Brasil reavalia termos de adesão à OCDE, diz Haddad
☉ Jan 18, 2023

Davos (Suíça) – O Brasil vai retomar as conversas para integrar a OCDE (grupo que reúne alguns dos países mais desenvolvidos do mundo), mas pode apresentar condições para prosseguir no processo de adesão ao clube que reúne os países democráticos mais ricos do mundo, afirmou, nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a jornalistas no encontro do Fórum Econômico Mundial em Davos.
Segundo ele, o governo brasileiro voltará a se sentar à mesa com seus parceiros em blocos comerciais e políticas no exterior sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A tarefa é facilitada pelo fato de o País ter sido ungido, coincidentemente, com a tripla coroa das presidências do Mercosul e do G20, neste ano, e a partir de 2025 dos Brics, que integra com Rússia, Índia, China e África do Sul e ao qual a gestão anterior virou as costas.
Haddad se reuniu pela manhã com o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, em uma das salas privativas do fórum.
“O Brasil já participa muito da OCDE, eu mesmo quando ministro da Educação (em gestão anterior de Lula) mantive a participação no Pisa (exame que afere o nível de ensino em diferentes países). Essa aproximação está acontecendo naturalmente”, disse o ministro, ao ser indagado sobre o processo de adesão. “Agora vamos ver com o Itamaraty e a Presidência da República os próximos passos”.
A adesão à OCDE, solicitada formalmente pelo governo Michel Temer em 2017, ganhou impulso na gestão Bolsonaro após Brasília obter apoio dos Estados Unidos em troca de abrir mão de seu status especial em outro organismo multilateral, a Organização Mundial do Comércio, em um acordo criticado na época. Depois, no entanto, o processo estagnou, já que o País precisa apresentar uma série de medidas para se conformar ao grupo.
Questionado se houve alguma demanda por parte de Cormann, Haddad disse que não por ora. Aventou, porém, que pode haver, e também por parte do governo brasileiro.
Segundo ele, há um grupo de trabalho para o tema, no qual atua a secretária de Assuntos Internacionais da pasta, Tatiana Rosito, que o acompanhou a Davos e “vai apresentar os termos de uma eventual participação para que a Fazenda possa subsidiar o presidente na definição que ele tomar”, afirmou.
Ele havia dito antes que a decisão cabia a Lula, e nos dois mandatos anteriores o petista priorizara as relações com outros países em desenvolvimento.
Antes de participar de um painel sobre América Latina nesta tarde e de partir de volta para o Brasil, Haddad também se reuniu com Dara Khosrowshahi, o CEO da Uber. Segundo o ministro, na conversa ele reforçou que o governo brasileiro quer regularizar a situação dos motoristas de aplicativo, sobretudo a previdenciária.
Desde a posse, 23 sindicatos que representam motoboys, motoentregadores e motofretistas solicitaram audiência ao presidente e ao novo ministro do Trabalho, Luiz Marinho. (Por Luciana Coelho)
Diário do Comércio: Brasil reavalia termos de adesão à OCDE, diz Haddad

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