. É tudo muito fechado, mal organizado por essa prefeitura”, reclama.

O carnavalesco alega que há muitas dificuldades em colocar um bloco na rua e ressalta que a organização não tem retorno financeiro. “Nós fazemos um esforço para trabalhar pelo carnaval da cidade, trazer esses momentos de felicidade para os foliões, para o povo de São Paulo, para ocupar as ruas e humanizar as ruas com alegria. O carnaval é uma festa muito grande para a cidade, por isso estamos tristes, porque não recebemos nenhum apoio”.

Responsável pelo maior bloco da zona leste, o Bloco Tatuapé, Gustavo Leman diz que espera conseguir fazer o desfile, mas ainda está muito difícil garantir. Neste ano o bloco completa dez anos, mas a falta de patrocínio está se mostrando como um grande impeditivo para a comemoração. “O bloco é o maior da zona leste, é o único megabloco decentralizado, reúne 50 mil pessoas, mas por sermos da zona leste acabamos sendo desinteressantes para as grandes marcas. Por isso, para nós, é sempre um pouco mais difícil, mas este ano foi o pior”.

Leman reclamou que os grandes protagonistas, que são os blocos e os organizadores, ficam apenas com as dificuldades para fazer o carnaval acontecer nas ruas da cidade. “A gente faz uma grande festa linda para a cidade que ganha muito, gera emprego, movimento, muito dinheiro, mas nós que estamos fazendo isso acontecer não conseguimos encaminhar as coisas. Isso é triste porque cada bloco tem sua importância junto com a pessoa física que o criou, além de representar muito para quem o frequenta”, reforçou.

Apesar das dificuldades, Leman diz acreditar que conseguirá fazer o desfile de dez anos, já que uma marca local resolveu apoiar o projeto, após a indicação de uma rede de comerciantes da área. “Obviamente isso não garante o desfile, não tranquilizou a ponto de termos certeza de que ele vai ocorrer da forma que se deve”.

O membro do Fórum de Blocos de São Paulo José Cury disse ser difícil fazer a contagem exata de todos os desistentes. Segundo ele, as desistências começaram a acontecer logo após a inscrição em outubro, já que muitos grupos se inscrevem mesmo sem ter certeza de que vão obter dinheiro suficiente para viabilizar o bloco.

“Muitos dizem que o bloco não foi competente para conseguir o patrocínio, mas a realidade é que a gente não tinha nem certeza de quem era o patrocinador da prefeitura. Assim as marcas ficam segurando até a licitação sair. E se ganham não patrocinam os blocos porque a verba já está comprometida. De certa forma a prefeitura prejudica a relação comercial dos blocos. E blocos maiores não precisam fazer muita coisa para conseguir, porque as marcas se interessam”, disse.

Prefeitura

Segundo a prefeitura, o Carnaval de Rua 2024, que começa neste sábado (3) e vai até o dia 18 de fevereiro, tem número recorde de blocos confirmados, com 536 desfiles, 16% a mais do que no ano passado, e está com toda a infraestrutura organizada para receber os mais de 15 milhões de foliões esperados para este ano.

O patrocínio geral será da Ambev, que venceu a licitação ao apresentar o lance de R$ 26,6 milhões no pregão realizado pela prefeitura no dia 16 de janeiro. Os valores servem para cobrir os custos da prefeitura com a realização do evento. No caso dos  blocos, o patrocínio é individual.

“Os blocos captam diretamente os patrocínios com as empresas. É bom deixar claro que não é a prefeitura que faz o pagamento para os blocos do carnaval de rua. Os blocos são autônomos, independentes, e o recurso que eles buscam, e sempre buscaram, foi direto do privado. Agora, se o privado resolve não patrocinar, aí a prefeitura não tem o que fazer”, disse o prefeito Ricardo Nunes.

Ainda assim, a prefeitura criou um plano de fomento para que os blocos com mais tradição na cidade tenham um incentivo a mais. A administração vai aportar R$ 2,5 milhões para 100 blocos (R$ 25 mil para cada) como forma de incrementar as atividades dos grupos que atuam na festa carnavalesca.

Segundo as informações da prefeitura, em 2023, 213 blocos cancelaram seus desfiles, enquanto neste ano foram 129. “Lógico que num evento desse tamanho, com centenas de blocos participando, pode ter um ou outro que desista Se algum bloco ou outro desiste, aí é um problema único e exclusivamente dele, de uma organização dele. A gente gostaria que não desistisse”, afirmou Nunes.