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Bloco das Divinas Tetas reúne multidão na Esplanada dos Ministérios

Com mensagens em defesa da diversidade, do respeito e da sustentabilidade, como “carnaval acessível é pra toda gente”, “paquera pode, assédio é crime” e “jogue beijos no ar, não lixo pelo chão”, o Bloco das Divinas Tetas convidou os foliões a participarem da festa de Momo nesta segunda-feira (12), no gramado da Biblioteca Nacional, e o público foi. Até o sol e o céu azul de Brasília apareceram ao som da brasilidade do bloco, que desfila desde 2016, músicas dos ícones do movimento da Tropicália, como de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Os Mutantes e Tom Zé.

Bloco de carnaval Divinas Tetas.  – Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil.

Uma das produtoras do bloco, Paula Rios, lembrou que, embora faça parte do carnaval da capital federal há 8 anos, o Divinas Tetas não reunia seu público há três anos, já que a pandemia de covid-19 não permitiu a saída dos blocos em 2021 e 2022 e, em 2023, o grupo fez apenas uma participação no Setor Carnavalesco Sul, com formato menor e número de brincantes restrito. Por causa desse tempo todo longe, os organizadores não sabiam como seria desta vez. “O público veio e estávamos todos morrendo de saudades, porque a gente não saia com esse tamanho, esse espaço desde antes da pandemia”, destaca Paula.

O público não só veio, como comemorou o retorno. “Está uma delícia! As pessoas estão animadas, diferente do último ano, que tinha menos gente e as pessoas pareciam meio cabisbaixas, ainda com medo da pandemia”, destaca o doutorando em história social, Mateus Siqueira, que aproveitou a festa acompanhado da amiga Sônia Rampim, também doutoranda em política cultural. “É muito bom ter um carnaval em um espaço público, democrático e da diversidade”, complementa.

Bloco de carnaval Divinas Tetas. ( Sônia Rampim e o amigo Matheus Squeira) – Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil.

A mudança de local também foi elogiada pelo público, já que antes da pandemia, o bloco costumava desfilar no Setor Comercial, primeiro da Asa Sul, depois da Asa Norte. “O dia tá lindo, tem gente de todas as idades, com acesso fácil de transporte e está super seguro. E como começou cedo dá pra aproveitar ainda mais”, comemora Amanda Martins, que curtia o bloco com as amigas.

Amanda Martins curtiu o bloco ao lado das amigas. – Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil.

Até o clima ajudou na folia, já que, segundo Paula, a chuva dos últimos dias em Brasília era uma preocupação, em relação ao gramado, que poderia virar lama. “O sol apareceu e ficamos em um espaço muito legal. É muito bom estar na Esplanada, estar ao lado de monumentos como esses que a gente tem em Brasília.”

Entre os grupos de foliões Mateus Marques e Paulo Henrique de Castro pularam carnaval, mas sempre atentos à hidratação, já que o dia bonito também exige mais atenção dos foliões. “Embora aqui seja mais amplo, também tem menos sombra, então tem que brincar um pouco e fazer algumas pausas nos poucos pontos que tem para se proteger do sol”, diz Mateus. “Mas todo lugar tem seus prós e contras e aqui é bem amplo e está bem seguro o que acaba atraindo um público bem diversificado. Tem muitos jovens e também muitas pessoas mais velhas”, complementa Paulo.

Mateus Marques e Paulo Henrique Castro saíram no bloco da hidratação – Foto Antônio Cruz/ Agência Brasil.

E desfilando toda essa diversidade de público, fantasias e brincadeiras, o bloco das Divinas Tetas retomou o seu já conhecido “território 100% de amor e respeito”.

Cruzes na Esplanada lembram vítimas de tragédia em Brumadinho

Duzentos e setenta e duas cruzes de madeira foram instaladas, nesta quinta-feira (25), no gramado central da Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília. A iniciativa, do deputado federal Pedro Aihara (Patriota-MG), pede justiça para as vítimas do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, localizada em Brumadinho (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte.

Considerado uma das maiores tragédias ambientais e trabalhistas do Brasil, o rompimento da barragem – pertencente à mineradora Vale – completou cinco anos às 12h28min de hoje. Entre as 270 vítimas fatais, havia duas mulheres grávidas, totalizando 272 vidas perdidas. Os corpos de três das vítimas ainda não foram localizados.

Em cada cruz colocada diante do Congresso foi escrito o nome de uma das vítimas fatais do rompimento da barragem I (B1) – evento que causou o rompimento de outras duas barragens (B-IV e B-IV-A) da mesma mina e, segundo o governo de Minas Gerais, despejou aproximadamente 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos que, além da área ao redor, atingiram rios, cursos d´água e afetaram ao menos 26 cidades, causando prejuízos ambientais e socioeconômicos para todo o estado.

