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Proliferação do mosquito transmissor da dengue aumenta com períodos de chuva e de calor intenso

10 de fevereiro de 2024

 

O aumento de casos de dengue é observado em diversas cidades do País, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília, que lidera o número de infectados e mortes pela doença. Embora preocupante, o aumento de casos já era esperado com o fenômeno climático El Niño.

O professor Pedro Luiz Côrtes, titular da Escola de Comunicação e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo, conversa sobre a ligação entre o El Niño e o mosquito da dengue, e o que esperar do próximo fenômeno, La Niña.

Conforme explica o professor, a dengue é uma arbovirose, ou seja, doença transmitida por artrópodes como mosquitos e carrapatos. A proliferação desses agentes aumenta com o nível de chuva e calor, dois efeitos provocados pelo El Niño nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.

“O que aconteceu, não só com El Niño como La Niña, é que os efeitos têm sido potencializados pelas mudanças climáticas. Então, os oceanos muito aquecidos acabam colocando mais energia nesse sistema oceano-atmosfera e os fenômenos acontecem com maior intensidade. Até se discutiu sobre a possibilidade de que a gente teria um ‘super El Niño’ no início do verão do ano passado”, relata o professor.

Com o fim do verão no final de março, o El Niño dará lugar a outro fenômeno climático, o La Niña, que deve começar em julho, segundo o pesquisador. Com a inversão, deve ocorrer um “efeito gangorra”: o Sul e o Sudeste ficarão mais frios, enquanto o Norte e Nordeste devem registrar aumento de chuvas, que promoverá a proliferação de mosquitos.

“O Norte e Nordeste são regiões notadamente quentes, há uma tendência de maior proliferação desses casos nessas regiões. O que a gente vai ter é uma sobreposição de casos nas regiões atualmente afetadas e também um aumento dos casos no Norte e Nordeste”, afirma Côrtes.

Para o professor, o aumento de casos de dengue tem relação também com a falta de medidas preventivas por parte dos governos, que poderiam fazer uso de novas tecnologias para identificar criadouros do mosquito.

“Faltaram medidas preventivas por parte das Prefeituras no sentido de identificar criadouros. Nós temos imóveis que não estão ocupados e dentro desses imóveis podem existir criadouros. Então, uma inspeção com drones, por exemplo, seria possível para identificar uma casa que tem uma piscina desativada e que pode ser um grande proliferador do Aedes aegypti“, explica Côrtes.