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Bloco Toca Rauuul lembra entrevista emblemática de cantor em 1977

Em um dia qualquer do ano de 1977, a repórter Glória Maria foi designada pela Rede Globo para ir até o bairro do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, para registrar os impactos de uma forte ressaca do mar. Lá chegando, se deparou com o músico e compositor Raul Seixas, com seu carro amassado e com os vidros quebrados, e logo tomou seu depoimento.

Ele contou que transitava na orla com seu Opala quando foi “atropelado por uma onda”. Além disso, classificou a situação como “uma coisa inédita na história” e considerou o evento como uma profecia.

“Eu estou a favor. A onda está certa. O que está errado é esse negócio de aterro, de botar edifício, está entendendo? Eu sei que dancei com vidro aí, mas tudo bem. A natureza está certa”, acrescentou o autor de Maluco Beleza e Metamorfose Ambulante.

Foliões vão vestidos de Raul Seixas. Foto: Bloco Toca Rauuul/Divulgação

Esse registro, que foi recuperado há alguns anos e viralizou nas redes sociais, inspirou a apresentação de 2024 do tradicional Bloco Toca Rauuul. Sob o tema A Onda Está Certa, milhares de foliões se reuniram para curtir o carnaval na tarde deste domingo (11) na Praça Tiradentes, no centro do Rio de Janeiro. A folia começou às 16h20. Alguns dos presentes estavam fantasiados do próprio Raul Seixas, que faleceu em 1989 deixando uma legião de fãs e uma obra repleta de sucessos.

O bloco Toca Rauuul realiza releituras das músicas de Raul Seixas mesclando o rock com ritmos carnavalescos como frevo e samba. Ele é formado por 15 componentes, que tocam variados instrumentos de corda, percussão e sopro. Não é exatamente um desfile. A apresentação ocorre em um palco no centro da Praça Tiradentes.

A primeira edição do bloco ocorreu em 2012. Ao longo dos anos, o número de adeptos cresceu. Também são realizadas apresentações em outras cidades. Eles já foram convidados, por exemplo, para tocar nos carnavais de Belo Horizonte e de Ouro Preto (MG).

Clayton Barbosa e Karen Ramalho curtiram a festa. Foto: Léo Rodrigues/Agência Brasil

“Sempre venho desde que o bloco surgiu. É a música que eu cresci ouvindo. E nesse ritmo de carnaval fica bem legal”, diz Clayton Barbosa, gerente de projetos. Sua companheira, a gerente de produtos Karen Ramalho, também aprova a versão carnavalesca das músicas de Raul Seixas. “Maravilhoso. Fica muito divertido”.

Clayton conta que preparou seu figurino para ir ao bloco de última hora porque teve pouco tempo desde que chegou à capital carioca. “É uma fantasia no improviso. Fui criado no Rio, mas hoje trabalho em São Paulo. Mas no carnaval faço questão de vir”.

Galo da Madrugada homenageia este ano o cantor Reginaldo Rossi

 

O Galo da Madrugada, bloco tradicional do Recife, reconhecido desde 1994 pelo Livro dos Recordes (Guinness Book) como o maior do mundo, desfila neste sábado (10) com uma homenagem ao cantor e compositor Reginaldo Rossi, considerado o Rei do Brega, que morreu em 2013. A agremiação promete um carnaval de frevo e brega pernambucanos, em um espetáculo único.

Pernambucano do Recife, Rossi iniciou a carreira artística depois de cursar engenharia e lecionar física e matemática. Na época, foi crooner (cantor) em boates na capital e comandava a banda de rock The Silver Jets. Fez parte do movimento Jovem Guarda, que tinha como inspiração ícones internacionais do rock’n roll como Elvis Presley e The Beatles.

Quase cinco anos depois do primeiro álbum, já na década de 70, Reginaldo deu início a um trabalho romântico que resultou no álbum À Procura de Você. Desde então, suas canções, com letras de forte apelo sentimental, tomaram as camadas mais populares e foram rotuladas de de “bregas” pelas elites.

Ao mesmo tempo, músicas como Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme e Pedaço de Mau Caminho ganharam espaço entre os brasileiros e, ainda no início da década de 80, Rossi ganhou o primeiro disco de ouro, ao vender 100 mil cópias do álbum A Volta.

Daí em diante, seu trabalho reverberou dentro e fora do país, Reginaldo tocou com os grandes nomes da MPB (música popular brasileira) e do pop nacional, revisitando seus grandes sucessos, foi premiado, recebeu homenagens e elevou a música romântica a patamares mais elevados.

Pluralidade

De acordo com os dirigentes do Galo da Madrugada, o tema Reginaldo Rossi no Reinado do Frevo busca reunir o brega ao frevo, como dois importantes ícones da cultura popular pernambucana, de forma plural, como Reginaldo Rossi cantava as belezas do Recife. “Temos uma pluralidade imensa de expressões artísticas, mas, sem dúvidas, essas duas estão entre as que mais levam nossa identidade a outras partes do Brasil e do mundo”, declarou o presidente do Galo, Rômulo Meneses.

Fundado em 1978, o Galo da Madrugada é um dos blocos mais tradicionais da capital pernambucana e, em 45 anos, já homenageou grandes nomes da cultura pernambucana, como o escritor Ariano Suassuna e o cantor e compositor Alceu Valença. Este ano, os 30 trios elétricos que desfilam, ao longo de nove horas, pelo bloco devem reunir no centro do Recife mais de 2,5 milhões de pessoas, número de foliões alcançado no carnaval de 2023.