Inquérito sigiloso

Em novembro de 2021, a Polícia Federal (PF) concluiu as investigações sobre o caso e indiciou 19 pessoas, cujos nomes não foram divulgados, já que o inquérito é sigiloso. A corporação entregou o relatório final sobre a apuração ao Ministério Público Federal (MPF), ao qual cabe decidir se encaminha à Justiça Federal a denúncia contra os 19 indiciados. O MPF, contudo, evita comentar os resultados do inquérito alegando o sigilo.

Com 272 mortos, tragédia de Brumadinho completa hoje cinco anos. Foto:  Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em um texto publicado em suas redes sociais, o deputado federal Pedro Aihara, escreveu que o “grito por justiça” para as vítimas de Brumadinho serve também “para que outros não sofram essa dor sem limite. Para que outras famílias não chorem. Para que outras memórias não sejam destruídas pela onda de lama, descaso e negligência de tantos”. Na época do rompimento, Aihara trabalhava no Corpo de Bombeiros de Minas Gerais e atuou nas buscas às vítimas.

Sem ameaça identificada, 8 de janeiro terá 2 mil PMs na Esplanada

Mesmo sem identificar ameaças à segurança do evento marcado para o próximo dia 8 de janeiro, mais de 2 mil policiais militares do Distrito Federal devem fazer o patrulhamento ostensivo em Brasília na próxima segunda-feira (8). O número é quase quatro vezes superior ao do último dia 8 de janeiro, quando foram empregados 580 PMs na Esplanada, segundo relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou os atos golpistas daquele dia.  

A estratégia para a segurança da Esplanada no próximo 8 de janeiro foi pactuada nesta quinta-feira (8) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e pelo Governo do Distrito Federal (GDF), que assinaram um protocolo de ações de segurança no Palácio do Buriti, sede do GDF, em Brasília.

O ministro interino da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, afirmou que até o momento não há nenhuma informação que gere preocupação maior. “Claro, isso é monitorado dia a dia e todas as providências estão sendo tomadas para que tenhamos um dia 8 de celebração democrática histórica no Brasil”, destacou.

Cappelli acrescentou que não há hipótese do 8 de janeiro de 2023 se repetir porque “a reação da sociedade e dos Poderes foi muito forte e essa reação estabeleceu um limite muito claro”.

O documento assinado pelos governos federal e do DF “define o planejamento e as prioridades de atuação de cada órgão, como efetivo policial e organização do trânsito, com foco no evento alusivo à data que ocorrerá no Senado”.

Além dos 2 mil agentes da Polícia Militar do DF que devem ser mobilizados, o plano de segurança prevê o emprego de 250 agentes da Força Nacional que ficarão de prontidão no Ministério da Justiça. A Esplanada ficará fechada no dia 8 na altura da Avenida José Sarney, que é a pista anterior à Alameda dos Estados, próxima ao Congresso Nacional.

A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão, destacou que, mesmo sem ameaça detectada, haverá agentes suficientes para qualquer situação. “Será um dia de tranquilidade, um dia de monitoramento e de tranquilidade realmente aqui no Distrito Federal”, ponderou.

Manifestação e golpe

Toda essa segurança é para o ato marcado no Congresso Nacional, que marcará o primeiro ano do último 8 de janeiro, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, inconformados com o resultado do processo eleitoral, promoveram tentativa frustrada de golpe de Estado. 

A cerimônia da próxima semana foi uma proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deve contar com a presença dos presidentes do Executivo, Legislativo e Judiciário, além de governadores, parlamentares, representantes da sociedade civil e ministros e representantes dos tribunais de Justiça e assembleias legislativas.

Ricardo Cappelli, afirmou que manifestações políticas não serão reprimidas, desde que não ameacem as instituições.

“Todo mundo manifesta sua preferência política e ideológica livremente e é ótimo que seja assim. Agora, não se confunde manifestação democrática com tentativa de golpe de Estado, não se confunde manifestação democrática com ataque aos Poderes”, afirmou.

O responsável pela segurança na Esplanada dos Ministérios na próxima segunda-feira (8) será o secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Alencar. “(O 8 de janeiro de 2023) não vai se repetir. Não vai se repetir em razão desse trabalho que temos feito de inteligência”, afirmou.  

O planejamento da segurança para o evento vem desde o final do ano passado, quando representantes dos órgãos de segurança do governo federal e do GDF passaram a se reunir para definir um plano integrado de ações a fim de evitar ameaças de ataques ao evento no Congresso.

Viaturas

Além de assinar o protocolo de segurança para próxima segunda-feira, o Ministério da Justiça e Segurança Pública ainda fez a entrega de 20 viaturas, armamentos, fardas, drones e outros equipamentos para as forças de segurança do Distrito Federal no âmbito do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci 2).  

Ao todo, o investimento feito foi de R$ 3,6 milhões. O Pronasci 2, lançado em março deste ano, tem desenvolvido ações de integração entre as forças de segurança nacional e estaduais, com entrega de equipamentos para as polícias de todo o país.