No centro das celebrações, o brega, quase dez anos após a morte de Reginaldo Rossi, em 2013, foi considerado pela prefeitura do Recife Patrimônio Cultural Imaterial. Atualmente, o gênero musical ganhou a dimensão de um movimento e é produzido e consumido em toda a região metropolitana da capital pernambucana e em vários outros estados, como o Pará, gerando, inclusive novos gêneros como o tecnobrega.

Atualmente, inúmeros artistas despontam no cenário cultural recifense por meio das músicas românticas ao estilo do “rei”, como o Conde Só Brega, que é um dos nomes aclamados pelo movimento, como sucessor no forte legado deixado por Reginaldo Rossi.

Morre aos 66 anos Quinho do Salgueiro, cantor de sambas-enredo

O cantor Quinho do Salgueiro, intérprete de sambas-enredo do carnaval carioca, morreu nesta quarta-feira (3), aos 66 anos. Melquisedeque Marins Marques foi o cantor da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, no carnaval campeão de 1993, com o famoso Peguei um Ita no Norte.

Também participou do título salgueirense de 2009, com o enredo Tambor. Em seu perfil no Instagram, a escola de samba lamentou a morte de Quinho.

Hoje o Salgueiro Chora! Com profunda emoção e um nó na garganta, comunicamos o doloroso adeus a Melquisedeque Marins Marques, nosso Quinho do Salgueiro, um gigante cuja ligação com o G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro transcendeu os limites da música e do carnaval. Quinho não foi apenas um intérprete talentoso; ele foi a voz que ecoou em cada conquista, em cada desfile, e que se entrelaçou intimamente com a alma do Salgueiro

Quinho começou a carreira no bloco Boi da Ilha, que deu origem à escola de samba União da Ilha. Depois, passou a cantar junto com Aroldo Melodia, na escola da Ilha do Governador, até se tornar, em 1985, o intérprete principal da escola.

“Ele é um grande exemplo, como intérprete, para mim. Foi um grande seguidor do meu pai, Aroldo Melodia, até virar uma estrela da Acadêmicos do Salgueiro. Ele deixa muitas saudades e vai fazer muita falta para todo o povo do samba”, disse Ito Melodia, intérprete da Unidos da Tijuca.

Foi ele quem cantou o famoso samba Festa Profana, que levou a União da Ilha ao terceiro lugar do carnaval. “Melquisedeque Marins Marques era conhecido como Quinho do Salgueiro pelas belas páginas da história do Carnaval que construiu naquela agremiação. Só que o Quinho do Salgueiro também era filho da Ilha. Foi sob o pavilhão insulano que sua voz marcante se fez ouvir pela primeira vez para o mundo do samba”, publicou a escola em suas redes.  

Também participou do carnaval paulista, pela escola de samba Rosas de Ouro, em 2000. A agremiação de São Paulo também lamentou a morte de Quinho em suas redes, chamando-o de “um dos grandes puxadores de samba da história do carnaval brasileiro”.

“Eu vi quando ele chegou para o carnaval, fazendo um grande sucesso. Se tornou um irmão e um grande amigo e parceiro. É uma grande perda para o maior espetáculo audiovisual do planeta, que é o nosso carnaval”, disse o cantor Neguinho da Beija-Flor.

Cantor sertanejo João Carreiro morre aos 41 anos 

O cantor sertanejo João Carreiro morreu nesta quarta-feira (3), aos 41 anos, durante procedimento cirúrgico de válvula cardíaca, em um hospital de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. A informação da morte foi divulgada no perfil oficial do artista, no Instagram. 

Na rede social, a viúva de João, Francine Caroline, escreveu: “minha vida me deixou”. Antes disso, ela havia publicado vídeo informando que ele estava no centro cirúrgico e agradecendo as orações. Ela também havia publicado um texto comemorando, durante a cirurgia, que a nova válvula tinha sido implantada e o coração dele já estava funcionando sozinho. 

João Carreiro nasceu em Cuiabá, em 24 de novembro de 1982, e tornou-se nacionalmente conhecido durante o período em que fez dupla com o cantor Capataz. Entre os sucessos da dupla está a música Bruto, rústico e sistemático, que fez parte da trilha sonora da novela Paraíso, da TV Globo, em 2009. 

Desde 2014, João estava em uma carreira solo, após a separação da dupla. “Recebi esta notícia triste ao lado da minha filha, hoje com 21 anos. Lembro quando começamos (ela na barriga da mãe), chorou ao meu lado. Ninguém, além de nós, sabe o que vivemos. Deus sabe o meu coração. Vá em paz, João, Deus conforte sua família e te receba de braços abertos”, escreveu Capataz na rede social.

Em seu perfil, a dupla Maiara e Maraísa também lamentou a morte do cantor. “Ainda estamos distantes de compreender os planos maiores para nós e, por isso, pedimos a Deus que ilumine sua passagem e conforte todos os seus familiares e entes queridos. Sua música é seu legado, o sertanejo sua bandeira e a voz sua identidade”. 

O corpo está sendo velado na Câmara Municipal de Campo Grande, até as 9h, depois segue para Cuiabá, segundo o perfil oficial do cantor.