Córrego transborda e invade casas em vila a 15 km da Esplanada

As fortes chuvas que atingem o Distrito Federal (DF) desde esta terça-feira (2) inundaram diversas casas da Vila Cauhy, a cerca de 15 quilômetros da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O Córrego Riacho Fundo subiu mais de 2 metros acima do nível normal, transbordando três vezes entre a noite de ontem e o início da tarde desta quarta-feira (3).

Os moradores ouvidos pela reportagem informaram que essa foi a pior das quatro inundações de que têm memória na Vila Cauhy. A última foi registrada em fevereiro de 2021. Desta vez, as águas do córrego que corta a comunidade atingiram a cota de 6,9 metros por volta das 7h45, enquanto a cota média gira em torno dos 4,4 metros, segundo a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa).

Em algumas residências, a marca da água ultrapassava o 1,5 metro, e um idoso e seu cachorro precisaram ser resgatados por uma embarcação dos bombeiros. A primeira inundação ocorreu no início da noite de ontem, e a água voltou a subir, pela terceira vez, no início da tarde desta quarta.

A diarista Vera Lúcia, de 38 anos, destacou que a situação é desesperadora. “Essa enchente foi muito triste porque foi muito pesada. [É] muito triste e muito desesperador”, lamentou a trabalhadora que vive com o marido e o filho no local. A moradora acrescentou que, até o momento, não havia recebido qualquer orientação ou visita do Poder Público.

“Eles [o Poder Público] deviam olhar mais pelas pessoas aqui, não olhar só no tempo da política, né? Porque no tempo da política aparece todo mundo, mas na hora que a gente está aqui, ilhado e tudo, não aparece ninguém”, reclamou.

Vera Lúcia contou que se mudou recentemente para a Vila Cauhy porque queria ficar em uma região mais próxima do centro de Brasília, devido ao trabalho e à faculdade do filho. Eles viviam antes no município de Valparaíso, em Goiás, a 40 quilômetros do centro de Brasília.

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O pedreiro Antônio Ferreira Costa, de 58 anos, vive com mulher e três filhos na Vila Cauhy e já presenciou quatro inundações ao longo da vida. Desta vez, ele perdeu sofá, guarda-roupa e colchões, sendo a pior de todas as enchentes de que tem lembrança e afirmou que não tem outro lugar pra ir.

A esposa dele depende de hemodiálise diária e não conseguiu realizar a operação ontem por causa da inundação. Para o trabalhador, o ideal seria subir a casa. “A enchente é Deus que manda, tem como não, só se subir os barracos, só se for assim, mas não tem dinheiro para subir, como é que sobe?”, questionou.

O motorista autônomo Wagner da Silva, de 49 anos, vive há 23 anos na Vila Cauhy com mulher e filhos. Ele não conseguiu dormir na última noite com medo da enchente. A casa dele estava com todos os móveis suspensos.

“Passei a noite apreensivo, deitado na cama e me levantando toda hora para ver se não estava enchendo. Dormindo pensando no que que poderia acontecer”, relatou o trabalhador, que acredita que são necessárias obras de drenagem para evitar o aumento das águas.

Área de risco

Autoridades do governo do Distrito Federal (GDF), do Corpo de Bombeiros Militar do DF e da Defesa Civil estavam montando tendas na manhã desta quarta-feira na Vila Cauhy para atender à população. Uma escola pública da comunidade foi reservada para receber pessoas desabrigadas.

O secretário de Cidades do Distrito Federal, Cláudio José Trinchão Santos, visitou a Vila Cauhy nesta quarta-feira para avaliar os estragos causados pela chuva. Ele disse que o governo vai analisar a situação da comunidade e responsabilizou a ocupação urbana desordenada e o excesso de lixos nas ruas pela inundação.

“Aqui nós temos problemas ambientais. Essas construções não poderiam existir aqui, mas foram ocupando e a cada dia nós identificamos ocupações novas.” O secretário acrescentou que o governo está estudando como regularizar essa área ou se haverá possibilidade de transferir essas famílias para outras localidades.  

“Não há solução simples. É uma situação complexa e provavelmente as soluções vão afetar muitas pessoas que estão aqui ocupando há décadas. Que lá no passado permitiram que fosse ocupada, a Vila Cauhy não existe de agora, existe há décadas, e essa situação foi se consolidando e hoje nós estamos pagando o preço”, argumentou. 

A Vila Cauhy está entre os 22 locais de risco alto ou muito alto do DF para eventos como deslizamentos, inundações e enxurradas. Ao todo, cerca de 44 residências e 176 famílias vivem em áreas de risco da Vila Cauhy, segundo levantamento de 2022 do Serviço Geológico do Brasil. O estudo identificou ausência de infraestrutura de drenagem urbana na comunidade.  

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